O meu
primeiro trabalho premiado, em 1996:
MINHA RAIZ
Árvore de que descendo, donde provém tua
raiz?
De que chão, de que raça, de que
distante país?
Eu te interrogo... porque nesta vida
só reconheço nos teus verdes braços
meus pais, meus avós e seus cansaços…
Nas tuas folhas, como herança recebida
reconheço os rebentos meus irmãos
flores abertas fecundadas entre abraços
dando frutos espalhados pelo espaços
E em tua copa frondosa vejo o coração
duma família enlaçada dando as mãos
aos seus rebentos... que outros rebentos
darão
Mas... teus ramos velhos (a gema, a
criação)
donde vieram, quem foram, onde estão?
Quem te plantou pela vez primeira?
Sábio ou mendigo? Rei ou peregrino?
E quem adubou tua madre feiticeira?
Diz-me quem foi e a cor do seu destino!
Se eu, de ti, árvore, só conheço a rama
deixa-me cavar fundo em tua cama
descortinar o berço de teus ocultos
ancestrais
suas eras, seus credos, seus destinos
fatais!
Árvore de que descendo, donde provém tua
raiz?
De que chão, de que raça, de que
distante país?...
Carmo Vasconcelos |
(1º. Prémio
de Poesia Livre – Jogos Florais da Ordem
Rosacruz-AMORC Ano Rosacruz 3349 – Lisboa-Portugal
1996) (In "Geometrias Intemporais", publicado
em Maio/2000)

MUSA
AMADA
Por que me tentas ora que
estou cheia
do verde dia que a minha
mente enrama
– tecedura da vida que me
chama
aos elos da terrena e
crucial teia?
Acerta o teu relógio, musa
amada,
que de versos agora estou
vazia,
não te marquei encontro,
poesia,
espera-me logo à noite
enluarada!
Preciso se me faz beijo de
estrelas;
abraço do universo que me
inspira;
astros a copular co'a minha
lira!
Se extasiada me vires p'las
janelas,
vem então, musa amada, meiga
e nua,
e ao teu toque d’amor me
farei tua!
Carmo Vasconcelos
Lisboa/Portugal
16/Outº/2011 |

EVASÃO
No silêncio e na paz da
natureza,
de toda a sensação eu me
desligo,
extasiando-me apenas na
beleza
deste divino mundo onde me
abrigo.
Mergulhada no verde onde me
deito,
sou pedra, folha morta
abandonada,
e d’alma em evasão eu me
deleito,
por ser no todo imenso um
quase nada.
E é neste bem-estar doce em
quietude,
que, saudosa, relembro a
mansuetude
do sacrossanto lar primevo e
antigo…
Basto-me do ar que sorvo e
está comigo,
e qual erva que símplice
brotou,
nada mais quero ou peço…
Apenas sou!
Carmo Vasconcelos
Lisboa/Portugal
30/Julho/2011 |

ESTRELA-GUIA
(Aos meus filhos)
Quando um dia, filhos
meus, eu vos deixar,
Não chorem por meu corpo já
cansado,
Que já não pode ter-vos ao
cuidado,
Se é tempo de partir e
descansar.
Revejam-me no céu, já
estrela-guia,
Que do alto vos protege e
por vós zela,
Seguindo vossos passos,
sentinela,
A adoçar-vos a mágoa que
angustia.
Espalhem minhas cinzas pelo
mar,
Que sempre vossos pés virei
beijar,
Em ondas segredantes de
carinho.
E em seus murmúrios, hão-de
ouvir, baixinho,
Vindo da profundeza dos
corais,
Que zelo e amor de mãe são
imortais!
Carmo Vasconcelos
Lisboa/Portugal
24/Janº/2011 |

2007
|
|
|
|