São só despojos de saudade
os que aqui trago!
- De saudade dos beijos que foram e vieram
sem humidades doces de resposta...
- De saudade dos lábios
que nunca afirmaram promessas
e que, agora, nem sequer balbuciam... desculpas,
porque se calaram em silêncios negligentes.
De que me serve beijar-te ainda as mãos, o colo,
até os pés,
imaginariamente...
sem me importar que sejas como és;
assim, ausente?
- Hoje invoco a tristeza,
em sufrágio do amor... inexistente!
Dorme em paz coração,
assim... dormente!

Recolhe o teu gesto à flor do pinho
fecha  o calor dentro do peito
que as mãos do adorno seguram indo
pelo perfeito caminho  do  desejo
emenda os teus passos quando fores
emoldurar os sentidos e os pesares
 
é sempre feito de três cores o voltar
amarelo, azul e o branco dos olhares
sinuosas são as nuvens na viagem
poderosas são as nuvens no Inverno
à imagem do que vemos e sentimos
fecha-se o ciclo no circuito interno.

Flor de Esperança (Maria Beatriz Silva)

MULHER,

 Que é cobrada pelo homem,
 Por várias falhas do lar
Quando ele se esquece,
Que um relacionamento é a dois
E se houve falha, é porque faltou diálogo,
Faltou compartilhar.

Mulher,
Que passa noites em claro,
Para seu filho ninar
Ou por vezes sua dor aliviar
E no dia seguinte está pronta
Para o trabalho enfrentar.

Mulher,
Ama com o coração
Ao seu amado tem eterna dedicação
E quando por ele é enganada, traída
Sofrendo a dor da decepção
Com força e coragem,
Segue em frente com determinação.

Mulher,
Supera obstáculos vence barreiras
É a rainha do lar
Tem sempre muito amor para dar.

Mulher,
Frágil, sensível, forte guerreira
Luta para um mundo mais justo
A humanidade em ti tem confiança
No seu coração nascem sendas de esperança.

Mulher,
Não espere que o homem te valorize
Seja autêntica, determinada...
Busque seu próprio valor
E por todos seja respeitada.

Mulher,
Luz da vida, eterna alegria
Magia e poesia,
Sinônimo do amor
Heroína diante a dor.

Haja o que houver
Será sempre essência única
Da "flor mulher!"

Laje do Muriaé - RJ

Vou fazer um testamento,
doar com desprendimento,
os bens que a vida me deu...
pode parecer loucura,
para alguns até bravura,
desfazer-me do que é meu.
 
O meu céu de luz e sol,
e as cores do arrebol,
vou deixar aos passarinhos...
dôo os campos e os morros,
e o meu respeito aos cachorros,
que são os meus irmãozinhos.
 
Com os peixes ficam as águas,
para humanidade, as mágoas,
pro céu vai  a eternidade...
o vento leva-me os sonhos,
carrega os dias risonhos,
e guarda a minha verdade.
 
A minha saudade enfim,
que sempre zombou de mim,
vou deixá-la pras estrelas...
durante uma noite clara,
vão brilhar com uma luz rara,
então poderei revê-las.
 
Vou transferir a poesia
às brancas nuvens do dia,
ao límpido  céu de abril...
do mar, vou doar as ondas,
também as praias redondas,
tantas e iguais, ninguém viu.
 
Do jardim concedo as flores,
e os pássaros cantores,
às mãos da mãe natureza...
as manhãs ensolaradas,
o entardecer, madrugadas,
não vou doar... com certeza.
 
Ao mundo fica minha sombra,
que o sol desenhou na alfombra,
num passo de pouca luz...
Fiz tantas coisas miúdas,
que me esqueci das graúdas,
que aos grandes feitos conduz.
 
Deixo o meu abacateiro,
ao sabiá seresteiro,
que me alegra o quintal...
o seu cantar mavioso,
de menestrel talentoso,
vou levar no meu bornal.
 
O meu canteiro de flores,
os pés de rosas, os odores,
vou deixar a céu aberto...
que fiquem ao sabor do vento,
tomando sol ao relento,
com os passarinhos por perto.
 
Deixarei as alegrias,
das manhãs ternas e frias,
com a luz do sol pra enfeitá-las...
as noites enluaradas,
o silêncio, as madrugadas,
oh, que vontade levá-las!
 
Deixo a amizade invulgar,
que é rara de se encontrar,
aos meus amigos diletos...
são tantos e tão gentis,
que vou chamar os colibris,
pra me ajudar no projeto.
 
A minha fase de outono,
essa vai ficar sem dono,
pra ninguém se entristecer...
são dias sós, de saudades,
contestações e verdades,
não vale a pena sofrer...
 
E quando chegar a hora,
vou partir levando embora,
mais coisas junto comigo:
lembranças da minha amada,
e as brincadeiras levadas,
dos meus pequenos amigos.

Portas, janelas trancadas.
Frio cortante. Arrepia. Perpassa o agasalho.
Silêncio real por todo o ambiente. Toma conta. Instala-se vencedor
(...não há quem ou o que se lhe faça oposição...)

A última lâmpada é apagada.
O diálogo se estabelece... a rotina da noite.
O mesmo diálogo, a mesma rotina.
Deitar e... esperar
(...perco-me entre os sonhos sonhados...
desejos insistindo por proclamados beijos...)
Que rumo terão esses sonhos?
(...sonhos solitários, sem sorte...
- sabe-se lá... quem sabe a morte?...)
Brinco seriamente com a verdade.
Banalidades, talvez... simples exercício de liberdade.

A decepção sufoca, o ar é pouco.

Para consolo de mim mesma dou à ilusão ares de realidade
(...há sempre um desejo concretizado na ilusão que persiste...)

Silêncio. Escuridão. A noite aumenta.
...chegará um novo dia?  ...e a felicidade?...
Enquanto a espero, faço de conta que sou feliz.

Pelotas, RS, BR

Apesar dos avanços
da medicina,
muitos médicos
e pacientes
passaram a adotar
uma técnica milenar chinesa
por ser muito eficiente
em seus tratamentos
e por ser uma técnica
mais natural,
sem ser necessário
o uso de remédios.

Acordei-me assustada.
O despertador estava tocando.
Coloquei um vestido engraçado
e, na rua, percebi
que todos riam de mim;
eu parecia um canteiro florido.
Parei, olhei para os lados,
e vi cenas que me fizeram rir.
Primeira, uma senhora toda chique
dentro de um bueiro; segundo,
um senhor de terno e gravata,
sentado num banco recém pintado;
ambos de nariz empinado.
Dei uma volta na quadra e retornei
para casa dando gostosa risadas.

Desde que cheguei ao mundo,
vivo apenas para o sofrer e a dor;
quero que isso mude em pouco tempo,
por isso faço preces à Nossa Senhora.
Não quero ter uma vida celibatária;
contudo, quando todos precisam de ajuda,
vão à minha pobre casa
e me pedem socorro para a salvação.
Tenho uma linda imagem de Nossa Senhora,
que, em um ano, realizou
dez mil milagres em minha pequena cidade.
Quando ela realiza os milagres, fico
muito feliz; logo, quando precisar de ajuda,
faça preces à Nossa Senhora.

Não sei a cor de seus olhos
Mas eles me inspiram demais
Não sei como são estes olhos
Que são razões de meus ais...

Que cor terão estes dois focos
Cristais que pressinto brilhar
Já que vê-los eu não posso
Contento-me em imaginar

Que mensagens eles transmitem?
Não consigo nem pensar
Se falam a verdade ou mentem
Não tenho como afirmar

Se ternos, apaixonados
Se austeros ou se duros
É um mistério velado
Que se encontra bem seguro

Mas mesmo sem nada saber
Sem os poder contemplar
Algo me leva a querer
Um dia, seu olho, olhar

Que cor terá este olhar
Que me encanta e fascina
Me pego a idealizar
Como quando era menina

Não sei a cor de seu olhar
Nem sei como seus olhos são
Sei que me fazem sonhar
E me aquecem o coração

O pôr do sol é a mais linda hora do dia.
O sol está se pondo
às margens do Guaíba.
Um lindo reflexo colorido no rio
lindas cores tomam conta do céu:
amarelo e laranja misturadas.
Em uma determinada hora,
o céu fica avermelhado;
para logo, ficar todo alaranjado.
Logo depois, um tom amarelado
e, por último, o céu todo acinzentado.
O mais encantador é o reflexo nas águas.
O Guaíba fica todo colorido e brilha
como um imenso lençol de diamantes.
Como é refrescante e agradável
à alma e ao corpo assistir o pôr do sol!