José Hilton Rosa
Belo Horizonte - MG - Brasil
Mundo moderno
Chegou o celular
Coisa tão boa
Contas a pagar
Coroas na província
Tirano sem medo
Tempo passado
Tiro na mente
Tudo perdido
Chorando sem lágrimas
Chovendo, ira no transito
Chão sem planta nenhuma
Choro de um homem
Mesmo pedindo perdão
Mesmo inocente
Mente sã com certeza
Mero arbítrio!
Vida aleijada
Vida pós Pinochet
Vírus de homem
Vivendo em vão
O castigo esperado
O papa não palpita
O homem ainda sonha
O mal está solto
Sonho perdido
Sã é a mente, ainda
Solitário na prisão
Sofrendo sem a culpa
Amigo perdido
Amigo esquecido
Alheio à guarda
Absoluto enfermo forçado
Ameaça do chumbo no couro
Ameba no cérebro de quem atira
Ante-sala do medo
Amnésia da vítima
Vida de inocente
Vendo a vida passar
Vírus de homem na presidência
Virando os olhos de dor
Com os lábios presos
Com a arma cravada
Com os sonhos perdidos
Com raiva e derrota
Vivendo época Pinochet
Vendo flores queimadas
Vendo pessoas presas
Vendo, vendas de almas.
José Hilton Rosa

L. Stella D. C. de Souza e Mello
Ribeirão Preto, SP, Brasil
DIVAGANDO PELA NOITE
Ouço os sons que vem da noite, quando as estrelas, despertas, jogam sua luz sobre o silêncio das casas.
Sinto a vibração da lua, majestosa, reinando no espaço envolto em mistérios, protetora dos insones e dos enamorados.
O mundo gira, seguindo sua rota pela imensidão, dando-nos, com seus limites, as sequentes estações, fazendo florir a primavera, provendo nossos frutos do doce sabor do outono. Também nos leva ao calor da confiança, da aventura, a lançar-nos, arrojados a conquistar os maiores valores... Para, logo depois, ao frio da paciência, do descanso, do equilíbrio, e da esperança...
Há uma música nessa experiência toda, notas soltas que trafegam pelas nossas memórias, pelos nossos anseios, embalando nossos sonhos, aplacando nossas dores, sublimando nossa entrega!...
E o mundo inteiro dorme!
Mas, nossa alma, sedenta de amor, viaja confiante, segura nessa certeza, na compreensão, mesmo que imatura... Há uma confiança no que é divino, no que é real e vive em nosso imaginário: a Eternidade!
Esperança, sopro que nos sustenta, que nos encoraja a seguir, a aceitar sem temer, que o tempo é célere, mas a vida dá tempo, dá espaço, dá fé!
Mergulhe, então, na noite, solte-se no espaço, no seu sono prometedor.
Deixe-se embalar ao som da Natureza, no ritmo profundo, solitário e deslumbrante da noite. Levite, solte o melhor de si, espraie-se espargindo as energias gloriosas que o céu lhe apresenta como coberta! Orvalhe-se nessa aura amorosa da Natureza!
Seja como a água, plácida, sempre indo em frente, sem perguntas, sem queixumes, sem dúvidas, só seguindo...
A Natureza é sábia, você é parte dela, e segue na corrente do amor!
Segue para a grande Luz!
SONHO E POESIA
É madrugada... Ainda estou desperta...
Calou-se o dia, que se fez deserto...
A luz do sol perdeu-se no horizonte
E o luar amigo vem beijar-me a fronte...
Ouço o silêncio do meu pensamento,
Abro os meus sonhos dentro desses versos...
Vejo bailando nesse encantamento
Flores e Sílfides em luzes dispersas!...
Quanta alegria encontro nesse meio...
Nesse delírio chego a levitar...
Quanta loucura nesse devaneio
Fazendo versos a me extasiar!
Viver de sonhos é o melhor de tudo
Se teço as horas nesse meditar...
A noite é minha, meu porto seguro,
Se sou poeta posso delirar!...
L. Stella D. C. de Souza e Mello

Lena Ferreira
Rio de Janeiro
ÀS FLORES
Era preciso agradecer às flores
angelicais, perfumadas e tantas
pelo conforto para as minhas dores;
àquelas que, qualquer alma, ataranta
Era preciso agradecer, e tanto,
por preservarem esse juramento:
o mesmo sol mas com um novo encanto
como um sussurro no meu pensamento
Era preciso, e com muita ternura,
agradecer, agradecer e muito
pela promessa, tão límpida e pura
que, finalmente, cumpriu o seu intuito
Lena Ferreira

Leomária Mendes Sobrinho
Cidade: Salvador
LUA DOS ORIXÁS
LUA MENSAGEIRO DOS ORIXÁS, OXALÁ, OXUM E YEMANJÁ. NESTE ANO QUE VAI DESPONTAR REIS E RAINHAS QUE IRÃO REINAR.
APARECE NO CÉU A ILUMINAR OS RIOS OS LAGOS OS MARES NOSSO MUNDO, A TERRA, OS LARES O PLANETA DE ÁGUAS E FONTES.
TRAZ ALEGRIA, VIDA DE AMOR PARA OS HOMENS PRATICAREM SEM PENSAR EXERÇA FASCÍNIO E BEM-ESTAR E A NATUREZA RESPONDERÁ SEM DISTINÇÃO DE COR.
NOS CAMPOS, JARDINS E FLORESTAS OS COLORIDOS DAS FLORES E OS VERDES TRANSFORMAR-SE-ÃO EM FESTAS NÃO HAVERÁ FOMES OU SEDES.
LUA TRAGA TAMBÉM A ESPERANÇA PARA QUE O MUNDO SE TORNE MELHOR QUE O HOMEM TENHA RESPEITO POR SI MESMO E AOS OUTROS UM BEM MAIOR.
O coração do homem é poésis.
A sua oração é poesia.
O que sente todo dia.
Somente o que lhe faz feliz.
Arranhando a pele de sua jaula
Movimenta sentimentos e emoções.
Liberta-se quando enfim fala
Das saudades, verdades e visões.
Poesia que abraça o infinito.
Que alarga -se nos espaços escondidos,
Conhecimento sem mito.
Expande-se em trocas sem ver caras.
Seres e seres que permutam escritos.
Inspirações de poesias raras.
Leomária Mendes Sobrinho

Lúcio Reis
Cidade: Belém do Pará - Brasil
Retrato 3x4
Como sabemos uma foto tamanho 3x4 é aquela usada em documento pessoal de identificação, principalmente na carteira de identidade do cidadão e, a mesma é empregada, óbvio, em se tratando de pessoa física normalmente em todos os países. Porem, ater-me-ei a uma pessoa com mais de 500 anos e que não é nenhum ente bíblico.
Em sua identidade lançada numa carta, há o registro de nascimento em 22/04/1500 e devemos o feito a uma esquadra capitaneada ou comandada pelo navegador e descobridor português Pedro Alvares Cabral e por tanto, já fica definido e implícito que a figura, o rosto na fotografia é o nosso querido porem, desconsiderado e pisoteado Brasil.
Desconsiderado! Sim! Desconsiderado, vilipendiado, esbulhado e vitima de uma corrupção desenfreada que, tal como uma peste incontrolável avança em praticamente todos os poderes republicanos e em seus órgãos dos mais simples em todos os municípios até aos altos escalões ministeriais sediados em sua Capital Brasília e, tanto isso é uma realidade inarredável, que hoje já nos referimos não simplesmente a Republica Federativa Brasileira mas, Brasil o País da Corrupção, logo passou a ter nome e sobrenome pela institucionalização dos desmandos e da malversação, porém com esse adjetivo dos mais infelizes, indesejados e repudiado por quem não pactua e comunga com a condenável pratica. Lamentavelmente a minoria.
A sociedade do bem e que, graças a Deus, existe entre os 200 milhões de pessoas que hoje dão vida a Nação, abre o verbo, escancara e grita ao mundo seu descontentamento e sua repulsa ante a vergonhosa realidade e conduta de uma minoria encastelada nos poderes. No entanto, tudo é debalde, pois o eco é frágil, tendo em vista que não repercute nos tímpanos da maioria que esta anestesiada pelas bolsas assistenciais (esmolas) com as quais o governo compra a consciência dessa massa e a subjuga a condição de marionetes que lhe dará respaldo e sua manutenção no poder através de um pseudo direito de voto livre e democrático e, ainda incute nessa gente que ascenderam em suas condições sociais, mesmo morando no alagado e tendo como asfalto a lama. Reitero voto livre e democrático! Será isso mesmo o exercício da liberdade de escolha? Sem dúvida, aqui não é! Pois o estado propala que o voto é um direito do cidadão. Mas, se esse mesmo cidadão optar em abrir mão desse direito e não comparecer à urna, será penalizado em realizar alguns procedimentos, como por exemplo, abrir conta corrente bancária, requerer um passaporte e etc.... direito, usa-se ou abdicasse, sem nenhum prejuízo ou penalização!
Iniciam-se e terminam-se os mandatos eletivos, a atuação pífia ou inexistente do representante do povo em termos de atos que visem a promoção do bem social é uma constante em todos – praticamente em todos – os que receberam procuração via urna eleitoral, posto que, invariavelmente disponibilizam seus tempo a se defenderem judicialmente de no mínimo duas ações judiciais em andamentos mas, há alguns, inclusive senadores republicanos que colecionam processos e que, há décadas ocupam espaços nas varas judiciais, pois a lentidão nos julgamentos e as medidas procrastinadoras, em muitos casos, levam tudo a prescrição e assim os ladrões do erário recebem o troféu da impunidade e o certificado de que aqui o crime compensa – e aí entramos todos – e quem sofre as consequências pela ausência do cumprimento das obrigações constitucionais do estado, tais como: segurança, saúde, educação e etc... posto que, além de usarem seu tempo em suas defesas, simultaneamente estão participando de conchavos para mais e mais enfiar a mão no erário.
Há que se fazer referência diferenciada ao item educação, base pela qual o cidadão adquire os meios de ler e interpretar o lido, tendo assim acesso aos veículos de comunicação de um modo geral, mui especialmente hoje, quando a rede mundial de computadores zera as distancias e coloca em tempo real os fatos ocorridos aqui, ali e alhures e assim ter o discernimento e o conhecimento de tudo o que lhe é devido pelo estadão fazer termo comparativo com outros países, por ser uma obrigação dele e um consequente direito seu. Nesse item, o desestimulo, o desrespeito e até mesmo a agressão covarde, se constata aos corpos docentes que pontuam nos estabelecimentos de ensino do País, que é tão brutal que, fazendo uma comparação entre o ganho mensal de um ascensorista , um engraxate e um servente de cafezinho que atuam no Congresso Nacional e que embolsam mensalmente mais de uma dezena de mil reais, e o professor de inicio de vida estudantil e que ministra aulas ao curso primário para ao final do mês ter em mãos o contra cheque com o ganho de menos de hum mil reais, dá bem a nitidez de um retrato 3x4 de quanto o desumano e a desigualdade são um câncer em nosso País. E fatos dessa magnitude com brutal vermelhidão de vergonha, são encarados e visto com naturalidade por quem ocupa posto de mando nos poderes do País.
O que indigna é que, o cidadão faz questão de compor na massa de manobra e logo mais em 2014, quando novamente teremos a oportunidade de iniciar o reescrever um novo futuro e de dizer não e rejeitar os descalabros, democraticamente, não reelegendo gregos e troianos viciados em dinheiro público, assistiremos nos meios de comunicação os mentirosos e enganadores propalando as mesmas sandices, mentiras e o eleitor outra vez aplaudirá e dará seu voto de confiança à aquelas mentiras em reprise e depois verá seu ente querido morrer a porta de um pronto socorro por falta de atendimento, vitima que foi de um bandido assaltante ou de um outro, atrás de um volante de um automóvel dirigido irresponsavelmente e que passou por uma fiscalização e dela saiu a custa de uma propina dada ao agente do Estado.
O que se concluiu, salvo melhor juízo ou diagnóstico, é que o povo brasileiro é tido como esperto e que leva vantagem em tudo mas, isso só serve para uma minoria, pois a maioria sofrem mesmo é de masoquismo e assim, ainda precisaremos de mais um milênio para podermos mostrar ao mundo não um retrato 3x4 em branco e preto mas, um big painel com a fotografia colorida de um povo livre e concretamente feliz.
Lúcio Reis

Madalena Müller
RS-BRASIL
Retrato Fiel
Como um dia dissestes que sua marca iria deixar
para nunca esquecer-lhe neste lugar,
pela passagem em minha vida
e como poderia se eu queria ir junto a sua partida...
... na noite sentia-me junto a sua alma libertada
e meu banho tomava por não ser desleixada,
sentia por todos os poros esplendidamente amada
e reluzia sua presença as ventas na manhã despertada...
... quando calada o seu som teimava por surgir
e as pálpebras fechadas vinhas me pedir,
manhosa já chorava e no mesmo instante ficava sorrindo
por saber que naquele momento estavas surgindo...
... ficava caladinha com meu corpo acelerado
para escutar-lhe e prolongar seu tempo ao meu lado,
meu inteiro seu toque intensamente sentindo
e minha mente zoava anunciando que estavas partindo...
... depois de tanto passado eu permaneço sorridente
ao nosso oásis e frente ao retrato viajo intensamente,
sendo-lhe fiel a cada palavra de seu pensamento
que fez-me, além de minha família, manhosa a cada momento...
... sou seu retrato fiel nas manhas de meu sentimento.
Madalena Müller

Malú Ferreira
Salvador/Bahia/Brasil
ECOS (do livro ECOS CASTROALVINOS)
Olhos alucinados velejam
Direcionados as miragens.
Por entre caminhos selvagens.
Depara-se com labaredas de emoções,
Cativantes fronteiras,
Que retratam.
Um simbolismo ferrenho
Entre o amor e a razão.
“Oh,” Fronteróide!
Atravesso o atlântico
Atravesso o paci... Fico a “PENSAR”
“Fronteróide” domina!
Sigo-te através dos Ecos
“Machadianos, Castroalvinos”
Galaxiando... O espaço sideral
- Glorifico-te,
Bálsamo cicatrizante!
Que amortece dores que afligem os homens
Corações amargurados,
Profanos a realidade
Num mundo tão real.
Oh, ”Fronteróide!”
Pelos ecos das razões suplico,
Em tuas “Espumas flutuantes” mergulhar
Tua essência em mim perpetuar.
Para que meus olhos alucinados prossigam
Galaxiando astros imortais.
Malú Ferreira

Margleice Pimenta
Iracema - Ceará (CE)/Brasil)
Sentimentalidade
Algo batia forte dentro do peito, não sei explicar ao certo aquela sentimentalidade brusca que me invadia, estava à deriva em frente ao mar, sob um forte calor, numa tarde de verão. Aquelas embarcações fazia-me sentir em alto-mar, mas de repente fui arrebatada a tomar novos rumos...Deixar para trás, tudo aquilo que me tornava "presa", e desgarrar sem remorsos. Novas vivacidades vêm para expressar as atitudes de poetizar palavras que deixam o coração mais leve, e se revestir de uma nova plumagem. Enfrentar novos desafios, mesmo aqueles que ficaram ‘’adormecidos’’ por algum motivo. Agora, vou ouvir uma canção, e sentir n’alma a leveza do corpo e da mente.
Semblante
Em seus braços quero sentir a magia do amor,
Sentir o seu beijo ardente, e viver esse sonho.
Com o seu olhar penetrante à minha frente
que me faz delirar nesse sabor da paixão.
Sinto-me nas nuvens. Na relva, sob as gotas de orvalho
que caem no jardim. As borboletas sobrevoam sob
as rosas que exalam o seu perfume ao nosso olfato...
Ao nosso redor, veredas a nossa frente;
um longo caminho a percorrer até chegar
à margem do rio que corta a cidade.
De repente, gotas fortes de chuva começam
a bater em nossos corpos,
e os nossos olhares se entrelaçam
com mais veracidade naquele instante...
O que nos resta, é ouvir somente o barulho da chuva
a cair lá fora, longe do barulho urbano.
Por alguns instantes, o silêncio entre nós nos afaga...
Portanto, nesse momento o coração bate
mais acelerado nesse redemoinho de olhares.
Faz tremer mais fortes os nossos corpos.
Entre o desejo e a paixão dos sentimentos visíveis
no semblante de nossas vidas.
Margleice Pimenta

Marilene Oliveira de Andrade
Varzedo/BA Brasil
ENQUANTO UNS CHORAVAM, OUTROS SORRIAM
Em uma cidadezinha do Recôncavo Baiano havia apenas uma funerária para atender a demanda dos defuntos. Houve um período em que muita gente estava morrendo. Que horror! Quase toda semana morria pelo menos uma pessoa. Já acontecerem até três sepultamentos em um único dia. Para uma pequena cidade era um número estarrecedor.
Coitado do coveiro! Não tinha mais sossego. Se ausentar da cidade, só se fosse em pensamento! O seu trabalho tinha aumentado e muito. Era um subir e descer a ladeira de acesso ao cemitério. Pensou até em construir uma casinha ali mesmo, ao lado da mansão de todos nós. Às vezes, mal chegava em casa, alguém batia na sua porta, pedindo-lhe para ir cavar outra cova. Quando o solo estava úmido, ótimo para executar o serviço, mas quando demorava para chover, era um sufoco. E, assim, foi a sua rotina por muito tempo.
Como a lei da procura era superior à lei da oferta, nas suas poucas horas vagas, o coveiro já ia adiantando o serviço, cavando novas covas. As pessoas supersticiosas não estavam gostando nada disso, começaram a atribuir a razão de tantas mortes ao “agouro” do coveiro.
Se não bastasse, uma das paredes laterais do cemitério desmoronou e o local ficou aberto por um bom tempo. Muitos diziam que a porta estava aberta, chamando as pessoas. Esses fatos renderam muita conversa na pacata cidade.
As pessoas que participavam de todos os velórios, até mais gordas já estavam ficando, uma vez que os familiares enlutados serviam bolacha “poca zói”, pão, café e nem mesmo a “pinga” ficava fora desse cardápio. O que deveria ser luto, tristeza, sentimentos fúnebres, tornava-se em uma noite de lazer, bate papo e reencontro de velhos amigos. Os donos dos botequins estavam desesperados, pois não contavam mais com os seus fieis clientes.
Era quase impossível encontrar uma flor na cidade. Os jardins não prosperavam mais. Só se viam as mulheres à procura de flores na vizinhança. Eram flores de todas as espécies: dálias, cravo de defunto, rosas vermelhas, rosas brancas e tudo que se assemelhasse com flores.
Bom para os donos de mercearias e mercadinhos, pois no dia de finados vendiam uma quantidade exorbitante de velas, dos mais variados tamanhos e marcas, nem mesmo as velas coloridas eram recusadas.
O prefeito municipal teve que dobrar o tamanho do cemitério. O pior, não demorou muito e quase todo o terreno já estava loteado e edificadas muitas casas eternas.
Vendo que o negócio era lucrativo, um morador dessa cidade, também resolveu apostar no seu sucesso empresarial. Tratou logo de abrir uma funerária. Lucro certo, movimento garantido. Tudo estava conspirando ao seu favor. Se tratando de funerária, sabe-se que não é um tipo de casa comercial aprazível. Ninguém gosta de frequenta-la. Dessa forma, o senhor X, procurou ser criativo na decoração da loja, adquiriu os mais variados modelos de caixões, para todos os gostos. Digo, gosto dos vivos! Eu pude conferir de perto. Nunca tinha ido a uma funerária, mas quando um primo meu faleceu, fui até lá escolher um “envelope” para ele. Passei um bom tempo examinando os modelos, os detalhes e, por fim, escolhi um, por sinal, muito bonito, todo em madeira talhada. Acho que, se o meu primo tivesse vivo, iria amá-lo. Ah! Já ia esquecendo de um detalhe importante, nem foi muito caro. Era preciso economizar o “dindim” do finado, porquanto, tinha outras dívidas a serem pagas.
Uma pessoa da minha família, comerciante, moradora da cidadezinha e também prima do falecido foi até a funerária efetuar o pagamento do tal “envelope”. O empresário, contente com a “grana” que acabou de receber, disse:
- Qualquer coisa que a senhora precisar, é só mandar alguém vir aqui. Estamos às suas ordens.
- Deus é mais! Quero distância desse lugar!
No meio desse caloroso diálogo, já na saída do estabelecimento comercial, ela “deu de cara” com o filho do dono da funerária e procurou saber como estava o movimento. Ele, como sempre, muito feliz, inconscientemente respondeu:
- Você nem imagina. Está um excelente movimento. Graças a Deus a gente tem vendido muitos caixões.
A minha parenta fez uma cara de espanto ao ouvir o que o jovem falou. Ele, meio desapontado com a barbaridade que disse, tentou amenizar a situação.
- Desculpa, amiga, foi mal.
O filho da minha parenta arregalou os olhos e disse:
- Ah! Fio de uma mãe, tu parece que é doido!
Todos riram da conversa nada engraçada.
POETA DO LIXO
Minhas rimas são pobres,
meus versos exalam cheiro de repulsa
minhas estrofes são um amontoado de revoltas.
Reviro cada partícula, escavo cada centímetro
procuro uma gota de simetria.
Palmilho no caminho da incerteza,
busco sobrevivência ao acaso
meu grito ecoou, minhas mãos fragilizaram-se
pareço estar abaixo do limbo,
vermes espertos querem engolir-me.
Meu céu está nebuloso, tosco, sem estrutura
agarro-me ao invisível, falo o indizível.
Sou poeta do silêncio!
Ninguém me vê, ninguém me ouve!
Como escreveu Clarice Lispector:
“Um feto jogado na lata do lixo embrulhado em um jornal”.
Sinto-me reciclável a cada quatro anos
recebo até um abraço fingido,
minhas lágrimas trazem ao palato
o sabor insulso dessa partícula atômica indissolúvel.
Ah! Sociedade artificial!
Experimento o mimetismo,
minha razão recusa essa covardia.
Meus sonhos parecem estar afunilando
vejo armas perversas e egoístas
sendo apontadas em direção a minha cabeça
Atiro - me de joelhos, peço perdão pela minha franqueza
desejo saltar com os olhos vedados na imensidão
modo suicida de não enfrentar o amanhã,
não sei que futuro me espera.
Talvez a minha atitude pareça covarde
medo me domina, castra os meus ideais,
deixa-me completamente inerte
muitos querem me ver assim... desejo da nata...
meus versos protestam, dizem NÃO!
Marilene Oliveira de Andrade

Maria Aparecida Felicori {Vó Fia}
Nepomuceno - Minas Gerais - Brasil
NO TEMPO DO PORTA-SEIOS
Lá no passado, a indústria brasileira quase não existia, era uma pequena fabrica aqui outra ali, mas sempre de coisas consideradas úteis, mas ninguém pensava em fabricar roupas, principalmente roupas intimas; esse era um assunto sussurrado pelas senhoras, pois não era elegante falar sobre calçolas ou porta-seios, os nomes das peças eram esses.
Com a falta de fabricas de roupas, as senhoras fabricavam suas roupas e as mais prendadas até as roupas de seus maridos, e ninguém reclamava, porque a situação era aquela e o jeito era se adaptar e ficarem espertas; as mães de família treinavam suas filhas nas tais prendas domesticas, com a finalidade de arranjarem maridos, porque todas queriam casar.
Se as moças sabiam cozinhar, lavar, passar roupas, costurar e bordar, as suas habilidades eram quase uma garantia de casamento e por isso precisavam se esforçar para aprender todas essas coisas, ou ficariam solteironas e isso era considerado uma desgraça e uma vergonha para a mãe, que não soube ensinar a filha as artes de agradar o possível marido.
Ritania se esforçava para aproveitar as aulas de artes domesticas que sua mãe lhe dava, mas era totalmente sem jeito para essas coisas, porque ela gostava mesmo era de jogar bola e caçar passarinhos como se fosse um menino; Laurinda a mãe de Ritania, não conseguia entender os modos estranhos da filha, rezava e pedia a ajuda de Deus, mas nada mudava.
Laurinda não sabia mais o que fazer e esse problema continuou até Ritania chegar a puberdade; quando os seios da menina despontaram, Laurinda costurou uma calçola e um porta seios cor de rosa, enfeitado com rendinhas e fitas e deu de presente para Ritania no dia de seu aniversário e a atrapalhada mocinha se encantou com as lindas peças.
Aquelas peças intimas convenceram Ritania de que ela pertencia ao sexo feminino e não devia se comportar como um menino; desse dia em diante ela parou de jogar bola e de caçar passarinhos com os moleques e se dedicou ao aprendizado das prendas domesticas, aprendeu tudo direitinho e a recompensa foi um festivo casamento com um rico fazendeiro.
No momento presente as mudanças foram radicais, calçola se tornou calcinha e porta seios agora é soutien e falar sobre as peças não é mais assunto proibido, porque no momento é proibido proibir seja lá o que for, são novos tempos e novos costumes e casamento deixou de ser prioridade, as moças estudam e trabalham fora de casa ganhando seu dinheiro.
Isso é bom e ninguém precisa saber prendas domesticas, porque se encontra tudo pronto nos super mercados e nas lojas, desde a comida até as roupas masculinas e femininas, mas com todas essas facilidades, tem um item que precisa ser ensinada a essa geração e é a educação de suas crianças, porque quem recebe uma boa educação em casa, não precisa ser domesticado nas cadeias.
MUSICA DIVINA MUSICA!!!
A primeira música que se ouviu
Veio do céu e era som de harpa
Baixou a terra e novamente subiu
Anjos ponteavam outros cantavam.
O mundo era novo e o som enfeitava
Vida não existia, mas a música sim
Estava no ar que ninguém respirava
Veio Adão e Eva e a vida chegou enfim.
Os dois ficaram juntos no paraíso
O mar rolando e com fontes de água pura
Chegaram os animais, as aves e os peixes
Frutos variados flores lindas e ternura.
Naquele jardim do éden nada faltava
Inocentes Adão e Eva ouviam a música
Que do céu suavemente cascateava
Tudo era paz e felicidade lúdica.
Era bom demais para ser verdade
Mas veio a serpente traiçoeira
Contaminando tudo com sua maldade
Adão e Eva pecaram e caíram na poeira.
O Senhor todo poderoso mandou
Adão trabalhar pelo seu sustento
Eva para procriar sofreu e suou
Deus só deixou a música para seu alento.
De lá para cá gênios da música Deus enviou
Mozart Vivaldi Carlos Gomes Verdi Strauss
E muitos mais e a música nos consolou
Pelo paraíso que perdemos e a vida continuou.
Maria Aparecida Felicori {Vó Fia}