D. Carlos – “O Diplomata”
(Carlos Fernando Luís Maria
Victor Miguel Rafael Gonzaga
Xavier Francisco de Assis José
Simão de Bragança) 32º (e
penúltimo) Rei de Portugal
Nasceu no dia 28 de Setembro de
1863, no Palácio da Ajuda
(Lisboa)
D. Carlos morreu vítima de um
atentado no Terreiro do Paço
(Praça do Comércio – Lisboa), no
dia 1º de Fevereiro de 1908,
quando regressava do Paço Real
de Vila Viçosa (Alentejo).
Casou em Maio de 1886, com a
Princesa Maria Amélia Luísa
Helena, nascida em Twickenham
(Inglaterra) a 28 de 1865 e
faleceu em Versalhes a 25 de
Outubro de 1951. Filha de Luís
Filipe Alberto, Conde de Paris e
Duque de Orleães e de sua
esposa, Maria Isabel Francisca
de Assis, Infanta de Espanha.
No mesmo atentado que vitimou D.
Carlos, também foi atingido
mortalmente, o Príncipe herdeiro
D. Luís Filipe Maria Carlos
Amélio Francisco Vítor Manuel
António Lourenço Miguel Rafael
Gabriel Gonzaga Xavier Francisco
de Assis Bento, nascido no
Palácio de Belém a 21 de Março
de 1887. Usava os títulos reais
de Príncipe da Beira e Duque de
Bragança e da Saxónia. Foi
jurado de Príncipe Herdeiro do
trono em Julho de 1901 e a
partir de 13 de Abril de 1906,
passou a fazer parte do Conselho
de Estado.
Neste atentado, saíram incólumes
a rainha e ligeiramente ferido o
Infante D. Manuel, mais tarde D.
Manuel II.
"A propaganda republicana
continuava a fazer-se a todo o
transe. Os partidos políticos da
Monarquia, em vês de se unirem,
guerreavam-se; não havia ordem
nem autoridade, e assim, os
governos não tinham
estabilidade. D. Carlos,
atendendo a esta confusão
política e social, chamou ao
poder o Conselheiro João Franco
que, dissolvendo o parlamento,
começou a governar em ditadura:
Mas os ódios e as intrigas
aumentavam entre os inimigos do
regime, que discordavam da nova
orientação governativa. Deu-se
então um crime monstruoso: o
assassínio de D. Carlos e do
Príncipe herdeiro, D. Luís
Filipe, no Terreiro do Paço
(Lisboa), quando, no dia 1º de
Fevereiro de 1908, regressavam
de Vila Viçosa, com a Família
Real.
Em virtude deste lamentável e
repugnante acontecimento, subiu
ao trono o Infante D. Manuel,
filho segundo de D. Carlos".
A situação política complicou-se
neste reinado com a agitação
promovida pelo partido
republicano, que aproveitara a
oportunidade para desencadear
violento ataque contra as
instituições monárquicas,
acusadas de não terem sabido
evitar o insulto à Nação
Portuguesa pela Inglaterra, pelo
Ultimato. A propaganda continuou
e levou em 31 de Janeiro de
1891, à Revolução do Porto, que
foi dominada, mas deixou latente
o espírito revolucionário. Por
outro lado, os dois grandes
partidos dinásticos, o
Regenerador de Fontes Pereira de
Melo e o Progressista, começaram
a perder o prestígio pelas lutas
mesquinhas em que se envolveram
e, provocaram cisões que
originaram novos partidos. Estas
contendas complicaram-se cada
vez mais, mercê do descalabro
financeiro que já vinha de
longe. O pânico provocado pelo
Ultimato inglês, de 1891, deu
origem à corrida aos bancos. O
governo teve que decretar uma
moratória geral e outras
providências que levantaram o
crédito muito lentamente e
estabeleceram a calmaria. As
lutas partidárias tornaram-se
mais violentas quando João
Franco Castelo Branco abandonou
os regeneradores e fundou novo
partido, que passou a orientar.
Chamado ao poder em 1906, viu-se
atacado de tal forma pelos
restantes partidos que se sentiu
impossibilitado de continuar. D.
Carlos, porém, colocou-se a seu
lado, dissolveu o Parlamento e
confiou-lhe o encargo de
governar em ditadura, em 1907.
O partido republicano, a
princípio quase limitado a um
grupo de intelectuais, como
Latino Coelho, Rodrigues de
Freitas, Manuel de Arriaga,
Teixeira de Queirós, e outros,
foi, a pouco e pouco aumentando
e conseguiu enviar ao Parlamento
em 1878, o seu primeiro
deputado, Rodrigues de Freitas.
O ultimato inglês forneceu aos
republicanos pretexto para
agitarem a opinião pública
contra as instituições
monárquicas, consideradas
responsáveis pelo agravo que
Portugal sofrera. A propaganda
encontrou eco favorável nas
massas populares, nos meios
académicos e burgueses. O
partido engrossou e ramificou-se
pelas cidades de Portugal. No
Porto, formou-se um foco
revolucionário dirigido pelo Dr.
Alves da Veiga, o jornalista
João Chagas e outros
propagandistas. Aliciaram-se
oficiais e conseguiram o apoio
de dois regimentos, com os quais
saíram para a rua no dia 31 de
Janeiro de 1891. Proclamaram a
República e formaram um governo
provisório. Tendo, porém,
comparecido alguns regimentos
fiéis ao governo, os
republicanos foram vencidos e os
chefes julgados em tribunais
militares. Liquidada esta
primeira tentativa
revolucionária, o partido
republicano lançou-se na luta
contra João Franco e contra o
rei, que apoiava a sua ditadura.
No sistema governativo que o
liberalismo havia implantado em
Portugal, o "o rei reinava mas
não governava". O poder
legislativo, representado pelo
Parlamento, dominava o poder
executivo e reduziu o monarca a
simples Chefe da Nação, mas
chefe sem iniciativa alguma. O
seu papel limitava-se a chamar
os ministros ao poder, de
harmonia com as indicações
parlamentares. As lutas
partidárias haviam, porém,
comprometido o regime e lançando
sobre ele o descrédito, visto
que os partidos, envolvidos em
contendas, curavam mais dos seus
interesses do que dos interesses
nacionais e não tomavam as
medidas administrativas que o
País exigia. D. Carlos, que via
com desgosto esta situação,
resolveu intervir e entrar no
caminho das reformas que lhe
pareciam urgentes. Para isso
fechou o Parlamento e chamou ao
poder João Franco,
solidarizando-se com ele e
iniciou a luta contra as
instituições parlamentares. Os
primeiros decretos ditatoriais,
apesar da sua importância,
provocaram ataques violentos
contra o Governo. Os partidos,
afastados do poder, iniciaram
uma verdadeira luta contra a
ditadura franquista, enquanto os
republicanos, favorecidos pela
situação, aproveitaram o momento
para conquistar novos adeptos
entre os descontentes.
D. Carlos foi um político
desastrado que não soube ouvir
as vozes do descontentamento
popular. Foi, no entanto, um
homem apreciador das tecnologias
que começavam a surgir no
princípio do século XX. Carlos
instalou luz eléctrica no
Palácio das Necessidades e fez
planos para a electrificação das
ruas de Lisboa. Embora fossem
medidas sensatas, contribuíram
para a sua impopularidade visto
que o povo as encarou como
extravagâncias desnecessárias.
Carlos foi ainda um amante da
fotografia e autor do espólio
fotográfico da família real. Foi
ainda um pintor de talento, com
preferências por aguarelas de
pássaros que assinava
simplesmente como Carlos
Fernando. Esta escolha de tema
reflectia outra das suas
paixões, a ornitologia.