Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Ao
iniciar-se a Guerra de Independência, na
Bahia, assentou praça no exército. Formou
uma companhia feminina, que se destacou na
luta contra os portugueses, quando estes
pretenderam desembarcar junto à foz do rio
Paraguaçu. Terminada a guerra, foi
condecorada por D. Pedro I (Pedro IV de
Portugal) com a insígnia de cavaleiro da
Imperial Ordem do Cruzeiro. Recebeu também
soldo de alferes de linha. Maria Quitéria é
homenageada por uma medalha militar e por
uma comenda com o seu nome, na Câmara
Municipal de Salvador. Do mesmo modo, a
Câmara Municipal de Feira de Santana
instituiu a Comenda Maria Quitéria, para
distinguir personalidades com reconhecida
contribuição à municipalidade, e ergueu-lhe
um monumento na cidade, no cruzamento da
avenida Maria Quitéria com a Getúlio Vargas.
A sua iconografia mais conhecida é um
retrato de corpo inteiro, pintado por
Domenico Failutti c. 1920. Presenteado pela
Câmara Municipal de Cachoeira, integra
actualmente o acervo do Museu Paulista, em
São Paulo. Por Decreto da Presidência da
República, datado de 28 de Junho de 1996,
Maria Quitéria foi reconhecida como Patrona
do Quadro Complementar de Oficiais do
Exército Brasileiro. A sua imagem
encontra-se em todos os quartéis,
estabelecimentos e repartições militares da
Arma, por determinação ministerial.
Mulher bonita, altiva e de
traços marcantes, Maria Quitéria montava,
caçava e manejava armas de fogo. Tornou-se
soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano
lutava contra os portugueses a favor da
consolidação da independência do Brasil. O
historiador Bernardino José de Souza, autor
de Heroínas Baianas, explica que no dia 6 de
Setembro daquele ano, instalou-se na Vila de
Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, local
onde morava a família de Maria Quitéria, o
Conselho Interino do Governo da Província. O
Conselho defendia o movimento
pró-independência da Bahia e visava obter
adesões voluntárias para suas tropas. Maria
Quitéria mostrou-se interessada em se
alistar, mas foi advertida pelo pai de que
mulheres não vão à guerra. Ela então fugiu
e, ajudada por sua irmã Teresa, cortou os
cabelos, vestiu a farda de seu cunhado e
ainda tomou emprestado seu sobrenome,
Medeiros. Ingressou no Regimento de
Artilharia onde permaneceu até ser
descoberta, semanas depois. Foi então
transferida para o Batalhão dos Periquitos e
à sua farda foi acrescentado um saiote.
Sua bravura e habilidade no manejo das armas
foram destaques desde o começo de sua vida
militar. No combate da Pituba, em Fevereiro
de 1823, atacou uma trincheira inimiga e fez
vários prisioneiros. Em Abril do mesmo ano,
na barra do Paraguaçu, ao lado de outras
mulheres e com água na altura dos seios,
avançou contra uma barca portuguesa
impedindo o desembarque dos adversários. Em
Julho seguinte, quando o Exército Libertador
entrou na cidade de Salvador, foi saudada e
homenageada pela população. No dia 20 de
Agosto foi recebida, no Rio de Janeiro, pelo
imperador D. Pedro, que lhe ofereceu a
Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial
do Cruzeiro e um soldo de alferes de linha.
Maria Quitéria aproveitou a ocasião para
pedir a D. Pedro uma carta solicitando ao
pai que a perdoasse. Retornou à fazenda
Serra da Agulha e, meses depois, casou-se
com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com
quem teve uma única filha, Luísa Maria da
Conceição.
Maria Quitéria (Soldado
Medeiros). Fonte: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Maria Quitéria de Jesus, nasceu em Feira de
Santana a 27 de Julho de 1792, e morreu em
Salvador a 21 de Agosto de 1853. Foi uma
militar brasileira, heroína da Guerra da
Independência. Considerada a Joana D'Arc
brasileira, é a padroeira do Quadro
Complementar de Oficiais do Exército
Brasileiro.
Maria Quitéria nasceu no sítio do
Licurizeiro, uma pequena propriedade no
Arraial de São José das Itapororocas, na
comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto
de Cachoeira, actual município de Feira de
Santana no estado da Bahia. A data mais
aceita pelos pesquisadores para o seu
nascimento é a de 1792. Foi a filha
primogénita dos brasileiros Gonçalo Alves de
Almeida e Quitéria Maria de Jesus.
Em 1803, tendo cerca de dez ou onze anos de
idade, perdeu a mãe, assumindo a
responsabilidade dos afazeres domésticos e
da criação de seus irmãos. Cinco meses após
enviuvar, o pai casou-se em segundas núpcias
com Eugénia Maria dos Santos, que veio a
falecer pouco tempo depois, sem que da união
nascessem filhos. A família mudou-se então
para a fazenda na serra da Agulha.
Na nova residência, Gonçalo Alves casou-se
pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito,
com quem teve mais três filhos. A nova
madrasta, afirma-se, nunca concordou com os
modos independentes de Maria Quitéria.
Embora sem uma educação formal, uma vez que
à época as escolas eram poucas e restritas
aos grandes centros urbanos, Maria Quitéria
aprendera a montar, a caçar e a usar armas
de fogo, conhecimentos essenciais à época.
Maria Quitéria encontrava-se noiva quando,
entre 1821 e 1822, iniciaram-se na Província
da Bahia as agitações contra o domínio de
Portugal. Em Janeiro de 1822 transferiram-se
para Salvador as tropas portuguesas, sob o
comando do Governador das Armas Inácio Luís
Madeira de Melo, registrando-se em Fevereiro
o martírio de Soror Joana Angélica, no
Convento da Lapa, naquela Capital.
Em 25 de Junho, a Câmara Municipal da vila
de Cachoeira aclamou o príncipe-regente D.
Pedro como "Regente Perpétuo" do Brasil. Por
essa razão, em julho, uma canhoneira
portuguesa, fundeada na barra do rio
Paraguaçu, alvejou Cachoeira, reduto dos
independistas baianos. A 6 de Setembro,
instalou-se na vila o Conselho Interino do
Governo da Província, que defendia o
movimento pró-independência da Bahia
activamente, enviando emissários a toda a
Província em busca de adesões, recursos e
voluntários para formação de um "Exército
Libertador".
Tendo o velho Gonçalo, viúvo, sem filho
varão, se escusado a colaborar, para a sua
surpresa, a filha Maria Quitéria, pediu-lhe
autorização para se alistar. Tendo o pedido
negado pelo pai, fugiu, dirigindo-se a casa
de sua meia-irmã, Teresa Maria, casada com
José Cordeiro de Medeiros e, com o auxílio
de ambos, cortou os cabelos. Vestindo-se
como um homem, dirigiu-se à vila de
Cachoeira, onde se alistou sob o nome de
Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde
permaneceu até ser descoberta pelo pai, duas
semanas mais tarde.
Defendida pelo Major José António da Silva
Castro (avô do poeta Castro Alves,
comandante do Batalhão dos Voluntários do
Príncipe (popularmente apelidado de
"Batalhão dos Periquitos", devido aos punhos
e gola de cor verde de seu uniforme), foi
incorporada a esta tropa, em virtude de sua
facilidade no manejo das armas e de sua
reconhecida disciplina militar. Aqui, ao seu
uniforme, foi acrescentado um saiote à
escocesa.
A 29 de Outubro seguiu com o seu Batalhão
para participar da defesa da ilha de Maré e,
logo depois, para Conceição, Pituba e Itapoã,
integrando a Primeira Divisão de Direita. Em
Fevereiro de 1823, participou com bravura do
combate da Pituba, quando atacou uma
trincheira inimiga, onde fez vários
prisioneiros portugueses (dois, segundo
alguns autores), escoltando-os, sozinha, ao
acampamento.
Em 31 de Março, no posto de Cadete, recebeu,
por ordem do Conselho Interino da Província,
uma espada e seus acessórios.
Finalmente, a 2 de Julho de 1823, quando o
"Exército Libertador" entrou em triunfo na
cidade do Salvador, Maria Quitéria foi
saudada e homenageada pela população em
festa. O governo da Província dera-lhe o
direito de portar espada. Na condição de
Cadete, envergava uniforme de cor azul, com
saiote, além de capacete com penacho.
Por seus actos de bravura em combate, o
General Pedro Labatut, enviado por D. Pedro
I para o comando geral da resistência,
conferiu-lhe as honras de 1º Cadete.
No dia 20 de Agosto foi recebida no Rio de
Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a
condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro,
no grau de Cavaleiro, com seguinte
pronunciamento:
"Querendo conceder a D. Maria Quitéria de
Jesus o distintivo que assinala os Serviços
Militares que com denodo raro, entre as mais
do seu sexo, prestara à Causa da
Independência deste Império, na porfiosa
restauração da Capital da Bahia, hei de
permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro
da Ordem Imperial do Cruzeiro".
Além da comenda, foi promovida a Alferes de
Linha, posto em que se reformou, tendo
aproveitado a ocasião para pedir ao
Imperador uma carta solicitando ao pai que a
perdoasse por sua desobediência.
Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se
com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, o
antigo namorado, com quem teve uma filha,
Luísa Maria da Conceição.
Viúva, mudou-se para Feira de Santana em
1835, onde tentou receber a parte que lhe
cabia na herança pelo falecimento do pai no
ano anterior. Desistindo do inventário,
devido à morosidade da Justiça, mudou-se com
a filha para Salvador, nas imediações de
onde veio a falecer aos 61 anos de idade,
quase cega, no anonimato. Desconhece-se o
local de seu túmulo.