José Saramago - Prémio Nobel da
Língua Portuguesa
Morreu
a 18 de Junho de 2010
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Romancista, poeta e dramaturgo,
autodidacta, português, José Saramago
apenas concluiu estudos secundários,
dadas as dificuldades económicas
familiares. Nasceu a 16 de Novembro de
1922, em Azinhaga, Concelho da Golegã –
distrito de Santarém, e morreu a 18 de
Junho, em Taís Ilha de Lanzarote
(Espanha). Desenvolveu um percurso
profissional do jornalismo à política,
com experiências em serralharia,
produção e edição literária, assim como
em tradução. Em 1976, foi o desemprego
que o levou a dedicar-se à literatura.
Entre outras distinções, José
Saramago recebeu o Prémio "Cidade de
Lisboa" em 1980; o "Prémio Camões" em
1995 (distinção máxima oferecida aos
escritores de língua portuguesa); o
"Nobel de Literatura" em 1998 (o
primeiro concedido a um escritor de
língua portuguesa).
José Saramago foi conhecido por utilizar
um estilo oral, coevo dos contos de
tradição oral populares em que a
vivacidade da comunicação é mais
importante do que a correcção de uma
linguagem escrita. Todas as
características de uma linguagem oral,
predominantemente usada na oratória, na
dialéctica, na retórica e que servem
sobremaneira o seu estilo interventivo e
persuasivo estão presentes. Assim,
utiliza frases e períodos compridos,
usando a pontuação de uma maneira não
convencional; Os diálogos das
personagens são inseridos nos próprios
parágrafos que os antecedem, de forma
que não existem travessões nos seus
livros. Este tipo de marcação das falas
propicia uma forte sensação de fluxo de
consciência, a ponto do leitor chegar a
confundir-se se um certo diálogo foi
real ou apenas um pensamento. Muitas das
suas frases (i.e. orações) ocupam mais
de uma página, usando vírgulas onde a
maioria dos escritores usaria pontos
finais. Da mesma forma, muitos dos seus
parágrafos ocupariam capítulos inteiros
de outros autores. Por isso, se o leitor
se habituar ao o seu estilo, a sua
leitura é muito agradável, pois o seu
ritmo está muito próximo da eloquência
oral do Povo Português. Estas
características tornam o estilo de
Saramago único na literatura
contemporânea, sendo considerado por
muitos críticos um mestre no tratamento
da Língua Portuguesa. Em 2003, o crítico
norte-americano Harold Bloom, no seu
livro Genius: A Mosaic of One Hundred
Exemplary Creative Minds ("Génio: Um
Mosaico de Cem Exemplares Mentes
Criativas"), considerou José Saramago "o
mais talentoso romancista vivo nos dias
de hoje" (tradução livre de the most
gifted novelist alive in the world today),
referindo-se a ele como "o Mestre".
Declarou ainda que Saramago é "um dos
últimos titãs de um género literário que
se está a desvanecer".
Em Setembro de 1997, a agência
publicitária sueca, Jerry Bergström AB,
de Estocolmo, contratada pelo ICEP -
(órgão estatal português para a promoção
do comércio e turismo português),
organizou uma visita de José Saramago a
Estocolmo, incluindo:
- Um seminário na Hedengrens, a
principal cadeia de livrarias suecas
- Discurso na Universidade de Estocolmo
- Várias entrevistas a jornais, revistas
e rádios suecas
- Nesses mesmos dias, a televisão
estatal sueca produziu um programa
especial dedicado a Saramago
Em Outubro de 1997, a Feira
Internacional do Livro de Frankfurt tem
neste ano Portugal como país em destaque
A 10 de Dezembro de 1998, Saramago
recebe o Prémio Nobel em Estocolmo
Segundo o "Diário de Notícias", o
director da empresa sueca Jerry
Bergström AB afirmou: "Portugal nunca
tinha tido um Prémio Nobel da literatura
e uma parte da nossa missão consistia em
mudar essa situação". Comentando esta
atribuição, Sture Allén, então
secretário da Academia Sueca, negou que
a decisão tenha sido afectada por
"campanhas publicitárias, comentários de
académicos ou escritores, ou qualquer
outro tipo de pressão".
Contradizendo Allén, Knut Ahnlund e Lars
Gyllensten, membros da academia
afirmaram que seria ridículo afirmar que
os membros da academia sejam "imunes a
agências publicitárias". Segundo o
Dagens Nyheter haveria provas de que uma
campanha semelhante foi organizada pela
Alemanha.
Knut Ahnlund, membro da academia sueca,
foi crítico da atribuição do prémio
Nobel a Saramago, que segundo ele foi o
culminar de uma campanha profissional de
relações públicas.
A Obra de José Saramago
Romances: "Terra do Pecado", 1947 :-:
"Manual de Pintura e Caligrafia", 1977
:-: "Levantado do Chão", 1980 :-:
"Memorial do Convento", 1982 :-: "O Ano
da Morte de Ricardo Reis", 1984 :-: "A
Jangada de Pedra", 1986 :-: "História do
Cerco de Lisboa", 1989 :-: "O Evangelho
Segundo Jesus Cristo", 1991 :-: "Ensaio
Sobre a Cegueira", 1995 :-: "Todos os
Nomes", 1997 :-: "A Caverna", 2000 :-:
"O Homem Duplicado", 2002 :-: "Ensaio
Sobre a Lucidez", 2004 :-: "As
Intermitências da Morte", 2005 :-: "A
Viagem do Elefante", 2008 :-: "Caim",
2009.
Peças teatrais: "A Noite" :-: "Que
Farei com Este Livro?" :-: "A Segunda
Vida de Francisco de Assis" :-: "In
Nomine Dei" :-: "Don Giovanni ou O
Dissoluto Absolvido".
Contos: "Objecto Quase", 1978 :-:
"Terra de Homens", 1979 :-: "Poética dos
Cinco Sentidos - O Ouvido", 1979 :-: "O
Conto da Ilha Desconhecida", 1997.
Poemas: "Os Poemas Possíveis", 1966 :-:
"Provavelmente Alegria", 1970 :-: "O Ano
de 1993", 1975.
Crónicas: "Deste Mundo e do Outro", 1971
:-: "A Bagagem do Viajante", 1973 :-:
"As Opiniões que o DL Teve", 1974 :-:
"Os Apontamentos", 1977 :-: "Diário e
Memórias" :-: 1977 :-: "Cadernos de
Lanzarote (I-V)", 1994 .-: "As Pequenas
Memórias", 2006.
Viagens: "Viagem a Portugal", 1981 :-:
"Infantil" :-: "A Maior Flor do Mundo",
2001
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
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