O vidro é um produto
inorgânico de fusão
(passagem de uma
substância do estado
sólido para o líquido)
que tenha sido resfriado
em condições rígidas,
sem que ocorra mudança
novamente de seu estado.
O vidro é feito de
areia, barrilha,
calcário, alumina e caco
de vidro.
São adicionados aditivos
específicos para a
coloração.
Âmbar (carvão, sulfato,
hematita)
Verde (cromo)
Azul (cobalto, cobre)
Rubi (ferro, cobre)
As matérias-primas
(areia, barrilha,
feldspato etc.) são
misturadas e levadas ao
forno à uma temperatura
de 1500º C,
transformando-se em uma
massa de vidro. A massa
de vidro é então
transportada pelo canal
onde sua temperatura é
reduzida à 900º C até
máquina que produz a
embalagem. Conforme o
tamanho e formato da
embalagem, será
necessário fazer uma
gota de massa de vidro
cujas características
são diâmetro,
comprimento e formato. A
formação da embalagem é
dividida em 2 fases; a
primeira é a do molde,
onde formamos a boca da
embalagem e sua
pré-forma. A segunda
fase é a forma, onde
através de um sopro será
formado o corpo da
embalagem, com as
respectivas gravações.
O vidro é feito de uma
mistura de
matérias-primas
naturais. Conta-se que
ele foi descoberto por
acaso, quando
navegadores fizeram
fogueiras na praia. A
areia e o calcário
(conchas) se combinaram
através da acção da alta
temperatura.
Hoje o vidro está muito
presente em nossa
civilização e pode ser
moldado de qualquer
maneira: nos pára-brisas
e janelas dos
automóveis, lâmpadas,
garrafas, compotas,
garrafões, frascos,
recipientes, copos,
janelas, lentes, tela de
televisores e monitores,
fibra óptica e etc....
As matérias-primas do
vidro sempre foram as
mesmas, desde milhares
de anos atrás. Somente a
tecnologia é que mudou,
acelerando o processo, e
possibilitou maior
diversidade para seu
uso.
O vidro é 100% e
infinitamente
reciclável. Isto quer
dizer que todos os
recipientes de vidro,
mesmo os quebrados,
podem ser transformados
em novos produtos.
Existem muitos tipos de
vidros que apesar de
partirem da mesma base,
possuem composições
diferentes, de acordo
com a finalidade a que
se destinam. Veja a
tabela a seguir.
Vidro para embalagens
garrafas, potes, frascos
e outros vasilhames
fabricados em vidro
comum nas cores branca,
âmbar e verde;
Vidro plano vidros
planos lisos, vidros
cristais, vidros
impressos, temperados,
laminados, aramados e
coloridos fabricados em
vidro comum;
Vidros domésticos
tigelas, travessas,
copos, pratos, panelas e
produtos domésticos
fabricados em diversos
tipos de vidro;
Fibras de vidro mantas,
tecidos, fios e outros
produtos para aplicações
de reforço ou de
isolamento;
Vidros técnicos lâmpadas
incandescentes ou
fluorescentes, tubos de
TV, vidros para
laboratório, para
ampolas, para garrafas
térmicas, vidros
oftálmicos e isoladores
eléctricos.
Os produtos de vidro
devem ser separados por
tipo e cores. Por
exemplo, as embalagens
de geléia e os copos
comuns não devem ser
misturados aos vidros de
janela. As cores mais
comuns são o âmbar
(garrafas de cerveja e
produtos químicos), o
translúcido ou "branco"
(compotas), verde
(refrigerantes) e azul
(vinho).
O vidro usado retorna às
vidrarias, onde é
lavado, triturado e
misturado com mais
areia, calcário, sódio e
outros minerais. Tudo é
derretido em fornos com
temperatura de até 1500
ºC.
Em média, 1/3 dos vidros
usados são empregados
como matéria-prima para
fabricação de novas
embalagens de vidro.
Quando enviamos os
vidros para reciclagem,
estes devem estar
limpos, ou seja, sem
outros materiais como
metais, plásticos,
palhas e etc, pois eles
provocam prejuízos ao
processo industrial.
Os vidros técnicos são
compostos por
matérias-primas
diferentes e não são
facilmente reciclados,
daí tome cuidado para
não misturar com os
outros tipos de vidro.
A descoberta
Tem-se como a data
provável da descoberta
do vidro, algo em torno
de 4000 a.C.. Os mais
antigos objectos
fabricados em vidro que
se conhecem foram
encontrados em túmulos
egípcios, com 4000 anos
de idade.
Em estado natural, o
vidro existe na natureza
desde os tempos
pré-históricos, muitos
milênios antes de ser
elaborado pelo primeiro
artesão.
Essas rochas vítreas se
formaram a partir de
magmas, rochas
vulcânicas que tiveram
um resfriamento tal que
não chegaram a
cristalizar. A rocha
vítrea mais empregada
pelo homem pré-histórico
foi a obsidiana, rocha
encontrada em antigas
regiões vulcânicas dos
atuais México, Canárias,
Hungria, Islândia, etc.
Esse tipo de vidro era
empregado desde o
período neolítico,
aproximadamente 8000
a.C., para a fabricação
de diferentes utensílios
domésticos e,
principalmente, armas
rudimentares de defesa,
além de serem utilizados
como amuleto e elemento
decorativo.
Alguns autores supõem
que o vidro foi
descoberto pelos
primeiros fundidores de
metais ou até pela
vitrificação acidental
de uma peça de barro
cozido.
Como toda boa história
pressupõe uma lenda, com
o vidro não poderia ser
diferente. O historiador
Caio Plínio II (27-79
d.C), em sua obra
"Historia Natural",
atribuiu o descobrimento
do vidro a mercadores
fenícios que
desembarcaram nas costas
da Síria e, necessitando
de fogo, improvisaram
fogões, usando blocos de
salitre (trona) sobre a
areia.
Passado algum tempo,
notaram que do fogo
escorria uma substância
líquida e brilhante, que
se solidificava
imediatamente: o vidro.
Os inteligentes Fenícios
teriam, então,
dedicado-se à reprodução
daquele fenómeno,
chegando à obtenção de
materiais utilizáveis.
O vidro é um material
tão comum em nossas vida
que, muitas vezes, nem
percebemos o quanto ele
está presente. Porém,
basta olharmos à nossa
volta com um pouco de
atenção e vamos
encontrá-lo nas janelas,
nas lâmpadas, na mesa de
refeições, na forma de
garrafas, copos, pratos,
travessas.
Além disso, muitos
estarão vendo tudo isso
através de óculos com
lentes de vidro.
E o que faz este
material ter tantas
aplicações e continuar
sendo usado por milhares
de anos?
Segundo definição aceita
internacionalmente, "o
vidro é um produto
inorgânico, de fusão,
que foi resfriado até
atingir a rigidez, sem
formas cristais".
O elemento básico do
vidro é a sílica,
fornecida pela areia,
óxidos fundentes,
estabilizantes, e
substâncias corantes.
Uma das razões de o
vidro ser tão popular e
duradouro, talvez esteja
na sua análise, pois os
vidros mais comuns,
aqueles usados para
fazer os vidros planos e
embalagens e que,
tecnicamente, são
denominados "sodo
cálcios", têm uma
composição química muito
parecida com a da crosta
terrestre, que é a
camada externa de nosso
planeta e onde vivemos.
MARINHA GRANDE
- Memória viva da
resistência e luta de um
povo - de António
Marques
 |
Marinha Grande, cidade
do Litoral da Região
Centro de Portugal, ao
norte da Estremadura, a
meia distância entre
Lisboa e Porto, a 10
quilómetros da linha do
mar, rainha do vidro e
do cristal, capital da
indústria dos moldes,
menina bonita nascida no
Pinhal do Rei, com uma
actividade económica
notável, sobretudo na
indústria e no turismo.
Marinha, referência
nacional na luta do povo
contra a opressão, a
fome e a miséria
símbolos da ditadura.
Marinha Grande, chão
simbólico onde os
operários e a sua
dignidade elevaram uma
data de calendário a
monumento nacional – o
18 de Janeiro de 1934.
O concelho tem quase 20
mil hectares, dois
terços cobertos por um
manto florestal verde a
perder de vista, povoado
sobretudo pelo pinheiro
de porte altivo, mandado
plantar pelo Rei D.
Dinis, e de onde
serradores hercúleos
cortaram as madeiras que
enformaram os cavernames
das nossas naus e
caravelas que mar em
fora deram novos mundos
ao mundo, espalhando a
nossa gesta por outros
povos e outras culturas.
O pinhal foi por certo o
seu primeiro motor
quando o Rei Lavrador
ali colocou alguns
colonos que
desenvolveram o lugar da
Marinha, assim chamado
porque desde tempos
remotos se explorava o
sal nas terras baixas
que o rio Lis, então
navegável até Leiria, e
os seus riachos
afluentes inundavam com
as marés permitindo o
seu aproveitamento.
Pelo menos desde o
século XI que se regista
a história do lugar,
cuja população passou de
80 almas em 1527, para
1100 habitantes em 1748,
data em que foi criada a
primeira fábrica de
vidro.
Dez anos depois, quando
Guilherme Stephens
restaura a indústria
vidreira, a Marinha
tinha crescido
enormemente e possuía
então 2120 moradores.
Os padres Cruzios (do
Mosteiro de Stª Cruz de
Coimbra) foram os
primeiros
administradores destas
terras conquistadas aos
mouros, em 1142, por D.
Afonso Henriques. Em
1309, D. Dinis tomou
conta dos terrenos,
enxugou os campos do Lis
e das terras arenosas e
barrentas e fez nascer o
mais belo pinhal de
Portugal.
A Freguesia da Marinha
foi criada em 1600 e o
concelho em 1836 após a
revolução da Maria da
Fonte. Contudo, sem que
a comissão instaladora
fosse empossada, um
decreto de 17 de Abril
de 1838 elimina o
concelho da Marinha e
anexa as suas freguesias
a Leiria.
O Povo Marinhense não
aceita a decisão e em
1917, após 81 anos de
luta e empenhamento, vê
finalmente publicada, em
20 de Janeiro, a lei 644
que restaurava o
Concelho da Marinha
Grande.
Foi por certo neste
caldo de cultura que se
forjou a valentia do
Povo Marinhense e viria
a prová-lo dezassete
anos depois, em 1934.
Em 1748 o irlandês John
Beare transfere a sua
fábrica de vidro de
Coina para a Marinha,
para a situar junto dos
pinhais nacionais e
assim se abastecer de
material lenhoso que
alimentasse em energia
os grandes fornos. Pouco
durou esta unidade
fabril.
No reinado de D. José I
o todo poderoso ministro
Sebastião José de
Carvalho e Melo concede
ao inglês Guilherme
Stephens 32 mil reis sem
juros e a utilização
gratuita da lenha do
pinhal. Assim se funda a
Real Fabrica de Vidros
da Marinha Grande.
Guilherme Stephens é a
figura central do
desenvolvimento moderno
da região. Preocupa-se
com a formação técnica e
cívica dos operários, é
um verdadeiro mestre e
pedagogo cimentando o
conhecimento e a
solidariedade,
enriquecendo
culturalmente o povo,
dotando-o de
infra-estruturas,
escolas, teatro e
sobretudo dando-lhe a
consciência de classe
que foram sempre a
matriz do operário
vidreiro.
Stephens morre em 1802 e
o seu irmão sucede-lhe
até 1826, altura em que
a fábrica é doada ao
estado mantendo-se em
laboração até 1992. A
indústria mãe da Marinha
Grande, está hoje
perpetuada no Museu do
Vidro, instalado desde
1998 no Palácio Stephens,
residência do
prestigiado industrial,
e aí se estuda,
conserva, divulga e
mostra o património
histórico e cultural
vidreiro.
Hoje, para além do vidro
e dos plásticos
sobressai no concelho a
moderna indústria dos
moldes e das suas
unidades saem
verdadeiras maravilhas
para o mundo inteiro,
alimentando todo o
género de fábricas com a
sua capacidade
tecnológica.
A população laboriosa e
lutadora do concelho da
Marinha Grande, que vive
sobretudo do sector
secundário mas também
dos serviços e do
comércio, não esquece a
sua história de povo
trabalhador,
profundamente marcada
por heróicas lutas sem
quartel contra a
ditadura de Salazar,
pela conquista dos
direitos.
Em 1929 o País e a
Europa mergulhavam numa
crise económica sem
precedentes. As
liberdades individuais
são suprimidas por um
jovem estadista que
assume o poder em 1932,
e alinha o País pelo
eixo italo-alemão.
Os sindicatos livres são
abatidos e em seu lugar
é imposto o Estatuto do
Trabalho Nacional
corporizado em torno de
organizações sindicais e
grémios fascizantes.
O desemprego arrasa as
famílias dos operários e
a fome e o desespero
apoderam-se dos homens e
das mulheres marinhenses.
Na madrugada e durante
todo o dia de 18 de
Janeiro de 1934 o povo
da Marinha Grande sai à
rua e luta pelos seus
direitos, sendo esmagado
pela repressão do regime
de Salazar.
Do exemplo desta luta
heróica fica a memória,
traduzida em Monumento
do escultor Joaquim
Correia, situado da
rotunda do Vidreiro, mas
perpetua-se até hoje
esse rastilho de
liberdade que não morreu
nem morrerá jamais. O
Homem só o é
verdadeiramente quando
não tem medo de lutar
pelos seus ideais. Aos
heróicos operários da
Marinha Grande, e ao seu
exemplo em 18 de Janeiro
de 1934, devemos hoje
uma parte da esperança
que pomos num futuro
melhor para nós e para
Portugal.
Lisboa, 11 de Dezembro
de 1998
Retalhos da Real Fábrica
de Vidros (Marinha
Grande)
Criado há meio século, o
Museu do Vidro da
Marinha Grande é
inaugurado no Domingo
pelo Presidente da
República. A velha
residência de Guilherme
Stephens foi recuperada
e as suas salas ocupadas
por peças que
reconstituem a história
de uma cidade que
cresceu sob o calor dos
fornos. D. José avançou
com o dinheiro,
Guilherme deu o «know
how». A soprar se fez
uma cidade, criada sobre
a indústria vidreira.
João Figueira
No Verão de 1788 os
gastos com os trastes e
«cavalharice» rondaram
os 40 mil réis. Mas os
32 contos que D. José
emprestou a Guilherme
Stephens estavam a ser
bem aplicados. O livro
da caixa da Real Fábrica
de Vidros da Marinha
Grande, com a
contabilidade de Julho e
Agosto à mostra,
especifica numa
caligrafia
irrepreensível que as
saídas de dinheiro «em
trastes e roupa de casa,
por fitas, e feitio das
cobertas de seda das
cadeiras e canapés» foi
de 22 710, a que se
juntam os «gastos
miúdos» e «de
cavalharice».
Ao longo dos três pisos
da casa que outrora foi
residência dos irmãos
Stephens, o Museu do
Vidro que Jorge Sampaio
inaugura no domingo, na
Marinha Grande, é uma
síntese da história do
velho povoado que deve
quase tudo ao calor dos
fornos. Áreas de
exposições temporárias,
espaços dedicados aos
usos e funções do vidro
e a recriação do
ambiente e dos modos
diversos de trabalhar o
vidro compõem o museu,
que durou meio século a
passar à prática.
Criado por decreto-lei
de 1953, o processo de
instalação do museu
depressa encalhou nos
corredores da
burocracia. Nos anos 60,
Joaquim Correia consegue
que o palácio e seus
jardins sejam
considerados de
interesse público. No
tempo do bloco central,
o ministro da Indústria,
Veiga Simão, cria o
quadro de pessoal do
museu. Mas o processo
volta a adormecer.
Agora, após 150 mil
contos gastos em dois
anos na recuperação do
palácio e equipamentos,
o museu vai finalmente
abrir portas, de
terça-feira a domingo,
entre as 10 e 30 e as 19
horas.
O primeiro olhar vai
para a bela fachada
amarela que se oferece
ao visitante, que, uma
vez no seu interior, se
surpreenderá com o
pormenor dos tectos, com
a recuperação das velhas
paredes no piso superior
- onde a Filarmonia das
Beiras, num regresso às
ambiências passadas,
tocará música barroca
para Jorge Sampaio - e
ainda com a beleza dos
azulejos que bordejam a
escadaria branca.
A marquesa de Alorna
tinha razão no dia em
que dedicou um poema ao
industrial vidreiro: «Se
a gratidão futuros
adivinha,/ Guilherme,
irá teu nome à
Eternidade,/a par do
Lavrador da Pátria
minha.» Pela dimensão
empresarial que teve, a
que sempre juntou
preocupações de ordem
artística e cultural,
fomentando o teatro e a
leitura entre os
operários, sem desprimor
para a memória que fica
expressa no património
construído, Guilherme
Stephens justifica
plenamente não apenas as
palavras reconhecidas da
marquesa mas, sobretudo,
a homenagem que hoje os
marinhenses insistem em
prestar-lhe.
Por isso o antigo
palácio vai abrir as
portas exibindo peças
cedidas pelo Museu de
Arte Antiga e objectos
fabricados por John
Beare, em 1749, isto é,
20 anos antes da entrada
em cena dos irmãos
Stephens na Marinha
Grande. Voltando, porém,
aos diferentes espaços
museológicos, é de
realçar, logo à entrada,
uma imponente prensa que
foi a glória da
indústria quando era
pioneira.
No primeiro andar, o
tempo divide-se entre os
séculos XVIII e XIX.
Peças do século XVIII,
algumas delas cedidas
pelos Museu Soares dos
Reis e Museu de Arte
Antiga, de que sobressai
um galheteiro
entrelaçado, o expositor
dos vidros prensados e a
secção de vidro
laboratorial, constituem
a jóia deste piso, onde
não faltam, também, dos
preciosos copos
fabricados por John
Beare, nome que marca o
início da indústria
vidreira na Marinha
Grande.
Os operários eram
instruídos e isentos da
tropa
O encenador Norberto
Barroca reconstituiu uma
obragem do século XVIII,
que será representada
três vezes no domingo
«Quero que os meus
operários tenham
consciência do seu
estado de homens, com
direitos e deveres», diz
Guilherme Stephens, ao
que o seu irmão Diogo
acrescenta: «O mano
defende tanto os nossos
operários que fez uma
escola para aprenderem a
ler e até conseguiu que
tenham isenção de
recrutamento militar.»
A acção passasse durante
a visita da Marquesa de
Alorna à fábrica e ao
palácio dos irmãos
Stephens, na segunda
metade do século XVIII,
sob a direcção artística
de Norberto Barroca. O
encenador foi a um
trabalho anterior, A
Soprar Se Vai ao Longe,
e reconstituiu uma
obragem do século XVIII,
que será representada
três vezes no domingo,
como celebração da
abertura do referido
museu. Actores, música
popular e erudita ao
vivo, guarda-roupa da
época e um forno
construido para o
efeito, onde os
operários especializados
vão fazer o vidro, são
alguns dos aspectos que
pontuam a representação,
na qual se distinguem,
ainda, as presenças do
Marquês de Pombal e do
irlandês John Beare.
E embora debruçado sobre
o passado, quanta
actualidade no texto:
«Espero ter mais sorte
com a minha fábrica,
aqui na Marinha. Lá, em
Coina, só tive
dificuldades. Os
mercados estrangeiros
dificultavam a nossa
laboração, para poderem
vender em Portugal os
seus produtos», refere
Beare. Pouco depois, é o
Marquês que entra em
cena e, à semelhança dos
apoios que hoje o
Governo presta, anuncia:
«Manda Sua Majestade
que, ao senhor Guilherme
Stephens, cidadão de
grande empreendimento
industrial, que quer
desenvolver a indústria
vidreira em Portugal,
agora de fabrico
rudimentar, seja
concedido um empréstimo
do erário público, no
valor de 32 mil réis,
sem encargos e sem prazo
determinado». Responde
Guilherme: «Tank You!
Quer dizer, obrigado! Um
dia, também Portugal
chegará à Europa!» E o
povo agradece: «Pegou
armas e bagagens,/ o
subsídio e a família, /
os tarecos e a mobília/
que já tinha em
Portugal./ Ao calor do
forno,/ a Marinha
cresceu./O povo
trabalha,/ o trabalho
aquece.»
© 1998 Diário
de Notícias
José Amado Mendes -
Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra
1. INTRODUÇÃO
A historiografia do
vidro em Portugal, não
obstante ter já
completado mais de um
século - desde que
Joaquim de Vasconcelos
e, sobretudo, o
incansável Francisco de
Sousa Viterbo lançaram
as suas bases,
respectivamente em 1887
e 1902 -, continua a
registar numerosas
lacunas, tanto no que
concerne ao sector
propriamente dito, como
a empresas e
empresários, a artistas
e a técnicos vidreiros,
aos produtos e
respectiva proveniência.
Não sendo, aliás, caso
único, devido a uma
espécie de "mito das
origens" que marcou,
durante muitas décadas,
a produção
historiográfica
portuguesa, também,
neste caso, o período
mais recente tem sido,
por vezes, o menos
estudado. Basta recordar
que a obra de Vasco
Valente, intitulada O
Vidro em Portugal
(publicada em 1950 e
considerada, por alguns,
como uma espécie de
"bíblia"), nada nos diz
acerca da indústria
vidreira em Portugal,
desde os inícios do
século XX.
Ora, foi exactamente a
partir dessa altura que
se verificou uma
profunda revolução no
ramo, a qual passou pela
automatização de grande
parte do fabrico, pela
especialização e
autonomização dos
segmentos hoje
existentes - vidro
plano, vidro de
embalagem e cristalaria
- e pela transformação
da indústria vidreira,
de uma actividade
artesanal, muito
dependente do know-how
importado, cujos
produtos, salvo raras
excepções, apresentavam
um baixa qualidade, numa
das indústrias
portuguesas mais
competitivas e
prestigiadas, tanto no
país como no
estrangeiro.
Uma das ideias feitas
sobre a evolução do
vidro, em Portugal,
consiste em subvalorizar
ou mesmo esquecer o
importante contributo
que algumas localidades
têm dado à vidraria,
para além, obviamente,
da Marinha Grande que,
desde a 2.ª metade de
Setecentos, se
transformou na capital
do vidro e, mais
recentemente, também na
dos moldes. Refiro-me,
por exemplo, ao
Covo-Oliveira de Azeméis,
a Ílhavo e à Vista
Alegre - frequentemente
mais associada à
porcelana que ao vidro -
e às margens do Douro,
como, entretanto,
veremos.
Recordarei, antes de
prosseguir, que aquilo
que acabo de enunciar,
de forma sucinta, é
devidamente esclarecido
e fundamentado, num
estudo mais
desenvolvido, intitulado
História do Vidro e do
Cristal em Portugal, há
pouco publicado (Lisboa,
Edições INAPA, 1988).
2. ORIGENS DA INDÚSTRIA
VIDREIRA NO VALE DO
DOURO
As origens da produção
vidreira nas margens do
Douro, fundamentalmente
na zona de Vila Nova de
Gaia, remontam ao tempo
da Revolução Liberal.
Todavia, além de não
dispormos ainda de um
estudo desenvolvido
acerca do assunto,
escasseiam as
respectivas fontes.
Restam-nos, pois,
informações dispersas,
das quais se pode
inferir o que,
seguidamente, passo a
sintetizar.
Entre os anos de 1830 e
os finais do século XIX,
terão existido naquela
área, pelo menos, duas
vidrarias: uma oficina e
uma manufactura. Vejamos
o que sobre elas se
conseguiu averiguar.
Fábrica de Paço de Rei.
Acerca desta escreveu
Gonçalves Guimarães,
após aludir a outras
unidades industriais
localizadas em Gaia:
«Também no sector
vidreiro instala-se uma
unidade em vila Nova de
Gaia mas que parece ter
funcionado apenas depois
da vitória liberal:
Francisco da Rocha
Soares (filho) montou na
sua quinta de Paço de
Rei uma fábrica de vidro
em data anterior a 1839,
a qual laborou pouco
tempo» (GUIMARÃES, 1997:
59). Segundo informa o
mesmo autor, ainda
existem ruínas daquela
unidade.
Pouco mais se sabe,
acerca desta unidade.
Vasco Valente,
reportando-se aos
negócios do dito
empresário, Francisco da
Rocha Soares, falecido
em 1857 (o qual obteve
considerável sucesso com
a sua fábrica de
cerâmica de Miragaia,
inclusive exportando os
respectivos produtos),
notou: «Na sua quinta de
Paço de Rei, em Mafamude,
montou, também, uma
fábrica de vidros,
empresa que lhe
acarretou grandes
dispêndios e prejuízos»
(VALENTE, 1936: 78-79).
Na ausência de outras
informações, pouco mais
poderemos acrescentar.
Pinho Leal (no seu
Portugal Antigo e
Moderno, ao focar a
freguesia de "Mafamude"),
afirma, em 1875: «Há,
nesta freguesia, muitas
e boas quintas, uma
fábrica de fundição de
panelas de ferro,
fábricas de louça (de
barro preto e de
faiança), uma fábrica de
vidros e várias de
tecidos de linho e
algodão». A fazer fé
neste testemunho, a
Fábrica de Paço de Rei
ainda estaria activa, em
1875. Ou ter-se-ia Pinho
Leal equivocado,
confundindo-a com a do
Cavaco, a que,
entretanto aludirei?
Inclino-me mais para
esta segunda hipótese.
Por outro lado, também
não parece confirmar-se
a existência de uma
outra fábrica de vidros
- Fábrica de Vidros do
Bom Sucesso, localizada
em Vila Nova de Gaia,
em, 1825 (COSTA,1994:
100) -, como, aliás, já
foi notado por G.
Guimarães (op. cit.:
187, n. 112).
Fábrica do Cavaco ou
Fábrica do Cais do Vale
da Piedade. Esta, também
localizada na margem
esquerda do rio Douro e
a jusante da anterior,
foi instalada em 1853 e
terá laborado até finais
de Oitocentos.
Por ter trabalhado cerca
de meio século, pela
competência técnica dos
seus fundadores
(franceses), pelos
produtos fabricados e
pela mão-de-obra
ocupada, as informações
sobre ela são mais
abundantes, pelo que
sublinharei, em seguida,
as que considero mais
significativas.
O referido ano da
fundação, 1853, deduz-se
das declarações feitas
pelo seu responsável,
aquando do Inquérito
Industrial de 1881, das
quais consta a seguinte:
«Existe há 28 anos».
Antes de analisarmos a
sua evolução, nas cerca
de três décadas
decorridas entre 1853 e
1881, vejamos algo
acerca do
desenvolvimento da
mencionada vidraria, nos
primeiros doze anos de
existência (1853-1865).
A Fábrica do Cavaco já
apresentou os seus
produtos, na Exposição
Industrial do Porto de
1861. Foram também
expostos vidros da Real
Fábrica de Vidros da
Marinha Grande e da
Fábrica do Covo,
Oliveira de Azeméis.
Referindo-se àquela,
escreveu um observador
coevo: «A par do
pequeníssimo contingente
da Marinha [Grande],
sobressaem as largas
vidraças e belas redomas
da fábrica do Cavaco, em
Vila Nova de Gaia, que
tanto crédito dá à
perícia técnica dos
directores, os senhores
André Michon e Casimir
Pierre». E acrescenta:
«As redomas,
principalmente, chamam a
atenção pela barateza do
seu custo, e dão
explicação ao abatimento
de preço, que se havia
verificado nos armazéns
de venda. Pessoas vimos
admirarem o preço de
4$000 réis inscrito numa
redoma, de secção oval,
e o de 1$500 noutra, de
secção circular»
(LUCIANO, 1861: 93).
Quatro anos mais tarde,
os vidros da Fábrica do
Cavaco compareceram,
igualmente, na Exposição
Internacional do Porto
1865 (a primeira
realizada na Península
Ibérica, para a qual foi
edificado o Palácio de
Cristal, à semelhança do
famoso Crystal Palace,
destinado à 1.ª
Exposição Universal
de1851, em Londres),
tendo sido uma das seis
unidades do país ali
representadas.
Tratava-se do expositor
n.º 1 287, assim
descrito no respectivo
catálogo: «André Michon
Casimir Pierre, Vila
Nova de Gaia.- Mangas de
vidraça por estender,
redomas ovadas,
quadradas, cilíndricas,
telha de vidraça, vidro
cortado etc.» (Catálogo
da Exposição do Porto.
1865, 1865: 88).
Das informações
transcritas podem
inferir-se:
1. A iniciativa, como
aliás muitas outras no
sector, entre os séculos
XVI e XIX, ficou a
dever-se a estrangeiros,
no caso presente
franceses. Tratava-se de
dois empresários e não
de um, como poderia
deduzir-se da forma como
os nomes estão indicados
no dito catálogo de 1865
(este lapso detecta-se
noutras obras, onde "Casimir
Pierre" aparecem como se
fossem apelidos de André
Michon). Acrescente-se
que André Michon, além
de empresário, era ainda
um técnico vidreiro
prestigiado, inclusive
como fornalista.
Explorou também, durante
algum tempo, uma fábrica
de vidraça na Figueira
da Foz (em Buarcos,
próximo do actual
cemitério), a qual foi
fundada provavelmente em
1858 (MENDES, 1984:
240).
2. A
manufactura do Cavaco
dedicava-se ao vidro
plano, vulgarmente
chamado vidraça,
especialidade que se
havia aperfeiçoado
consideravelmente em
França (de modo
especial, através dos
processos de vidro coado
ou vazado e da produção
de mangas). O sector do
vidro de embalagem, de
que falarei
posteriormente, só mais
tarde viria a
desenvolver-se e a
autonomizar-se, entre
nós.
Ao fim de quase três
décadas de
funcionamento, no
Inquérito Industrial de
1881 - fonte de
importância
extraordinária para o
conhecimento da
industrialização, em
Portugal, nos primeiros
três quartéis de
Oitocentos -, fornece
alguns dados do maior
interesse sobre a
Fábrica do Cavaco. Aí se
pode ler:
«Existe há 28 anos
[portanto, como se disse
já, desde 1853], sob a
direcção do dono, que é
em pessoa o construtor
do forno, levantado em
cada campanha. Tem dado
lucros consideráveis,
mas há anos que os
preços de venda baixaram
consideravelmente pela
concorrência da fábrica
da Marinha Grande.
Emprega 18 operários,
franceses e portugueses.
Os primeiros são 4,
vencendo, 1, 1$800 réis
e, 3, a 1$600 réis ao
dia; os segundos,
carregadores e serventes
do forno, são 14, com
salários de 320 a 240
réis por dia de dez
horas úteis de trabalho.
Não foi declarada a
importância da produção,
que acaso poderá
avaliar-se, a serem
exactos os números
acusados de consumo em:
carvão de pedra - 500
toneladas; soda - 40
toneladas; seixo (de
Crestuma) - ? Cal (da
Figueira) - ?»
(Inquérito Industrial de
1881. Relatório…:
271-272; Inquérito
directo. II parte,
visita às fábricas,
livro 2.º: 183).
Que ilações poderão
extrair-se do exposto?
Tratava-se já, para o
meio industrial
português, de um média
empresa (com cerca de
duas dezenas de
operários e ainda não
mecanizada) que
poderemos incluir na
categoria de manufactura.
A tecnologia utilizada e
os métodos produtivos
eram, por certo, de
origem francesa, pois os
14 operários portugueses
apenas desempenhavam
funções acessórias,
designadamente como
"carregadores" e
"serventes do forno". E,
como o saber-fazer
especializado, sobretudo
se importado, tem um
preço substancialmente
mais elevado que o
trabalho local, os
técnicos franceses
ganhavam, em média,
cerca do quíntuplo dos
carregadores e ajudantes
portugueses.
Posteriormente, as
informações relativas à
dita vidraria começam,
novamente a rarear. Em
1887, referindo-se ao
estado da indústria do
vidro no País,
sublinhava Joaquim de
Vasconcelos: «No Museu
Industrial do Porto [que
havia sido inaugurado
recentemente], estão
representadas as
fábricas do Sr. Michon,
do Cabo Mondego e a da
Marinha Grande. Esta
última, que produz
variadíssimos objectos
(cerca de 2 000
números), organizou uma
exposição muito
interessante, que produz
belíssimo efeito». E
acrescente o autor
citado: «É inegável que
a indústria do vidro tem
prosperado e trabalhado,
não há dúvida, mas
parece-nos que tem ainda
de fazer um grande
esforço para excluir do
mercado nacional
artefactos [importados]
que são triviais e
indispensáveis. Basta
recordar só uma espécie:
as garrafas pretas e
brancas para vinho, que
importamos em grande
escala, e que
representam uma quantia
avultada» (VASCONCELOS,
1983: 107).
A Fábrica do Cavaco
ainda estaria activa em
meados dos anos de 1890,
segundo uma carta da
empresa dos sucessores
de André Michon e
Casimir Pierre, datada
de Vila Nova de Gaia, 11
de Junho de 1895
(GUIMARÃES, 1997: 75).
Terá encerrado pouco
depois, em data
desconhecida.
3. SUCESSO DA INDÚSTRIA
DE GARRAFARIA NAS
MARGENS DO DOURO
Até finais do século
XIX, as unidades
vidreiras instaladas, em
Portugal, eram
polivalentes e, logo,
não especializadas. A
maior parte, tendo
começado por produzir
vidraça, veio depois a
dedicar-se também à
produção de vidro de
embalagem e de numerosos
outros objectos,
genericamente incluídos
no ramo da cristalaria.
A especialização, por
sectores, não obstante
uma ou outra tentativa
levada a cabo ao longo
do século XIX, só viria
a concretizar-se,
verdadeiramente, a
partir de 1889-1890, com
a instalação, no Seixal,
da Fábrica da Amora,
exclusivamente dedicada
à produção de garrafas
comuns, para vinho e
outras bebidas.
Portugal seguia, afinal,
na senda daquilo que,
cerca de uma década
antes, já se verificava
em alguns outros países,
como era sublinhado por
um empresário vidreiro,
em 1881: «O fabrico da
garrafa preta ou verde é
no estrangeiro uma
indústria à parte e as
fábricas, assim como os
operários que as fazem,
não se ocupam de outra
coisa, nem sabem mais
nada, podendo desta
forma produzir muito e
barato» (Inquérito
Industrial de 188.
Inquérito directo, livro
1.º: 1881: 367).
Quanto à vidraça, devido
à maior complexidade do
processo e aos elevados
custos do investimento,
só em 1941 se deu passo
análogo, com o arranque
da COVINA, em Santa Iria
da Azóia, nas
proximidades de Lisboa.
Considerando apenas o
vidro de embalagem, de
acordo com o título do
trabalho que me propus
apresentar, a
semiautomatização,
primeiro, e a
automatização, em
seguida, levaram a
circunscrever a produção
a um número reduzido de
localidades e de
fábricas.
Numa primeira fase
(inícios do século XX),
a Amora concentrou a
produção da garrafaria
preta. A propósito,
sublinha José Pedro
Barosa: «a Amora
concentra [em 1903] a
totalidade da produção
da garrafaria "preta",
isto é, em vidro escuro.
Continua apenas, nas
outras fábricas, a
produção de garrafas em
vidro branco, geralmente
subproduto da produção
de vidraça, cujo vidro
(esverdeado) é
partilhado com aquela
produção» (BAROSA, 1996:
68).
Mais tarde, novos
centros de produção
automática de garrafa
preta se foram
constituindo. Assim,
após a desactivação
daquela fábrica, a
produção automática de
garrafaria ficou a ser
assegurada, como o é
actualmente, por
fábricas modernas, de
produção automática,
localizadas,
respectivamente, na
Marinha Grande, na
Fontela-Figueira da Foz
e em Avintes-Vila Nova
de Gaia. Pela sua
relação com a temática
do presente Encontro,
vejamos, em traços
largos, as origens e a
consolidação deste
último e importante pólo
vidreiro.
Durante aproximadamente
duas décadas (anos
1890-1919), a tradição
da indústria vidreira,
nas margens do Douro, é
interrompida. Assim, a
garrafaria ali utilizada
era fornecida por
unidades, situadas
noutras zonas do país,
ou importada. Foi então
que os responsáveis pela
empresa proprietária da
já referida Fábrica da
Amora (Companhia das
Fábricas de Garrafas na
Amora) resolveram
instalar uma fábrica de
garrafas, junto ao rio
Douro, desta vez na
margem direita. Com
efeito, em 1918 (14 de
Março), a Câmara
Municipal do Porto
autorizou a dita
sociedade a construir um
edifício em terreno
pertencente à Quinta do
Freixo, em Campanhã. Aí
viria a laborar uma
importante fábrica de
vidro de embalagem,
durante precisamente
meio século (1919-1969).
Nas respectivas
instalações, remodeladas
e adaptadas, está
actualmente instalada a
sede da empresa de
construção, Mota & C.ª.
3.1. Período de
transição: 1919-1930
Pouco mais de ano e meio
após a concessão da
licença, pela Câmara
Municipal do Porto, para
a dita construção, no
Jornal de Notícias (de
26 de Outubro de 1919),
era dado grande relevo à
inauguração da Fábrica
de Rego Lameiro, através
de uma extensa
reportagem, ilustrada
fotograficamente.
O título do relato,
embora um tanto extenso,
é elucidativo do
entusiasmo com que o
jornalista aplaudia
aquele evento: «Sucursal
no Porto da Fábrica de
Garrafas da Amora. Mais
uma demonstração
eloquente do
engrandecimento e valor
industrial da cidade do
Porto. A inauguração
d´uma grande fábrica que
honra sobremaneira a
iniciativa portugueza -
O que pode o capital,
aliado ao trabalho
produtivo e fecundo -
Notas impressivas d´uma
visita e "reportage"
d´uma festa».
São descritas as
instalações (dois
grandiosos pavilhões e
suas adjacências), as
gigantescas chaminés
(com a altura de 42 e de
28 metros,
respectivamente), o
sector da composição, os
fornos, a tecnologia
instalada, a capacidade
produtiva e a
mão-de-obra ocupada.
Esta era constituída por
450 operários; a fábrica
tinha laboração contínua
e a sua capacidade de
produção semanal atingia
as 150 000 garrafas.
Quanto à capacidade do
forno (a tanque), pode
ler-se: «Também tivemos
ocasião de observar o
funcionamento daquela
grande fornalha que pode
comportar 110 toneladas
de massa». São ainda
referenciados os
processos de fabrico,
semiautomático
(ilustrado, através de
uma imagem) e manual.
Poder-se-á perguntar:
que factor ou factores
terão induzido os
responsáveis, pela
Fábrica da Amora, a
instalar uma moderna e
bem apetrechada unidade
vidreira, no Norte do
País? Ao invés do que
sucedeu com a deslocação
da indústria vidreira,
de Coina para a Marinha
Grande, em meados do
século XVIII - em que o
principal factor
atractivo foi a
proximidade do
combustível, em
abundância, no Pinhal do
Rei, situado muito
próximo -, no presente
caso o apelo já vinha da
parte de um mercado com
grandes potencialidades,
numa região vinícola por
excelência. É que o
abastecimento de
energia, de importância
fundamental na produção
do vidro, com o vapor e
a electricidade,
havia-se libertado da
lenha - e, no caso de
indústrias como a
têxtil, também da água
-, isto é, dos
constrangimentos
impostos pela natureza.
No fundo, esta ideia
encontra-se expressa
pelo autor da mencionada
reportagem, destacando a
necessidade de, no
rescaldo de uma guerra
que tinha implicado
pesados encargos (como é
sabido, a I Guerra
Mundial, de 1914-18), se
desenvolver a produção
industrial e agrícola,
auxiliada pela
actividade comercial, ao
sublinhar: «No artigo
especial a que nos
dedicamos [ou seja, no
vidro], enlaçamos aquela
tríplice cooperação: no
país do vinho, uma das
mais valiosas produções
do nosso solo agrícola
gera um movimento
comercial de exportação,
que é o mais importante,
e o qual nós auxiliamos,
fornecendo pelas nossas
empresas fabris o
invólucro indispensável
- a garrafa -,
conseguindo nacionalizar
uma indústria,
procurando afastar do
mercado a concorrência
estranha, substituindo-a
completamente para que o
trabalho, a mão-de-obra
e o capital português
aufiram os lucros que
iriam, pela importação
do artigo, beneficiar
outros países».
Entretanto, nos inícios
da década de 1920, a
Companhia das Fábricas
de Vidro na Amora passou
por dificuldades
financeiras - atingindo,
em 1923, um passivo de
cerca de 3 000 contos -,
pelo que foi decidido
alienar a Fábrica de
Rego Lameiro. Assim, por
escritura de 2 de Maio
de 1923, aquela vende a
dita fábrica à Companhia
Vidreira do Norte de
Portugal, pela
importância de 2 200
contos.
Do que consta da
mencionada escritura e
documentos anexos
permito-me destacar,
pelo seu significado:
a) As duas empresas, por
acordo mútuo,
deliberaram efectuar uma
partilha do mercado
nacional de garrafas
pretas, pelo rio
Mondego, nos seguintes
termos: «Dentro da
orientação de exercer a
nossa acção nas regiões
onde exploramos as
nossas indústrias
[documento da empresa
compradora], ficaria
assente que essa
Companhia [da Amora] não
forneceria mais garrafas
pretas para a parte do
norte do rio Mondego,
assim como nós não as
forneceremos para o sul
do mesmo rio, sob pena
de importar
responsabilidade por
perdas e danos do
infractor contra a outra
parte»;
b) Por sua vez, em
documento emitido pela
Amora, confirma-se a
importância do mercado
nortenho para o artigo
"garrafas pretas". Nele
se afirma: «o facto de
perdermos a clientela do
Porto, a mais importante
até hoje para a
Companhia por ser aquele
o mercado onde tem mais
largo consumo a garrafa
preta do nosso fabrico,
não impede que
dediquemos a nossa
atenção, dando todo o
desenvolvimento de que é
susceptível, à Fábrica
da Amora, no fabrico de
garrafas brancas,
frascaria e outros
produtos desta
indústria».
Em 1925, a unidade em
foco já adoptava uma
nova designação:
"Fábrica de Garrafas RIO
DOURO". Em ofício, então
dirigido ao Governador
Civil do Porto,
indica-se o horário dos
turnos adoptados na
Fábrica: 1.º, das 8 às
16 horas, com uma hora
de descanso das 12 às
13; 2.º, das 16 às 24,
com 1 hora de descanso
das 20 às 21; e 3.º, das
24 às 8 horas, com uma
hora de descanso das 4
às 5 horas. Note-se que
este horário dos turnos,
diferente do adoptado
nas fábricas vidreiras
da Marinha Grande (1.º,
5-13; 2.º, 13-21; e 3.º,
21-5 horas), se manteve
até hoje, na fábrica
Barbosa & Almeida, à
qual aludirei em
seguida.
3.2. Barbosa & Almeida:
de uma pequena empresa
comercial a um grande
grupo internacional, na
produção de vidro de
embalagem
Recuando um pouco no
tempo, deparamo-nos com
a constituição, na
cidade do Porto, de uma
sociedade comercial, em
nome colectivo,
denominada Barbosa &
Almeida, com sede e seu
principal e único
estabelecimento sito na
rua Mouzinho da Silveira
(n.º 44-1.º andar).
Foram seus sócios
fundadores Raul da Silva
Barbosa e Domingos de
Almeida, cujos apelidos
continuam a constar da
firma BA - Fábrica de
Vidros Barbosa &
Almeida, SA.
Em 1921 (por escritura
de 4 de Agosto),
constitui-se nova
sociedade - Barbosa &
Almeida, Ld.ª -, com a
entrada de novos sócios
e aumento de capital
(que passa a ser de 500
contos), continuando a
dedicar-se ao ramo
comercial.
Por seu turno, em 1930,
a sociedade foi
remodelada - mantendo,
porém a mesma designação
-, com a entrada de
novos sócios (por
cedência de cota de
alguns dos anteriores) e
um alargamento do
respectivo objecto que,
além de todas as
operações mercantis que
a sua gerência julgue
convenientes, passaria a
incluir igualmente a de
«explorar a indústria de
vidros na dita sua
fábrica e noutras que
vier a adquirir». O
capital social foi
elevado para 1 000
000$00.
Deste modo, a Barbosa &
Almeida, de comerciante,
de vidros e outros
artigos, passava a
fabricante de vidro de
embalagem (1930), pela
aquisição da já referida
Fábrica de Rego Lameiro
(posteriormente
designada, como vimos,
Fábrica de Garrafas "Rio
Douro"), a qual, aquando
da sua aquisição pela
Barbosa & Almeida, Ld.ª,
pertencia à Empresa de
Vidros e Garrafas do
Porto, Ld.ª.
Ao fim de uma década de
laboração, a unidade
vidreira a que nos
reportamos era assim
publicitada (1940):
«Garrafas e garrafões.
Todos os tipos e
capacidades. Garrafas de
litro e meio litro com
rolhas de parafuso.
Fabrico esmerado e aos
mais reduzidos preços.
Barbosa & Almeida, Lda.
Escritório: Rua Mouzinho
da Silveira, 62-1.º.
Telefone, 1405 (P. B.
X.), PÔRTO» (Memória…,
1940).
Porém, muito mais
completo e elucidativo,
para o conhecimento da
Fábrica de Vidros da
Barbosa & Almeida, é um
outro documento,
precisamente do mesmo
ano ("Inventário Geral
da Fábrica, em 31 de
Dezembro de 1940"), que
se encontra no arquivo
da empresa. Nele se
descrevem,
minuciosamente, todos os
bens existentes na
altura, nas diversas
secções da unidade.
Através dele ficamos a
conhecer: o equipamento,
mobiliário e tecnologia
instalados, os tipos de
artigos fabricados (por
meio dos respectivos
moldes), as
matérias-primas e o
combustível utilizados,
os produtos em "stock",
etc. Das muitas ilações
que daquele se podem
tirar saliento apenas os
seguintes exemplos:
na casa das máquinas
encontravam-se, além do
mais, uma máquina a
vapor (de 50 HP) e um
dínamo-motor (de 20HP);
dispunha, então, de dois
fornos: o forno n.º 1, a
tanque, sistema
"Siemens"; e o forno n.º
2, por certo a potes;
já então eram utilizadas
15 máquinas
semiautomáticas,
descritas como "máquinas
de fazer garrafas e
acessórios";
na casa da composição
era usado um britador
mecânico;
como meios de transporte
próprios ainda se
indicam, apenas: um
carro, com rodas de
ferro, para transportar
caixas com garrafas; 4
barcas e acessórios.
O elevado número de
moldes referenciado (109
mecânicos e 15 manuais,
para garrafas, e 9 para
garrafões) revela a
grande diversidade de
garrafaria produzida.
Cerca de um terço dos
moldes de garrafas
destinava-se ao vinho,
com destaque,
obviamente, para o Vinho
do Porto. Várias
empresas, que
comercializavam marcas
de vinho bem conhecidas
(entre as quais, a
Companhia Velha, a Ramos
Pinto e a Porto Calém),
eram, já na altura,
clientes da Barbosa &
Almeida.
Encontrava-se armazenado
um número considerável
de garrafas e garrafões
(para abastecimento
normal, do mercado? Ou
já como efeito das
dificuldades,
resultantes do conflito
mundial, desencadeado no
ano anterior?); aquelas
totalizavam quase um
milhão (895 934), na
Barbosa & Almeida (em
Campanhã) e, os
garrafões, empalhados,
22 219. Referenciam-se,
também, as existentes
noutras fábricas
(fornecidas por aquela,
à consignação?),
nomeadamente nas
seguintes : Roldão,
Marinha Grande (50 909),
Pataias (162 929) e
Fontela (12 921).
Não sendo este o lugar
adequado para esmiuçar o
desenvolvimento da
empresa, nas seis
décadas imediatas,
apenas se referirão
alguns factos marcantes
dessa trajectória.
O processo de
automatização teve
início, o mais tardar,
em 1947 - pois já então
se encontrava instalada
uma máquina Lynch, de 6
moldes -, tendo
prosseguido até ao final
da década de 60, a
exemplo do que se
verificara, no mesmo
período, noutras
unidades (como na Santos
Barosa e na Ricardo
Gallo, na Marinha
Grande). Em 1965, com a
instalação de uma
terceira máquina do
mesmo tipo, a respectiva
produção semanal
aumentou para 350 000
garrafas.
Entretanto, a evolução
da empresa, num período
de acentuado crescimento
económico - última
década dos já chamados
"30 anos de ouro da
economia -, levou a
equacionar a
problemática da
remodelação das
instalações, em
Campanhã, ou a
construção de uma nova
unidade, como veio a
suceder, em local mais
espaçoso e sem os
constrangimento de
circulação que rodeavam
a Fábrica de Rego
Lameiro.
Acrescente-se que o
desenvolvimento
extraordinário da
empresa, em meados dos
anos 1960, foi
estimulado pelo aumento
da exportação de
garrafas para Espanha.
Com efeito, com a
proibição da venda de
bebidas a granel - e a
consequente exigência do
seu engarrafamento -, o
consumo de garrafas, no
país vizinho, mais que
duplicou, de 1962 para
1963 (passando de 150
para 360 milhões de
unidades). A Espanha
passou a ter um défice
anual de 1 milhão de
garrafas.
Consequentemente, pode
ler-se num documento da
empresa (anexo à acta de
24.11.1964): «exportando
para Espanha, ainda que
a preço não muito
compensador, prolonga-se
a nossa campanha
vidreira».
Por seu lado, também o
mercado português de
garrafas se expandia.
Como sublinha Gaspar
Martins Pereira
(Dicionário de História
de Portugal, vol. IX,
supl., p. 600): «O valor
das exportações [de
Vinho do Porto] quase
triplicou, entre
1960-1964 e 1970-1974,
passando dos cerca de
380 mil contos para mais
de 1 milhão de contos
por ano. Um dos aspectos
que mais pesou na
valorização do vinho do
Porto exportado foi, sem
dúvida, o crescimento do
peso do vinho
engarrafado no conjunto
das exportações».
Voltando à Barbosa &
Almeida, foi então
comprado um terreno para
as novas instalações
(com uma área de 95 830
m2), no lugar de D.
Julião, no limite de
Aldeia Nova, freguesia
de Avintes, concelho de
Vila Nova de Gaia.
Graças a um vultuoso
investimento (inclusive
com o recurso ao
financiamento de 25 000
contos, pelo Banco de
Fomento Nacional) e ao
apoio técnico de uma
firma alemã da
especialidade
("Glasswerke Ruhr"), a
nova unidade, ampla,
automatizada e
utilizando equipamento
do mais moderno então
existente, começou a
laborar em Setembro de
1969.
Nas últimas três
décadas, os responsáveis
pela Barbosa & Almeida
adoptaram uma estratégia
de expansão,
internacionalização e
modernização,
transformando uma
empresa, de capital
familiar, num grupo
cotado em bolsa (desde
1987), o qual detém,
actualmente, quatro
fábricas a produzir
vidro de embalagem, duas
em Portugal (uma em
Avintes-Vila Nova de
Gaia, onde se localiza a
respectiva sede do
grupo, e outra na
Marinha Grande, ex-CIVE)
e duas em Espanha.
Registou diversos
aumentos de capital,
inclusive com a
participação de empresas
e grupos bem conhecidos
(como a Santos Barosa e
a Ricardo Gallo, suas
congéneres, a SOGRAPE
(Sociedade Comercial de
Vinhos de Mesa de
Portugal, Ld.ª) e, mais
recentemente, a SONAE
(1998).
A relação da empresa com
o vinho (sem esquecer,
naturalmente, outros
mercados: águas
minerais, cerveja,
refrigerantes, etc.) e,
de modo particular, com
o Vinho do Porto
continua a ser muito
forte. A progressiva
substituição da venda de
vinho a granel pelo
engarrafado teve que ser
acompanhada por um
aumento considerável na
produção de embalagens,
para o que também
contribui o uso da não
reutilização da garrafa.
Em 2001, foram vendidos
para Vinho do Porto,
pela indústria nacional
(no país e exportados),
168 milhões de
embalagens.
Actualmente, a Barbosa &
Almeida é o principal
fornecedor do mercado do
Vinho do Porto,
produzindo vidro de
diversas cores: branco,
verde, verde escuro e
preto. Segundo
informação fornecida
pela própria Empresa
(cuja colaboração me
cumpre agradecer,
publicamente, com
destaque para o seu
Director Executivo,
Eng.º António
Vasconcelos), «para o
Vinho do Porto Vintage,
Barbosa e Almeida
desenvolveu um modelo e
cor de vidro
especialmente para este
produto, tendo em
atenção o rigor da
óptima vedação/estágio e
protecção solar».
É tempo de concluir.
Antes, porém, apenas
gostaria de sublinhar:
a) O Douro Litoral
(concelhos de vila Nova
de Gaia e do Porto), ao
longo de mais de século
e meio - apenas com uma
ligeira interrupção -,
têm marcado presença na
produção vidreira.
b) Sem esquecer o papel,
sempre decisivo, dos
empresários - a quem
cabe, em última análise,
tomar decisões, também
no que toca à
localização das suas
unidades produtivas -, o
notável progresso,
registado na produção de
garrafaria, a partir de
1919, não pode
compreender-se sem se
considerar a proximidade
de um importante
mercado, constituído por
vários géneros de vinho
(do Porto, em primeiro
lugar, mas também dos
vinhos verdes e dos
vinhos da zona do
Dão-Lafões).
c) Assim, ao focar-se a
importância
socioeconómica do vinho,
há que aludir ao efeito
indutor desse produto,
elemento importante da
riqueza nacional, bem
como ao cluster que o
mesmo integra (além da
embalagem de vidro e da
respectiva rotulagem, a
indústria corticeira, ao
fornecer as respectivas
rolhas, a produção de
tanoaria, o transporte e
a própria
comercialização), bem
como ao seu contributo
no conjunto das
exportações.
FONTES E BIBLIOGRAFIA
BAROSA, José Pedro
(1996), «As Fábricas de
garrafas da Amora:
1888-1926, I parte: Uma
empresa e uma fábrica:
1888-1904», Estudos e
Documentos, n.º 2.
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Exposição Internacional
do Porto em 1865 (1865),
Porto, Tipografia do
Comércio.
COSTA, Maria Paula
(1994), «O Centro
Vidreiro do Norte de
Portugal - Origem do
vidro e seu historial»,
Al-Vária. Arquivo de
Estudos Regionais, t. I
(1-2).
GUIMARÃES, Gonçalves
(1997), Memória
histórica dos antigos
comerciantes e
industriais de Vila Nova
de Gaia. Livro do
Centenário da Associação
Comercial e Industrial
de Vila Nova de Gaia.
1897-1997, Vila Nova de
Gaia, Associação
Comercial e Industrial
de Vila Nova de Gaia.
Inquérito Industrial de
1881. Inquérito directo,
II parte: Visita às
fábricas, livro 2.º
(1881), Lisboa, Imprensa
Nacional.
«Inventário geral da
Fábrica [de Barbosa &
Almeida] em 31 de
Dezembro de 1940»
(Arquivo da BA-Fábrica
de Vidros Barbosa &
Almeida, S. A.).
«Sucursal no Porto da
Fábrica de Garrafas da
Amora…», Jornal de
Notícias, de 26 de
Outubro de 1919.
LUCIANO, A., Exposição
Industrial do Porto em
1861 (1861), Porto,
Tipografia do Diário
Mercantil.
Memória e Descrição do
Grande cortejo do
Trabalho. Porto 5 de
Julho. 1140-1640- 1940
(1940), Porto.
MENDES, José Amado, A
Área Económica de
Coimbra. Estrutura e
Desenvolvimento
Industrial, 1867-1927
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da Região Centro.
MENDES, José Amado
(2002), História do
Vidro e do Cristal em
Portugal, Lisboa,
Edições INAPA.
PEREIRA, Gaspar Martins
(1999), «Vinho do Porto»
Dicionário de História
de Portugal, vol. IX,
Suplemento P/Z (coords.
António Barreto e Maria
Filomena Mónica) Lisboa,
Livraria Figueirinhas
VALENTE, Vasco (1950), O
vidro em Portugal,
Porto, Portucalense
Editora.
VASCONCELOS, Joaquim
(1983, 1.ª ed., 1887),
Indústrias portuguesas
[«Vidros e cristais»]
(org. e pref. de Maria
Teresa Pereira Viana),
Estudos e Materiais,
Lisboa, Instituto
Português do Património
Cultural/Departamento de
Etnologia.
(Nota: Barbosa
& Almeida, tem uma das
maiores fábricas de
embalagem de vidro
(garrafas) da Marinha
Grande).