Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, foi político e escritor brasileiro.
Nasceu no Recife PE a 19 de Agosto de 1849 e morreu em Washington (USA) a 17 de
Janeiro de 1910. Em 1870, formou-se em Direito na Faculdade do Recife, e,
tornou-se advogado e jornalista no Rio de Janeiro, acabando por ingressar na
carreira política, em 1876, no exercício da qual morreu, enquanto embaixador do
Brasil nos ESA. Fundador com Machado de Assis, do Jornal “A Época” e, com
Rodolfo Dantas, do “Jornal do Brasil”. Compareceu às sessões preliminares de
instalação da Academia Brasileira, onde fundou a Cadeira n. 27, que tem como
patrono Maciel Monteiro. Designado secretário-geral da instituição na sessão de
28 de Janeiro de 1897, exerceu o cargo até 1899 e de 1908 a 1910. Era filho do
senador José Tomás Nabuco de Araújo, "o Estadista do Império", e de Ana Benigna
Barreto Nabuco de Araújo, irmã do Marquês do Recife, Francisco Pais Barreto.
Notabilizou-se na defesa do Abolicionismo. Joaquim Nabuco era um monarquista e
conciliava esta posição política com sua postura abolicionista. Atribuía à
escravidão a responsabilidade por grande parte dos problemas enfrentados pela
sociedade brasileira, defendendo, assim, que o trabalho servil fosse suprimido
antes de qualquer mudança no âmbito político. A abolição da escravatura, no
entanto, não deveria ser feita de maneira de ruptura, ou violenta, mas
assentada numa consciência nacional dos benefícios que tal resultaria à
sociedade brasileira. Também não creditava a movimentos civis externos ao
parlamento o papel de conduzir a abolição. Esta só poderia se dar no parlamento,
no seu entender. Fora deste âmbito cabia somente assentar valores humanitários
que fundamentariam a abolição quando instaurada.
Sua Obra:
Camões e os Lusíadas (*) , em 1872; O Abolicionismo em 1883; Campanha
abolicionista no Recife em 1885; O erro do Imperador - história em 1886;
Escravos - poesia em1886; Porque continuo a ser monarquista em 1890; Balmaceda -
biografia em 1895; O dever dos monarquistas em 1895; A intervenção estrangeira
durante a revolta - história diplomática em 1896; Um estadista do Império -
biografia, 3 tomos de 1897 1899; Minha formação - memórias em 1900; Escritos e
discursos literários em 1901; Pensées detachées et souvenirs em 1906; Discursos
e conferências nos Estados Unidos - tradução do inglês de Artur Bomilcar em
1911.
(*)
Camões - Joaquim Nabuco
Senhor,
Senhora,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Quando no dia 10 de Junho de 1580, Luís de Camões expirava em Lisboa, na mais
completa miséria, ao desamparo de todos, abandonado até de si mesmo, se alguém
lhe dissesse que ele só morria para ficar imortal, talvez que o Poeta, esmagado
como o Gladiador pelo seu próprio destino, sem que no vasto Anfiteatro uma voz,
um gesto, um olhar, pedisse compaixão para ele, afastasse com indiferença essa
esperança de uma vida que não é mais do homem, mas tão somente do seu génio e da
sua obra.
Entretanto, senhores, por mais que a consciência transforme numa tragédia
pessoal cada um dos nossos sofrimentos, que aos olhos de um espectador
desinteressado que abrangesse o interior de todas as almas, não pareceriam mais
dramáticos do que a queda silenciosa da ave ferida no voo, o que são todos os
infortúnios reais e verdadeiros do Poeta, comparados à glória que nos reúne a
todos, trezentos anos depois da sua morte, em torno da sua estátua? O homem é o
nome. A parte individual da nossa existência, se é a que mais nos interessa e
comove, não é por certo a melhor. Além desta, há outra que pertence à pátria, à
ciência, à arte; e que, se quase sempre é uma dedicação obscura, também pode ser
uma criação imortal. A glória não é senão o domínio que o espírito humano
adquire dessa parte que se lhe incorpora, e os Centenários são as grandes
renovações periódicas dessa posse perpétua(...).