Serenata monumental marca
início da Queima das Fitas de Coimbra
A Queima das Fitas dos estudantes da
Universidade de Coimbra arranca
à meia-noite de 3 de Maio, com a
tradicional serenata monumental no Largo
da Sé Velha, com a participação habitual
de milhares de pessoas.
Foi a partir de 1899 que
se começou a alicerçar o que, mais
tarde, viria a ser a Queima das Fitas,
com a realização do "Centenário da
Sebenta” que pretendeu ser uma réplica
aos centenários comemorados entre 1880 e
1898, no intuito de homenagearem
diversas figuras e factos. O ponto comum
destes centenários era a sua
apresentação pública na forma de um
cortejo, com fogo de artifício, sarau e
touradas. Porém, estas formas de
homenagem não eram as mais próprias, uma
vez que deturpavam o verdadeiro
significado das efemérides. Surge assim,
a ideia da realização de um centenário
humorístico, ridicularizando os até
então feitos, tomando por base a
sebenta, compilação dos apontamentos do
professor. O Centenário da Sebenta passa
a ter, assim, um âmbito critico de
carácter geral e, ao mesmo tempo,
particular, já que se protestava contra
a exploração dos sebenteiros. A
estrutura de tal manifestação
confinou‑se a cortejos alegóricos e a um
sarau. Tratava‑se agora de desenvolver
esta ideia.
Nos anos seguintes, o 4º ano jurídico
organiza festas da mesma espécie e
introduz um aspecto inovador: o queimar
das fitas que se usavam nas pastas e que
eram indicadoras da sua condição de
pré‑finalistas. A fita é uma
consequência das pastas dos meados do
século passado que tinham para prender
as duas partes que a compõem, três laços
de fita estreita da cor da Faculdade do
utente, um de cada lado, ao meio das
bordas da pasta. O queimar das fitas
acabou por se transformar num acto
simbólico cujo significado assenta no
atingir um objectivo próximo: o término
do curso.
Ern 1905 realizou‑se o "Enterro do Grau”
em consequência de uma reforma dos
cursos universitários que mantinha os
graus de Licenciado e Doutor e abolia o
grau de Bacharel. Este facto levou a um
festejo de estrutura idêntica aos
anteriores. No entanto o “Enterro do
Grau" é mais uma manifestação a ligar os
festejos anteriores ao que viria a ser
mais tarde a Queima das Fitas, porque
pela primeira vez, se verificou a
participação activa da população de
Coimbra, começando a verificar‑se que a
Queima das Fitas era já urna festa de
comunhão com a população da cidade, cuja
iniciativa pertencia aos estudantes.
No ano de 1913 um episódio marcou a
história das festividades académicas,
quando no dia 27 de Maio, devido a um
incidente motivado pela Academia, um
tenente da guarda ficou sem o boné.
Eivados da característica irreverência
académica os estudantes gritavam
constantemente: "olha o boné”. Devido à
repercussão que o facto teve na época,
este dia foi tornado, durante muitos
anos, como o dia principal dos festejos.
Verificaram‑se até 1919 alguns
interregnos, condicionados pelas
condições políticas, económicas e
sociais da época, como por exemplo a
proclamação da República e a 1ª Grande
Guerra Mundial.
Mas foi de facto neste ano, 1919 que as
celebrações académicas começaram a
adquirir a estrutura que conservam
actualmente.
Pela primeira vez os quintanistas de
todas as faculdades celebraram em pleno
a festa da Queima das Fitas, para além
de se ter dado um passo importante para
a sua sedimentação.
Cada ano surgiam elementos novos a todos
os niveis enriquecedores:
‑ a Garraiada, em 1929/30
‑ a Venda da Pasta, actividade
benemérita cuja receita revertia a favor
do Asilo da Infância Desvalida (hoje
Casa de Infância Doutor Elysio de
Moura), em 1932.
‑ o Baile de Gala das Faculdades em
1933.
Com repercussão enorme a nível nacional,
a Queima das Fitas rapidamente
ultrapassa fronteiras, atingindo níveis
nunca antes alcançados por qualquer
outra organização do género.
Entretanto, das crises estudantis de
1969, resultou o decreto de luto
académico que culminou com a não
realização da Queima das Fitas desse
ano.
Em 1972 alguns quartanistas, em plena
rebeldia ao luto académico, tentaram e
realizaram alguns actos comemorativos
mas todos debaixo de telha. Houve cartaz
e selo, mas não houve cortejo.
Com a revolução de Abril de 1974, os
conflitos pareciam ter perdido razão de
existir com o términus do regime vigente
desde Maio de 1926. No entanto, posições
radicais deram origem a confusões,
ficando gerações sucessivas de
estudantes privados de expandirem os
seus anseios, especialmente
consubstanciados na sua festa académica
que tudo parecia indicar que não se
voltaria a realizar.
Mas tal não se verificou e, após um
interregno de onze anos, a “QUEIMA DAS
FITAS - festa de secular tradição",
voltou a realizar‑se em 1980, um ano
depois da realização da Semana Académíca,
iniciativa da Direcção-Geral da A.A.C.,
que funcionou como urna sondagem à
academia e à população da cidade. A
franca adesão e o entusiasmo verificados
vieram a comprovar que todos ansiavam
pelo retomo da Queima das Fitas, pois
esta manifestação de alegria estudantil
faz parte integrante das tradições de
uma academia que foi ímpar e tenciona
continuar a sê‑lo. E, fazendo as
tradições parte do património cultural
das regiões onde se enraízam, toma‑se
prioritário fazê‑las reviver em cada ano
e proporcionar a oportunidade aos
estudantes e população de
confraternizarem salutarmente.
Cabe a todos nós, geração de hoje e
gerações vindouras, zelar pela
manutenção de actividades que se
apresentam como glorificadoras da nossa
academia." (de Sofia P. N. Rosário in
Queima das Fitas/Centenário A.A.C.)”.
A Queima das Fitas é a explosão
delirante da Academia, consistindo para
os Quartanistas Fitados e Veteranos, na
solenização da ultima jornada
universitária ou seja, o derradeiro
trajecto de vivência coimbrã.
Os festejos da Queima das Fitas
consistem sobretudo no seu programa
tradicional, composto por:
‑ Serenata Monumental;
‑ Sarau de Gala;
‑ Baile de Gala das Faculdades;
‑ Garraiada;
‑ Venda da Pasta;
‑ "Queima" do Grelo e Cortejo dos
Quartanistas;
‑ Chá Dançante;
‑ Noites do Parque.
Além do programa tradicional, também se
realiza urna semana cultural e um vasto
programa desportivo envolvendo as
secções desportivas da A.A.C. e seus
convidados nacionais e estrangeiros.
Constituindo o expoente máximo do pulsar
da vida académica tradicional, o Cortejo
dos Quartanistas é parte integrante e
fundamental da Queima das Fitas, nele se
integrando a maioria dos estudantes da
Universidade de Coimbra.
In “Código da Praxe Académica de
Coimbra”, Edição 1993
Cor das Fitas dos
respectivos Cursos Universitários
Medicina - Amarelo
Direito - Vermelho
Ciências - Azul claro e Branco
Letras - Azul escuro
Economia - Vermelho e Branco
Psicologia e Ciências da Educação -
Laranja
Farmácia - Roxo
Desporto - Castanho e Branco
Praxe Académica
Associado à praxe
académica, está o mote Dura Praxis, Sed
Praxis - a praxe é dura, mas é praxe! -
baseada no mote latino Dura Lex, Sed Lex
.
Origens:
A actual praxe académica surge na
Universidade de Coimbra. Tem como base
uma jurisdição especial, que (o "foro
académico"), a qual era aplicada pela
Polícia Académica. A organização desta
polícia era constituída por alunos, e a
hierarquia definida pela antiguidade dos
mesmos na universidade. O seu papel era
o de zelar pela ordem no campus, e fazer
cumprir as horas de estudo e recolher
obrigatório por alunos e professores,
sob pena de prisão, sobrepondo-se.
Também tinha a incumbência de evitar a
entrada na faculdade dos habitantes da
cidade que não fossem estudantes ou
professores. Com estas
responsabilidades, misturavam-se rituais
de iniciação (ou "investidas"), para os
novos alunos, recém-chegados - os
caloiros ou "novatos" - à universidade,
geralmente envolvendo actos de
violência.
Pouco mais é conhecido destes rituais,
até que em 1727, devido à morte de um
aluno, D. João V a proíbe: "Hey por bem
e mando que todo e qualquer estudante
que por obra ou palavra ofender a outro
com o pretexto de novato, ainda que seja
levemente, lhe sejam riscados os
cursos."
No século XIX, o termo "investida" dá
lugar aos termos "caçoada" e "troça". Os
episódios de violência sucedem-se, com
os novos alunos a serem rapados ou
obrigados a cantar e a dançar e chega
mesmo a haver confrontos físicos com os
mais velhos.
Com o fim da polícia universitária em
1834, os estudantes decidem criar uma
adaptação desta tradição e recuperar os
rituais de iniciação. Assim, após o
toque vespertino da "cabra" - um dos
sinos da torre da Universidade -
patrulham as ruas da cidade, em busca de
infractores, organizados em "trupe". No
final do século XIX, surgem novamente
relatos de violência entre estudantes,
relacionados com os rituais de
iniciação, onde os novos alunos eram
obrigados a cantar e dançar, e em que
era também frequente cortar-lhes o
cabelo. Num destes episódios, um dos
praxistas é morto por um caloiro.
A praxe foi entretanto interrompida
durante alguns períodos. Durante a
Imposição da República a praxe é abolida
devido à oposição dos estudantes
republicanos, sendo reposta em 1919.
Do século XX à actualidade
Durante o século XX, a praxe académica
desempenhou um papel de luta contra o
Salazarismo, e a Guerra Colonial. As
consequentes represálias, culminaram no
Luto Académico em 1961, que levou à
suspensão de todas as actividades. Com o
fim do regime a 25 de Abril de 1974, a
praxe e todo o tipo de actividades
ludicas, como as festas académicas e até
mesmo as tradições académicas foram em
muita academias proibidas. Na altura
estudantes ligados ao PCP pensavam que a
praxe alienava os estudantes da luta
politica, por isso sempre foram contra.
O ressurgimentos das praxes apenas
ocorre, no final do anos 70 quando estes
estudantes começam a perder peso dentro
das academias, principalmente da de
Coimbra. A Faculdade de Belas-Artes da
Universidade do Porto é um exemplo de
uma instituição que voltou a
re-implantar a tradição, durante uns
anos através da organização de Praxe da
Faculdade de Letras e da Faculdade de
Engenharia e actualmente os alunos são
praxados em conjunto com a Faculade de
Arquitectura que é reconhecida como
menbra da Academia do Porto. Na cidade
de Lisboa a adesão à praxe aumentou mas
lentamente, devido também em parte à
imensidão da própria cidade e ao facto
de não ser uma cidade académica, como
Coimbra ou Évora. Um caso de sucesso é o
da Faculdade de Ciências da Universidade
de Lisboa, regendo-se por um código de
praxe próprio e tentando respeitar e
reavivar a tradição. No entanto, devido
à volatilidade própria do meio
estudantil, é difícil precisar
actualmente qual é a adesão à praxe em
cada Universidade. Têm sido frequentes
os relatos de violência física e
psicológica cometidos sobre os
'caloiros', tanto nas grandes
universidades como nos estabelecimentos
de menor dimensão. Os movimentos
anti-praxe que entretanto surgiram
opõem-se às tradições da Praxe,
remetendo para aspectos obscuros e
desonrosos destas tradições. No entanto,
estes referidos movimentos ainda não
foram capazes de apresentar e
implementar alternativas válidas à
Praxe, não dispondo, portanto, de um
grande espírito de iniciativa. Afirmam
que o número de relatos é inferior ao
número de incidentes que realmente
acontecem, enquanto que aqueles
vinculados à Praxe negam vigorosamente.
Assim a sociedade vê-se também dividida
entre as duas versões, mantendo-se o
actual status quo. E mais uma vez se
confunde praxe com "gozo ao caloiro"
como se praxe se referisse apenas à
recepção e brincadeiras aos novatos.
Contestação
É difícil precisar quando surgiu pela
primeira vez a contestação à praxe.
Teófilo Braga, que viria a ser
Presidente da República, relatava como
no seu tempo os estudantes faltavam às
aulas para fugir à praxe. Segundo ele,
"Enquanto o estudante vivia em Coimbra,
envolvido ou exposto às sangrentas
investidas, tinha de andar armado até
aos dentes". Em 1902, um grupo de
anti-praxistas liderados por José de
Arruela consegue acabar com o canelão,
praxe na qual os novos alunos eram
arrastados ao pontapé pelos praxistas na
ponte de Coimbra. Em 1903, Eça de
Queiroz e Ramalho Ortigão assinam, em
conjunto com outros estudantes, um
"Manifesto anti-praxe". Apenas na década
de 90 surgem movimentos organizados de
combate à praxe, o MATA e o Antípodas.
Estes movimentos juntam estudantes na
contestação às tradições académicas e
têm conseguido criar um clima de debate
em torno da praxe, que até aí era
assunto tabu. Em 2000 estreia o filme "Rasganço",
de Raquel Freire. Apesar de não conter
uma mensagem anti-praxe, o filme é por
vezes crítico em relação ao fechamento
da Universidade de Coimbra. O Conselho
de Veteranos emite um comunicado contra
a película. Em 2003, o MATA, o Antípodas
e a República Marias do Loureiro, de
Coimbra, juntam-se para criar um
manifesto anti-praxe. O manifesto foi
assinado por dezenas de personalidades,
tais como Eduardo Prado Coelho, Baptista
Bastos, Pedro Abrunhosa, Pacman, Rosa
Mota, Vitorino, José Luís Peixoto,
Manuel Cruz, Miguel Guedes e Sérgio
Godinho.
Enquanto primeira capital
de Portugal e sede da mais antiga
universidade Portuguesa, Coimbra tem
sido ao longo dos séculos um importante
centro musical. Historicamente, a Sé
Nova, o Mosteiro de Santa Cruz (fundado
por D. Afonso Henriques) e a
Universidade (com aula de música desde
1323) constituíram os principais centros
de produção e prática musical. D. Pedro
de Cristo e Carlos Seixas são
referências cimeiras na música
portuguesa, a que se juntam os nomes de
D. Pedro da Esperança, D. Francisco de
Santa Maria, D. Heliodoro de Paiva,
Fernão Gomes Correia, Vasco Pires,
Mateus de Aranda, Pedro Thalésio ou José
Maurício.
O "fado de Coimbra" está intimamente
ligado às tradições académicas e
caracteriza-se por uma guitarra com uma
estrutura, configuração e afinação
própria. Nomes como Adriano Correia de
Oliveira e Zeca Afonso, cantores e
poetas da resistência à ditadura,
revolucionaram a música tradicional
portuguesa.
Na música ligeira contemporânea,
particularmente em géneros como o
rockabilly e o blues, surgem vários
nomes associados a Coimbra. Desses são
exemplos JP Simões, Legendary Tiger Man
(Paulo Furtado, vocalista dos WrayGunn),
os WrayGunn e os Bunnyranch.
Actualmente, a cidade dispõe de vários
centros de formação em música, aos mais
diversos níveis, destacando-se o
Conservatório de Música de Coimbra, a
Escola Diocesana de Música Sacra e a
Licenciatura em Estudos Artísticos da
Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra.
Coimbra é ainda considerada uma "cidade
de coros", devido ao elevado número
deste tipo de formação na cidade.
Destacam-se, entre os coros académicos,
o Orfeon Académico de Coimbra, o Coro
Misto da Universidade de Coimbra e o
Coro da Capela da Universidade de
Coimbra. Outros agrupamentos activos são
o Coro dos Antigos Orfeonistas da
Universidade de Coimbra, o Coro D. Pedro
de Cristo, o Choral Poliphonico de
Coimbra e o Coro Aeminium.
A nível do reportório e/ou da formação,
há ainda grupos mais especializados como
a Capela Gregoriana Psalterium, o Coro
Vox Etherea, o Grupo Vocal Ad Libitum ou
o Coro dos Pequenos Cantores de Coimbra.
Orfeon Académico de Coimbra
O Orfeon Académico de Coimbra (OAC) é um
dos mais ilustres representantes da
cidade, da Universidade e da Academia.
Nos seus 128 anos de história, tem
mantido uma presença reconhecida no
panorama da cidade e do país. É o coro
mais antigo de Portugal, em actividade e
um dos mais antigos da Europa.
Por este organismo, mais antigo que a
própria Associação Académica de Coimbra,
passaram inúmeros nomes de relevo da
vida cultural, política e social do
país. Ícones da Canção de Coimbra como
Luiz Goes, José Afonso, Fernando Machado
Soares, Sutil Roque e Fernando Rolim,
citando apenas alguns, fizeram parte do
OAC.
Até 1974 era um coro exclusivamente
masculino, tendo nesse ano começado a
admitir elementos femininos de modo a
melhor se adaptar à realidade
estudantil.
O OAC é conhecido pelas inúmeras
digressões que já fez pelos 4
continentes. Para além disso, já
representou Portugal ao mais alto nível
no Festival Europália 91, na Expo'98, na
UNESCO, e foi o primeiro coro português
a cantar na Basílica de S. Pedro.
Hoje continua a sua actividade com cerca
de 50 coralistas, estudantes de Coimbra,
e continua a levar a música coral, a
canção de Coimbra (Fado de Coimbra), e a
música popular a todo o país e ao
estrangeiro.
Coro Misto da Universidade de Coimbra
Por outro lado, o papel da mulher na
música da Universidade de Coimbra foi
reconhecido em 1956 pelo Coro Misto da
Universidade de Coimbra (CMUC), o coro
misto, em actividade, mais antigo da
Academia. De facto, não se permitia até
aí às mulheres a participação em grupos
musicais, tendo o Coro Misto da
Universidade de Coimbra sido pioneiro.
Ao longo dos seus 50 anos de história, o
CMUC serviu de exemplo aos outros coros
universitários, os quais acabaram por se
render ao peso da mulher na Universidade
e se tornar mistos.
Hoje, o Coro Misto da Universidade de
Coimbra é composto por cerca de 70
elementos e distingue-se dos restantes
coros da cidade pela divulgação da
música de Coimbra, empenhando-se na
promoção de compositores da cidade de
Coimbra, além do típico repertório de
música popular e erudita, nacional e
estrangeira.
De destacar o recém editado CD "Miserere",
que reúne a obra de Francisco Lopes de
Macedo e de José Maurício, a primeira
das quais não foi cantada desde o século
XIX.
Outro ícone incontornável da cena
musical, cultural e académica
conimbricense é a Orxestra Pitagórica.
Não só pela sua antiguidade, mas,
sobretudo, por representarem aquilo que
de mais genuíno deve haver num estudante
de Coimbra: espírito crítico,
irreverência e muito boa disposição,
este é um grupo que marca, de forma
indelével, a passagem dos estudantes por
Coimbra. Datam do final do século
passado as primeiras actuações da
Orxestra Pitagórica. Em 1981, pouco
depois da fundação da Secção de Fado da
AAC, ressurge com o objectivo primordial
de preencher um lacuna muito grave em
termos académicos, ou seja, o de não
haver ninguém capaz de dizer coisas
serias a rir, o que equivale a dizer que
a irreverência académica já não se
manifestava genuinamente, isto é, que o
estudante havia esquecido o que de mais
sério há: a alegria e o espírito
académico.
Assim, para o Sarau da Queima das Fitas
de 1981, reorganizou-se a Orxestra
Pitagórica, retomando o agrupamento que
havia, em tempos, existido no seio da
academia. Dotada de instrumentos sérios
como violas, acordeão, cavaquinhos e
bandolins, etc... e de instrumentos
seríssimos como sanitas, sinais de
transito, autoclismos, cântaros, chapéu
de chuva de guizos, etc. ..., a Orxestra
Pitagórica lançou ao público o seu
repertório cénico e musical de cariz
vincadamente "gargalhorico" e popular,
dando o toque estudantil a algumas
pitorescas músicas que popularmente são
entoadas por esse Portugal além. Dos
seus últimos 25 anos de vida, sem
interrupções, a Orxestra Pitagórica já
calcorreou todo este Portugal de norte a
sul, ilhas, e vários programas de
televisão. Lá por fora, Espanha, França,
Itália, Cuba e República Dominicana,
foram os países visitados. Por duas
vezes venceu o extinto festival Grito
Académico Super Bock, que só teve três
edições.
A Universidade e do
desenvolvimento de Coimbra:
Escusado será ressaltar a importância
que teve a fixação da Universidade em
Coimbra no seu desenvolvimento
demográfico e na sua projecção nacional
em todos os âmbitos, num movimento
simultaneamente receptor e transmissor
de cultura. O primeiro recenseamento,
ordenado em 1527 por D. João lll,
registou em 1329 habitantes na Capital
do Distrito, número forçosamente elevado
muito em breve com a fixação em Coimbra,
dez anos depois, da Universidade, pois
em 1540 contavam-se já 600 estudantes
matriculados, muitos deles acompanhados
de família e criadagem.
A concentração na “Luso Atenas” dos
expoentes intelectuais portugueses e a
convivência – sob a sua influência
cultural, geração após geração – dos
filhos das principais famílias beirãs,
minhotas, transmontanas ou ilhoas,
imprimiram à sua vida um cunho tão
peculiar que bem se pode considerar como
uma nova expressão nacional, de que cada
“licenciado” era depois portador quer
regressado ao solar paterno, quer
partindo para lides políticas de Lisboa
ou Ultramar, quer lançado em busca de
glórias literárias.
E – partindo embora – todos iam a
Coimbra um pouco de si próprios e da sua
estuante juventude, quer na saudade
deixada no coração de iludida tricana,
quer na recordação de arrojada
estroinice, quer num verso cantado em
sentida balada ou mais tarde publicado
em ignoto livro, tudo pedras – uma a uma
– da soberba Catedral que constituem
hoje a tradição Coimbrã, irredutíveis já
perante séculos ou fronteiras.
Habitantes famosos de
Coimbra
D. Afonso Henriques, primeiro rei
português (1139), fundador do Reino de
Portugal. Está sepultado na Igreja de
Santa Cruz, em Coimbra.
D. Sancho I, segundo rei português
(1185), filho de D. Afonso Henriques.
Está sepultado na Igreja de Santa Cruz,
em Coimbra.
Santo António de Lisboa, santo católico
(Lisboa, 15 de Agosto de 1195 - Pádua,
13 de Junho de 1231).
Rainha Santa Isabel, rainha de Portugal
e santa católica (Saragoça, 1271 -
Estremoz, 4 de Julho de 1336).
D. Pedro I, rei de Portugal (1357) e D.
Inês de Castro, coroada rainha
postumamente, protagonistas da mais
romântica tragédia portuguesa na Quinta
das Lágrimas, em Coimbra. Encontram-se
sepultados frente a frente no Mosteiro
de Alcobaça.
Pedro Nunes, famoso matemático do século
XVI.
José de Anchieta, humanista e gramático
do século XVI.
Carlos Seixas, proeminente compositor do
século XVIII.
Miguel Torga (1907 - 1995), médico,
escritor e poeta.
Carlos Paredes (1925 - 2004), músico
português.
Zeca Afonso (1929-1987), cantor
Irmã Lúcia (1907-2005), freira carmelita
e pastora de Fátima.
Trabalho e Pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande –
Portugal