Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Uma missa solene em Calcutá
abriu hoje as homenagens ao
centenário do nascimento de
Madre Teresa, a "santa dos
pobres" que dedicou a vida a
ajudar os necessitados daquela
cidade superpovoada no leste da
Índia.
A missa, presidida pelo
cardeal Telesphore Placidus
Toppo, foi celebrada na sede da
congregação das Missionárias da
Caridade, fundada pela Madre
Teresa em 1950.
Durante a missa, que
contou com a presença de 1.000
pessoas, o cardeal leu uma
mensagem do Papa Bento XVI.
Centenas de fiéis tiveram de
ficara fora da capela por falta
de espaço.
"Acredito que este ano
seja para a Igreja e o mundo uma
ocasião de alegre gratidão com
Deus pelo inestimável dom que a
Madre Teresa fez durante a sua
vida e que continua através do
carinhoso e incansável trabalho
dos seus filhos espirituais",
escreveu o Papa.
No final da missa, as
sucessoras de Madre Teresa, Sor
Nirmala e a actual presidente da
congregação, Sor Prema,
libertaram pombas em sinal de
paz e compaixão.
As comemorações não ficam
por aqui:. Calcutá vai ainda
organizar o festival
internacional de cinema "Madre
Teresa", com documentários e
filmes sobre a vida da
religiosa.
Nascida em Skopje (Macedónia)
a 26 de Agosto de 1910, Madre
Teresa, cujo verdadeiro nome era
Agnes Gonxha Bojaxhiu, chegou
como freira à Índia em 1929 e
obteve a nacionalidade indiana
em 1951.
Três Estados dos Balcãs -
Albânia, Macedónia e Kosovo -,
que reivindicam uma parte da
trajectória de Madre Teresa,
também organizaram homenagens.
Centenas de pessoas de
todas as idades compareceram
esta quinta-feira ao monumento
em homenagem à Madre Teresa na
praça de Tirana, na Albânia, que
tem o nome da religiosa, para
depositar rosas vermelhas.
Além disso, muitas
pessoas, incluindo autoridades
do governo albanês e de diversas
comunidades religiosas,
assistiram a uma grande missa na
catedral de Madre Teresa em Vau
i Dejës-Laç (110 km a norte de
Tirana).
Estão ainda previstas
exposições de fotografias e
pintura, além de um concerto da
orquestra nacional. Já o correio
albanês lançou uma série
completa de selos por ocasião do
centenário do nascimento da
religiosa.
@SAPO/AFP
Madre Teresa de Calcutá, cujo
nome verdadeiro é Agnes Gonxha
Bojaxhiu, (Skopje, 26 de Agosto de
1910 — Calcutá, 5 de Setembro de
1997) foi uma missionária católica
albanesa, nascida na República da
Macedônia e naturalizada indiana
beatificada pela Igreja Católica.
Madre Teresa de Calcutá
Considerada a missionária do século
XX, concretizou o projeto de apoiar
e recuperar os desprotegidos na
Índia. Através da sua congregação
"Missionárias da Caridade", partiu
em direção à conquista de um mundo
que acabou rendido ao seu apelo de
ajudar o mais pobre dos pobres.
Biografia
Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26
de agosto de 1910, em Skopje, na
Macedônia, filha de pais albaneses,
numa família de três filhos, sendo
duas moças e um rapaz. Frequentou
uma escola não católica.
Aos 12 anos, ouviu um jesuíta que
era missionário na Índia dizer:
“Cada qual em sua vida deve seguir
seu próprio caminho”. Tais palavras
a impressionaram e se determinou a
dar um sentido à sua vida, a
entregar-se a serviço dos outros:
fazer-se missionária. E já nesta
idade procurou o referido jesuíta
para saber como fazer isso, ao que o
prudente homem respondeu que
aguardasse a confirmação do tempo e
da “voz de Deus”.Seis anos mais tarde, cada vez mais
convicta de sua vocação, solicitou a
admissão na Congregação das Irmãs do
Loreto que trabalhava em Bengala,
mas teve primeiro de aprender a
língua inglesa em Dublim. De Dublim
foi enviada para a Índia em 1931 a
fim de iniciar seu noviciado em
Darjeeling no colégio das Irmãs de
Calcutá.
No dia 24 de maio de 1931, fez a
profissão religiosa, e emitiu os
votos temporários de pobreza,
castidade e obediência tomando o
nome de "Teresa". A origem da
escolha deste nome residiu no fato
de ser em honra à monja francesa
Teresa de Lisieux, padroeira das
missionárias, canonizada em 1927 e
conhecida como Santa Teresinha.
De Darjeeling passou para Calcutá,
onde exerceu, durante os anos 30 e
40, a docência em Geografia no
colégio bengalês de Sta. Mary, também
pertencente à congregação de Nossa
Senhora do Loreto. Impressionada com
os problemas sociais da Índia, que
se refletiam nas condições de vida
das crianças, mulheres e velhos que
viviam na rua e em absoluta miséria,
fez a profissão perpétua a 24 de
maio de 1937.
Com a partida do colégio, tirou um
curso rápido de enfermagem, que veio
a tornar-se um pilar fundamental da
sua tarefa no mundo.
Em 1946, decidiu reformular a sua
trajetória de vida. Dois anos
depois, e após muita insistência, o
Papa Pio XII permitiu que
abandonasse as suas funções enquanto
monja, para iniciar uma nova
congregação de caridade, cujo
objetivo era ensinar as crianças
pobres a ler. Desta forma, nasceu a
sua Ordem – As Missionárias da
Caridade. Como hábito, escolheu o
sári, nas cores — justificou ela —
"branco, por significar pureza e
azul, por ser a cor da Virgem
Maria". Como princípios, adotou o
abandono de todos os bens materiais.
O espólio de cada irmã resumia-se a
um prato de esmalte, um jogo de
roupa interior, um par de sandálias,
um pedaço de sabão, uma almofada e
um colchão, um par de lençóis, e um
balde metálico com o respectivo
número.
Começou a sua atividade reunindo
algumas crianças, a quem começou a
ensinar o alfabeto e as regras de
higiene. A sua tarefa diária
centrava-se na angariação de
donativos e na difusão da palavra de
alento e de confiança em Deus.
No dia 21 de dezembro de 1948,
foi-lhe concedida a nacionalidade
indiana. A partir de 1950
empenhou-se em auxiliar os doentes
com lepra.
Em 1965, o Papa Paulo VI colocou sob
controle do papado a sua congregação
e deu autorização para a sua
expansão a outros países. Centros de
apoio a leprosos, velhos, cegos e
doentes com HIV surgiram em várias
cidades do mundo, bem como escolas,
orfanatos e trabalhos de
reabilitação com presidiários.
Servindo ao mundo
Ao primeiro lar infantil ou "Sishi
Bavan" (Casa da Esperança), fundada
em 1952, juntou-se o "Lar dos
Moribundos", em Kalighat.
Mais de uma década depois, em 1965,
a Santa Sé aprovou a Congregação
Missionárias da Caridade e, entre
1968 e 1989, estabeleceu a sua
presença missionária em países como
Albânia, Rússia, Cuba, Canadá,
Palestina, Bangladesh, Austrália,
Estados Unidos da América, Ceilão,
Itália, antiga União Soviética,
China, etc.O reconhecimento do mundo pelo seu
trabalho concretizou-se com o
Templeton Prize, em 1973, e com o
Nobel da Paz, no dia 17 de outubro
de 1979.

Morreu em 1997, aos 87 anos, mas o
seu trabalho missionário continua
através da irmã Nirmala, eleita no
dia 13 de março de 1997 como sua
sucessora. Tratado como um funeral
de Estado, vários foram os
representantes do mundo que quiseram
estar presentes para prestar a sua
homenagem. As televisões do mundo
inteiro transmitiram ao vivo durante
uma semana, os milhões que queriam
vê-la no estádio Netaji. No dia 19
de outubro de 2003, o Papa João
Paulo II beatificou Madre Teresa.
Um de seus pensamentos era este:
“Não usemos bombas nem armas para
conquistar o mundo. Usemos o amor e
a compaixão. A paz começa com um
sorriso”.
Enfim,ela realmente mostrou um amor
abnegável ao próximo. No entanto, se
todos tivessem esta mesma atitude
viveríamos num mundo bem simples e
melhor.
A "noite escura" de Madre Teresa
Uma coleção de cartas dirigidas a
uns poucos conselheiros espirituais
e recolhidas no livro "Madre Teresa
venha, seja minha luz" (Mother
Teresa: Come Be My Light) publicado
em 4 de setembro de 2007, traduzido
e publicado no Brasil pela editora
Thomas Nelson, organizado pelo Padre
Brian Kolodiejchuk, postulador da
causa da sua canonização revelaram,
segundo alguns, dúvidas profundas de
madre Teresa sobre sua fé em Deus,
provocando discussões sobre uma
possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas,
descreveu como sentia falta de
respostas de Deus.[1] Em 1956
escreveu: "Tão profunda ânsia por
Deus - e ... repulsa - vazio - sem
fé - sem amor - sem fervor. Almas
não atrai - O céu não significa nada
- reze por mim para que eu continue
sorrindo para Ele apesar de tudo."
Em 1959: "Se não houver Deus - não
pode haver alma - se não houver alma
então, Jesus - Você também não é
real."[1]
Uma de suas cartas ao Padre Neuner
dizia: "Pela primeira vez ao longo
de 11 anos - cheguei a amar a
escuridão. - Pois agora acredito que
é parte, uma parte muito, muito
pequena da escuridão e da dor de
Jesus neste mundo. O Senhor
ensinou-me a aceitá-la [como] um
'lado espiritual de sua obra', como
escreveu. - Hoje senti realmente uma
profunda alegria - que Jesus já não
pode passar pela agonia - mas que
quer passar por mim. - Abandono-me a
Ele mais do que nunca. - Sim - mais
do que nunca estarei à disposição."
No entanto, o texto de suas cartas
não deve afetou a campanha por sua
santificação, já que a Igreja
defende que outros santos também
demonstraram dúvidas em relação a
sua fé, como por exemplo São
Tomé.[1]
A crise espiritual.
Segundo o postulador da causa da
canonização de Madre Teresa e autor
do livro, a sua crise espiritual
começou nos anos 50, logo após a
fundação da ordem das Missionárias
da Caridade; a partir daí "viveu uma
grande fase de escuridão interior
que se prolongou até a sua morte".
"Sabia que estava unida a Deus, mas
não conseguia sentir nada"[2] Este
fenômeno é conhecido na tradição e
na teologia mística cristã, e foi
São João da Cruz quem o chamou de
noite escura do espírito, o que
considera uma etapa no caminho de
alguns santos no caminho de
identificação com Deus.Silêncio divino.
Bento XVI comentando as cartas disse
que este silêncio serve para que os
crentes percebam a situação daqueles
que não acreditam em Deus. Falando
sobre as experiências místicas da
beata disse que "tudo aquilo que já
sabíamos se mostra agora ainda mais
abertamente: com toda a sua
caridade, a sua força de fé, Madre
Teresa sofria com o silêncio de
Deus".[3]
Antídoto contra o sentimentalismo.
Kolodiejchuk enxerga na atitude da
beata um antídoto contra o
sentimentalismo: "A tendência em
nossa vida espiritual, e também na
atitude mais geral relativamente ao
amor, é que o que conta são os
nossos sentimentos. Assim a
totalidade do amor é o que sentimos.
Mas o amor autêntico a alguém requer
o compromisso, fidelidade e
vulnerabilidade. Madre Teresa não
"sentia" o amor de Cristo, e poderia
ter cortado, mas levantava-se às
4:30 h. cada manhã por Jesus e era
capaz de escrever-lhe: Tua
felicidade é o único que quero. Este
é um poderoso exemplo, inclusive em
termos não puramente religiosos."[4]
Santa da escuridão.
O jornal The New York Times em
editorial de 5 de setembro de 2007
assinala que Madre Teresa em uma de
suas cartas afirma que se alguma vez
chegarei a ser santa, seguramente o
serei da escuridão. O editorial cita
a jornalista e escritora Flannery
O’Connor, católica, que passou por
uma difícil enfermidade de natureza
degenerativa, que escreveu que
existem pessoas que "pensam que a fé
é um grande cobertor elétrico,
quando é com certeza a cruz". O
artigo procura estabelecer um
paralelismo entre o sofrimento
dessas duas mulheres quando
considera que "ambas não falaram
sobre o seu próprio sofrimento e
continuaram a trabalhar. "Madre
Teresa, enferma de nostalgia por um
sentido do divino, manteve a fé com
os enfermos de Calcutá", conclui o
editorial.[5]
Michael Gerson, colunista do
Washington Post, a respeito da
"noite escura" de Madre Teresa,
escreve que este fato interior e o
contraste externo de sua alegria e
sorriso não podem ser considerados
como se fosse hipocrisia. Afirma que
"Há uma espécie de valentia na perda
da ilusão sem perder o coração" e
que "a santidade tem que ver mais
com obediência que com sentimentos
espirituais, que a fé pode coexistir
com o sofrimento e a dúvida, que a
santidade pode ser mais áspera e
mais difícil do que imaginamos".[6]
Deus Caritas Est
Bento XVI na sua encíclica Deus
caritas est, de 25 de dezembro de
2005, "sobre o amor cristão", cita
Madre Teresa como exemplo de pessoa
de oração e ao mesmo tempo de fé
operativa:
A piedade não afrouxa a luta
contra a pobreza ou mesmo contra a
miséria do próximo. A beata Teresa
de Calcutá é um exemplo
evidentíssimo do fato que o tempo
dedicado a Deus na oração não só não
lesa a eficácia nem a operosidade do
amor ao próximo, mas é realmente a
sua fonte inexaurível. Na sua carta
para a Quaresma de 1996, essa beata
escrevia aos seus colaboradores
leigos: 'Nós precisamos desta união
íntima com Deus na nossa vida
cotidiana. E como poderemos obtê-la?
Através da oração'
[7]
Referências
↑ 1,0 1,1 1,2 Trotta, Daniel (24 de
Agosto de 2007). Cartas revelam
dúvidas de madre Teresa sobre sua fé
em Deus. [1]
↑ Entrevista de Kolodiejchuk ao La
Stampa
↑ Papa comenta "noite escura"
↑ Entrevista de Kolodiejchuk
↑ New York Times, Editorial (em
inglês) Visitado em 21.out.2007
↑ The Torment of Teresa by Michael
Gerson (Washington Post, Wednesday,
September 5, 2007; Page A21)
Visitado em 21 out. 2007.
↑ Deus caritas est. nº.36
Trabalho e pesquisa de Carlos
Leite Ribeiro – Marinha Grande –
Portugal

Formatado com dedicação, respeito e
imenso carinho a esta
NOBRE SANTA SENHORA.
Para si, Madre Teresa de Calcutá:

Iara Melo
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