Ano II - Outubro - 2009

Editores: Carlos Leite Ribeiro e

Iara Melo

Participação de Diversos Autores

do Portal CEN

 

 


 
Uma Incógnita …
 
Carlos Leite Ribeiro
 

Era muito pequenito quando com meus pais, tias e avó vi pela primeira vez o filme "Casablanca". Não compreendi porque as mulheres tinham lágrimas nos olhos quando o filme terminou. Não percebi nadinha daquele drama e, drama para mim, foi ter assistido àquele filme, que não era na altura nada do meu género. Só gostei do tema musical deste filme ("As Times Goês By" - ou Casablanca).

O que eu gostava de ver era filmes de cow-boys, com o 7º de Cavalaria e no fim, se o personagem principal (o rapaz) morresse, a moça teria de casar com o cavalo (como meu pai dizia).

Mas o drama continuou durante vários meses, pois as minhas tias (a quem meu pai chamava "carinhosamente" de catatuas) não se fartavam de ver este filme e eu tinha que as acompanhar, com a contrapartida de cada vez que fossemos ver "Casablanca" elas teriam que me levar a ver dois filmes de cow-boys. Ainda tentei que fossem três filmes, mas elas (as catatuas) não concordaram.

Ainda há poucos anos, quando a televisão começou a passar este filme é que compreendi porque as mulheres ficavam com lágrima no canto dos olhos. Vi o filmo por duas ou três vezes, e não me comoveu e muito menos as lágrimas vieram a meus olhos.

Aquele amor do Rick e da Ilsa começado em Paris, quando ela pensava que o marido (Victor Lazlo) tivesse morrido. Tinham combinado saírem de Paris quando os nazis estavam a ocupar a Cidade Luz e à última da hora a Ilza faltou ao embarque. Depois o reencontro em Casablanca em que eles quase voltaram ao primeiro amor, em troca de um “passe secreto” para ele poder fugir para Lisboa e a possibilidade de chegar aos Estados Unidos. A cena final no aeroporto quando ele (Rick) ao contrário do que tinha combinado com ela (Ilza) entrega os “passes” ao Victor para o casal seguir de avião para Lisboa. Entretanto, a figura do capitão Renault (grande corrupto) entra em várias cena, na última facilitando não só a fuga do Rick como o do casal. Assim, o capitão e o Rick fugiram para Brazzavile (ex- Congo Belga).
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Casablanca.html

Como dizia o Mestre Almada Negreiros: “a caverna da mente dos escritores é insondável e imprevista ”, e comecei a imaginar o que teria acontecido a estas personagens?

O casal Ilza e Victor tiveram uma linda menina; enquanto o Rick se junto a uma aventureira América que dele teve um menino. Depois de várias peripécias e passagens por vários países, o casal foi viver para Fortaleza - CE e o Rick e a aventureira foram parar a uma cidade do Rio Grande do Sul  …
E os respectivos filhos encontraram-se alguma vez? … em que situação? …

Uma grande incógnita.

Carlos Leite Ribeiro

 
 


Quero perder a virgindade
 
© Benedita Azevedo
 

Lúcia estava sentada à mesa, na sala de coordenação do primário, quando apareceu à porta uma de suas alunas do segundo ano Científico.
- Professora posso falar contigo?
- Esteja à vontade!
- Posso fechar a porta?
- Claro!
Lúcia guardou na gaveta o documento que estava analisando e colocou-se à disposição.
O primário funcionava à tarde e o Científico de manhã.  Mais cedo, Rita, aluna de uma das cinco turmas do segundo ano Científico, parecera-lhe inquieta durante a aula de português. Lúcia, sempre atenta e cuidadosa com seus alunos, ao final da aula, que era a última daquele período, quis saber se ela estava com algum problema.
- Tomei uma decisão e estou preocupada com alguns detalhes. Bem que tu poderias me ajudar.
Dentre todos os seus alunos, Rita era a única que a tratava em segunda pessoa. Era determinada e bastante independente para sua pouca idade.

- É algo relacionado aos estudos?
- Não, é assunto particular meu. Já está tudo decidido. Só queria que me desses uma opinião a respeito de um detalhe.
- Agora não vai ser possível, porque tenho pouco tempo para almoçar. Já são doze horas e eu preciso estar de volta às doze e quarenta e cinco. As aulas do primário começam às treze horas e  não posso chegar após os professores.

- Posso vir aqui à tarde?
- Pode, mas depois do recreio. Hoje tenho muito que fazer. Preciso terminar os projetos dos cursos de dança e teatro.
- Venho para as aulas de Análises Clínicas e te procuro.
Separaram-se. Lúcia desceu as escadas, colocou o material escolar na sala dos professores e ia em direção ao carro quando a diretora a convidou para almoçar com ela, no colégio. Ela sabia das dificuldades do trânsito, àquela hora, para ir e voltar ao bairro onde Lúcia morava. Frequentemente almoçavam juntas e aproveitarem para trocar idéias sobre o andamento das atividades do colégio.
                                
Logo após o recreio, Rita entrava em sua sala.
- Qual o problema que a está preocupando?
- Não é bem um problema. Como tu és uma pessoa experiente, acho que podes me dizer o que fazer... é... que...
 Rita segurou o que ia dizer, como se estivesse arrependida de estar ali. Lúcia ficou observando aquela mocinha sempre tão decidida, ali à sua frente, titubeante, sem saber se falava ou não com sua professora.  De repente, ela falou sem pestanejar:
- Acho a virgindade uma droga, e quero me livrar dela.
Lúcia assustou-se com tal declaração. Fora educada com uma visão bem conservadora sobre o assunto. Tinha um marido ciumento que reforçara a tese da submissão da mulher às regras morais. E agora, uma mocinha de dezesseis ou dezessete anos ali, falando em livrar-se da virgindade como se fosse algo que se pudesse pegar e jogar no lixo, na hora que bem entendesse.

- Mas como pretende fazer isso?
- Conheci um homem de cinqüenta anos que está disposto a me ajudar.
- E você trata desse assunto, assim, como se fosse uma brincadeira, um jogo que se arranje alguém para bater bola?
- Eu encaro assim. O sexo é um jogo. Quero me livrar da virgindade porque meus amigos ficam preocupados de assumir compromisso. Só queria te perguntar se a primeira vez dói muito e o que poderia ser feito para que isso não acontecesse.

- Você já falou com sua mãe sobre este assunto?
- Ela não iria entender, por isso  te procurei.
- Mas eu também não estou entendendo!
- Achei que tu não eras tão quadrada quanto minha mãe. Tu me pareces tão espontânea quando abordas os textos naturalistas de Adolfo Caminha, Aluísio Azevedo e outros... E depois, eu e minha mãe não temos muita afinidade no que diz respeito a esse assunto.

- Tenho um filho da sua idade e uma filha com um ano menos que vocês. Não gostaria de que acontecesse uma coisa desse tipo com ela. Conversamos sobre todos os assuntos juntos. Meus filhos sabem que terão de assumir as conseqüências de qualquer ato que praticarem, inclusive com relação ao sexo. Hoje é muito comum mocinhas engravidarem e deixarem aos pais a responsabilidade de criar seus filhos. Lá em casa, se isso acontecer, seja com o rapaz ou com a menina, eles terão de assumir a responsabilidade. Já dou um duro danado para educá-los, sozinha. Como todos vocês sabem, meu marido teve um derrame há seis anos e vive sobre uma cama, à mercê dos cuidados dos outros.
- Lúcia não quero conselhos, só quero que me digas como foi a tua primeira vez e se é verdade que dói muito.  Pensei em usar xilocaína, para não sentir dor.

- Rita, a primeira vez de qualquer mulher, na minha época se dizia a primeira noite, pois a moça para casar de branco, tinha de ser virgem, pode ser a coisa mais sublime, se for à hora certa, com a pessoa certa. O amor é a única justificativa para o ato sexual. Eu  não concordo com o sexo pelo sexo.
- Falas igual à minha mãe, e ela é bem mais velha do que tu. Quantos anos tu tens?
- Trinta e cinco.
- E o teu filho?
- Dezessete.
- Está vendo? Deves ter engravidado com a minha idade. Por isso deves entender melhor a minha situação do que a minha mãe, que tem idade para ser a tua mãe.

Eu engravidei do homem que escolhi e estávamos apaixonados. Embora pareça que a mulher evoluiu muito, essa questão do sexo continua criando muitos problemas. Às vezes, mesmo a mulher que foi casada e ficou viúva ou separou do marido enfrenta sérios problemas de discriminação.
- Hoje em dia, as coisas são bem diferentes. Quero me livrar disso para ficar mais à vontade com a minha turma. Acho que sou a única que nunca transou.

- Não são tão diferentes assim. Ainda hoje, se a mulher é viúva ou separada, suas amigas estarão sempre preocupadas com os maridos delas. Automaticamente, afastam-se. O mesmo acontecerá se você for uma pessoa liberada, sem escrúpulos, sem limites. Acaba ficando isolada.
- E tu achas isso normal? Só as pessoas muito quadradas ainda pensam dessa maneira.

- Tudo bem, respeito a sua opinião, mas tenha paciência, espere encontrar um carinha legal, que goste de você e você dele, que os dois tenham objetivos em comum e tudo poderá ser maravilhoso. O primeiro momento íntimo entre duas pessoas que se amam poderá ser apenas o início de uma vida cheia de alegrias. De uma vida normal, sem traumas, sem arrependimentos. Mesmo que um dia o amor se esgote, terá sido um ato normal de pessoas normais e deixará  boas recordações para o futuro.
- Tu me desculpas, vou embora. Vou pensar no que tu me disseste, mas não prometo fazer as coisas pela tua ótica.

- Antes, me diga uma coisa! Esse homem de cinqüenta anos, que se propôs a colaborar com você é uma pessoa conhecida?
- Eu o conheci já há algum tempo. É uma pessoa cheia de conflitos. Cheia de problemas existenciais. Mas diz que gosta de mim.

- Tome cuidado, seja prudente. Ao tomar essa atitude de perder com ele a sua virgindade física, poderá perder a sua integridade psicológica e a chance de sentir a beleza de um verdadeiro relacionamento entre homem e  mulher.
Rita levantou-se e saiu meio constrangida. Não imaginou que a sua professora fosse lhe falar daquela maneira. Era claro que não ia se expor contando como fora sua primeira noite para uma aluna  tão jovem.

Na aula de português, na manhã seguinte, Rita não encarou a professora. Limitou-se a anotar os exercícios e saiu apressada quando tocou o sinal. Lúcia ficou imaginando coisas: “Será que essa menina já praticou a insanidade a que estava se propondo? Como é que a mãe não percebia o que estava acontecendo? Ou será que sabia e não quis interferir?”

O ano letivo terminou. Rita passou para o terceiro ano. Nunca mais Lúcia soube o que, de verdade, aconteceu. Alguns anos depois, Rita foi ao Rio de Janeiro fazer o curso de Direito, mas não se adaptou à cidade Maravilhosa e retornou à sua terra natal. Fez novo vestibular e cursou outra faculdade. Mais tarde, fez letras.  Um dia, apareceu em casa de Lúcia, pedindo orientação, pois ia fazer um concurso e tinha dúvidas sobre redação. Não tocaram no assunto naquela tarde. Catorze anos depois  encontraram-se  mais uma vez.
Lúcia sabe apenas que Rita nunca se casou.
 
 
 

 

_ memórias reveladas _

nanamerij


não cantarei as toadas de minha infância, menos direi das ruas de minha aldeia, para que não saibas de uma vida miúda, escrita nas pedras, nos riachos, nas mãos de minha avó descascando batatas enquanto recitava os mistérios gozosos do rosário de maria.

não direi das preces de minha mãe, benzendo a casa quando tocavam os sinos.

do chaveiro de meu pai, acordando as madrugadas para os caminhos da lida, também nada direi.

apenas vou passarinhar palavras pelos terrenos baldios da poesia, porque diferente de drumonnd, sequer um retrato na parede ficou da minha aldeia, e nenhum anjo, ainda que torto, me apareceu para dar destinos de vida.

direi somente na página em branco o que de lá restou em mim:

- as sobras daquele solo pisado, da terra vermelha e seca, onde só os cactos resistiram;

- a mulher-negra descalça, mendigando pão, apinhada de meninos barrigudos e maltrapilhos, sentada na esquina, com uma lata velha-vazia;

- o velho recostado no banco a vasculhar lugar nenhum, olhando para dentro dos avessos do que nunca foi;

- o roxo do altar, guardando quaresmas, de uma ínfima igrejinha;

- o ferimento das tardes, rasgadas pelo afiado punhal do tempo com preguiça de existir, aonde nem mesmo chegava a geografia;

- o apito do trem, decepando homens  entre suas  rodas e  trilhos;

- a pele do serrado, o canto agreste afinado no estrume e nas patas dos cavalos, acordando o povo, para morrer mais um dia;

de minha aldeia, sobrou em mim a inspiração ou a loucura, como uma lápide que cobre o que resta de lá, e esse jeito de querer ser um poema , sem qualquer obrigação de definir absolutamente nada.

21/10/2009
 
 
 
 
 
 
 

Vinheta: Um caso de perversão


Tania Montandon

 

a partir do texto “Um perverso e a castração” de Carlos Augusto Niceas

Se o perverso já fez a escolha de seu gozo, como o analista poderia intervir para que houvesse mudança em sua perversão?

J. A. Miller, a partir de sua experiência clínica, afirma que “o perverso vem para análise quando não se implica com o que não pode deixar de fazer”. O perverso pode, então, ser um sujeito ético, responsável, desejoso de responder e testemunhar isso.

Tiago procurou retomar seu tratamento depois de um intervalo de um ano e meio. Ele interrompeu a análise quando se confrontou com a morte próxima de seu pai. Nesse período da análise, Tiago teve uma lembrança de infância inédita: ele estava tomando ducha com um amigo na casa de seus pais. Ambos riam “como loucos” e brincavam de um derrubar o outro, quando sua mãe os surpreendeu e disse que contaria ao pai “as coisas feias” que estavam fazendo. Tiago teve muito medo da reação de seu pai, e de ser castrado por este. Porém, surpreendentemente, o pai contentou-se em fazer o filho prometer-lhe que contaria somente a ele todos os seus pensamentos, sem omitir nenhum, daquele momento em diante. O analista lhe pergunta como entendera a demanda. Tiago responde que entendera que os pensamentos que deveria comunicar ao pai deveriam estar relacionados à sexualidade. Era sempre a mesma confissão: ele acordava no meio da noite com uma ereção e acariciava seu pênis para dormir novamente. Ele estava com 8 anos. Até que uma noite, muito angustiado, Tiago pára de confessar ao pai seus pensamentos íntimos. Inesquecível foi o rosto marcado pelo sofrimento e o olhar de desespero de seu pai na noite da promessa. O pai nunca forçou a confissão ou conversou com o filho. Na verdade, o que o filho mais demandava era que seu pai conversasse com ele.

Durante todo o tratamento, Tiago fazia várias interrupções, sem, no entanto, parecer que havia rompido a ligação transferencial. As interrupções pareciam relacionar-se à demanda do analista de que ele estava ali era para falar. Tiago tinha 24 anos quando começou a análise. Ele estudou jornalismo e pretendia trabalhar com cinema. Morava com os pais e não havia diálogo em casa.

Ele chegou para análise dizendo que passou dois anos em outra análise com uma mesma questão e, por isso, interrompeu-a. Disse que, no sexo, não podia saber se gosta de homens ou de mulheres. Queria falar do sexo como um vício, algo que ele não podia impedir de fazer, como a dependência de drogas. Sem implicação, mas não sem sofrimento. Seu modo de satisfação havia tornado-se sintomático.

Nas entrevistas preliminares, o sujeito organizava seu discurso de modo que manifestasse sua certeza de possuir os meios para se permitir o gozo. Assim, o analista percebeu que o saber do analisante o situava fora de possibilidade de ser surpreendido pela palavra do Outro.

Tiago supunha ao analista um saber sobre as coisas do sexo, um sujeito que soubesse gozar, ao invés do sujeito suposto saber. Por conseguinte, a transferência é usada para desafiar e colocar à prova o desejo do analista, na esperança de capturá-lo em seu jogo. Se isso acontecesse, a transferência viraria um exibicionismo da palavra, onde o sujeito pretendia provar que detinha um saber sobre o agir perverso, com o qual o analista não podia rivalizar.

Em cada retomada da análise, o analista procurava mostrar ao sujeito que ele não estava lá para dividir o analista ou para mostrar quão interessante era seu saber sobre o gozo. Um dia em que o analista disse que seu relato de práticas sexuais era monótono e desinteressante, ele ficou estupefato e, saindo do consultório, disse: “Mas eu não sei falar de amor.”

Para Tiago, o amor tornava o sexo frágil; ele procurava apenas sexo em suas “caçadas”. Ele já avisava de cara para o parceiro: “Eu não faço amor, faço sexo”. Toda palavra, pois, endereçada a ele pelo outro era sinal de convite ao amor. Assim, tornou-se freguês de casas de prostituição, imaginando ser capaz de melhor cumprir sua busca de gozo desviando-se do desejo do Outro.

Tiago dizia que tinha uma impotência mas não física, pois ele fazia sexo, mas uma impotência de não poder rever a pessoa com quem se tinha relacionado.

Em sua posição estrutural na perversão, Tiago vai, a cada encontro, tentar dividir o sujeito do lado do parceiro, ou seja, do lado do Outro, oferecendo-se ele mesmo como instrumento da operação.

Ele paga homens para fazer sexo. Ele os cobre de carícias, toca-os e os leva, pouco a pouco, a gozar como uma mulher num corpo com pênis. Esse é seu triunfo, conseguir essa virada.

É sua impotência de não poder rever seus parceiros que pôde mobilizar o trabalho analítico, sobre a equivalência colocada por ele entre falar e amar, o que o remete ao mutismo de seu pai.

Um dia, através de um lapso, falando do pai, ele o associa ao sexo e à castração. São os significantes de sua infância: a castração esperada por causa da brincadeira com o amigo do banho.

Se sua perversão o faz objetar à castração, instigando-o aos atos que a desmentem, o fato de que ele continua a ir ao analista mostra que, como sujeito do fantasma, ele não está enraizado numa refutação não dialetizável do sujeito suposto saber.

No final, Tiago compreendeu que, fazendo virar seus gigolôs em mulheres, é o amor que ele se arriscava fazer nascer nos seus parceiros, o amor suscetível de virar ódio mortífero. Era seu fantasma masoquista, que o fazia imaginar-se morto pelo parceiro. Como  o diretor de cinema italiano Pasolini, que, porque queria fazer de seu gigolô uma mulher, este o matou.

Bibliografia:
-  NICEAS, C.A. Um pervers et la castration. In: La cause Freudienne. Revue de psychanalyse. Paris, ECF/ACF, nº41, abril, 1999, p.79-84.
 
 
 
 
 

 
 
Quando Solto

Tito Olívio

 

Quando solto os meus versos, fico mudo,
Pássaro tonto, âncora perdida.
Mas não é pela glória; não me iludo,
Pois tudo é efémero na vida.
 
Sei que os abutres são donos de tudo,
Andam aí, à solta, sem guarida.
São parasitas, passos de veludo,
Rondam os salões onde houver comida.
 
Quem voa nas alturas é feliz
E quem tem os pés presos à raiz
Terá de suportar a sorte preta?
 
E eu que faço neste mundo adverso,
Se não matar a mágoa com o verso,
Que é a única arma do poeta?

Do livro "Poemas Floridos no Lago de Ti"

E-book:

Download  para Windows XP - Exe     Download para Windows VIsta - DNL

 
 
 
 

 
 
Minha Canção

Edson Carlos Contar

 

Deixa que eu cante,
Sem regras, sem rimas,
Sem ter com palavras,
A menor preocupação.
Deixa que eu faça,
Em letras pequeninas,
Minha simples seresta,
Minha doce canção...
Que na letra que eu faço,
Não se prenda o espaço,
Nem cadência ou harmonia,
No grafar a melodia.
Que a minha partitura
Seja o teu coração,
E nele fique gravada,
Para ser sempre lembrada,
Cada nota cantada,
Por corais de tom paixão...
E quero ser o maestro,
A conduzir esse canto,
A reger teu encanto,
Que se fez em melodia.
E em envolvente ardor,
Que no mundo todo ecoe,
E no universo ressoe,
Minha canção de amor...

 

 

LÁGRIMA DE UMA MULHER

Lairton Trovão de Andrade


Por que essa chuva salgada que
Cai do céu dos teus olhos, Mulher?
Não! Assim não pode ser!
Porque,  em ti, tudo é ternura sem par,
Símbolo nobre dos sonhos,
Centro cativante do romance real,
Razão maior do caminhar do homem,
Começo, Meio e  Fim da vida humana sobre a Terra...
Este cálice transbordante
É motivo de veneração incontida,
Porque , Mulher, és o santuário da criação,
A deusa visível deste contraditório Planeta!
Portanto,
Diante da tua realidade,
Devemos, todos, refletir!..

 
 
 


 

Poeta livre

Vanderli Granatto


Versos afloram na memória,
Caminha o poeta, pela estrada que o contagia.
Liberdade expressa com nitidez,
 recebendo luz que o conduz com altivez.
Encanta o universo
 mostrando sua poesia pueris,
com propriedade faz do verso
o que sempre quis.
Poeta amante da natureza,
amante do amor,
amante das coisas belas!
Não se apega a uma só beleza
pois encontra com primazia,
beleza dentro da beleza do belo.
Tudo é belo para se ver,
 tudo é belo para se explorar,
 tudo é belo pra se dizer,
nas tantas belezas que a terra encerra.
Poeta é feliz
pois carrega em seu íntimo toda beleza da terra.
Jorrando rios de alegrias, rios de nostalgias,
asperge em quem lê a água destilada do amor,
distribuindo sonhos,  fantasias, com muito ardor.
Poeta é sábio, pois detona de dentro de si, notas
que o tiram da tristeza, das mágoas.
Dedilha o que lhe aperta o peito,
mostra com garbo o trabalho.
Que valor!
 Transmite o que sai do coração em forma da mais pura canção!
Se não explodisse nos versos, com certeza morreria em agonia.
 Fingindo fantasia, vivência cada drama submerso na alma.
Causa encanto na harmonia habilidosa
dos versos que se enlaçam e entrelaçam.
 Formando uma corrente que canta louvores da alma.
Cria com primazia  belezas,
 quando nela profundamente está imerso.
Emoldura radiantes sinfonias de suas emoções.
Liberdade bandeira que treme, diante de imposições.
Quer mesmo é abrir asas,
 voar livremente com a fértil imaginação.

Botucatu/SP
 
 
 
 
 
 
POETA
 
Maria Mamede


Há qualquer coisa sublime
nessas tuas Mãos Poeta
qualquer coisa que redime
e faz a alma inquieta

ser um luzeiro maior...
qualquer coisa de pecado
qualquer coisa toda amor
maldito ou abençoado

com pudor, com despudor
há qualquer coisa sublime
seja lá o que isso for...

pode até ser só desejo
do mundo inteiro num beijo
ou a alma toda em dor!...
 
 
 
 
 
 
 
DOCE FRAGRÂNCIA

Ilda Maria Costa Brasil


 
Meninas ligeiras brincam
e tagarelam no parque.
Essas olham sorrateiras
para os alegres garotos
que andam de skate pela calçada.
De quando em quando,
olhares se cruzam;
sorrisos se batem
e milhares de emoções afloram.
Raramente, um sobressalto,
pois tudo é felicidade e magia.
Indagações, no ar;
chamas ardentes, nas veias;
luminosidade, nos corações;
intensa fragrância de amor
a espalhar-se pelos corpos,
tal qual um doce calafrio
a apossar-se desses jovens
como um todo.
Fragrância... Calafrios... Emoções...
Jovens... Encontros... Um começo!
 
 
 
 
 
             

ANOITECER

Marjorie Cassol Spagnolo Cansan

 
Não há nada mais belo
que o anoitecer:
as estrelas no céu;
a lua vibrante.
Fico extasiada,
sem pensamentos ruins.

Próximo, um rio produz
um ruído relaxante
e suave de águas doces.
Uma brisa gostosa
acaricia meus cabelos
e abranda o calor
que há no ar.
Ao longe, grilos e sapos,
com seus cantares, 
fazem barulho,
entretanto, não ofuscam
a beleza do momento.
 
 
 
 

 
FIM DE TARDE

Nadine Tomasel Lorenzato

 
A tardinha me sento na varanda
e acompanho o belo do pôr do sol.
Não existe maravilha maior,
o céu encontra-se colorido,
perfeito. Ó que bela natureza!
As pessoas caminham, conversam;
é um momento de felicidade.
De amarelo, laranja, rosa, vermelho,
o pôr do sol está chegando ao fim;
o céu começa a escurecer.
Os risos começam a cessar;
o único som é do vento;
tudo escuro e o que ilumina
minha varanda é a bela noite de luar.
As folhas das árvores balançam;
as estrelas são pontos luminosos
e cintilantes que não param de brilhar.
Tudo isso é presente
nos fins de tarde de Porto Alegre.
 

 
 

 
DOCE LUAR

Paola Maciel Gioscia

 
Da janela do meu quarto,
aprecio a lua e as estrelas.
Imagino ver coisas incríveis
e só de olhar, para o céu,
já me animo e fico a sonhar.
Embora a noite fosse quente,
havia uma envolvente brisa
que me fazia lembrar
das agradáveis noites na praia. 
Esse doce luar, ao iluminar
meu rosto, faz com que me sinta
alegre, espontânea, livre e feliz.
Fecho os olhos e me vejo voando
pertinho da lua e das estrelas.
Que maravilha! Abro os olhos
e me dou conta que eu apenas
estava sonhando com um lindo
e doce luar a me iluminar!  
 

 
 
 

 
DENTRO DO MEU CORAÇÃO, HÁ ESPERANÇA...

Roberta Beckmann Hoffmann

 
No meu coração
está a esperança, o amor, a felicidade,
a família, o Natal, a Páscoa.
No meu coração
estão as flores, os animais,
as árvores, a natureza;
tudo de bom.
Mas, além disso tudo,
no meu coração
está a angústia, a espera,
a saudade, o nervosismo
tal qual há no coração
de outras pessoas.
Espero um dia voltar
a Estância Velha,
cidade que muito amo.
Deus queira
que a minha vontade aconteça!

 
 

 
 
QUE NÃO PARE AS HORAS!

Ana Paula Costa Brasil

 
Que não pare as horas, que não pare o tempo.
Que eu não deixe de recomeçar.
Que eu ainda possa seguir em frente.
Que eu possa remover pedras de meu caminho e cantar...
Que eu possa sonhar, sorrir, criar, produzir...
Que eu não perca o dom da fala, mas que eu desenvolva
a habilidade mais sublime dos
 homens:
que eu não perca o dom de ouvir e de profetizar o amanhã.
Que não pare... Que não cesse... o meu dom de amar!
Que não acabe o meu viver e eu promova a cidadania,
pois tenho muito para descobrir de minha essência.
Que eu não deixe de ser mãe zelosa e dedicada,
pois, até agora minha tarefa foi aprender a ser filha.
Que eu não deixe de ser filha, mãe, neta e irmã,
pois ainda tenho muito a aprender e recriar
para poder ensinar aos meus filhos e demais descendentes.
Que eu não deixe de ter a sensibilidade das mulheres,
pois tenho muito que aprender sobre o amor!
Que eu não deixe de ser amada, querida e respeitada.
Que eu não deixe de ser a mulher guerreira que sou.
Que eu ainda possa muito sonhar e traçar novas metas.
Que eu ainda aprenda mais e mais sobre o amor,
pois muito ainda quero amar, projetar, promover e semear.
Que se eu parar, em breve, seja para momentos de
 reflexão,
momentos estes que, certamente, serão de crescimento.
Parar? Não posso. Parar? Não quero, pois tenho que amar;
tenho que sonhar, cantar, andar, correr, criar, viver.
Sou amor! Sou luz! Sou percepção!
Sou emoção! Sou esperança!
 
 
 
 

 
AINDA EXISTE O DEPOIS!

Augusto Marques

 
Não consigo achar rimas
para minhas criações;
perdi a noção do tempo
e das estações.
A caneta que seguro na mão,
desliza no papel,
registrando, cuidadosamente,
o que os meus pensamentos me dizem.
A imaginação, outrora adormecida
e carente de inspiração,
aprende outras canções de amores.
É inevitável não as cantar,
pois existe em meu peito
uma coreografia para a dor de amor.
Todos os enamorados
conseguem dançá-la;
basta entregarem-se
num longo e gostoso abraço.
Se houver queda, façamos dessa,
uma escada para a ascensão.
A história de um homem
e os seus princípios
não devem estar presos
a um passado ou a um amor.
Não tenhas medos ou receios
de te dar uma nova chance.
Sempre se pode recomeçar.
Esperança, para um coração cheio de amor
haverá um depois!

 
 
 


ESPERANÇA... FELICIDADE...

Lucas Cozza Bruno


 
Eterna luz,
chegar ao castelo,
simplicidade
de criança,
sacudir a bandeira
do time,
embalar a mão
que escreve,
O que é esperança? O que é felicidade?
São:
jardim no deserto,
ouro no ar,
plumas nas águas,
luzes no olhar,
lua na palma
da mão,
uma rede
na sacada,
um canário cantando,
um sábado enferrujado,
uma travessa
de bolinhos de
 chuva
ou um futuro
de portas abertas
a sorrir e a dizer:
- Vai!...
 

 
 


ESPERANÇAS PARA O MUNDO...

Felipe Hamm de Borba

 
Mesmo distante, era possível notar
que alguém a fazia sonhar.
Seus olhos o fitavam
cheios de muito amor,
mas tudo terminou
antes mesmo de começar.
Seus pais mudaram de cidade
e seus caminhos
acabaram se desencontrando.
Oh, eles nem tiveram tempo
para amar! Que fatalidade!
Os sonhos foram destruídos
e as estrelas não vão mais tocar.
Um raio solar lhes traz a esperança
e os olhos voltam a procurar-se.
Talvez, o mundo lhes seja bondoso,
e devolva o amor que mal começara
a aflorar numa tarde de primavera.
 

 
 
 
 

HIGIENE, SAÚDE... UM MUNDO MELHOR!

Lucas Goulart Pieczkoski de Moura

 
A cada década, o homem
demonstra mais preocupação
com a sua higiene
e, consequentemente,
com a sua saúde.
Em Sonhos Tropicais,
Moacyr Scliar relata a trajetória
do médico sanitarista
Oswaldo Cruz
que, com muita garra,
combateu à febre amarela
no Rio de Janeiro
e a resistência da população
à vacinação obrigatória,
resultando na chamada
Revolta da Vacina.
A partir desse episódio,
conquistas expressivas
têm ocorrido no Brasil.
 

 

 
 

AMAR...

Vanessa Menezes Burgueño

 
Este teu amor
persegue-me.
Não sei porquê
tenho medo.
Não há razão
para chorar,
pois sei
que irás
proteger-me.
 
Tu me darás força
para viver;
esperança
para sorrir;
carinho
para me sentir amada.
 
Meu lamento
é que meu amor
ainda não
é correspondido,
mas a esperança
será a última
a morrer.
Os sentimentos
que existem em mim,
espero deixá-los
ardentes.
 
 

 
 

 
SENTIMENTO INEVITÁVEL...

Raquel Young Vargas

 
Inesperadamente um sentimento surge
como se fosse invadir, cobrir a alma,
perturbando e fazendo com que as noites
sejam passadas em claro,
embriagadas de memórias,
seja de um olhar, seja de um perfume.
 
Impacientemente é contado o tempo
para que ele corra mais que a luz
e, finalmente, o coração
e os pensamentos recebam alento.
 
Quando se permite esse sentimento
amarrar-te por completo,
penetrar na tua essência
e se fazer sublime, ele se torna amor.
Todavia, passamos por altos e baixos
e, desses momentos vêm a dor,
o sofrimento e o arrependimento
de termos nos entregue tão verdadeira
e completamente.
 
Sentimentos inevitáveis
podem ser efêmeros ou ternos,
durando tempo suficiente
para se tornarem inesquecíveis.
 
 
 
 
 
 
                  
ANOITECER

Marjorie Cassol Spagnolo Cansan

 
Não há nada mais belo
que o anoitecer:
as estrelas no céu;
a lua vibrante.
Fico extasiada,
sem pensamentos ruins.
Próximo, um rio produz
um ruído relaxante
e suave de águas doces.
Uma brisa gostosa
acaricia meus cabelos
e abranda o calor
que há no ar.
Ao longe, grilos e sapos,
com seus cantares, 
fazem barulho,
entretanto, não ofuscam
a beleza do momento.
 
 
 

 

 

 

Arte topo da página criada por Iara Melo

Fundo Musical: Catedral

Compositor: Tanika Tikaram

Versão: Christiaan Oyens/Zélia Duncan

Resolução do Ecrã 1024 * 768

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 

Copyright © 2007 - 2009 *  Portal CEN - Cá Estamos Nós Web Page

Todos os Direitos Reservados