Nome;
Profissão: Benedita Azevedo - Benedita Silva de
Azevedo - Formada em Letras, especialista em
Educação e pós-graduada em Lingüística. Lecionei
de 1972 a 2005, no Ensino Fundamental, Médio e
Superior, em instituições públicas e
particulares, nos Estados de Santa Catarina,
Maranhão e Rio de Janeiro. Hoje, apenas escrevo
e cuido da família.
Quer falar um pouco da terra onde mora?
Magé – RJ:
O atual município tem origem no povoado de
Magepe-Mirim, fundado em 1566 pelos colonos
portugueses. Possuía um dos principais portos da
região onde muitos navios negreiros
descarregavam os escravos. Em 1696 foi criada a
freguesiae em 1789 o Conselho, com a designação
atual. A vila foi elevada a cidade em 1857.
Durante a monarquia foi criado o baronato de
Magé em 1810. Este foi elevado a viscondado em
1811. Seus atrativos naturais como reserva de
Mata Atlântica, cachoeiras, montanhas, vales,
rios, manguezais e extensa área verde, que
emolduram uma paisagem exuberante para onde quer
que se olhe. O patrimônio histórico do município
de Magé é compreendido por diversos pontos
turísticos e históricos, com destaque para
igrejas seculares e monumentos religiosos. A
sede da Prefeitura de Magé funciona no Palácio
Anchieta localizado à Praça Dr. Nilo Peçanha,
s/n, Centro - Magé – RJ. Em frente ao palácio
há uma estátua do Jesuíta.
Turismo: Dentre os seus pontos turísticos,
podemos citar o Poço Bento, com água benta pelo
Jesuíta José de Anchieta Outro atrativo é a
primeira Estrada de Ferro do Brasil em Guia de
Pacobaíba, hoje desativada, mas que outrora
fazia a ligação com a cidade de Petrópolis. A
família imperial tomava uma barca no Rio de
Janeiro em direção à Guia de Pacobaíba e de lá
tomava o trem para a cidade imperial. Tal
ferrovia é por exemplo citada por Machado de
Assis em seu livro Memorial de Aries, exemplar
do Realismo.
Quando começou a escrever? Depois de ser
alfabetizada aos dez anos lia tudo que me
chegava às mãos. Aos 16 anos ganhei um concurso
de redações no colégio e aos 20 escrevi meu
primeiro poema.
Teve a influência de alguém para começar a
escrever?
Dona
Francisca, minha professora no terceiro ano
primário e no quinto. Procurava além de nos
ensinar as matérias curriculares, tinha a
preocupação de nos passar os aspectos culturais,
morais e religiosos. Um dia numa aula de leitura
falou das dificuldades pelas quais passaram
alguns de nossos escritores: Humberto de Campos,
Machado de Assis e outros. Contava-nos também
as suas dificuldades pessoais. Como ter de
atravessar o Rio Parnaíba de canoa para copiar
os pontos de suas aulas do curso normal, por não
ter dinheiro para comprar os livros. Aquelas
colocações caíam direto em meu cérebro, como se
estivessem sendo ditadas para mim. Se os
escritores e ela tinham sido capazes de superar
todas aquelas dificuldades, eu também tinha
condições de conseguir ser aquilo que eu
quisesse, inclusive de escrever.
Lembra-se do seu 1º trabalho literário?
“Carta a
minha mãe”, aos 16 anos, foi classificada em
segundo lugar no concurso da escola. “Um dia
Triste” meu primeiro poema, aos 20 anos.
Foi divulgado (como)?
A carta foi
lida no auditório do colégio, na festa do Dia
das Mães, em 1960. O poema escrito em
14/05/1964, só foi publicado na III Antologia da
Academia Mageense de Letras, em 2005.
Tem livro (s) impresso (s) (editora e ano)?
1. Marista,
60 anos a serviço da comunidade maranhense /
Editado pelo Colégio Marista do Maranhão (1985);
2. Voltando a viver / Editora Ágora da Ilha – RJ
- Brasil (2000;
3. Trajetória / Editora Ágora da Ilha – RJ -
Brasil (2001);
4. Shena e Hércules. (infantil – 2002);
5. O dia-a-dia de uma professora / H.P.
Comunicações Editora (2004);
6. Nas Trilhas do Haicai – poesia. H.P.
Comunicações Editora (2004);
7. Fatalidades da Vida / H.P. Comunicações
Editora (2006);
8. Canto de Sabiá – Haikai /Araucária Cultural,
Curitiba (2006;
9. Praia do Anil – Haikai / Araucária Cultural,
Curitiba (2006);
10. Gotas de Orvalho – Haikais / Araucária
Cultural, Curitiba (2007);
Tem livro(s) electrónico(s) (e-books), editora e
ano?
E-books: Portal CEN
*Fatalidades da Vida / E-books: Portal CEN -
2006
*O dia-a-dia de uma professora I-II-III-IV /
E-books: Portal CEN - 2006
*Novo Desafio / E-books: Portal CEN - 2006
*Antologia Virtual da Academia Mageense de
Letras / Portal CEN (2006)
Projectos literários para este ano de 2008/09 ?
11. Crescimento Pessoal (contos)
12. Novo Desafio (conto)
13. Antologia do Grêmio Haicai Sabiá – Em
organização
14. Areias Douradas – Haikais - Em organização
15 – Antologia do Grêmio Haicai “Águas de Março”
– Em organização
Como vão ser editados ?:
Os dois de conto pela Satélite Edições (no
prelo) - 2008
A duas antologias de Haikais pela Araucária
Cultural – Curitiba – 2008 / 2009
Areias Douradas – Haikais – Araucária Cultural –
Curitiba - 2008
Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana?
Nasci em
Mata, Itapecuru-Mirim, a 10 de maio de 1944. Meu
pai, Euzébio Alberto da Silva, era dono de um
pequeno engenho movimentado a bois, onde
fabricava cachaça, mel, rapadura e açúcar
mascavo. Minha mãe, mulher forte e corajosa,
chamava-se Rosenda Matos da Silva, mas todos a
conheciam como Rosinha. Os dois casaram-se em
1934 e tiveram onze filhos. Eu sou a sexta na
ordem cronológica. Morreram três filhos, duas
menores, antes de completarem dois anos e um
adulto. O casal criou os nove filhos legítimos e
mais dois perfilhados, somando ao todo treze
filhos.
O sonho de meu pai era me ver advogada. Aos dez
anos, comecei o curso primário, no Grupo Escolar
“Gomes de Sousa” e o concluí em 1959. No ano
seguinte, fui para São Luís fazer o exame de
admissão ao ginásio, onde fiz a 1ª e 2ª série no
Colégio São Luís.
Em 1961, comecei a trabalhar e estudar à noite.
Assim desobrigaria meu pai de me pagar os
estudos. Em agosto de 1962, casei-me com o
patrão, o comerciante português, Deolindo
Amílcar Nunes de Azevedo e parei de estudar,
para desespero de meu pai, que via seu sonho de
me ver advogada evaporar-se.
Em 1967, em decorrência de doença renal de meu
marido, mudamos para São Paulo onde residiam
quatro irmãos seus. Não nos adaptamos à grande
cidade e mudamos para Blumenau-SC, onde morava
outro seu irmão, e de lá para Itajaí, aonde nos
estabelecemos, mais uma vez, com uma loja de
confecções e armarinhos.
Em 1971, com a loja ainda dando os primeiros
passos, Amílcar teve um derrame. Perdemos tudo.
Percebi que estava só numa cidade estranha, com
dois filhos pequenos, o menino com sete anos e a
menina com seis e o marido inválido.
Não querendo voltar para o comércio, como
simples balconista, depois de ser uma
comerciante próspera, resolvi voltar a estudar.
Conclui o ginásio no Colégio “Pedro II” em
Blumenau-SC, e o Clássico, no Conjunto
Educacional “Governador Celso Ramos”, em
Joinville -SC.
Em 1973, fiz o vestibular para Letras e em
segunda opção para Direito. Fui classificada
para os dois. Cursei Letras pela necessidade
urgente que tinha de trabalhar, para criar os
filhos e cuidar do marido doente. Embora
pretendesse fazer Direito, para agradar a meu
pai e também porque gostava.
Em 1976 conclui o Curso de Letras na então
FEPEVI (Fundação de Ensino do Pólo
Geo-Educacional do Vale do Itajaí) hoje,
Universidade do Vale do Itajaí.
Durante o tempo em que morei em Itajaí,
publiquei poemas nos jornais “O Povo” e “O Sol”.
Lecionei em várias escolas públicas e
particulares como substituta e fiz concurso para
o magistério público municipal. Fazia todos os
cursos de extensão promovidos pela faculdade.
Numa ânsia enorme de aprender e recuperar o
tempo perdido.
Em 1977 sendo inteiramente responsável pela
minha família voltei para São Luís a pedido do
Amílcar, meu primeiro marido. Chegando lá fiz
concurso para o magistério público Estadual e
comecei a lecionar no Centro de Ensino de 2o
Grau “Gonçalves Dias”, no período noturno; no
Colégio Maranhense “Maristas do Maranhão”, no
Instituto Tecnológico de Aprendizagem de T.F.
Rego LTDA e na Escola Ronald da Silva Carvalho.
Em julho de 1977, o Marista requisitou-me em
tempo integral, (44 h/aulas semanais. Consegui
reconstruir o nível de vida perdido com a doença
do marido, trabalhando em média dezoito horas
por dia, (incluindo a preparação e correção de
provas e exercícios, bem como, a avaliação das
redações em casa).
Em maio de 1980, após quase dez anos de muito
sofrimento, Amílcar faleceu. Fiquei com os
filhos, então, com 16 e 17 anos.
Em 1981, fiz especialização em Educação, 180
horas, na PUC - RGS (Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul). Patrocinado pelo
Colégio Maranhense (Marista do Maranhão).
Em 1983 fiz pós-graduação “Latu-Sensu” com
especialização em Lingüística, em Vassouras –
Rio de Janeiro. O Marista patrocinou 50% do
valor do curso, feito em dois módulos nos meses
de férias. 30 dias em julho e 30 dias em
dezembro, com 08 horas/aula por dia. O horário
da noite era reservado para os trabalhos de
equipe, apresentados no dia seguinte.
Em 1986, depois que os filhos se casaram o rapaz
em janeiro e a menina em dezembro, resolvi morar
no Rio de Janeiro. Não consegui, de imediato,
trabalhar em minha profissão. Para sobreviver e
não voltar derrotada para minha terra trabalhei
como monitora na Tapperware, e mais tarde como
modelista industrial, da “Chocolate Indústria de
Roupas LTDA” , depois de fazer vários cursos no
SENAI.
Em 1989, após dois anos de conhecimento,
reconstruí a minha vida afetiva indo morar na
Praia do Anil, Guia de Pacobaíba - Magé – RJ.
De 1990 a 1996 lecionei na Faculdade Renato
Cozzolino, Colégio Nossa Senhora da Guia e
Escola Turma da Mônica, em Magé – RJ. Em 1997
fiz concurso para o magistério público Estadual
e passei a lecionar no Ensino Médio até 2005,
quando me aposentei.
Do meu primeiro casamento nasceram meus filhos
Rogério Silva de Azevedo, hoje, administrador de
empresas, casado com a Professora Elaine Augusto
de Azevedo e pai de Stella nascida em 1988,
universitária, cursando duas faculdades e Luísa
Maria nascida em 1993, cursando o Ensino Médio;
e Jane Silva de Azevedo, hoje dentista, mãe de
Caroline nascida em 1998, preparando-se para o
vestibular, Caio César nascido em 1992, cursando
o Ensino Médio e Carla nascida em 1995 cursando
a sétima série do Ensino Fundamental. Hoje estou
aposentada e dedico-me às atividades literárias.
Como Escritor (a)? Sou membro efetivo da
Academia Mageense de Letras, da Academia
Pan-Americana de Letras e Artes, do Instituto
Brasileiro de Culturas Internacionais, da União
Brasileira de Trovadores - RJ, da Academia
Virtual de Letras Luso-Brasileira, do Grêmio
Haicai Ipê-SP e da ABRALI. Delegada do Portal
CEN, da Associação de Poetas do Rio de Janeiro e
do Clube de Escritores de Piracicaba.
Coordenadora do Grêmio Haicai Sabiá e do Grêmio
Haicai “Águas de Março”. Patronesse da Academia
Virtual Sala de Poetas e Escritores. Pertenço ao
movimento Poetas Del Mundo – Cônsul de Magé.
Publiquei 11 livros individuais, possuo
trabalhos publicados em antologias, jornais e
sites. Organizei 07 antologias com a
participação de vários poetas e escritores e
tenho participação em antologias, revistas,
jornais e sites.
Para se inspirar literariamente, precisa de
algum ambiente especial?
Não, a inspiração surge nos lugares mais
inusitados. Tenho sempre uma caderneta e caneta
na bolsa. Anoto alguma referência e concluo ao
chegar a casa.
Tem prémios literários?:
Sou haicaísta premiada em vários concursos
nacionais, incluindo o 1º lugar no 17º Encontro
Brasileiro de Haicai – SP - 2005
Tem Home Page própria (não são consideradas
outras que simplesmente tenham trabalhos seus)?
Conhece as vantagens que os Autores do CEN têm
em ter sua Home Page ou (e) Livro (s)
electrónicos, nos nossos sites? Sim
Que conselho daria a uma pessoa que começasse
agora a escrever ?
Que leia, escreva e reescreva sempre, mesmo
que ainda não tenha perspectivas de publicação.
Para terminar este trabalho, queira fazer o
favor de digitar (ou colar) um pequeno (e
original) trabalho seu, em prosa ou em verso.
Fernando Pessoa
Benedita Azevedo
Conseguiste ó Fernando Pessoa!
Ser grande como planejaste.
Dizias que viver não era necessário,
necessário era criar.
Não querias gozar a vida
só querias torná-la grande.
Ainda que para isso,
o teu corpo e a tua alma
fossem a lenha desse fogo.
Querias que a tua vida
fosse da humanidade.
Mesmo que para isso
a perdesse como tua.
Conseguiste teu propósito impessoal
de engrandecer tua pátria com a tua obra.
Duzentos anos depois estamos aqui
a comentar os teus feitos.
És orgulho e misticismo do teu povo,
da nossa Língua Portuguesa.
No desdobramento da tua genialidade,
com múltiplos nomes, biografias e obras,
tens arte diferente e apaixonante.
Teu orgulho e agonia
no exílio que foi a tua vontade,
faz a diferença na determinação de ser poeta,
mesmo em uma vida secreta e sem importância.
Ao cruzar as pernas sobre a mesa
e por o rosto na mão
em contemplação e alheamento,
o teu lento sorriso silencioso
ou a gargalhada nervosa,
dava-te a exata percepção do que querias.
És autor e obra por deliberação própria
e única. Em tua vida repeles
qualquer outra intenção
e sacrificas qualquer outro destino.
Baseado em sua biografia
por Maria Aliete Galhoz