Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Fonte: Revista Bits – Abril de 2009
No século XIX, muito tempo antes da era electrónica, o inglês Charles
Babbage chegou tão perto das funções de um computador que hoje em dia ele é
conhecido como o pai do computador.
A primeira máquina construída segundo as especificações de Babbage, a
máquina de Diferenças, era alimentada por um motor a vapor. Ela calculava tábuas
de logaritmos pelo método da diferença constante e registrava os resultados em
uma placa de metal. O modelo de trabalho que ele produziu em 1822 era uma
calculadora de seis dígitos capaz de preparar e imprimir tábuas numéricas. Em
1833, Babbage divulgou o plano de uma máquina para efectuar uma ampla escala de
tarefas de computação em um stokc de 100 unidades de 40 dígitos. Um engenho
composto de engrenagens e rodas manipularia os números, obedecendo às instruções
fornecidas por um operador através de cartões perfurados.
A ideia de perfurar cartões não era nova. Joseph-Marie Jacquard, um
tecelão de seda francês, inventara esse recurso para seu tear de seda
automatizado. A tecnologia de Jacquard chegou a tal grau de refinamento que a
tecelagem de um intrincado padrão na seda requeria a perfuração de 10 mil
cartões. Infelizmente, a tecnologia do tempo de Babbage não estava ao alcance do
notável engenheiro que ele projectou. Ele jamais conseguiu terminar sua Máquina
analítica, mas concebeu os princípios fundamentais do moderno computador.
Herman Hollerith construiu o que tem sido considerado como o primeiro
processador de dados do mundo, para contar e tabular o censo americano de 1890.
A história dessa realização começou em 1880, quando Hollerith trabalhava como
agente especial do censo. Ele observou a penosa lentidão do processo de
contagem, no qual um exército de funcionários trabalhou manualmente durante
cinco anos para analisar, organizar e publicar os resultados.
Hollerith desenvolveu a ideia de utilizar cartões do tamanho das notas
de dólar, com 12 fileiras de 20 furos, correspondendo a idade, sexo, lugar de
nascimento, estado civil, número de filhos e outros dados do cidadão. Os
apuradores transferiam as respostas para os cartões, perfurando os lugares
adequados. Depois colocavam os cartões em uma máquina de tabulação: cada vez que
um pino encontrava um furo, a informação era registrada em um quadro de
mostradores. Assim foram computadas as informações acerca de 62.622.250 pessoas,
no censo americano de 1890.
Hollerith aperfeiçoou depois sua invenção e para a fabricação de suas
máquinas fundou a empresa que veio a fazer parte da corporação conhecida hoje
como IBM.
As ideias de Charles Babbage se concretizaram 70 anos após sua morte,
quando os pesquisadores da Universidade de Harvard, chefiados por Howard Aiken,
começaram a trabalhar na calculadora Mark I, em 1941. A Mark I efetuava por
segundo três adições e subtrações, ou uma multiplicação, podia resolver em um
dia problemas matemáticos que tomariam seis meses de uma pessoa., com a ajuda de
uma calculadora. Mas a Mark I foi logo ultrapassada pelo Eletronic Numerical
Integrator and Computer, ou ENIAC construído com válvulas electrónicas (1ª
geração de computadores).
J.P. Eckert e John Mauchly, da Universidade da Pensilvânia, inauguraram
o novo computador em 14 de Fevereiro de 1946. O ENIAC era mil vezes mais rápido
do que qualquer máquina anterior, resolvendo 5 mil adições e subtracções, 350
multiplicações ou 50 divisões por segundo. E tinha o dobro do tamanho do Mark I:
encheu 40 gabinetes com 100 mil componentes, incluindo cerca de 17 mil válvulas
electrónicas. Pesava 27 toneladas e media 5,50 x 24,40 m e consumia 150 kW.
Apesar de seus inúmeros ventiladores, a temperatura ambiente chegava às vezes
aos 67 graus centígrados. Executava 300 multiplicações por segundo, mas, como
foi projectado para resolver um conjunto particular de problemas, sua
reprogramação era muito lenta. Tinha cerca de 19.000 válvulas substituídas por
ano. Em 1943, antes da entrada em operação do ENIAC a Inglaterra já possuía o
Colossus, máquina criada por Turing para decifrar os códigos secretos alemães.
Possuía 2.000 válvulas, coincidentemente o mesmo número proposto por Zuse alguns
anos antes.
Em 1945 Von Neumann sugeriu que o sistema binário fosse adoptado em
todos os computadores, e que as instruções e dados fossem compilados e
armazenados internamente no computador, na sequência correcta de utilização.
Estas sugestões tornaram-se a base filosófica para projectos de computadores. (Actualmente
pesquisam-se computadores "não Von Neumann", que funcionam com fuzzy logic,
lógica confusa) A partir dessas ideias, e da lógica matemática ou álgebra de
Boole, introduzida por Boole no início do século XIX, é que Mauchly e Eckert
projectaram e construíram o EDVAC, Electronic Discrete Variable Automatic
Computer, completado em 1952, que foi a primeira máquina comercial electrónica
de processamento de dados do mundo. Eles haviam tentado isso com o BINAC,
computador automático binário, de 1949, que era compacto (1,40 x 1,60 x 0,30 m)
o suficiente para ser levado a bordo de um avião, mas que nunca funcionou a
contento. O EDVAC utilizava memórias baseadas em linhas de retardo de mercúrio,
bem mais caras e lentas que os CRTs, mas também com maior capacidade de
armazenamento. Wilkes construiu o EDSAC, Electronic Delay Storage Automatic
Calculator em 1949, que funcionava segundo a técnica de programas armazenados.
O primeiro computador comercial de grande escala foi o UNIVAC,
UNIVersal Automatic Computer, americano, de 1951, que era programado
ajustando-se cerca de 6.000 chaves e conectando-se cabos a um painel. A entrada
e saída de informações era realizada por uma fita metálica de 1/2 polegada de
largura e 400 m de comprimento. Ao todo, venderam-se 46 unidades do UNIVAC
Modelo I, que eram normalmente acompanhados de um dispositivo impressor chamado
UNIPRINTER, que, sozinho, consumia 14.000 W. Outro foi o IBM 701, de 1952, que
utilizava fita plástica, mais rápida que a metálica do UNIVAC, e o IBM 704, com
a capacidade fenomenal de armazenar 8.192 palavras de 36 bits, ambos da IBM. Na
Inglaterra surgem o MADAM, Manchester Automatic Digital Machine, o SEC, Simple
Electronic Computer, e o APEC, All-Purpose Electronic Computer.
Entre 1945 e 1951, o WHIRLWIND, do MIT, foi o primeiro computador a
processar informações em tempo real, com entrada de dados a partir de fitas
perfuradas e saída em CRT (monitor de vídeo), ou na flexowriter, uma espécie de
máquina de escrever (Whirlwind quer dizer redemoinho).
Em 1947 Bardeen, Schockley e Brattain inventam o transístor, e, em 1953
Jay Forrester constrói uma memória magnética.
Os computadores a transístores surgem nos anos 50, pesando 150 kg, com
consumo inferior a 1.500 W e maior capacidade que seus antecessores de válvulas.
Era a segunda geração. Exemplos desta época são o IBM 1401 e o BURROUGHS B 200.
Em 1954 a IBM comercializa o 650, de tamanho médio. O primeiro computador
totalmente transistorisado foi o TRADIC, do Bell Laboratories. O IBM TX-0, de
1958, tinha um monitor de vídeo de primeira qualidade, era rápido e
relativamente pequeno, possuía dispositivo de saída sonora e até uma caneta
óptica. O PDP-1, processador de dados programável, construído por Olsen, virou
sensação no MIT: os alunos jogavam Spacewar! e Rato-no-labirinto, através de um
joystick e uma caneta óptica.
Em 1957 o matemático Von Neumann colaborou para a construção de um
computador avançado, o qual, por brincadeira, recebeu o nome de MANIAC,
Mathematical Analyser Numerator Integrator and Computer. Em Janeiro de 1959 a
Texas Instruments anuncia ao mundo uma criação de Jack Kilby: o circuito
integrado.
Enquanto uma pessoa de nível médio levaria cerca de cinco minutos para
multiplicar dois números de dez dígitos, o MARK I o fazia em cinco segundos, o
ENIAC em dois milésimos de segundo, um computador transistorizado em cerca de
quatro bilionésimos de segundo, e, uma máquina de terceira geração em menos
tempo ainda. A terceira geração de computadores é da década de 60, com a
introdução dos circuitos integrados. O Burroughs B-2500 foi um dos primeiros.
Enquanto o ENIAC podia armazenar vinte números de dez dígitos, estes podem
armazenar milhões de números. Surgem conceitos como memória virtual,
multiprogramação e sistemas operacionais complexos. Exemplos desta época são o
IBM 360 e o BURROUGHS B-3500.
Em 1960 existiam cerca de 5.000 computadores nos EUA. É desta época o
termo software. Em 1964, a CSC, Computer Sciences Corporation, criada em 1959
com um capital de 100 dólares, tornou-se a primeira companhia de software com
acções negociadas em bolsa.
O primeiro minicomputador comercial surgiu em 1965, o PDP-5, lançado
pela americana DEC, Digital Equipament Corporation. Dependendo de sua
configuração e acessórios ele podia ser adquirido pelo acessível preço de US $
18,000.00. Seguiu-se o PDP-8, de preço ainda mais competitivo. Seguindo seu
caminho outras companhias lançaram seus modelos, fazendo com que no final da
década já existissem cerca de 100.000 computadores espalhados pelo mundo.
Em 1970 a INTEL Corporation introduziu no mercado um tipo novo de
circuito integrado: o microprocessador. O primeiro foi o 4004, de quatro bits.
Foi seguido pelo 8008, em 1972, o difundidíssimo 8080, o 8085, etc. A partir daí
surgem os microcomputadores.
Para muitos, a quarta geração surge com os chips VLSI, de integração em
muito larga escala.
As coisas começam a acontecer com maior rapidez e frequência. Em 1972
Bushnell lança o vídeo game Atari. Kildall lança o CP/M em 1974. O primeiro kit
de microcomputador, o ALTAIR 8800 em 1974/5. Em 1975 Paul Allen e Bill Gates
criam a Microsoft e o primeiro software para microcomputador: uma adaptação
BASIC para o ALTAIR. Em 1976 Kildall estabelece a Digital Research Incorporation,
para vender o sistema operacional CP/M. Em 1977 Jobs e Wozniak criam o
microcomputador Apple, a Radio Shack o TRS-80 e a Commodore o PET. A planilha
Visicalc (calculador visível) de 1978/9, primeiro programa comercial, da
Software Arts. Em 1979 Rubinstein começa a comercializar um software escrito por
Barnaby: o Wordstar, e Paul Lutus produz o Apple Writer. O programa de um
engenheiro da NASA, Waine Ratliff, o dBASE II, de 1981. Também de 1981 o IBM-PC
e o Lotus 1-2-3, de Kapor, que alcançou a lista dos mais vendidos em 1982.
Trabalho e pesquisa de Carlos
Leite Ribeiro – Marinha Grande –
Portugal
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