

Guerra
Junqueiro
Nasceu a 17 de
Setembro
de 1850
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Guerra Junqueiro, nasceu em
Freixo Espada à Cinta (*) (Trás-os-Montes),
no dia 17 de Setembro de 1850. Filho
do negociante e lavrador abastado
José António Junqueiro e de sua
mulher D. Ana Guerra. A mãe faleceu
quando Guerra Junqueiro contava
apenas 3 anos de idade. Estudou os
preparatórios em Bragança,
matriculando-se em 1866 no curso de
Teologia da Universidade de Coimbra.
Compreendendo que não tinha vocação
para a vida religiosa, dois anos
depois transferiu-se para o curso de
Direito. Terminou o curso em 1873.
Ocupou durante algum tempo cargos
administrativos dos governos civis
de Angra do Heroísmo (Açores) e de
Viana do Castelo, ingressando depois
na política. Em 1878, foi eleito
deputado pelo círculo de Macedo de
Cavaleiros.
Participou nalgumas reuniões os
Vencidos da Vida e, em 1890, aderiu
ao partido republicano, tendo sido,
entre 1911 e 1914, ministro
plenipotenciário na Suiça.
Influenciado por Victor Hugo, deu
provas de um talento formal
extraordinário, mas, mais do que
poeta, foi panfletário excepcional,
servido por uma arrebatada
eloquência, um grande satírico de
verbo caloroso.
Morreu em Lisboa a 7 de Julho de
1923, e o final da sua vida
repartiu-o ele entre a lavoura nas
suas terras de Barca de Alva, a sua
poesia e a procura de antiguidades.
Obra de Guerra Junqueiro
A Morte de D. João (1874) -;- A Musa
em Férias (1879) -;- A Velhice do
Padre Eterno (1885) -;- Finis
Patriae (1890) -;- Os Simples (1892)
-;- Pátria (1896) -;- Oração ao Pão
(1903) -;- Oração à Luz (1904) -;-
Poesias Dispersas (1920).
Em colaboração com Guilherme de
Azevedo, escreveu Viagem à Roda da
Parvónia.
Um dia, disse Guerra Junqueiro para
o seu amigo Luís de Oliveira
Guimarães: "Os políticos
consideram-me um poeta; os poetas,
um político; os católicos julgam-me
um ímpio; os ateus, um crente"
"Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,
Que andaram contemplando a Lua
branca e fria...
Levantai-vos, heróis, e despertai,
gigantes!
Já canta pelo azul sereno a cotovia
E
já rasga o arado as terras
fumegantes...
Entra-nos pelo peito em borbotões
joviais
Este sangue de luz que a madrugada
entorna!
Poetas, que somos nós? Ferreiros
d'arsenais;
É bater, é bater com alma na bigorna
As estrofes de bronze, as lanças e
os punhais!
Acendei a fornalha enorme – a
Inspiração.
Dai-lhe lenha, – a Verdade, a
Justiça, o Direito
E harmonia e pureza, e febre e
indignação;
E p'ra que a lavareda irrompa, abri
o peito
E atirai ao braseiro, ardendo, o
coração!
Há-de-nos devorar, talvez, o
incêndio; embora!
O poeta é como o sol: o fogo que ele
encerra
É quem espalha a luz nessa amplidão
sonora...
Queimemo-nos a nós, iluminando a
terra!
Somos lava, e a lava é quem produz a
aurora!"
(*)Freixo de Espada à Cinta está
situado no extremo sul do distrito
de Bragança, inserido bem no coração
do Parque Natural do Douro
Internacional, fazendo fronteira com
Espanha. Possui uma série de mais
valias turísticas, oferecendo ao
visitante diversas alternativas de
lazer.
O concelho é banhado no seu todo
pelo rio Douro, que se enrosca por
entre agrestes desfiladeiros de
arribas repletas com a maior mancha
de Lodões (Celcis australis) da
Europa, albergando em conjunto
diversas espécies raras, cujo
destaque vai para a protegida
Cegonha Negra que nidifica em
abundância neste local. O rio
desafia a um revigorante passeio por
águas calmas. Na praia fluvial da
Congida poder-se-á embarcar num
barco da Sociedade Transfronteiriça
Congida – La Barca e usufruir um
passeio ímpar por uma paisagem bela
e sem igual.
Ao longo do ano a paisagem natural
varia em extremos de tonalidade de
acordo com as estações. Todos os
locais são um convite para desfrutar
o espaço envolvente: desde a
frescura de extensos pedaços verdes,
passando pelos fortes aromas da
terra castanha e cor de mel até às
tonalidades rosa e esbranquiçadas de
fragrâncias suaves características
das Amendoeiras em Flor, o ex-libris
turístico de Freixo de Espada à
Cinta, todo o horizonte ao longo do
ano inunda os sentidos.
É um concelho que possui qualidades
invulgares para a prática de BTT e
4x4 bem como outros desportos que
envolvam o contacto directo com a
natureza, tais como a caça e a
pesca.
Poder-se-á vislumbrar esta paisagem
excepcional de uma outra
perspectiva, recorrendo a uma rede
de miradouros existente no concelho,
autênticas varandas sobre a planície
de Salamanca.
É nestes locais que se poderão
observar uma série de espécies de
aves destacando-se o Grifo, o Abutre
do Egipto, a Águia Real e a Águia de
Bonelli.
Fazendo parte da região demarcada do
Douro, produz-se neste concelho
vinho fino de elevada qualidade. A
gastronomia é uma das
potencialidades de Freixo de Espada
à Cinta, destacando-se o fumeiro
tradicional, os doces de amêndoa e
ovos, a empada (folar da Páscoa), o
queijo de ovelha ou cabra, a
azeitona certificada “Negrinha de
Freixo” e o azeite virgem.
Freixo de Espada à Cinta possui
também um rico passado histórico.
Supõe-se que a vila seja bastante
anterior à fundação do reino de
Portugal, pelo menos ao tempo dos
árabes ou ainda à época de ocupação
romana.
D. Afonso Henriques, no foral que
lhe concedeu em 1155/57, já fazia
referência ao castelo e D. Sancho
II, em 1240, elevou Freixo à
categoria de Vila, como recompensa
de os seus habitantes se terem
defendido heroicamente das invasões
do rei de Leão, ao contrário dos de
Alva (anterior concelho), que se
renderam sem resistência. Existem
várias versões relativas à origem do
nome, uma das quais, reza a lenda,
El Rei D. Dinis, estando severamente
fatigado da viagem que empreendeu
até Freixo, colocou o seu cinturão
com a majestosa espada no tronco de
um freixo, que ainda hoje se
encontra no outeiro do castelo, e
adormeceu à sua sombra, embalado
pela brisa suave que batia nas
folhas da possante árvore. No seu
sono profundo, teve um sonho.
Sonhou com o espírito do freixo,
ansioso que um rei português
dependurasse a sua espada real no
seu corpo, com a intenção de lhe
conferenciar directrizes sábias para
o futuro do reino de Portugal.
Quando o rei acordou do revigorante
descanso, re-baptizou a vila,
chamando-a de Freixo de Espada à
Cinta. No princípio do século XVI, a
vila era uma bela e poderosa praça
de guerra medieval, cujo castelo
tinha três imponentes torres
mestras, das quais resta apenas hoje
uma colossal torre heptagonal de
granito, a torre do Galo. Em 1512 D.
Manuel I concedeu ao concelho um
novo foral.
Freixo de Espada à Cinta é a vila
mais Manuelina de Portugal. Existem
inúmeras portas e janelas com
motivos simples, quase sempre
alusivos aos descobrimentos, apesar
de Freixo de Espada à Cinta estar
longe do mar, demonstrando desta
forma que era uma terra próspera no
reinado de D. Manuel I. Como exemplo
emblemático deste estilo temos a
Igreja Matriz do começo do século
XVI, cujo interior é uma réplica da
igreja dos Jerónimos e onde se podem
admirar na capela-mor um
valorosíssimo retábulo quinhentista
com 16 telas atribuídas a Grão
Vasco.
É também curiosa a existência de uma
figura de São Mateus envergando um
par de lunetas, objecto não muito
vulgar na altura de edificação da
igreja. O pelourinho que se encontra
em frente aos Paços do Concelho é
também um dos monumentos ilustres
que merece referência.
Quanto a outro património histórico
deste concelho, é de destacar o
“Cavalo de Mazouco”, gravura
rupestre atribuída ao paleolítico
superior, e a “Calçada de Alpajares”,
uma via medieval (e possivelmente
romana) que se encontra em excelente
estado de conservação.
Sob o ponto de vista cultural,
Freixo de Espada à Cinta é a terra
natal do poeta Guerra Junqueiro,
deputado e escritor consagrado,
autor de “Os Simples” e “A Velhice
do Padre Eterno”, cuja casa onde
nasceu ainda poderá ser admirada,
bem como a Casa Junqueiro, que
pertencia aos seus pais,
desempenhando actualmente funções de
Museu Regional.
“ Os Sete Passos”, procissão pagã
com cenário medieval a representar a
encomendação das almas, onde se
entoam cânticos fúnebres da autoria
de Gil Vicente e o “Enterro do
Entrudo”, um divertido costume
profano, são tradições que se
realizam há séculos e que passaram
de geração em geração até aos dias
de hoje, demonstrando-se com estas
cerimónias a identidade do povo
freixenista.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
– Marinha Grande – Portugal |
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