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Dia da Artilharia - 10 de Junho

 

Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas - Portugal)

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

 A Artilharia impôs-se como Arma pela sua capacidade de combater as ameaças a uma maior distância e com maior eficácia. O seu aperfeiçoamento implicou o aprofundamento de muitos conhecimentos científicos, com destaque para as áreas da Física, Química e Matemática, levou ao aparecimento da Balística e contribuiu para criação de novas escolas, entre elas a “Aula de Artilharia e Esquadria", criada em 1641, por D. João IV, e antecessora da actual Academia Militar.
Foi também com a Artilharia, que se armaram as caravelas mandadas às Descobertas, num período de gloriosa memória para os Portugueses.

 

A Escola Prática de Artilharia - EPA (Vendas Novas), tem a sua origem em meados do século XIX (1853) quando o Palácio Real de Vendas Novas, construído no reinado de D. João V, em 1729, para celebrar os casamentos do D. José com a Infanta de Espanha, D. Maria Ana Vitória de Bourbon e do Príncipe das Astúrias Fernando VI de Espanha com a Infanta de Portugal, D. Maria Bárbara, é entregue ao Ministério da Guerra por D. Maria II.
Os estudos para a instalação de uma escola do exército no palácio, nos terrenos adjacentes, tiveram início em 1857 por ordem de D. Pedro V, e com a supervisão do então Coronel Carlos Maria de Caula (mais tarde Brigadeiro). Em 1860, tem início o funcionamento do estabelecimento militar e, em 1861, por portaria do Ministro da Guerra, o visconde de Sá da Bandeira, passa a designar-se por novo campo de instrução. O primeiro regulamento da Escola Prática de Artilharia data de 28 de Abril de 1861, que marca o funcionamento regular do estabelecimento.
O regulamento de 1874 vem trazer mudanças à situação vigente, e a EPA inicia um período de prosperidade, nomeadamente ao nível da aquisição de material de artilharia moderno da fábrica Krupp; e da reeorganização do comando e da instrução da escola.
Em 1887 sai um novo regulamento que, de forma diferente do anterior, vem trazer uma estagnação à escola, não acompanhando a evolução das escolas homólogas estrangeiras, e trazendo contenção económica e administrativa.
Em 1888, é criada uma escola de sargentos de artilharia que, mais tarde, em 1893, é transferida para as instalações da Escola Prática de Infantaria e Cavalaria (actual Escola Prática de Infantaria), para se integrar na Escola Central de Sargentos.
A situação provocada pelo anterior regulamento seria alterada pelo novo datado de 1893, que vem reorganizar todas as escolas militares. A EPA passa de uma unidade de treino de tiro, para um estabelecimento dedicado ao efectivo ensino escolar, com cursos para oficiais e sargentos.

 

Artilharia

 

Uma das principais armas dos exércitos de terra e mar, encarregada da manipulação de projecteis e de seus meios de lançamento.

Surgida com o canhão, a artilharia foi de início um serviço civil, confiado a “um grande mestre”, já em 1527. No fim do século XVII, tornou-se um corpo militar. Organizada no século XVIII, dividiu-se em artilharia de campanha e artilharia de sítio, e veio ater papel importante na táctica de Napoleão, que empregou a artilharia em massa. Em 1829, as peças foram reunidas em baterias. Os progressos do canhão levaram a uma potência de fogo que,com a artilharia pesada seria integralmente aplicada na 1º Grande Guerra (1914-1918). O avião foi empregado para regular os tiros, mas deu margem à artilharia

Antiaérea. A potência, a mobilidade e a precisão aumentaram ainda mais durante a 2ª Grande Guerra (1940-1945), quando surgiram os projecteis autopropulsores e de carga oca, os canhões sem recuo e vários tipos de transportes motorizados.

(EPA / COM (Curso Oficiais Milicianos) – 1958)

 
Os três tipos tradicionais de bocas de fogo de artilharia são as peças, os obuses e os morteiros. Durante o século XX, as características das peças e dos obuses, bem como as suas funções, foram-se fundindo, o que acabou por fazer com que a distinção entre os dois tipos de boca de fogo deixasse de ter, tecnicamente, sentido, sendo mantida artificialmente, sobretudo por razões históricas. No século XXI, são raras as verdadeiras peças com calibres superiores a 60 mm, as quais, normalmente já não são usadas pela artilharia de campanha, sendo os seus principais utilizadores os carros de combate, a artilharia naval, a artilharia antiaérea e a artilharia de costa.
A definição tradicional estabelece três critérios principais para diferenciar entre peças e obuses, nomeadamente a capacidade máxima de elevação (bastante inferior ou próxima de 45º), o número de cargas propulsoras (uma ou mais) e a velocidade de saída do projétil (definida, frequentemente, pelo comprimento do tubo). Estes três critérios dão origem a oito possíveis combinações, das quais apenas duas correspondem às peças e aos obuses puros.
Além das tradicionais bocas de fogo, a artilharia moderna também emprega foguetes e mísseis.
Os morteiros são bocas de fogo de cano curto que disparam, normalmente, com uma elevação superior a 45º.
Até ao início do século XX, o morteiro era uma boca de fogo pesada, de grande calibre, com um tubo curto e com os munhões colocados junto à culatra, o que lhe permitia elevações máximas de tiro ainda superiores às dos obuses da época. Sendo armas muito pesadas e de difícil movimentação, eram utilizados sobretudo em operações de sítio, tanto do lado dos sitiantes como dos sitiados. Por alturas do início da Primeira Guerra Mundial, as características dos morteiros tinham-se aproximado das dos obuses, sendo já difícil distinguir entre uns e outros. Por exemplo, os Alemães e os Autro-Húngaros classificavam como morteiros as suas bocas de fogo super-pesadas, de cano curto e de elevado ângulo de tiro, enquanto outros exércitos já não usavam aquele termo, classificando as armas equivalentes como obuses.
Por essa altura, a estabilização da Frente Ocidental, transformando-se em guerra de trincheiras, levou ao aparecimento de um tipo de boca de fogo ligeira, que disparava com grandes elevações - podendo, assim bater objetivos abrigados em trincheiras, a curta distância - que passou a ser conhecida como "morteiro de trincheira". O modelo de morteiro de trincheira que acabou por estabelecer o padrão geral foi o Stokes, que se caracterizava por ter um cano curto de alma lisa, baixa velocidade de saída, elevação máxima superior a 45º e um reparo simples e ligeiro que se limitava a uma base metálica assente no solo e, ocasionalmente, um bipé. A munição (integrando projétil e carga) era largada para dentro do cano pela boca, atingindo um percutor fixo, que provocava a deflagração e disparava o projétil. Com o abandono definitivo do termo "morteiro" para designar as bocas de fogo super-pesadas, essa designação passou a ser aplicada exclusivamente aos anteriores morteiros de trincheira, origem direta dos modernos morteiros.
Desde então, alguns tipos de morteiros, ainda que mantenham a maioria das características originais, têm sofrido alguns aperfeiçoamentos, como o estriamento da alma e o carregamento pela culatra. Atualmente, o morteiro é, essencialmente empregue diretamente pela infantaria e pelos elementos de apoio das unidades de carros de combate. A artilharia já só emprega morteiros pesados e, mesmo estes, apenas em casos especiais.
As puras peças caracterizam-se por terem um alcance superior, por permitirem uma elevação máxima bastante inferior a 45º, por terem uma elevada velocidade de saída do projétil (o que implica um tubo relativamente comprido) e por usarem uma única carga propulsora. A última característica levou à utilização de uma munição onde o projétil e a carga propulsora estão unidos, formando um único elemento. Não existe uma velocidade de saída ou comprimento do tubo mínimos associados a uma peça, com aceitação generalizada, ainda que no último caso fosse tradicional considerar-se um comprimento de 30 calibres (ou seja, um comprimento do tubo 30 vezes superior ao diâmetro da boca da arma).
De observar que, como sinónimo de "peça", é usado muitas vezes o termo "canhão", ainda que, modernamente só se o use para designar algumas bocas de fogo automáticas de pequeno calibre (canhões automáticos) e bocas de fogo anticarro sem recuo (canhões sem recuo). No entanto, noutros casos, o termo "canhão" é utilizado como designação genérica das bocas de fogo, incluindo, além das peças, também os obuses e às vezes, mesmo os morteiros.
As munições das bocas de fogo são medidas e classificadas pelo seu calibre. O calibre da munição utilizada também classifica a própria arma que a dispara. Além disso, o calibre de uma boca de fogo constitui a unidade de medida utilizada para medir o comprimento do seu tubo.
No passado, utilizou-se como medida de calibre o peso do projétil em libras. O peso de pólvora a utilizar como carga propulsora de um determinado projétil era, normalmente, igual ao peso do calibre daquele. Na segunda metade do século XIX, este sistema de medição do calibre caiu em desuso, na maior parte dos países. No entanto, foi mantido até recentemente em algumas bocas de fogo e munições de origem britânica.
No século XVIII, foi introduzido o sistema em que o calibre era definido, não pelo peso do projétil, mas sim pelo seu diâmetro, que correspondia aproximadamente ao diâmetro da alma da boca de fogo que o disparava. Sendo aplicado, inicialmente ao calibre dos obuses e das suas munições, a partir do final do século XIX este sistema generalizou-se a todas as bocas de fogo. Inicialmente, a medida dos calibres era feita em polegadas, unidade de medida que ainda é usada, em casos limitados, nos países de língua inglesa. Nos países que adoptaram o sistema métrico, a medida passou a ser feita com unidades de medida deste. Normalmente usava-se o centímetro para calibres a partir de 7 cm e o milímetro para calibres inferiores. Depois da Segunda Guerra Mundial, passou a usar-ser o milímetro em todos os calibres.
De observar que, antes da generalização das bocas de fogo de carregamento pela culatra e com tubos de alma estriada, a medida do diâmetro da munição era ligeiramente inferior à do diâmetro da alma da arma, com o fim de evitar que o projétil ficasse encravado no seu interior. Essa diferença era conhecida por "vento".
O tipo de emprego da artilharia constitui o principal sistema para a sua classificação, tanto no passado como na atualidade.
Segundo estes sistema, a artilharia pode ser classificada como:
Artilharia de sítio: artilharia destinada ao ataque a fortificações, normalmente empregando morteiros ou obuses pesados e super-pesados de mobilidade reduzida.
Artilharia de guarnição, de praça ou de fortaleza: encarregue de guarnecer a artilharia das fortificações e outras defesas fixas. Como as suas bocas de fogo eram fixas, podiam ser muito maiores e mais potentes que as da artilharia de campanha. Em alguns casos, a sua vocação para a operação de bocas de fogo fixas de grande calibre levou a que lhe fossem atribuídas as responsabilidades pelo desempenho das funções de artilharia de sítio e de costa. Em outros casos, também competia à artilharia de guarnição manter as unidades de artilharia pesada de campanha, neste caso operando bocas de fogo móveis.
Artilharia de campanha: artilharia de grande mobilidade, vocacionada para acompanhar e prestar apoio direto às forças de manobra (infantaria, cavalaria e carros de combate) contra objetivos de superfície. Normalmente, constitui o ramo principal da artilharia dos vários exércitos. A artilharia de campanha emprega obuses, peças e morteiros.
Artilharia de costa: artilharia especializada na defesa dos portos e de outras zonas costeiras contra ataques navais. Como normalmente, a artilharia de costa opera a partir de posições fixas, as suas bocas de fogo não necessitavam de ser móveis, podendo assim ser de grande calibre, dando-lhe um alcance e um poder de fogo muito superior ao da artilharia de campanha. Frequentemente, a artilharia de costa usava peças navais montadas em torres rotativas semelhantes às dos navios que tinham de combater, permitindo-lhes mais facilmente atingir alvos móveis. Também foi comum a instalação das peças de costa em vagões que podiam percorrer ferrovias ao longo da costa, deslocando-se para defender os pontos sujeitos a ataque naval. Por causa da vocação da artilharia de costa para a defesa de posições contra alvos móveis, foi a partir desta que se desenvolveu inicialmente a artilharia antiaérea. Hoje em dia, a artilharia de costa faz uso de mísseis antinavio, agora na maior parte das vezes instalados em reparos móveis;
Artilharia naval ou de marinha: inclui as peças instaladas a bordo dos navios de guerra e empregues no combate contra outros navios e no bombardeamento de objetivos em terra. Com o desenvolvimento da aviação militar e dos submarinos, a artilharia naval também passou a ser empregue contra estas novas ameaças. Uma vez que estavam instaladas em posições fixas (relativamente ao navio), as peças navais puderam crescer muito mais em tamanho e potência do que as suas congéneres da artilharia móvel terrestre. Os couraçados, armados com peças navais de grande calibre, tornaram-se nas mais poderosas plataformas de artilharia do mundo que culminaram no couraçado japonês Yamato, armado com peças de 460 mm. As peças navais de grande calibre foram também empregues em terra, tanto na artilharia ferroviária como na artilharia de costa, esta última também considerada parte da artilharia naval quando era guarnecida por artilheiros da marinha. Em algumas operações anfíbias e coloniais era comum que peças navais de calibre mais reduzido fossem desembarcadas dos navios de guerra, juntamente com a sua guarnição naval, montadas em reparos terrestres e usadas como artilharia de campanha em apoio de forças de desembarque. Hoje em dia, a artilharia naval faz uso, sobretudo de mísseis superfície-superfície, mantendo também peças navais de dupla função antissuperfície e antiaérea, canhões antiaéreos e mísseis superfície-ar.
Artilharia de montanha: artilharia ligeira destinada a atuar em regiões montanhosas, equipada com bocas de fogo com capacidade de realizar tiro de ângulo elevado, algumas delas, com capacidade de serem transportadas desmontadas em muares. Fora do ambiente montanhoso, a artilharia de montanha foi também bastante empregue nas campanhas coloniais da transição do século XIX para o XX, uma vez que a ligeireza e a portabilidade das suas bocas de fogo lhes permitiam, por um lado, operar em locais remotos com pouco apoio logístico e, por outro, tinham poder de fogo suficiente contra inimigos com pouca ou nenhuma artilharia;
Artilharia de trincheira: artilharia especializada na guerra de trincheiras, equipada com morteiros e obuses com capacidade de atingir posições entrincheiradas inimigas, a partir das suas próprias posições entrincheiradas. Este tipo de artilharia foi, sobretudo, empregue na guerra de trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. Esta função diluiu-se pela artilharia de campanha e pela infantaria;
Artilharia antiaérea: artilharia vocacionada para a defesa de forças de manobra ou de pontos fixos contra ataques de aeronaves ou contra mísseis superfície-superfície. A artilharia antiaérea emprega uma grande variedade de canhões e de mísseis antiaéreos, ligeiros e pesados, de curto e de longo alcance, montados em reparos móveis e fixos. Grande parte das armas antiaéreas dispõe de múltiplas capacidades, o que permite que a artilharia antiaérea também possa ser empregue adicionalmente como artilharia anticarro, de campanha, naval e de costa. A importância crescente da artilharia antiaérea fez com que ela se tornasse numa arma separada da artilharia em alguns exércitos e mesmo num ramo autónomo em algumas forças armadas.
Artilharia de assalto: dotada de peças montadas em veículos blindados sobre lagartas e destinada a apoiar diretamente o movimento da infantaria de assalto - sobretudo infantaria mecanizada - batendo as forças e obstáculos de resistência ao seu avanço;
Artilharia anticarro: dotada de canhões, lança-foguetes ou mísseis destinados a destruir carros de combate ou outros veículos blindados. Hoje em dia, na maioria dos exércitos a função de luta anticarro deixou de ser uma missão principal da artilharia e passou para as forças de manobra (infantaria e os próprios carros de combate) que passaram a operar diretamente os armamentos específicos para essa função;
Artilharia de saturação de área: dotada de lança-foguetes múltiplos, destinada a um bombardeamento rápido, intensivo e concentrado de um determinado objetivo.
Artilharia estratégica: dotada de mísseis de cruzeiro e de mísseis balísticos. Os mísseis podem estar equipados com ogivas convencionais ou não convencionais (nucleares químicas ou biológicas). Os mísseis podem ser disparados a partir de plataformas de lançamento móveis ou fixas. Nas forças armadas que integram artilharia estratégica esta é uma das suas principais forças de dissuasão. Nalgumas forças armadas, a artilharia estratégica pode estar parcial ou totalmente integrada na força aérea. Noutros casos, pode inclusive constituir um ramo autónomo das forças armadas.

 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal

 
 
 
 
 

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