Dia Mundial do
Idoso
1º de Outubro
Trabalho e
pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Arte Final: Iara
Melo
O Dia Mundial do Idoso: Foi em 1999, por recomendação da Organização das
Nações Unidas (ONU), que se comemorou o ano internacional do idoso, em
reconhecimento ao facto de que a população mundial está envelhecendo e de
que isto pode significar também uma possibilidade de amadurecimento dos
actos e das relações sociais, económicas, culturais e espirituais da
humanidade em geral, o que pode contribuir em muito para paz e o
desenvolvimento globais no século XXI.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, fez recentemente um
apelo a todos os países para que cuidem melhor dos seus idosos. No mundo,
600 milhões de seres humanos têm mais de 60 anos.»
«Uma pessoa envelhece lentamente: primeiro envelhece o seu gosto pela vida e
pelas pessoas, sabes, pouco a pouco torna-se tudo tão real, conhece o
significado das coisas, tudo se repete tão terrível e fastidiosamente. Isso
também é velhice. Quando já sabe que um corpo não é mais que um corpo. E um
homem, coitado, não é mais que um homem, um ser mortal, faça o que fizer…
Depois envelhece o seu corpo; nem tudo ao mesmo tempo, não, primeiro
envelhecem os olhos, ou as pernas, o estômago, ou o coração. Uma pessoa
envelhece assim, por partes. A seguir, de repente, começa a envelhecer a
alma: porque por mais enfraquecido e decrépito que seja o corpo, a alma
ainda está repleta de desejos e de recordações, busca e deleita-se, deseja o
prazer. E quando acaba esse desejo de prazer, nada mais resta que as
recordações, ou a vaidade; e então é que se envelhece de verdade, fatal e
definitivamente. Um dia acordas e esfregas os olhos: já não sabes porque
acordaste. O que o dia te traz, conheces tu com exactidão: a Primavera ou o
Inverno, os cenários habituais, o tempo, a ordem da vida. Não pode acontecer
nada de inesperado: não te surpreende nem o imprevisto, nem o invulgar ou o
horrível, porque conheces todas as probabilidades, tens tudo calculado, já
não esperas nada, nem o bem, nem o mal… e isso é precisamente a velhice.»
Voz das Misericórdias
Órgão Dinamizador da Solidariedade Social
Dia Internacional do Idoso - Saber envelhecer é uma arte e uma virtude.
Não é apenas uma questão de mero formalismo de palavras que, mal
interpretadas, comprometem quem as não sabe dizer, e sobretudo quem lhes
rouba a virtude de que dispõem, o que pode levar a confundir envelhecer com
“envilecer”. Definem alguns dicionaristas o envelhecimento como “um processo
progressivo de degeneração progressiva que ocorre em qualquer organismo com
a passagem do tempo.”
Entenda-se “degeneração” não num sentido pejorativo que abra portas a muitos
pessimismos, mas só como mera diminuição apenas de certas energias e forças.
Ao passo que “envilecimento” já implica, não só, uma diminuição de
qualidade, mas que pode chegar à perda de valor e dignidade, descrédito,
desvalorização, aviltamento, empobrecimento de qualidade etc.
Pela nossa parte, e já só a três degraus dos noventa anos, não subscrevo
inteiramente que se equacione o envelhecimento como degeneração progressiva,
com envilecimento enquanto empobrecimento de qualidade; dando quase a
entender que um não fica longe de estar a par do outro.
É que se corre o risco de, tentando equacionar uma equivalência de
confronto, de quase identificar um conceito com o outro.
Nem sempre o envelhecimento pode e muito menos merece, equacionar-se como um
tempo de “emurchecimento” ou perda de valor e qualidade.
É certo que raras vezes os homens sabem preparar-se para o envelhecimento,
criando-se um complexo de ânimo, por isso, e caindo-se fatalmente na equação
de “idosos senis” que é como quem diz já sem alma para nada.
Sendo a vida humana, por natureza e vocação, e ainda, antes de mais, um
contínuo crescimento até o último momento, ela é feita de etapas, e todas
elas com significado pleno.
Todos sofremos, é certo, com o decorrer dos anos, aquilo que poderá
designar-se como “a biologia da senescência”, que é, como quem diz, uma
contínua degenerescência ou envilescente das células e dos tecidos.
Contudo, há que vencer e ultrapassar a tentação de pensar pessimistamente
que velhice é apenas sinónimo de desgaste; quando podemos fazer dela um
museu de experiências. O que equivale a poder, e ser tão preciso como
urgente, sublinhar que “envelhecer é procurar dar sempre um novo sentido à
vida, ultrapassar uma certa utopia de mero saudosismo pelo passado; e,
ganhando ânimo, apostar em continuar a viver.
O mal, se há que denunciar algum, estará em não se querer vencer o medo de
continuar a viver, por se apostar no pessimismo de que “já nada vale a
pena”.
É que o futuro é um tesouro que continua à disposição de todos. O importante
é continuar a apostar e a jogar nele. O envelhecer também pode ser uma arte.
E há que cultivá-la.
É que sendo a terceira idade um “cofre de experiências”, é necessário e
urgente educar as novas idades para que saibam valorizar as riquezas
vivenciais dos mais velhos. João Paulo II costumava perguntar: “O que é a
velhice?” E respondia: “É o tempo favorável para se cultivar, ainda e muito,
a sabedoria do coração.”
Idosos, sim! Velhos, não!
Vem-nos do Brasil uma preciosa mensagem, e tão engenhosamente equacionada,
que merece figurar em painel de honra em todos os lares de idosos:
“Aprenda a curtir os seus Anos Dourados
Idoso é quem tem o privilégio de viver uma longa vida…velho é quem perdeu a
jovialidade.
Você é idoso quando se exercita…você é velho quando somente descansa.
Você é idoso quando tem planos…você é velho quando só tem saudades.
Para o idoso a vida se renova a cada dia que começa…para o velho a vida se
acaba a cada noite que termina.
Para o idoso o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida…para os velhos
todos os dias parecem o último de uma longa jornada.
Para o idoso o calendário está repleto de amanhãs…para o velho o calendário
só tem “ontens”.
Que você, quando idoso, viva uma vida longa, mas que nunca fique velho.”
(Manuel Ferreira da Silva)
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal