Feriado municipal na
Marinha Grande (Leiria –
Portugal). É o chamado
"Dia da Espiga" ou
quinta-feira de
Ascensão. Diz a tradição
(que não é lenda) que
neste dia e em tempos
idos, algumas moças da
região, aguardavam este
dia para apanhar a
espiga (facto que ainda
hoje não é negado).
Hoje, e grande parte,
perdeu-se esta tradição
e a espiga é apanhada em
qualquer dia propício. É
a evolução dos tempos.
No tempo, havia um
comboio, chamado de
"Latinhas", que
transportava grandes
troncos de pinheiro para
a estação ferroviária da
Marinha Grande. Mas, no
Dia da Espiga, estava ao
serviço da população
para o piquenique que se
realizava no Pinhal do
Rei, principalmente, no
local chamado de
Tremelgo (a).
Esta apanha da espiga,
por vezes, dava uma
"grande espiga", ao fim
de alguns meses...
(a) Tremelgo: Saindo
pela estrada EN 242-2
para S. Pedro de Moel,
voltar à esquerda no Km
2 e seguir para TREMELGO
e SAPINHA. Continuar em
frente até ao cruzamento
após a Ribeira do Brejo,
aí voltar à direita e
seguir em frente ao
longo de mais de 7 km de
pinhal e dunas antigas.
No final desta estrada,
voltar à esquerda e
continuar para ÁGUA DE
MADEIROS e PEDRA DO OURO
- são praias extensas e
cercadas por arribas
altas. Voltar à estrada
principal para S. PEDRO
DE MOEL - Visite a
Casa-Museu Afonso Lopes
Vieira e veja as casas
com varandas de madeira
junto à praia.
Este dia faz parte do
calendário Cristão e tem
lugar 40 dias após o
Domingo de Páscoa.
Depois da igreja o
considerar um dia
normal, os vidreiros e
famílias da Marinha
Grande continuaram a
comemorá-lo.
Mas a comemoração do
feriado municipal,
esclarece o município,
foi sendo alvo de
alterações, ao longo dos
anos. Em 1917, mais
concretamente a 26 de
Março, a Comissão
Instaladora do Concelho
tomou posse e foi
deliberado instituir
esse dia como feriado
municipal.
Só em 1964, sob proposta
do presidente da câmara,
é que se determinou
alterar o feriado
municipal para a
Quinta-Feira de
Ascensão. Na origem da
decisão esteve o facto
de este dia já ser
feriado com descanso
para o comércio e
indústria e, também, por
ser um dia de festa
tradicional do concelho.
Noutros tempos, na
Quinta-feira de Ascensão
a população da Marinha
Grande deslocava-se para
a Praia Velha ou para o
pinhal no comboio de
lata, que nesse dia a
Circunscrição Florestal
cedia para efectuar
esses transportes.
O comboio era decorado e
os vagões de carga
transformados em vagões
de passageiros para
levar grupos animados
que iam passear. Outros
iam de bicicleta,
carroças ou camionetas
merendar na praia ou no
pinhal. Hoje, os meios
de transporte são outros
mas mantém-se a tradição
dos munícipes irem para
o pinhal fazer um
piquenique.
Este feriado também é
designado por "Dia da
Espiga" porque as
pessoas colhem ramos de
espiga e outras plantas
existentes no campo, com
que formam um ramo que
levam para casa para dar
sorte durante o ano.
Não é possível falar da
Marinha Grande e da sua
história, esquecendo que
foi da grande mata, que
lhe vieram as bases mais
importantes para o seu
desenvolvimento
estrutural e económico.
Daí falar-se da sua
origem, do valor dos
seus produtos na
economia regional e
nacional, nas suas
estruturas, no seu
desenvolvimento e num ou
noutro facto de maior
interesse local.
O SEU APARECIMENTO - A
SUA ORIGEM
Concretamente sabe-se
que mesmo antes da
fundação de Portugal já
aqui existiam pinheiros
mansos. Como surgiram é
o que se desconhece.
Foi o Rei D. Dinis quem
mandou semear e alargar
o Pinhal por ter em
vista dois importantes
objectivos: segurar as
areias, que os ventos
arrastavam para as
férteis terras do
interior prejudicando a
agricultura em que via
uma das maiores riquezas
públicas; e a
necessidade de muitas
madeiras para a
construção de barcos,
com vista ao
desenvolvimento do
comércio marítimo e das
pescas em que poderia
assentar também a
economia do Povo.
Assim nasceu o Pinhal do
Rei, que pelos tempos
fora viria a ser o
sustentáculo económico
da Marinha Grande. Esse
Pinhal a que alguém
desconhecido já chamou «
O maior Monumento
Português ».
Goze as suas sombras e
deixe o Pinhal tão limpo
como o encontrou....
LOCALIZAÇÃO, LIMITES E
ÁREA
O Pinhal está
praticamente todo
localizado no Concelho
de Marinha Grande, do
qual ocupa cerca de dois
terços da superfície.
Começa junto à foz do
rio Lis e estende-se
pela faixa litoral, para
sul até Água de
Madeiros; daí para o
interior até à Guarda da
Lagoa Cova; depois até
quase em linha recta,
até Vieira de Leiria;
por fim segue o rio Lis
até à sua foz.
Embora de admita, que já
no tempo de D. Dinis
tenha sido contado só em
1597 (reinado de Filipe,
o rei espanhol que muito
se interessou pelo
Pinhal) foi devidamente
demarcado com colocação
de marcas à sua volta.
No entanto só depois do
levantamento feito por
Bernardino Barros Gomes,
á volta do ano de 1867,
se definiram realmente
os limites da grande
mata, que salvo pequenas
alterações, se
mantiveram até cerca de
1920. A partir desse ano
e devido à autonomia
concedida à Marinha
Grande com a restauração
do seu Concelho, esses
limites foram alterados
com a cedência à nova
autarquia de algumas
parcelas de terrenos
imprescindíveis ao seu
desenvolvimento. Em face
dessas cedências em
1920, e doutros
benefícios concedidos
estranha agora o povo
marinhense que nos
últimos anos o Chefe da
Circunscrição florestal
tenha entravado o
desenvolvimento do
Concelho negando a
cedência de mais
parcelas de terreno que
permitam esse
desenvolvimento. A área
do Pinhal, segundo o
Ordenamento de 1980, era
nessa data, de 11 032,26
hectares.
Daí e até finais do
século XIX, mesmo depois
do aparecimento da chapa
de ferro que em grande
parte substitui a
madeira, na construção
naval, o Pinhal continua
a fornecer os
estaleiros, pois a
construção naval em
madeira, enveredou por
um outro tipo de barcos:
lugres bacalhoeiros,
arrastões, traineiras,
etc..
DIA DA ESPIGA
Denomina-se
"Quinta-feira de Espiga"
ou "Dia da Espiga", a
quinta-feira de
Ascensão, em que a
Igreja comemora a
ascensão de Jesus Cristo
ao Céu.
Tradicionalmente, nesse
dia, em várias
localidades, colhe-se a
espiga de trigo, o que
simboliza a bênção dos
primeiros frutos.
Nalgumas regiões
fazem-se ramos com
espigas de trigo,
rosmaninho, malmequeres
brancos e amarelos,
papoilas e folhagem de
oliveira.
Estes ramos guardam-se
por um ano.
É costume, nalgumas
povoações, soltar
andorinhas com laços ao
pescoço.
Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira
– (adaptado):
Hoje é dia da
espiga
Para festejar
esse dia fomos ao campo
colher um raminho de
flores:
uma flor
branca que simboliza a
paz;
uma amarela, o
ouro;
uma espiga, o
pão;
uma papoila, o
amor e um raminho de
oliveira, o azeite.
Agora vamos
guardá-lo em casa
durante todo o
ano,
para termos
sempre alegria,
dinheiro, paz
e pão.
O Dia da espiga ou
Quinta-feira da espiga é
celebrado no dia da
Quinta-feira da Ascensão
com um passeio matinal,
em que se colhe espigas
de vários cereais,
flores campestres e
raminhos de oliveira
para formar um ramo, a
que se chama de espiga.
Segundo a tradição o
ramo deve ser colocado
por detrás da porta de
entrada, e só deve ser
substituído por um novo
no dia da espiga do ano
seguinte. As várias
plantas que compõem a
espiga têm um valor
simbólico profano e um
valor religioso. Crê-se
que esta celebração
tenha origem nas antigas
tradições pagãs e esteja
ligada à tradição dos
Maios e das Maias.
O dia da espiga era
também o "dia da hora" e
considerado "o dia mais
santo do ano", um dia em
que não se devia
trabalhar. Era chamado o
dia da hora porque havia
uma hora, o meio-dia, em
que em que tudo parava,
"as águas dos ribeiros
não correm, o leite não
coalha, o pão não leveda
e as folhas se cruzam".
Era nessa hora que se
colhiam as plantas para
fazer o ramo da espiga e
também se colhiam as
ervas medicinais. Em
dias de trovoadas
queimava-se um pouco da
espiga no fogo da
lareira para afastar os
raios.
A simbologia por detrás
das plantas que formam o
ramo de espiga: Espiga –
pão; Malmequer – ouro e
prata; Papoila – amor e
vida; Oliveira – azeite
e paz; Videira – vinho e
alegria e Alecrim –
saúde e força.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal