Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Milton Nascimento, é um cantor e
compositor brasileiro, reconhecido como
um dos mais influentes e talentosos
cantores e compositores da Música
Popular Brasileira.
Nasceu no Rio de Janeiro em 26 de
Outubro de 1942. Aos dois anos de idade
já martelava um piano na casa dos seus
avós. Logo depois ganhou uma sanfoninha
de dois baixos, que foi seu primeiro
instrumento.
Foi conhecido nacionalmente, no Brasil,
quando a canção "Travesia", composta por
ele e Fernando Brant, ocupou a segunda
posição no Festival Internacional da
Canção, de 1967. Tem como parceiros e
músicos que regravaram suas canções,
nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny,
Peter Gabriel, Gal Costa, Caetano
Veloso, Gilberto Gil e Elis Regina. Em
1998, ganhou o Grammy de Best World
Music Album in 1997. Foi nomeado
novamente para o Grammy em 1991 e 1995.
Milton já se apresentou na América do
Sul, América do Norte, Europa, Ásia e
África.
Também conhecido pelo apelido de Bituca,
nasceu no Rio de Janeiro, filho de Maria
do Carmo Nascimento, uma empregada
doméstica, foi adotado por um casal cuja
esposa (Lília Silva Campos) era
professora de música. O pai adotivo,
Josino Campos, era dono de uma estação
de rádio. Mudou-se para Três Pontas, em
Minas Gerais, antes dos dois anos e aos
treze anos já cantava em festas e bailes
da cidade.
Trajetória profissional
Gravou a primeira canção, Barulho de
trem, em 1962. Em Três Pontas,
integrava, ao lado de Wagner Tiso, o
grupo W's Boys, que tocava em bailes.
Mudou-se para Belo Horizonte para cursar
Economia, onde, tocando em bares e
clubes noturnos, começou a compor com
mais frequência; datam dessa época as
composições Novena e Gira Girou (1964),
ambas com Márcio Borges.
Clube da Esquina
Na pensão onde foi morar na capital, no
Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos
Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos
encontros na esquina das Ruas
Divinópolis com Paraisópolis surgiram os
acordes e letras de canções como Cravo e
Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney,
Trem azul, Nada será como antes,
Estrelas, São Vicente e Cais. Aos
meninos fãs do The Beatles e do The
Platters vieram juntar-se Tavinho Moura,
Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando
Brant, Vermelho, Toninho Horta. Em 1972
a EMI gravou o primeiro LP, Clube da
esquina,[2] que era duplo e apresentava
um grupo de jovens que chamou a atenção
pelas composições engajadas, a
miscelânea de sons e riqueza poética. O
Clube da esquina escreveu um dos mais
importantes capítulos da história da
MPB. Chamou a atenção dos músicos
brasileiros e estrangeiros, dada a sua
ousadia artística e criatividade
inovadora.
Quando do lançamento, a crítica
especializada não teve a capacidade de
entender o que estava acontecendo e fez
comentários severos a respeito da obra.
Pouco tempo depois o disco teve
reconhecimento internacional e ganhou o
prestígio merecido aqui no Brasil
também. O álbum virou disco de cabeceira
de músicos no mundo inteiro, tornando-se
referência estilística e estética da
música contemporânea, e levou Milton
Nascimento a ser convidado por Wayne
Shorter a gravar um disco com ele, em
1975. O disco chamava-se Native Dancer e
serviu para projetar Milton de uma vez
por todas no mercado norte-americano.
Milton transcendeu o anonimato como
cantor gravando um LP no Rio de Janeiro
em 1966. EM 1967, segundo o trecho da
contracapa do disco Milton e Tamba Trio:
Milton Nascimento entrou no estúdio
acompanhado pelo 'Tamba Trio', no Rio de
Janeiro, em 1967, para gravar seu
primeiro disco. O encontro de 'Milton &
Tamba' com os arranjos de Luizinho Eça
fazem de 'Travessia' um álbum definitivo
e eternamente moderno. No mesmo ano, a
composição Canção do Sal foi gravada por
Elis Regina. A convite do músico Eumir
Deodato, gravou um LP nos Estados Unidos
(Courage), onde se destacam Catavento e
uma versão de Travessia chamada Bridges.
Em 1970 realiza temporadas no Rio de
Janeiro e em São Paulo com o conjunto
Som Imaginário, destacando-se desse
período Para Lennon e McCartney (1970,
com Fernando Brant, Márcio Borges e Lo
Borges) e Clube da Esquina. No disco
Sentinela (1980), foi um grande sucesso
a composição Canção da América. No ano
seguinte, estourou a canção Caçador de
Mim (uma composição de Luiz Carlos Sá e
Sergio Magrão). Também participou e
compôs a trilha sonora de filmes como Os
Deuses e Os Mortos (1969, direção de Ruy
Guerra), e Fitzcarraldo (1981, direção
de Werner Herzog).
Entre outros sucessos, destacam-se
Maria, Maria (1978, com Fernando Brant),
e a interpretação de Coração de
Estudante (Wagner Tiso), que se tornou o
hino das Diretas Já (movimento
sócio-político de reivindicação por
eleições diretas, 1984) e do funeral de
Tancredo Neves (1985). Posteriormente, a
Canção da América, que versa sobre a
Amizade, foi o tema de fundo do funeral
de Ayrton Senna (1994).
O Grande Circo Místico
Originalmente idealizado para a montagem
do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra
(Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande
Circo Místico foi lançado em 1983.
Milton Nascimento integrou o grupo
seleto de intérpretes da MPB que
viajaram o país durante dois anos
apresentando o projeto, um dos maiores e
mais completos espetáculos teatrais já
apresentados, para uma plateia de mais
de 200 mil pessoas. Milton interpretou a
canção Beatriz, composta pela dupla
Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo
conta a história de amor entre um
aristocrata e uma acrobata e a saga da
família austríaca proprietária do Grande
Circo Knie, que vagava pelo mundo nas
primeiras décadas do século.
Nordeste já
Valendo-se ainda do filão engajado da
pós-ditadura, cantou no coro da versão
brasileira de We are the world, o hit
americano que juntou vozes e levantou
fundos para a África ou USA for Africa.
O projeto Nordeste já (1985) abraçou a
causa da seca nordestina, unindo 155
vozes num compacto, de criação coletiva,
com as canções Chega de mágoa e Seca
d'água. Elogiado pela competência das
interpretações individuais.
Estilo
O estilo musical de Milton pode ser
classificado como Música Popular
Brasileira, surgido de um desdobramento
do movimento da bossa nova, com fortes
influências desta, do jazz, do jazz-rock
e de grandes expoentes do rock, como os
Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto
da música hispano-americana de Mercedes
Sosa, Violeta Parra e Victor Jara,
quanto dos sons caribenhos de Pablo
Milanes e Silvio Rodrigues. Ao mesmo
tempo, o estilo de Milton Nascimento não
deixa de beber nas fontes regionais
brasileiras, nos cantos folclóricos de
Minas Gerais e de outros estados.
O estilo foi inaugurado com a
inesquecível interpretação da canção
Arrastão (Edu Lobo / Vinícius de
Moraes), pela novata Elis Regina, na
estreia do I Festival de Música Popular
Brasileira. Cantou com dúzias de outros
artistas, incluindo Angra, Maria
Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge
Ben Jor, Caetano Veloso, Simone, Chico
Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto
Gil, Beto Guedes, Paul Simon, Peter
Gabriel (com quem co-escreveu a música
Breath after Breath do Duran Duran),
Herbie Hancock, Quincy Jones e Jon
Anderson. Elegeu Elis Regina como a
grande musa inspiradora para quem compôs
inúmeras canções. A filha de Elis, Maria
Rita, teve sua carreira catapultada pelo
padrinho Milton Nascimento com a
participação no álbum Pietá, cantando as
faixas Voa Bicho, Vozes do Vento e
Tristesse.
Em 2010 Milton Nascimento foi o
homenageado do Festival Internacional de
Corais (FIC) de Belo Horizonte. No
encerramento do festival Milton esteve
presente e recebeu uma homenagem de mais
de mil vozes que cantaram uma composição
de Fernando Brant e Leonardo Cunha "A
Voz Coral" feita especialmente para o
homenageado.
Discografia
Travessia - A&M, 1967
Courage - A&M/CTI, 1968
Milton Nascimento - EMI Odeon, 1969
Milton - EMI Odeon, 1970
Clube da Esquina (com Lô Borges) - EMI
Odeon, 1972
Milagre dos Peixes - EMI Odeon, 1973
Milagre dos Peixes Ao Vivo - EMI Odeon,
1974
Native Dancer com Wayne Shorter -
Columbia Records, 1974
Minas - EMI Odeon, 1975
Geraes - EMI Odeon, 1976
Milton - A&M, 1976
Clube da Esquina 2 - EMI Odeon, 1978
Journey To Dawn - A&M, 1979
Sentinela - Verve, 1980
Caçador de Mim - BMG Ariola, 1981
Anima - Verve, 1982
Missa dos Quilombos - Verve, 1982
Ao Vivo - Barclay, 1983
Encontros e Despedidas - Barclay, 1985
A Barca dos Amantes - Barclay, 1986
Yauarate - Columbia, 1987
Miltons - Columbia, 1989
Txai - Columbia, 1990
O Planeta Blue na Estrada do Sol -
Columbia, 1992
Angelus - Warner Brothers, 1994
Amigo - Warner Brothers, 1995
Nascimento - Warner Brothers, 1997
Tambores de Minas - Warner Brothers,
1997
Milton Nascimento 'Crooner' - Warner,
1999
Brazilian Rhapsody (com Daniel Barenboim)
- Teldec, 2000
Gil & Milton (com Gilberto Gil) -
Warner, 2000
Pietà - Warner, 2002
Oratorio 2002
Music for Sunday Lovers 2003
O Coronel e o Lobisomem 2005
Milagre dos Peixes: Ao Vivo 2007
Novas Bossas 2008
Milton Nascimento & Belmont (biscoito
fino 2009)
Compilação
2000: Maria Maria / Ultimo Trem (Far Out
Recordings, Soundtracks to 2 Brazilian
ballets)
Em Portugal
Milton Nascimento apresentou o álbum
Novas Bossas a 18 de Julho de 2008 no
Coliseu dos Recreios em Lisboa.
Referências bibliográficas
Dolores, Maria. Biografia. Travessia: A
Vida de Milton Nascimento. 2006. Editora
RCB.
Borges, Márcio. Os Sonhos não
Envelhecem: Histórias do Clube da
Esquina. 1996. Editorial Geração.
Postfácio: Milton Nascimento.
Mei, Giancarlo. Canto Latino: Origine,
Evoluzione e Protagonisti della Música
Popolare del Brasile. 2004. Stampa
Alternativa-Nuovi Equilibri. Prefácio:
Sergio Bardotti. Postfácio: Milton
Nascimento.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
– Marinha Grande – Portugal |
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