D. Sancho II – (O Capelo)
Reinou de 1223 a 1248
Nasceu a 8 de Setembro de
1209
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
D. Sancho II, nasceu em Coimbra a 8 de
Setembro de 1209, e morreu em Toledo em 4 de
Janeiro de 1248. Casou com D. Mécia Lopez de
Haro, que nasceu em data incerta, morrendo
em Palência por volta de 1270, sendo filha
de Lopo Dias de Haro, por alcunha o Cabeça
Brava, fidalgo da Biscaia. Não deixou
sucessão. Neste reinado continuaram as
reconquistas às terras perdidas para os
mouros. D. Sancho II, empenhando-se
vigorosamente na guerra contra os árabes,
apoderou-se em 1229 de Elvas e Juromenha; em
1232, de Moura e Serpa; em 1234 de
Aljustrel; Mértola, Cacela, Tavira e outras
terras em 1238.
As violências praticadas por uma parte da
nobreza contra o clero e o povo, envolveram
o Reino em desordens constantes. O rei,
apesar de enérgico na luta contra os mouros,
mostrava-se irresoluto e incapaz de
reprimir, como era preciso, semelhantes
abusos, que vinham enfraquecendo a
disciplina e o poder real.
Os prelados portugueses, aproveitando o
descontentamento que, por isso, lavrava em
quase todo o Reino, queixaram-se ao Papa
Inocêncio lV, que, por bula firmada em Julho
de 1245, depôs o monarca, entregando o
governo de Portugal a D. Afonso, irmão de D.
Sancho II. O rei deposto tentou ainda
opor-se às determinações do Papa e aos
partidários de seu irmão Afonso, mas, por
fim, teve de desistir, retirando-se para
Toledo (Espanha), onde em 1248 veio a
falecer e em cuja catedral se encontram seus
restos mortais. Todavia, possuía o rei
amigos verdadeiros, entre estes, contam-se
Fernão Rodrigues Pacheco e Martim de
Freitas, que só entregou ao regente D.
Afonso as chaves do Castelo de Coimbra, de
que era alcaide, depois de ir a Toledo
certificar-se da morte do rei. Fernão
Rodrigues Pacheco, alcaide-mor do castelo de
Celorico nesta data, não quis entregar a
praça a D. Afonso III .
(Após a deposição de D. Sancho II
(1209-1248) em 1245, sendo o governo do
reino confiado ao seu irmão, o infante D.
Afonso, refugiou-se o primeiro em Toledo, no
reino de Castela. Reza a lenda que Martim de
Freitas, alcaide do Castelo de Coimbra, fiel
a D. Sancho II, a quem prestara menagem,
recusou-se a entregar o castelo ao regente,
mesmo suportando um longo cerco, iniciado em
1246. Informado do falecimento do soberano
naquela cidade castelhana (Janeiro de 1248),
pediu e obteve um salvo conduto e foi, por
seus próprios meios, certificar-se da
notícia. Lá chegando, aberto o caixão,
depositou as chaves do castelo sobre o
cadáver do seu senhor, retirando-as em
seguida para então as entregar ao novo
soberano, como seu legítimo senhor. (in: Rui
de Pina.)
CANTO III
(...)
91 - Sancho II. Sua Deposição
"Morto depois Afonso, lhe sucede
Sancho segundo, manso e descuidado,
Que tanto em seus descuidos se desmede,
Que de outrem, quem mandava, era
mandado.
De governar o Reino, que outro pede,
Por causa dos privados foi privado,
Porque, como por eles se regia,
Em todos os seus vícios consentia.
92
"Não era Sancho, não, tão desonesto
Como Nero, que um moço recebia
Por mulher, e depois horrendo incesto
Com a mãe Agripina cometia;
Nem tão cruel às gentes e molesto,
Que a cidade queimasse onde vivia,
Nem tão mau como foi Heliogabalo,
Nem como o mole Rei Sardanapalo.
93
"Nem era o povo seu tiranizado,
Como Sicília foi de seus tiranos;
Nem tinha como Fálaris achado
Género de tormentos inumanos;
Mas o Reino, de altivo e costumado
A senhores em tudo soberanos,
A Rei não obedece, nem consente,
Que não for mais que todos excelente
(...)
Foram frequentes durante o seu reinado as
lutas entre os ricos-homens e os homens da
Igreja, tendo o bispo do Porto feito queixas
do rei ao papa. O papa em bula enviada aos
barões, concelhos das cidades e vitas a
outros lugares, aconselha a chefia do reino
a alguém activo a prudente. Foi nomeado o
príncipe D. Afonso, futuro D. Afonso III. A
Igreja dispôs assim da nação portuguesa.
Houve ainda, no início de 1246 guerra civil
entre os partidários do rei a do príncipe D.
Afonso. Por haver usado um (capelo: capuz de
frades) enquanto criança; alternativamente,
é também conhecido como O Pio ou O Piedoso),
quarto rei de Portugal, nasceu em Coimbra a
8 de Setembro 1209, faz hoje 797 anos, filho
do rei Afonso II de Portugal e de sua rainha
Urraca de Castela. Sancho subiu ao trono em
1233 e foi sucedido pelo irmão Afonso III em
1248 (embora tenha abdicado em 1247, só após
a sua morte Afonso se declarou rei).
Por altura da sua coroação, Portugal
encontrava-se envolvido num sério conflito
diplomático com a Igreja Católica. O seu
pai, o rei Afonso II, havia sido excomungado
pelo Papa Honório III, pelas suas tentativas
de reduzir o poder da Igreja dentro do país.
Sancho II assinou um tratado de 10 pontos
com o Papa, mas não fez muita questão em
passá-lo à prática, dando mais atenção à
Reconquista da Península Ibérica. Sancho II
conquistou várias cidades no Algarve e no
Alentejo tendo, para tal, muito contribuído
a acção da Ordem de Santiago. Esta Ordem
Militar recebeu como pagamento dos serviços
prestados diversas povoações, tais como
Aljustrel, Sesimbra, Aljafar de Pena,
Mértola, Aiamonte e Tavira. Sancho II
provou ser um general capaz e eficiente, mas
no campo administrativo mostrou-se menos
dotado. O rei manteve-se sobretudo
interessado pelo lado militar do seu reinado
e assim abriu o flanco para disputas
internas e intrigas da nobreza. Com a
situação da Igreja bastante comprometida, o
bispo do Porto Martinho Rodrigues fez uma
queixa formal ao Papa, que no século XIII
detinha poder de colocar e retirar coroas
conforme os seus interesses. No concílio de
Lyon (1245), o Papa Inocêncio IV, através da
bula Inter alia desiderabilia e Grandi non
emmerito' excomungou e depôs Sancho II,
considerando-o um «rex innutilis» (ou seja,
que não sabia administrar a justiça no seu
reino), tendo ordenado aos Portugueses que
escolhessem um novo rei para substituir o
herege. Em 1246, o irmão mais novo de
Sancho Afonso, então a viver em França como
Conde de Bolonha, foi convidado a ocupar o
trono real. Numa assembleia de prelados e
nobres portugueses, reunida em Paris, D.
Afonso jurou que guardaria e faria guardar
todos os privilégios, foros e costumes dos
municípios, cavaleiros, peões, religiosos e
clérigos seculares do reino. Afonso abdicou
imediatamente das suas terras Francesas e
marchou sobre Portugal. Apesar de não ter
perdido nenhuma das batalhas contra o seu
irmão, a pressão da Santa Sé levou Sancho II
a abdicar em 1247 e a exilar-se em Toledo
onde morreu a 4 de Janeiro de 1248. Julga-se
que os seus restos mortais repousem na
catedral de Toledo.
Sancho II parece ter sido consorciado
(segundo a historiografia tradicional, nunca
casado, dado não ter havido dispensa papal
da consanguinidade, pelo que o casamento
seria sempre nulo) com uma nobre biscainha,
Mécia Lopes de Haro, da qual não gerou filho
algum (de resto, a historiografia
esforçou-se por afirmar que o rei era inapto
não apenas para o exercício do governo, como
também do ponto de vista físico, dizendo ser
impotente). Por não haver gerado filho
legítimo algum que lhe sucedesse, a coroa
acabou necessariamente por recair num
colateral - neste caso seu irmão mais novo
Afonso III.
(Portal História)