Poucas pessoas o sabem, que o primeiro
padroeiro do Brasil foi São Pedro de
Alcântara. Este santo, hoje, está como
co-padroeiro do Brasil, juntamente com Nossa
Senhora Aparecida e é invocado para proteger
e zelar pelo Brasil. Logo após a
Independência, D. Pedro I entendeu que o
Brasil precisava ter um santo padroeiro
oficialmente autorizado pelo Papa, embora
ele, D. Pedro I, já tivesse feito a
consagração do Brasil a Nossa Senhora
Aparecida, em Aparecida do Norte, numa
viagem de São Paulo para o Rio, logo após o
7 de Setembro. Assim, solicitou ao Papa que
fizesse de São Pedro de Alcântara o
Padroeiro do Brasil, tendo o Papa
concordado. Vejamos como o acontecimento nos
é relatado no livro "São Pedro de Alcântara,
Patrono do Brasil", de Frei Estefânio José
Piat, O.F.M.- Editora Vozes, Petrópolis,
1962:
"Desde que Sua Majestade Real e Imperial
recebeu, sob o nome de Pedro I, ... a missão
de governar e dirigir este povo ... esteve
convencido ... e se persuadiu de que não
poderia reger e administrar os negócios
desta Nação, sem que antes se interessasse
em ter um Padroeiro celestial que, por sua
intercessão junto de Deus, lhe assegurasse
os meios de bem agir, de bem dirigir e de
bem administrar. Não foi necessária longa
reflexão. Já pela devoção especial que ele
tinha por São Pedro de Alcântara ... já por
trazer, como imperador, o próprio nome do
santo, ele decidiu escolhê-lo com padroeiro
principal de todo o Império ... (e) suplica
a S.S. o Papa Leão XII que se digne com sua
benevolência apostólica, confirmar a
escolha". Isso foi feito a 31 de Maio de
1826. Com a proclamação da República, São
Pedro de Alcântara foi discretamente
esquecido, provavelmente porque seu nome
lembrava o dos imperadores e, além disso,
mostrava o quanto havia de positiva ligação
entre o Império e a religião. Porém, seu
nome ainda continuou, por muito anos a ser
lembrado nos missais mais tradicionais.
São Pedro de Alcântara, nasceu em 1499 em
Alcântara, Estremadura, Espanha. Filho de
Pedro Garavita governador e sua mãe membro
de família nobre de Sanabia. Estudou
gramática e filosofia em Alcântara, e leis
canónicas e civis na Universidade de
Salamanca. Franciscano com 16 anos em
Manjarez. Fundou o convento em Babajoz com
20 anos e serviu como seu superior. Ordenado
em 1524 com, 25 anos, ele era notável
pregador. Um recluso por natureza, ele vivia
no convento de Santo Onóphrius, um local
remoto onde ele poderia estudar e orar entre
as missões. Não obstante, foi indicado
Provincial Franciscano para o Mosteiro de
São Gabriel na Estremadura (em Espanha) em
1538. Trabalhou em Lisboa em 1541 ajudando a
reforma da Ordem. Em 1555 ele iniciou as
reformas "Alcântarinas", hoje conhecidas
como a "Estrita Observância". Amigo e
confessor de Santa Tereza d ‘Ávila, ele a
ajudou em 1559 durante o trabalho de reforma
da sua Ordem. Místico e escritor seus
trabalhos foram usados por São Francisco de
Salles. Morreu em 18 de Outubro de 1562 em
Estremadura, Espanha de causas naturais. Foi
canonizado em 1669 pelo Papa Clemente IX.
Indicado pelo Papa Pio IX em 1862, como
padroeiro do Brasil. É também padroeiro de
Estremadura, Espanha
Sua festa é celebrada no dia 19 de Outubro.
Padroeiros dos Estados do Brasil
Brasil - Nossa Senhora Aparecida e São Pedro
de Alcântara
Brasília - Distrito Federal: São João Bosco
Acre - Nossa Senhora da Conceição
Alagoas - Nossa Senhora da Conceição
Amazonas - Nossa Senhora da Conceição
Amapá - São José
Bahia - Nossa Senhora da Conceição
Ceará - São José
Espírito Santo - Nossa Senhora da Penha e
Divino Espirito Santo
Goiás - Divino Pai Eterno (Festa 1° domingo
de Julho em Trindade).
Maranhão - São José de Ribamar
Minas Gerais - Nossa Senhora da Piedade
Mato Grosso - Nosso Senhor Bom Jesus
Mato Grosso do Sul - Nossa Senhora da Abadia
Pará - Nossa Senhora de Nazaré
Paraíba - Nossa Senhora das Neves
Paraná - Nossa Senhora do Roccio
Pernambuco - Nossa Senhora do Carmo
Piauí - Nossa Senhora das Dores
Rio de Janeiro - São Sebastião do Rio de
Janeiro
São Paulo - Nossa Senhora da Assunção e São
Paulo
Santa Catarina - Nossa Senhora do Desterro e
Santa Catarina de Alexandria
Sergipe - Nossa Senhora da Conceição
Rio Grande do Sul – São Pedro, o apóstolo
Rio Grande do Norte - Nossa Senhora da
Apresentação
Rondônia - Nossa Senhora de Nazaré
Roraima - Nossa Senhora do Carmo
Tocantins - Nossa Senhora da Natividade e
São Domingos Gusmão
Fonte: Plinio Maria Solimeo
Pedro Gavarito nasceu em Alcântara, na
Espanha, em 1499, ano da publicação da Bula
sobre as indulgências, que seria usada por
Lutero como pretexto para sua rebelião
contra Roma. De família nobre, seu pai era
legista e prefeito da cidade. Diz um seu
biógrafo que “o menino tinha feições
agradáveis, era vigoroso, de porte esbelto e
bem servido de dons naturais. Retinha de cor
um texto depois da primeira leitura, o que
lhe permitia citar sem enganos o verso mais
curto que fosse, da Bíblia”. Pedro estudou
filosofia na Universidade de Salamanca.
Apesar de estar na primeira adolescência,
levava já vida de asceta. Dedicava a maior
parte de seu tempo livre à oração, visita
aos doentes e encarcerados, socorrendo os
pobres com suas esmolas. Aos 15 anos, já era
uma espécie de director espiritual de um
grupo de condiscípulos. O ano de 1515, que
assistiu a primeira revolta de Lutero contra
a Igreja e o nascimento de Santa Teresa, viu
também a entrada de Pedro, aos 16 anos, num
convento franciscano observante. Para isso,
saiu escondido da família. A noite estava
escura. No caminho encontrou largo rio.
Encomendou-se a Deus, e um súbito vento,
envolvendo-o, transportou-o para a outra
margem. Esse foi o primeiro grande milagre
dos inúmeros de que foi objecto esse filho
de São Francisco. Mortificação na fonte da
santidade Pedro estava determinado a
tornar-se santo pela mais estrita
observância das regras, silêncio heróico, e
total desapego desde o primeiro instante de
sua vida religiosa. Seu superior ajudou-o,
provando-o de todos os modos. Por exemplo
ordenando-lhe, mesmo estando ele em êxtase,
durante a oração, a executar as mais
desagradáveis tarefas. Mas o pior era
enfrentar o demónio do sono. Era só chegar o
momento da oração em comum, que uma fadiga
invencível o assomava. Como Frei Pedro
confessará mais tarde a Santa Teresa,
empreendeu ele uma heróica e tenaz luta
contra o sono. E venceu-a graças às
drásticas medidas que tomou: além da
mortificação e jejuns contínuos, não
concedia ao repouso mais que hora e meia; e
assim mesmo, de joelhos, com o queixo
apoiado em uma tábua; ou sentado, encostado
na parede. O demónio não se deu por vencido,
e o perseguiu de outros modos. Já que não
conseguia dominá-lo pelo sono, perseguia-o
com ruídos e estrondos no pouco tempo
dedicado ao descanso. Algumas vezes chegava
a derrubar o frade no chão, quase
sufocando-o. Em outras ocasiões atirava-lhe
pedras, que seus condiscípulos encontravam
em sua cela no dia seguinte.
Aos 25 anos, apesar de sua relutância, Frei
Pedro foi ordenado sacerdote. Com ele,
muitas vezes a obediência tinha que vencer a
humildade. Diz seu biógrafo que “a missa de
Frei Pedro de Alcântara valia por uma
missão. Podia-se apalpar a sublime
familiaridade que o unia a Cristo”. Recebeu
ordens de pregar, e “todos se admiravam da
profundidade de sua doutrina, do calor de
sua palavra”, de sua “eloquência máscula e
robusta, toda embebida de Sagrada Escritura
unindo estranhamente as graças das
Bem-aventuranças com as chicotadas de João
Batista”. O “pior” para Frei Pedro era que
Deus se comprazia em mostrar publicamente as
graças que lhe concedia. Às vezes era
arrebatado em êxtase, em plena rua, quando
estava esmolando para o convento. Ou na
igreja, em frente a todos seus confrades e
fiéis. Isso, para ele, era o maior
tormento. Como São José de Cupertino, “às
vezes uma só palavra o arrebatava de tal
modo, que começava a lançar gritos
ininteligíveis, saía fora de si, e ficava
suspenso no ar”. As terríveis penitências,
disciplinas, jejuns e demais mortificações
de Frei Pedro, transformaram-no quase que
num esqueleto. Santa Teresa o descreve como
feito de raízes de árvore. Ela mesma
testemunhou o quanto essa penitência fora
agradável a Deus, vendo-o, logo após a
morte, subir ao céu em meio a um brilho
fulgurante, dizendo-lhe: “Oh! bendita
penitência, que me valeu tamanho peso de
glória!” Se Frei Pedro era penitente, não
era por isso um santo tristonho; pelo
contrário, detestava a tristeza:
“alegrava-se nos bosques, nos cimos dos
montes, à beira dos regatos límpidos. Os
passarinhos, em seus alegres rodopios,
vinham pousar-lhe sobre os ombros”. E Santa
Teresa testemunha: “Com toda a santidade,
ele era muito afável, embora falasse pouco
quando não interrogado; mas, nas poucas
palavras que pronunciava era muito
agradável, porque tinha boa visão das
coisas”. Frei Pedro fugia da fama, e a fama
o perseguia. Seu renome chegou a Portugal, e
D. João III o pediu como confessor. A
obediência obrigou-o a aceitar. Transformou
a Corte lusa em modelo de virtude. Ademais,
foi incontável o número de fidalgos de ambos
os sexos que tudo abandonaram para viver na
mais extrema pobreza. “A seu conselho, a
rainha Catarina fez de seu palácio uma
escola de virtude e de devoção. O Infante D.
Luís, irmão do rei, mandou construir o
convento de Salvaterra em seu favor, e nele
se retirou para viver como o mais pobre dos
religiosos, depois de ter vendido seus
móveis e sua equipagem, pago suas dívidas e
feito voto solene de pobreza e castidade”. E
o santo teve que intervir para forçar o
príncipe a moderar suas mortificações. “A
infanta Maria, sua irmã, fez também voto de
castidade e empregou todos seus bens no
serviço de Nosso Senhor”, construindo, por
exemplo, o Hospital da Misericórdia e um
convento de Clarissas. Além disso, foram
inúmeros os nobres, tanto em Portugal quanto
na Espanha, que entraram para a Ordem
Terceira da Penitência, por sua influência:
“A estamenha (tecido do hábito religioso)
que ele usava era demais afamada para que os
grandes nomes de Espanha não disputassem a
honra de um pedaço sob o arminho, sob a seda
ou sob a púrpura”. O Imperador Carlos V e
sua filha, a princesa Joana, quiseram-no
como confessor; mas Frei Pedro soube recusar
essa onerosa honra sem feri-los.
Padroeiro do Brasil: “Desde que Sua
Majestade Real e Imperial recebeu, sob o
nome de Pedro I .... a missão de governar e
dirigir este povo .... esteve convencido
.... e se persuadiu de que não poderia reger
e administrar os negócios desta Nação, sem
que antes se interessasse em ter um
Padroeiro celestial que, por sua intercessão
junto de Deus, lhe assegurasse os meios de
bem agir, de bem dirigir e de bem
administrar. “Não foi necessário longa
reflexão. Já pela devoção especial que ele
tinha por São Pedro de Alcântara .... já por
trazer, como imperador, o próprio nome do
santo, ele decidiu escolhê-lo como padroeiro
principal de todo o império .... [e] suplica
a S.S. o Papa Leão XII que se digne com sua
benevolência apostólica, confirmar a
escolha”. Isso foi feito a 31 de Maio de
1826".
É lastimável que essa festa, antes tão
solenemente comemorada no Império, tenha
caído no olvido com o advento da República,
de modo tal que poucos são hoje em dia os
brasileiros cientes de que São Pedro de
Alcântara é o padroeiro do Brasil. Cfr.
Pastoral Colectiva dos Arcebispos e Bispos
das Províncias eclesiásticas de São
Sebastião do Rio de Janeiro, Mariana, São
Paulo, Cuiabá e Porto Alegre. Rio de
Janeiro, 1911. Apêndice XXX, pp. 619, 620.
In Frei Estefânio Piat.
No ano de 1538, o Capítulo dos Observantes
descalços – que seguiam a regra primitiva –
elegeu Frei Pedro de Alcântara como
Provincial. Aproveitou ele para a reforma
desse ramo franciscano, acrescentando maior
severidade às regras e novos exercícios,
dando maior facilidade àqueles que desejavam
entregar-se ao recolhimento e à
contemplação. Daí o nome que receberam de
Franciscanos Recoletos. Em breve sua reforma
se difundiria pela Europa, estendendo-se aos
confins da Índia e do Japão. Trabalhou
também para que se fundassem na Espanha
conventos de Clarissas, reformados por Santa
Colecta, e foi um dos maiores apoios à
reforma de Santa Teresa de Jesus.
Sóror Teresa de Jesus estava na maior
desolação. Experimentando os mais elevados
fenómenos da vida mística, não era
compreendida por seus directores, irmãs de
hábito, nem pelo povo em geral, porque na
Espanha do século XVI matéria religiosa era
felizmente do interesse geral. Alertada por
todo mundo, tinha receio de estar sendo
vítima de ilusões e joguete do demónio.
Entrementes, Frei Pedro de Alcântara teve
que ir a Ávila. Nas primeiras palavras
trocadas com a carmelita, não só confirmou a
origem divina de suas aparições como a
incentivou a soltar velas à acção do Divino
Espírito Santo.
Quando a Santa enfrentou a mais terrível
oposição ao seu projecto de reforma, ele foi
seu grande aliado, aplainando os obstáculos
e levando-a à vitória. Entre os dois santos
estabeleceu-se uma amizade divina, que não
terminou com a morte de Frei Pedro,
profetizada por ela um ano antes. “Eu o
tenho visto muitas vezes com grandíssima
glória”, escreve Santa Teresa. E “parece-me
que muito mais me consola agora que quando
estava aqui (na Terra)”. Uma afirmação que é
um incentivo para sermos mais devotos desse
grande Patrono do Brasil: “Disse-me o Senhor
uma vez, que não Lhe pediriam coisas em seu
nome que Ele não atendesse. Muitas, que eu
lhe tenho encomendado que peça (por mim) ao
Senhor, as vi atendidas”.
Bendita penitência que me valeu tão grande
glória! Fazia tempo que Frei Pedro de
Alcântara vivia praticamente de milagre,
consumido pelas penitências, jejuns e
trabalhos. Devorado por uma febre e
contrariando seus hábitos, aceitou um asno
para ir até Ávila em socorro de Madre
Teresa, que encontrara novas dificuldades
para a fundação do seu primeiro mosteiro
reformado. Com um companheiro, pararam perto
de uma estalagem. Com todos os incómodos da
febre, o santo se estirou no chão, colocando
o manto dobrado sobre uma pedra para lhe
servir de travesseiro. Nisso surgiu a
estalajadeira, injuriando-os aos gritos
porque o asno entrara na sua horta,
devorando algumas couves. Vendo que o frade
se mostrava insensível às injúrias, a irada
mulher puxou-lhe o manto colocado debaixo da
cabeça. Esta bateu violentamente na pedra,
causando profundo ferimento. Mal momento
escolhera a mulher, pois nesse instante
chegou um fidalgo para encontrar-se com Frei
Pedro, a quem tinha em conta de verdadeiro
santo. Vendo-o com a cabeça sangrando,
indignou-se contra a megera, ordenando
incontinenti a seus homens que pusessem fogo
à estalagem e passassem à espada seus
moradores. Foi preciso que Frei Pedro usasse
de todo seu dom de persuasão para evitar a
catástrofe. Sentindo que seu fim chegara,
Frei Pedro pediu que o levassem para o
convento de Arenas, onde saudou a morte com
o Salmo: “Enche-me de alegria o saber que
vou para a casa do Senhor”. Assistido por
Nossa Senhora e São João Evangelista,
entregou sua bela alma a Deus no dia 18 de
Outubro de 1562, aos 63 anos.
“Deus levou-nos agora o bendito Frei Pedro
de Alcântara! exclamou Santa Teresa. “O
mundo já não podia sofrer tanta perfeição”.
Gregório XV o beatificou em 1622, e
Clemente IX o elevou à honra dos altares em
1669.