Manuel Carneiro de Sousa Bandeira,
escritor brasileiro, nasceu no Recife e
morreu no Rio de Janeiro a 13 de Outubro
de 1968. Inicia estudos de arquitetura,
que interrompe para se tratar da
tuberculose, o que o leva a um périplo
pelo Brasil e Europa. Na Suíça conhece
Paul Éluard, que o inicia na poesia
francesa. Regressou ao Brasil em 1914.
Estreou-se em 1917 com o livro de poemas
“Cinza das Horas”, seguindo, em 1919, de
“Carnaval, que abre o caminho do
modernismo poético no Brasil. O seu
reconhecimento como um dos maiores
poetas de Língua Portuguesa dá-se a
partir de 1937, tendo sido eleito em
1940 para a Academia Brasileira de
Letras. Nesse mesmo anos saiu o volume
das suas “Poesias, Em 1956 escreve para
a Enciclopédia Delta Larrousse um estudo
sobre “Versificação em Língua
Portuguesa”. Publicou, entre outros,
“Libertinagem, em 1930”, “Estrela da
Manhã, em 1936”, “Opus 10, em 1952”,
“Estrela da Tarde, em 1953, e “Estrela
da Vida Inteira, em 1966”. Manuel
Bandeira foi um dos poetas brasileiros
mais admirados, inspirando, até hoje,
desde novos escritores a compositores.
Aliás, o "ritmo bandeiriano" merece
estudos aprofundados de ensaístas. Por
vezes inspira escritores não só em razão
de sua matemática, mas também devido ao
estilo sóbrio de escrever. Manuel
Bandeira possui um estilo simples e
direto, embora não compartilhe da
dureza de poetas como João Cabral de
Melo Neto, também pernambucano. Aliás,
numa análise entre as obras de Bandeira
e João Cabral, vê-se que este, ao
contrário daquele, visa a purgar de sua
obra o lirismo. Bandeira foi o mais
lírico dos poetas. Aborda temáticas
quotidianas e universais, às vezes com
uma abordagem de "poema-piada", lidando
com formas e inspiração que a tradição
académica considera vulgares. Mesmo
assim, conhecedor da Literatura,
utilizou-se, em temas quotidianos, de
formas colhidas nas tradições clássicas
e medievais. Em sua obra de estreia (e
de curtíssima tiragem) estão composições
poéticas rígidas, sonetos em rimas ricas
e métrica perfeita, na mesma linha onde,
em seus textos posteriores, encontramos
composições como o rondó e trovas. É
comum encontrar poemas (como o Poética,
parte de Libertinagem) que se
transformaram em um manifesto da poesia
moderna. No entanto, suas origens estão
na poesia parnasiana. Foi convidado a
participar da Semana de arte moderna de
1922, embora não tenha comparecido,
deixou um poema seu (Os Sapos) para ser
lido no evento. Uma certa melancolia,
associada a um sentimento de angústia,
permeia sua obra, em que procura uma
forma de sentir a alegria de viver.
Doente dos pulmões, Bandeira sofria de
tuberculose e sabia dos riscos que
corria diariamente, e a perspectiva de
deixar de existir a qualquer momento é
uma constante na sua obra. A imagem de
bom homem, terno e em parte amistoso que
Bandeira aceitou adoptar no final de sua
vida tende a produzir enganos: sua
poesia, longe de ser uma pequena canção
terna de melancolia, está inscrita em um
drama que conjuga sua história pessoal e
o conflito estilístico vivido pelos
poetas de sua época. Cinza das Horas
apresenta a grande tese: a mágoa, a
melancolia, o ressentimento enquadrados
pelo estilo mórbido do simbolismo
tardio. Carnaval, que virá logo após,
abre com o imprevisível: a evocação
báquica e, em alguns momentos, satânica
do carnaval, mas termina em plena
melancolia. Essa hesitação entre o
júbilo e a dor articular-se-á nas mais
diversas dimensões figurativas. Se em
Ritmo Dissoluto, seu terceiro livro, a
felicidade aparece em poemas como "Vou
embora para Pasárgada", onde é questão a
evocação sonhadora de um país
imaginário, o pays de cocagne, onde todo
desejo, principalmente erótico, é
satisfeito, não se trata senão de um
alhures intangível, de um locus amenus
espiritual. Em Bandeira, o objecto de
anseio restará envolto em névoas e fora
do alcance. Lançando mão do tropo
português da “saudade”, poemas como
Pasárgada e tantos outros encontram um
símile na nostálgica rememoração
bandeiriana da infância, da vida de rua,
do mundo colidiam das provincianas
cidades brasileiras do início do século.
O inapreensível é também o feminino e o
erótico. Dividido entre uma idealidade
simpática às uniões diáfanas e
platónicas e uma carnalidade voluptuosa,
Manuel Bandeira é, em muitos de seus
poemas, um poeta da culpa. O prazer não
se encontra ali na satisfação do desejo,
mas na excitação da algolagnia do
abandono e da perda. Em Ritmo Dissoluto,
o erotismo, tão mórbido nos dois
primeiros livros, torna-se anseio
maravilhado de dissolução no elemento
líquido marítimo, como é o caso de Na
Solidão das Noites Húmidas. Esse drama
silencioso surpreende mesmo em poemas
“ternos”, quando inesperadamente
encontram-se, como é o caso dos poemas
jornalísticos de Libertinagem,
comentários mordazes e sorrateiros
interrompendo a fluência ingénua de
relatos líricos, fazendo revelar todo um
universo de sentimentos contraditórios.
Com Libertinagem, talvez o mais
celebrado dos livros de Bandeira,
adoptam-se formas modernistas,
abandona-se a metrificação tradicional e
acolhe-se o verso livre. Em grosso, é um
livro menos personalista. Se os grandes
temas nostálgicos cedem ao avanço
modernista, não é somente porque os
sufocam o desfile fulminante de imagens
quotidianas e os esquetes celebratórios
do modernismo, mas também porque é um
princípio motor de sua obra o reencenar
a luta dos dois momentos sentimentais da
alegria e da tristeza. O quotidiano
“brasileiro” aparece ali, realçando o
júbilo evocatório, com o pitoresco
popular que se assimila, por exemplo em
Evocação do Recife, ao tom triste e
nostálgico; usa-se o diálogo anedótico
para brindar fatos tão sórdidos quanto
sua própria doença (Pneumotórax); a
forma do esquete, favorável à apreensão
imediata do objecto, funde-se, em O
Cacto, a um lirismo narrativo que se
aperfeiçoará em sua poesia posterior.
Tanto em Libertinagem como no restante
de sua obra, a adopção da linguagem
coloquial nem sempre será coroada de
êxito. Em certos meios-tons perde-se a
distinção entre o coloquial estilizado e
o coloquial natural, como em Pensão
Familiar, onde os diminutivos são usados
abusivamente. Libertinagem dará o tom de
toda a poesia subsequente de Manuel
Bandeira. Em Estrela da Manhã, Lira dos
Cinquent’anos e outros livros, as
experiências da primeira fase darão
lugar ao acomodamento do material lírico
em formas mais brandas e às vezes mesmo
ao retorno a formas tradicionais.
Suas obras:
POESIA:
Poesias, reunindo A cinza das horas,
Carnaval, O ritmo dissoluto (1924);
Libertinagem (1930); Estrela da manhã
(1936); Poesias escolhidas
(1937); Poesias completas, reunindo as
obras anteriores e mais Lira dos
cinquenta anos (1940); Poesias
completas, 4a edição, acrescida de Belo
belo (1948); Poesias completas, 6a
edição, acrescida de Opus 10 (1954);
Poemas traduzidos (1945); Mafuá do
malungo, versos de circunstância (1948);
Obras poéticas (1956); 50 Poemas
escolhidos pelo autor (1955);
Alumbramentos (1960); Estrela da tarde
(1960).
PROSA:
Crônicas da província do Brasil
(1936); Guia de Ouro Preto (1938);
Noções de história das literaturas
(1940); Autoria das Cartas chilenas,
separata da Revista do Brasil (1940);
Apresentação da poesia brasileira
(1946); Literatura hispano-americana
(1949); Gonçalves Dias, biografia
(1952); Itinerário de Pasárgada (1954);
De poetas e de poesia (1954); A flauta
de papel (1957); Prosa, reunindo obras
anteriores e mais Ensaios literários,
Crítica de Artes e Epistolário (1958);
Andorinha, andorinha, crónicas (1966);
Os reis vagabundos e mais 50 crónicas
(1966); Colóquio unilateralmente
sentimental, crónica (1968).
ANTOLOGIAS:
Antologia dos poetas brasileiros da
fase romântica (1937); Antologia dos
poetas brasileiros da fase parnasiana
(1938); Antologia dos poetas brasileiros
bissextos contemporâneos (1946);
Organizou os Sonetos completos e Poemas
escolhidos de Antero de Quental, as
Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944);
as Rimas de José Albano (1948); e, de
Mário de Andrade, Cartas a Manuel
Bandeira (1958).
Manuel Bandeira - Fonte: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho
(Recife, 19 de Abril de 1886 — Rio de
Janeiro, 13 de Outubro de 1968) foi um
poeta, crítico literário e de arte,
professor de literatura e tradutor
brasileiro. Considera-se que Bandeira
faça parte da geração de 22 da
literatura moderna brasileira, sendo seu
poema Os Sapos o abre-alas da Semana de
Arte Moderna de 1922. Juntamente com
escritores como João Cabral de Melo
Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre e
José Condé, representa a produção
literária do estado de Pernambuco. Filho
do engenheiro Manuel Carneiro de Sousa
Bandeira e de sua esposa Francelina
Ribeiro, era neto paterno de António
Herculano de Sousa Bandeira, advogado,
professor da Faculdade de Direito do
Recife e deputado geral na 12ª
legislatura. Tendo dois tios
reconhecidamente importantes, sendo um,
João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi
advogado, professor de Direito e membro
da Academia Brasileira de Letras e o
outro, António Herculano de Sousa
Bandeira Filho, que era o irmão mais
velho do engenheiro Sousa Bandeira e foi
advogado, procurador da coroa, autor de
expressiva obra jurídica e foi também
Presidente das Províncias da Paraíba e
de Mato Grosso. Seu avô materno era
António José da Costa Ribeiro, advogado
e político, deputado geral na 17ª
legislatura. Costa Ribeiro era o avô
citado em Evocação do Recife. Sua casa
na rua da União é referida no poema como
"a casa de meu avô". No Rio de Janeiro,
para onde viajou com a família, em
função da profissão do pai, engenheiro
civil do Ministério da Viação, estudou
no Colégio Pedro II (Ginásio Nacional,
como o chamaram os primeiros
republicanos) foi aluno de Silva Ramos,
de José Veríssimo e de João Ribeiro, e
teve como condiscípulos Álvaro
Ferdinando Sousa da Silveira, Antenor
Nascentes, Castro Menezes, Lopes da
Costa, Artur Mosés. Em 1904 terminou o
curso de Humanidades e foi para São
Paulo, onde iniciou o curso de
arquitetura na Escola Politécnica de São
Paulo, que interrompeu por causa da
tuberculose. Para se tratar buscou
repouso em Campos do Jordão, Campanha e
outras localidades de clima mais ameno.
Com a ajuda do pai que reuniu todas as
economias da família foi para Suíça,
onde esteve no Sanatório de Clavadel,
onde conheceu o jovem Paul Eugene Glidel,
que mais tarde se tornou conhecido poeta
francês sob o nome de Paul Eluard, e
Gala, que foi esposa de Paul Eluard e
posteriormente esposa de Salvador Dali.
Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de
Outubro de 1968 com hemorragia gástrica
aos 82 anos de idade, diante da sobrinha
Helena Bandeira Cardoso ,no Hospital Bom
Samaritano, no Rio de Janeiro, e foi
sepultado no mausoléu da Academia
Brasileira de Letras, no Cemitério São
João Batista, no Rio de Janeiro.