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Portal CEN - "Cá
Estamos Nós"
Revista Novos Tempos
Maio - 2013
Primeiro Bloco

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Adélia Einsfeldt |
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Amélia Luz |
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Ana Maria Nascimento |
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Andrade Sucupira Filho |
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Angelino Pereira |
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António Boavida Pinheiro |
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Antonio Carlos M. G. Saraiva |
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Antonio Paiva Rodrigues |
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Auber Fioravante Júnior |
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Bento Martins |
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Carlos Lúcio Gontijo |
Adélia Einsfeldt
Brasil
NINFAS
Mergulho na voz
do silêncio
ao crepúsculo
resplandece minh'alma
na solidão silenciosa
voam ninfas luminosas
Calíope, Polímnia
deusas da poesia
buscam o perfume
néctar da paixão
pura magia.
Adélia Einsfeldt

Amélia Luz
Pirapetinga/MG
HOLOCAUSTO
Estava diante de uma vitrine numa rua em New York. Havia assistido pela televisão na noite anterior a abertura dos Portões de Brandemburg. Na vitrine, exposto, um lindo vestido de noiva. Parei no tempo, voltei a Varsóvia e me vi no apartamento, sentada com meus pais para o café da tarde. Discutíamos os últimos detalhes do meu casamento. Quatro xícaras de leite bem quente, o cheiro do pão torrado, a geléia de maçãs, os biscoitos de aveia, o aconchego. Tudo preparado pela minha mãe, pela última vez. Eu e papai havíamos chegado do consultório dentário, após um dia exaustivo de muitos clientes. Meu irmão também chegava do seu trabalho no centro da cidade.
Violentamente, bateram na porta. Meu pai amedrontado pediu silêncio e a porta, então arrombada, permitiu a entrada dos soldados nazistas na nossa casa. Ficamos os quatro abraçados, tomados pelo pânico. Nick latiu tentando expulsa-los, mas um tiro certeiro vazou-lhe o cérebro e ele caiu a meus pés.
Diante da vitrine, lembrei meu vestido de noiva, sobre a cama, cuidadosamente preparado para o meu casamento que seria secreto, somente para os mais próximos, marcado para o sábado. Fiquei ali parada por um bom tempo e desfiei todo o nosso sofrimento. Éramos polacos e estávamos sob a mira de Hitler. Mais cedo ou mais tarde seríamos exterminados como foram parentes e amigos. Chegara nossa hora. A elite intelectual e social foram os primeiros alvos.
Fomos levados para a inanição e para a morte em Auschwitz e Birkenau onde ficavam os crematórios. Ficamos no galpão quase nus até a chegada do trem. Fomos separados cruelmente e meu pai, desorientado pela separação, reagiu. Uma tiro na nuca, ali, diante e nós. O corpo seguiu arrastado para o poço profundo de incineração. Minha mãe e meu irmão seguiram viagem e eu fiquei só, perplexa, diante de tudo. Tive a sorte de manter a saúde e me aproveitaram no trabalho. Apenas um pijama de listras e a sopa rala de batata.
O tempo passou lento. Ajudava como enfermeira nas poucas horas vagas cuidando dos judeus irmãos, tão desgraçados quanto eu.
Nunca mais vi meus familiares. Guardo a expressão de terror de meu pai e o último olhar de minha mãe na janela do trem, naquela tarde cinzenta. Só eu fiquei em Auschwitz, papai partira na morte trágica e minha mãe e meu irmão para o desconhecido sem volta.
Fazia frio naquela tarde de New York. Um frio parecido com o do sul da Polônia, onde vivi o meu martírio. Não sei se por sorte ou por azar, tinha boa saúde e venci o holocausto. A última resma autoritária da guerra havia caído. Os Portões de Brandemburg estavam abertos e os alemães poderiam transitar nele livremente.
Estava na América tantos anos depois. Celebrava a alegria de estar viva, de ter vencido Auschwitz mas chorava a tristeza de ter perdido tudo: a família, a casa, a profissão, Nick e todos os meus pertences.
O führer havia tombado, a guerra havia acabado e as feridas ainda estavam abertas e sangravam muito. Vivi meus últimos dias na Polônia. O vestido de noiva, dependurado na vitrine levava-me à mocidade perdida e aos meus anos de tranquilidade junto de minha família. Hoje, o importante é lutar por um mundo melhor, longe das atrocidades do período do 3º Reich, o maior pesadelo da história do sáculo vinte.
Escrevo muito. Minha raça judia leva-me a escrever sobre a guerra, a Polônia e o nazismo, numa forma de desabafo onde posso encontrar a paz depois de muitas tempestade.
***
Obra: Saci Pererê
(Entidade fantástica do Folclore Brasileiro).
O gomo do bambu partiu e,
uma coisinha estranha de lá saiu,
gemendo, espreguiçando...
Mamãe Saci colocou-lhe um barrete vermelho,
-“Para lhe dar boa sorte” – disse!
Papai Saci deu-lhe alguns conselhos
E um velho cachimbo, ensinando-lhe
(só de brincadeirinha) as primeiras baforadas!
Sacizinho firmou a sua perninha, (era uma só),
deu alguns rodopios
treinou seu agudo assobio
e saiu pela mata e pela fazenda
fazendo muitas estripulias:
assustou o pobre lenhador,
soltou a bezerrada do pasto,
espantou as galinhas que estavam no choco,
quebrou todos os ovos do galinheiro,
fazendo ainda estragos no milharal e na horta!
Sinhozinho, no alpendre apavorou-se...
Era noite de sexta-feira, noite de lua cheia
e a situação estava ficando muito feia.
Chamou Nhá Nastaça para rezar
com galho de guiné e assim,
espantar os maus espíritos.
Correu até a sala. Carrilhão batia seis horas,
sol se escondia, noite chegava.
Com a taça na mão procurou água na moringa
viu que estava toda derramada,
nem uma só gota para molhar a goela seca.
O danadinho passou por aqui - pensou assustado!
Escutou bem perto um assobio ensurdecedor,
um arrepio correu-lhe pela espinha,
os cabelos dos braços arrepiaram, tal o medo!
Um vento forte vazou a sala...
Pela janela do casarão,
o Sacizinho saiu voando em disparada!
Crendice? Feitiço? Coisa feita???
Que nada! Era mesmo o Coisarruinzinho
visitando o patrão e fazendo as suas atrapalhadas!!!
Amélia Luz

ANA MARIA NASCIMENTO
ARACOIABA-CE/BRASIL
SENTIMENTO NECESSÁRIO
Para seguir confortável
no caminho do Senhor
ponha uma luz radiante
iluminando-lhe o amor.
Esse intenso sentimento,
Nascido do coração,
faz-nos sentir completude,
vence qualquer solidão.
Partilhar desse primor
esperam muitos humanos
para a glória alcançar
nos seus verdadeiros planos.
Necessitamos saber
o verdadeiro segredo
para que a felicidade
possa conosco viver.
E, dessa forma, sonhar
com um mundo cintilante,
sentindo dentro do peito
a doçura de um amante.

ANDRADE SUCUPIRA FILHO
VITÓRIA-ES-BR
Quando teu corpo emana, sem aviso,
esse perfume doce, teu somente,
quero fundir-me em ti, beijar-te quente,
possuir-te até levar-te ao paraíso...
Quando os cabelos teus, doirados fios,
tocam em minha face sutilmente,
quero tornar-me teu amor ardente,
quero fazer-te oceano dos meus rios...
Quando esse teu olhar azul me fita,
a me falar numa linguagem rara,
parece que o universo inteiro pára
e a vida fica muito mais bonita...
NO PONTO
Andava de um lado pro outro, como um leão enjaulado, mas estava no ponto do ônibus, aguardando o carro de sua linha passar. Enquanto esperava, às dez da noite, pensava nos acontecimentos noticiados mundo afora nos últimos anos.
Na Europa, crise econômica, euro enfraquecendo, desemprego..."Quem te viu, Grécia! Pobre Itália! O que há de ser da França? Ah, Paris! A Alemanha continua de cabeça em pé e a Inglaterra ainda querendo mostrar sua altivez..."
Pensava mais (aquele trabalhador que ainda nem havia jantado ainda): "Aqui no Brasil a coisa vai se arrastando. Parece tudo sob controle, mas os preços estão subindo demais pro meu gosto, tomate, feijão... Meu salário parece menor a cada dia. E aí vem mais um ano de eleição, com políticos de sorriso aberto pra todo mundo, apertando mãos, brincando com os bebês...E depois que ganham, continuam os pacientes jogados nos corredores de hospitais, alunos sem escolas, escolas sem professores e assim vai."
Há décadas aquele homem tinha em mente que os Estados Unidos eram o próprio paraíso. Queria ir morar lá. Mas depois do fatídico 11 de setembro, amedrontou-se e passou a achar que paraíso mesmo era aqui, "onde a gente não se mete na vida dos outros países, nem entra em guerra contra os tiranos do oriente. Assim os malucos não vem pra cá como homens-bombas suicidas...Deus me livre."
Enquanto pensava, perambulava meio que automaticamente, atravessava a rua e voltava, olhava ao longe, no intuito de descobrir se sua condução já estava a caminho. Ao iniciar um desses "vai e vem", deu dois passos, três, quatro...e foi atropelado pela "Linha 327", que ia para o seu bairro...

Angelino Pereira
Guimarães / Portugal
No semanário da minha terra natal “O penafidelense”: n.º 8, 2010, pode ler-se: O melhor sedativo para a turbulência do dia-a-dia, ou melhor dizendo, para as turbulências destes muitos dias que temos vivido, desde já há algum tempo, é ler um bom livro. Com efeito, só a leitura de um bom livro tem o sortilégio de nos acalmar e de nos afastar das inúmeras ameaças que penetram constantemente e palavrosamente nos nossos ouvidos.
Numa crónica recente do suplemento “Actual”, do “Expresso” assinada por José Manuel dos Santos podemos ler o seguinte:
"Olhamos à volta e tudo se desencantou. Ouvimos as vozes do mundo que dão voz ao espectáculo diário do mundo e é como se muitas palavras iniciadas por “d” se tivessem juntado para nos dizer o que ouvimos: dívida, défice, despesa, desperdício, desemprego, desigualdade, desânimo, desilusão, descrença, descrédito, depressão, desistência, desgraça, desorientação, dúvida, difamação, desonra, dissimulação, desinteresse, desencontro, descida, desvalorização, decréscimo, derrocada, decadência, declínio, descalabro, desgosto, desgaste, destruição, desespero, dor, doença, despedida e tudo padece no que está a conduzir o povo para demência." (fim de citação)
O mundo faz muito ruído! É preciso que cada um ouça o seu som. Precisamos de silêncio. Nos políticos, nos economistas nos fazedores das más notícias e da desgraça. Os homens estão perdidos porque pensaram que o dinheiro lhes trazia a felicidade. Mas tudo o que existe na terra não lhes pertence. O que é dado à humanidade está próximo e disponível, é a felicidade. Mas é preciso luz no espírito de cada um para que possa ouvir a verdade que habita no coração que os homens deixaram empedrar. "O Preço da Vitória" é um apelo à solidariedade e respeito pelos valores. Quietem-se, ouçam a natureza, aprendam com os animais. Afinal o universo está aí completamente gratuito e não foram os homens que o fizeram. A natureza colocou tudo no seu lugar e o homem sempre mexe e desarruma. Mas não pode gerar desgraça nem produzir infelicidade. O amor é a principal razão da nossa existência.
Entre caminhos, entrelaçados
pelos (de) encontros do tempo,
caminhamos nós, abraçados por este amor
que nos prende à vida...
E nem os obstáculos ou barreias do amargo,
que o mundo nos constrói;
nada nos corrói,
porque é impossível atravessar o rio sem ti!
E mesmo que algo de imperfeito nos façam parecer,
o perfeito é mesmo contigo em o cada amanhecer...
Não existe deceção entre nós.
A amizade é o abraço em tudo:
Está presente no tempo e nos oceanos até chegarmos lá...
E lá ficaremos sem perder nada
Porque nascemos para ficar juntos
No tempo e na Eternidade.
Angelino Pereira

António Boavida Pinheiro
Lisboa/Portugal
Menino pobre...
Casario da minha aldeia
Dispersa pela encosta,
É terra de que se gosta
E que se trás na ideia.
Terra de paz e esperança
Onde a vida era mui dura,
Da memória que perdura
De meus tempos de criança.
Quando chovia a valer
Era grande o desconforto,
Pelos caminhos de "pé torto"
Difíceis de percorrer.
Recobertos de geada,
Com lama pelos tornozelos,
Sapatos de "cinco dedos",
Tal era a realidade...
Mas a vida não parava,
Criança..., ia p'ra escola
Com a ardósia na sacola,
P'ra escrever a tabuada.
Ia alegre em seu caminho,
Com seu ar compenetrado,
Mas um tanto descuidado
Salta além mais um pulinho.
Ia lesto ou devagarinho,
Atravessando a aldeola,
Ia correndo p'ra escola,
Com seu casaco rotinho.
Por vezes sem se saber,
Com a barriga vazia.
Mesmo assim tinha alegria
E vontade de aprender.
Para as letras soletrar,
E as contas saber fazer,
Desejo de saber ler,
Para na vida singrar.
E ao pensar..., se descobre
De que neste recordar,
Do que estamos a falar,
É pois, da criança pobre...
António Boavida Pinheiro

Antonio Carlos Mongiardim Gomes Saraiva
Mogi das Cruzes - SP - Brasil
O VOO DAS BORBOLETAS
Lidar com pessoas, é como atravessar uma grande floresta...Você deverá ter sempre o máximo de cuidado, principalmente se não conhecer bem o caminho e o fizer no "escuro"... Encontrará pequenos e grandes insectos...Animais curiosos e famintos, outros indolentes e desinteressados...Haverá muitos buracos e pedras no seu caminho. Avistará grandes árvores, que poderão lhe parecer enormes e sombrias. Quase ameaçadoras...Alguns sons serão familiares, outros estranhos e inquietantes...Poderá sentir um grande cansaço, o que o tornará vulnerável e ofegante. Mas não perca nunca a calma já que, mesmo na completa incerteza da escuridão, reconhecerá sempre o voo de muitas "borboletas"...
Sem você...
Eu sou só eu;
Isolado, triste e contido.
Sinto e absorvo o meu presente;
Pendente, ilhado e sofrido...
Sou muito mais ausente
E carente do seu eu;
Alegre, simples e contente...
Quero poder estar presente,
Em tudo aquilo que você sente
E ser eu em você, ardentemente;
Como um laço apertado no que é seu...
Antonio Carlos Mongiardim Gomes Saraiva

ANTONIO PAIVA RODRIGUES
FORTALEZA/CEARÁ/BRASIL
A MULHER IDEAL
No vai e vêm da agradável brisa refrescante,
sinto-me energizado, acariciado pela natureza.
Parece uma relação de amor forte
e calcificante de noites passadas
onde cativas o coração na pureza.
Na delicadeza, na esperteza, no ambiente aprazível
e acolhedor onde o amor é natureza,
Que nos felicita, na adrenalina o nosso coração palpita
na mais simples singeleza. Palavras sussurradas,
insinuadas, recitadas e ofuscadas.
Frutos da fantasia que me leva ao teu corpo ofegante,
virtudes e não defeitos, direitos de uma amada,
De uma escultura afeita ao amor dilacerante
e inebriante. Que entre gemidos, abraços,
amassos e êxtases reconfortantes.
A deusa da noite fria, silenciosa, gostosa e salutar.
Do cansaço irritante, da vida intrigante
resta me reconfortar,
Com doçura, soluços, sussurros delirantes de matar;
Desejos de beijos, carícias para possuir-te e gozar.
Meu corpo viril, desejo infantil meigo e carinhoso
repleto de amor talentoso, ciumento e ardoroso.
Convenço, sem lamentos, ilusões, e argumentos
que é chegado o momento do entrelaçamento
do amor gostoso e saboroso.
Que nos leva à estase descomunal, ao gozo carnal,
fruto de um amor descomunal.
Cujo final é uma transmissão de energia magnetizada,
que após sensações dignificantes vem o revigoramento vital.
GALINHA MORTA!
“Você pode transformar o problema, a circunstância e o destino. Existe em você uma força adequada para resolver situações e montar uma vida feliz. É uma força, um poder, uma capacidade já presente, não havendo razão para ser infeliz. Dirija-se com ânimo forte e a sua força produzirá benefícios de progresso e paz”. (Lourival Lopes).
Determinada vez, ao me dirigir a residência de minhas irmãs, um de meus irmãos que tem mania de gravar comentários, notei de imediato a sua irritabilidade ao ouvir os comentários de dois radialistas esportivos, quando faziam análises sobre duas refregas, que iriam se realizar pelo campeonato cearense de futebol. Nas minhas andanças pelo futebol cearense, já integrei por seis anos a diretoria da Associação Esportiva Tiradentes, o tigre da Polícia Militar como é carinhosamente conhecido. Desde muito cedo, ainda nos tempos áureos em que meu genitor desfrutava de uma vida saudável, eu o acompanhava, visto que meu pai era torcedor fervoroso do Ferroviário Atlético Clube (FAC), paixão adquirida desde quando ingressou nos quadros de funcionários da antiga RVC (Rede de Viação Cearense).
Eu como primogênito dos filhos homens, o acompanhava ao querido estádio Presidente Vargas, pertinho da nossa residência, visto que ele fazia questão que estivesse ao seu lado. Grande amor de pai que hoje está escasseado por múltiplas facetas. Sentíamos felizes, contentes, pois naquela época as torcidas se misturavam e dificilmente aconteciam entreveros. Cada um torcia por seu time do coração. Tardes de domingos, onde a felicidade e alegria reinavam, mesmo com vitórias, empates ou derrotas de seu clube favorito, visto que a praça de esportes proporcionava momentos felizes para os torcedores.
Lado a lado, torcedores de Ceará, Fortaleza, Ferroviário e de outros grandes clubes, se deliciavam comentando jogadas dos craques e dialogando sobre a qualidade dos atletas e os esquemas usados pelos clubes durante os noventa minutos de jogo. Saudades inarráveis do antigo futebol cearense onde predominavam os jogadores da terra com a mescla de um número pequeno de atletas não cearenses. Com o passar do tempo à desorganização aliada a interesses escusos, levaram a derrocada brutal de clubes de tradição do futebol cearense, tais como: América, Guarani, Maguari, Usina Ceará, Nacional, Calouros do Ar, Gentilândia entre outros. Estão com velas nas mãos alguns mais recentes que disputam atualmente o campeonato cearense. Um assunto que não quer calar, no entanto, temos que afirmar que radialistas de nossa terra, com raras exceções, esquecem a ética e fazem programas medíocres. São vezeiros em usar bordões que fogem a regra do jornalismo esportivo. Torcem apaixonadamente por clubes e denotam descaradamente nos programas esportivos que apresentam. Isso é vergonhoso para futebol cearense. Talvez sejam interesses em alcançar benesses políticas em cima das torcidas. Tem locutor esportivo exclusivo somente para Ceará e Fortaleza. Enquanto rola essa paixão exacerbada, o futebol cearense não vai a lugar nenhum. Colocamos a mente para funcionar e constatamos críticas exageradas anotadas contra presidentes de clubes. O Sr. Olavo Colares, aliado ao radialista Sérgio Pontes conhecido como (bibola) de ouro, que de ouro não tem nada, nominavam os presidentes de clubes de “caipiras”. O ponto primordial desse profissional está na dislalia de que é possuidor levando-o a uma péssima e horrível articulação da voz, visto que é costumeiro trocar a letra (“L”) por (“R”). A Coluna E do DN e a de Lúcio Brasileiro do O Povo faziam concorrência para os leitores analisarem qual o pior da mídia impressa e falada. O mais hilário é que os dois são irmãos.
Sérgio gosta de usar o jargão “galinha Morta”. Ao se referir a uma partida de futebol entre Fortaleza e Ferroviário afirmou que o segundo seria galinha morta, para o primeiro. Em sua opinião o Fortaleza ganharia facilmente. Sabem o resultado da partida? Não! Empate de 2x2. Agora se alia a outro que veio das plagas esportivas potiguares, Vavá maravilha. Perguntamos onde está a maravilha? Narra tão rápido que o ouvinte nada entende. O bom locutor esportivo é aquele que narra com naturalidade e o ouvinte de rádio acompanha o jogo como se estivesse “In Loco”. O excesso de publicidade nas narrações esportivas quebra o ritmo das mesmas. A razão está na finalidade do rádio que é unicamente comercial. Estão alugando, vendendo horários, fazendo com que o profissional da Comunicação seja um escravo da radiodifusão. E a Carteira do Trabalho perdeu a finalidade? Parece que sim. O pior de tudo é que ninguém toma providências.
A dislalia é uma palavra de derivação grega (dys+lexia) é um distúrbio da fala, caracterizada pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente. A falha na emissão das palavras pode ainda ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os sintomas da Dislalia – consistem - em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. De um modo geral, a palavra do dislálico é fluida, embora possa ser até ininteligível. As Dislalias constituem um grupo numeroso de perturbações orgânicas ou funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam das malformações ou de alterações de inervação da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação. Encontra-se em casos de malformações congênitas, tais como o lábio leporino ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores.
Por outro lado, certas Dislalias são devidas a enfermidades do sistema nervoso central. Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter problemas se continuar falando errado. A Dislalia troca de fonemas (sons das letras), pode afetar também a escrita. Um caso clássico característico portador de dislalia são os personagens Cebolinha da Turma da Mônica o Hortelino Troca-Letra ("Elmer Fudd") do Looney Tunes, e Ming-Ming, do Super Fofos que sempre trocam o "R" (inicial e intervocálico) por "L", no caso de Hortelino, o "R" final também é afetado.
Já a paixão exacerbada por clubes de futebol em detrimento de outros diminuem a capacidade e a qualidade desse futebol praticado em qualquer estado da Federação. É um sobe e desce de proporções exageradas e tornam os clubes fracos quando jogam fora de seus domínios. Aqui no futebol cearense esse fato acontece sempre. Em casa no acostumadinho são verdadeiras feras, mas quando jogam fora ou passam da cancela o desastre é inevitável. Precisamos sair do amadorismo já que os clubes passaram a empresas profissionais, no entanto, agem como amadores fossem. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES

Auber Fioravante Júnior
Porto Alegre - RS
Ecos do Amar
Um verso belo e Camaleão
Transcendeu do interestelar
... Ancorou numa folha alva e vazia
E ali, se fez poesia de amor, de paixão
Pela escrita do beijo escarlate... Oh, Solidão!
Como uma tatuagem caleidoscópica,
Psicolodélica feito disco Floydiano
O incomum rompia-se ao sentimento
Oriundo do elemento fogo, veracidade
Contida em cada poema, incontida n’alma!
No olhar, o corpo desnudo ao luar
Inconfesso ao desejo se entrega ao pranto
Navegante do tempo, etéreos templos...!
Ao tocar, pele pelica ao veludo
Confessa ao ensejo se abre ao sentir
Escritor dos ventos, idílico argumento...!
Da quimera, o lábio melaço descorre
A geografia meia que singela, meia que insana
Remetendo da essência toda candura
Cercada de ais... Ah, âmago ais...
Às cidades o outono, ao cálice silêncio!
23/05/2013

Bento Martins
Brasil
RAÍZES
Outrora como era lindo
Os costumes desta gente
Fizeram pátria e querência
No Rio Grande Continente.
Homens morreram peleando,
Em defesa de uma bandeira,
A casco e aponta de espadas,
Demarcaram nossas fronteiras.
Rio Grande, acorda, Rio Grande,
Há um novo chamamento,
Teu povo não é escravo,
Nasceu livre como o vento.
Gaúcho pega tua espada,
Volta de novo a lutar,
Levantem bravos heróis
E voltem pra nos salvar!
Bento Gonçalves, Souza Neto e David
Se voltassem outra vez,
A província de São Pedro
Sente a falta de vocês.
Bento Martins
Santo Antônio do Monte – Minas Gerais – Brasil
História para boi dormir
O materialismo projetado pelo capitalismo de consumo exacerbado, que sequer pode ser sustentado pelas riquezas naturais do planeta Terra, nunca descuida de incrementar o empobrecimento cultural da população, o que é determinante para a constatação de que os salários pagos às áreas mais relacionadas com a intelectualidade (professores, jornalistas, sociólogos, historiadores, filósofos, bibliotecários etc.) sejam sempre insuficientes e baixos, exigindo extremo idealismo de quem ousa tentar ganhar a vida exercitando-a.
Encontramos há pouco tempo com jovem formado em História, casado e pai de dois filhos, que desistiu de seguir carreira ou, melhor dizendo, antes mesmo de terminar o curso observou que não encontraria caminho fácil pela frente. Seus melhores professores, os mais gabaritados, padeciam do mesmo sofrimento que aqueles que praticamente nada ofereciam aos alunos. Os mestres andavam de ônibus e alguns, os mais devotados à profissão, iam ao encontro de mais conhecimento em cursos de pós-graduação, seminários etc., mesmo sob a certeza de não obtenção de qualquer compensação futura no que diz respeito à questão salarial.
O que o desalentado jovem descobriu era que não detinha o mesmo espírito idealista de seus professores, alguns com dezenas de livros editados, e que os mestres casualmente bem-sucedidos se achavam entronizados em cargos públicos federais e estaduais, sob o lastro de que estavam (ou estão) contribuindo para a defesa do patrimônio histórico brasileiro, quando na verdade a única preservação que garantem é a manutenção do secular culto à burocracia dispendiosa e inócua, uma faceta nunca revelada em longas e sonolentas palestras, às quais a sabedoria popular costuma rotular de história para boi dormir.
Ambiente muito parecido é registrado no meio literário, onde poetas e escritores, além de não contar com leitores em grande número, são empurrados, devido ao baixo investimento editorial, para a produção independente, onde os altos custos de impressão colocam à prova o idealismo: uns nem chegam a editar e outros editam um, dois livros, e logo abandonam a arte da palavra escrita, que sucumbe diante do avanço da preferência pela comercialização do grotesco e da louvação à imagem, como se tivéssemos regressando ao tempo em que nos expressávamos através de desenhos nas cavernas.
Sabedores de que patrocinadores não existem (nem caem do céu) e que veneração pela cultura é mesmo outra história para boi dormir, principalmente no âmbito político, preparamo-nos solitariamente – movidos pelo incontido idealismo que nos levou a tantos livros – para uma segunda edição de “Duducha e o CD de Mortadela” e dois novos títulos: “Poesia de romance e outros versos” (com ilustrações de Amanda Quirino) e “Lelé, a formiga travessa” (ilustrado por Vilma Antônia da Silva). No mais, é como diz verso de música do compositor Martinho da Vila: “E quem quiser ser como eu, vai ter que penar um bom bocado”.
Nasci em 27 de abril de 1952
Construí-me no que veio depois
Inexperiente, fui muitas vezes otário
Hoje, sexagenário, sei que a vida é breve
Mais que nunca procuro o que me serve
Aquilo que verdadeiramente em mim ferve
Sinto-me ainda bastante moço
Quando vejo jovens no fundo do poço
Por degustarem a vida desavisados do caroço!
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