-NOME - Dulce
Rodrigues
- profissão - reformada
- Quer falar um pouco da terra onde mora?
Moro algures na Europa: um pé em Portugal (onde tenho
casa e ainda os meus "velhotes"), um pé na Bélgica (onde
também tenho casa), um pé na Suiça (onde tenho os meus
dois filhos) e uns saltinhos aqui e ali (onde tenho
amigos). A minha casa de Portugal é a dois passos de
Lisboa, minha cidade natal, numa região linda onde o
azul do céu beija o azul esverdeado do mar. Na Bélgica,
vivo numa região a que chamam a “região das três
fronteiras”: Bélgica, França e Luxemburgo; o céu
raramente é azul e poucos são os dias ensolarados... mas
é muito verdejante. Quanto à Suíça, é um país
verdejante, cidades beijadas por lagos azuis, e pessoas
educadas e inteligentes que têm a felicidade de não
pertencer à União europeia. Mas, todos os outros sítios,
aqui e ali, têm beleza, pois não há criadora mais
prodigiosa do que a Natureza, o seu único inimigo é o
homem chamado “civilizado”.
- Quando começou a escrever (ou iniciou sua arte)?
A verdade é que a escrita me acompanhou ao longo da
minha vida. E a paixão pelos livros também já vem de há
muito. Primeiro como leitora, porque quando criança
passava mais tempo doente do que o contrário, e as
pessoas da família ou amigos que me visitavam levavam-se
sempre um livro. Mas também como "contadora" de estórias
às outras crianças, algumas mesmo da minha idade.
A minha vida pessoal e profissional, contudo, não me
permitiram dedicar-me a essa actividade antes de me
reformar, mas isso aconteceu mais cedo do que seria de
esperar, por razões de saúde. .E foi assim que me
dediquei a este "passatempo" a tempo inteiro... Adoro
sobretudo escrever para crianças, porque adoro crianças
e esse sentimento é geralmente recíproco.
- Teve a influência de alguém para começar ?
Nenhuma.
- Lembra-se do seu 1º trabalho literário (ou artístico)?
Vai rir se lhe disser que foi no 4° ano do liceu, para a
aula de Historia - aliás outro dos meus temas de
predilecção para a escrita. A professora mandou-nos
fazer uma estória sobre a época medieval em que entrasse
tanto quanto possível terminologia dessa época. Parece
que não só "esgotei" todas as palavras relacionadas com
o tema, mas também fiz uma estória tipo novela de
cavalaria que a professora adorou e pediu-me para ficar
com ela e dar à biblioteca do liceu. Para lhe ser
franca, não sei se o fez e às vezes penso no assunto.
Claro que o primeiro livro que publiquei já foi muito
depois disso. Foi em francês, na Bélgica – “L’Aventure
de Barry”. Foi a partir desse livro, entretanto
trabalhado em quatro escolas em França, ao abrigo de um
projecto-piloto da Education Nationale (Ministério da
Educação em França), que criei o meu projecto
infanto-juvenil www.barry4kids.net em quatro línguas. E
os maravilhosos poemas de crianças que aí se podem ler
foram feitos por 5 ou 6 miúdos dessas escolas,
inspirados pelo livro. Nunca tinham escrito poemas
antes, segundo disse a professora, agradavelmente
surpreendida. E eu, extraordinariamente contente, claro.
- Projectos Literários (ou artísticos) para 2012 / 2013?
Projectos não me faltam, o que me falta é o tempo para
os realizar, visto que já não sou jovem. Vou publicar
muito em breve, nos Estados Unidos mais um livro
infanto-juvenil que, aliás, existe em Portugal desde o
ano passado – “Era uma vez uma Casa”. Esta história foi
originalmente escrita em francês, participou num
concurso literário em França, tendo ganho um terceiro
prémio, e depois foi publicada em Paris. Penso também
publicar um livro para pais, avós e crianças com
conselhos sobre jardinagem – “Jardinar com filhos e
netos”. A jardinagem era um dos meus grandes passatempos
antes de ter os problemas de saúde que originaram a
minha reforma um pouco antecipacda, na altura. Desde há
uns temps que passei a publicar primeiramente em e-book,
enquanto espero que um editor esteja interessado em
publicar o livro pelos métodos clássicos. E foi uma boa
decisão, pois tenho alguns livros que estão (outros já
estiveram) entre os TOP 100 da Amazon, como é o caso da
versão em francês de “Era uma Vez uma Casa”. O meu
computador está cheio de manuscritos, alguns até só
dependentes de detalhes como a respectiva capa...
- Tem livro(s) impressos, editados ou por editar, e que
não estão em e.book?
Livros em papel, tenho quatro em francês, sendo um deles
bilingue com português. Em português, além desse
bilingue, tenho “Era uma Vez uma Casa” e tive um CD-Rom,
que está esgotado. Também dois livros em inglês e, em
breve, mais um terceiro. Neste momento, os livros em
alemão ainda só existem em e-book. Dois dos livros em
francês estão esgotados e um terceiro em vias de lhe
suceder o mesmo. Penso fazer novas edições para o ano.
- Tem obras de arte que gostaria de ver expostas?
Sou uma grande apreciadora de arte em geral,
infelizmente não tenho jeito para artes plásticas, com
grande pena minha, porque, assim, não precisava de
mandar ilustrar as minhas estórias por outras pessoas.
Mas acho que não é pior – cada um com a sua arte.
- Conhece o novo projeto do Portal CEN, "SEBO LITERÁRIO"
http://www.caestamosnos.org/sebo/sebo_autores.htm
com divulgação direta Internacional, sem paralelo na
Língua Portuguesa? E totalmente gratuito?
Não conhecia até agora. Mas fico muito contente por o
ter descoberto. Acho óptima essa oportunidade de dar
mais visibilidade aos artistas de todas as latitudes e...
engenhos.
- Para os artistas Plásticos,
entenda-se o SEBO como um "PORTFOLIO"
Se está interessado (a) neste projeto contate
lacerdaramalho@gmail.com
- Fale-nos um pouco de si, como pessoa humana?
Não gosto muito de falar de mim... Bom, como digo acima,
tenho um afecto especial pelas crianças,
compreendemo-nos mutuamente, talvez porque tenho tentado
conservar a minha alma de criança, continuando a ver nas
pessoas o que há de bom, privilegiando o que é beleza,
tanto sob o ponto de vista estético como moral. Não
percebo a fascinação de muitos adultos por tudo o que é
mau, negativo, feio, inveja, sofrimento. E se, as
crianças que foram outrora, se transformaram assim em
adultos infelizes, é porque exactamente sofreram a
influência de outros adultos – aqueles que fizeram parte
do seu ambiente, familiar e outro – e, mais tarde, foram
incapazes de se libertar dessa carga negativa e ver o
mundo pelo lado positivo.
Gosto de aprender e partilhar com os outros os meus
conhecimentos, o que infelizmente nem sempre é fácil,
porque na generalidade as pessoas não estão muito
abertas a aprender, acham que já sabem tudo... Não quero
alongar-me neste assunto, mas daria para um livro.
Gosto muito de viajar, de conhecer outras culturas. Só
conhecendo se pode comparar. Às vezes, deparo-me com
Portugueses que enaltecem isto ou aquilo que existe no
estrangeiro e, quando questionados se conhecem o
equivalente que existe em Portugal... desconhecem
totalmente. Costumo dizer que “só amamos o que
conhecemos, mas para amarmos o que não conhecemos, temos
de dar um primeiro passo de tentar conhecer”.
- Como Escritor (a) (ou como Artista)? –
Tenho uma paixão pela escrita e, desde que me reformei,
pude dedicar-me totalmente a essa actividade; vai
decerto acompanhar-me até ao fim dos meus dias. Comecei
já tarde a dar a conhecer os meus trabalhos, mas mais
vale tarde do que nunca.
Embora a literatura infanto-juvenil seja a que mais me
agrada, igualmente me proporciona grande satisfacção
escrever sobre outros temas, como artigos de carácter
histórico, lendas, viagens, plantas da saúde. Como sabe,
tenho um curso universitário em Letras e Literaturas e
outro em Ciências e sou uma apaixonada por História, por
isso, os meus interesses abrangem muitas áreas. Gosto de
aprender e gosto de transmitir aos outros o que aprendo.
De um modo geral, a minha maneira de abordar um assunto
tem sempre um carácter pedagógico, não é raro as pessoas
perguntarem-me ao fim de algum tempo de conversa se eu
sou ou fui professora. Foi por isso que, recentemente,
modifiquei um pouco o estilo de actividades que faço nas
escolas – quer por convite ou porque eu própria vou a um
país e peço para me arranjarem uma visita a escolas,
como aconteceu na Índia. Como verifiquei que as crianças
têm grande dificuldade na Matemática e nas Ciências em
geral, desenvolvi um programa de desmistificação dessas
matérias através de uma estória. É uma abordagem o mais
pedagógica possível e a miudagem adora. É giríssimo.
Escrevo por paixão, não com fins comerciais unicamente,
embora, como é óbvio deseje vender os livros, porque é
essa a maneira de serem descobertos e lidos. Mas, não
escrevo “aquilo que se vende mais”. Para mim, a
qualidade passa à frente da quantidade. Nunca fui muito
de “modas” nem de “marcas”. Tenho um elevado sentido de
liberdade para não me deixar comandar pelo que ditam os
meios da comunicação “oficiais”, esses, sim, comandados
por certos grupos que têm ou fazem por ter o monopólio
de determinados sectores económicos. Por isso é que,
embora considerando o livro de papel como o verdadeiro
livro, aderi aos ebooks. O público é diferente. Os
leitores de livros ebooks são aqueles que estão
interessados no conteúdo da obra, não se o livro foi
publicado por esta ou aquela grande casa de edição ou
escrito por aquele escritor que aparece constantemente
na televisão e nos jornais, por aquela vedeta famosa,
que normalmente deu o livro a escrever a um “escritor
fantasma”, como todos sabemos. Claro que não são os
verdadeiros leitores que fazem a fortuna das grandes
editoras, mas, sim, aqueles que compram os livros pela
razões apontadas, mesmo que não os leiam. Em todas as
vertentes da minha vida, prefiro qualidade a quantidade.
-Tem prémios literários, ou outros?
Sim, quatro, todos em concursos em França, três a nível
europeu: português e inglês, e trofeu europeu; o quarto
a nível francófone. Nestes concursos, as obras são
enviadas anonimamente (com uma espécie de código) e só
depois de escolhidas as obras premiadas é que é aberto o
envelope com o código correspondente e se sabe a quem
pertence. Concursos em que são os livros já publicados
que participam, não me interessam, pois só aí participam
livros enviados por determinadas editoras e escritos por
determinados autores. Poderão dizer-me que são premiados
muitos autores desconhecidos. Claro, mas aprofundem um
pouco mais e compreenderão que há “mais alguma coisa”
por trás. As grandes editoras não aceitam manuscritos
que não correspondam a dois critérios: assuntos que
vendam bem, literatura de “massa”, e escritores que
sejam suficientemente conhecidos ou que tenham garantias
de poder vender muito.
· Tem Home Page própria (não são consideradas outras que
simplesmente tenham trabalhos seus)?
Tenho dois sítios principais, um pessoal :
www.dulcerodrigues.info
e outro infanto-juvenil :
www.barry4kids.net
Alguns blogues também:
“Meu Portugal, minha Lisboa”,
“Writing4kids Blog”,
“Écrire pour Enfants”,
“Around Portugal”,
“Autour du Portugal”
e também uns que fiz para alguns dos meus livros
individualmente, mas estão pouco actualizados porque o
tempo não me chega para tudo. Além de escrever (ou
melhor, traduzir) os meus livros normalmente em mais do
que uma língua, o meu sítio pessoal está em três línguas
e o infanto-juvenil em quatro. Já imaginou o tempo que
perco só em traduções de textos, sem falar na criação
original dos mesmos, que tanto pode ser em inglês, como
português, francês ou alemão?
- Conhece bem o conteúdo (enorme) do Portal CEN - "Cá
Estamos Nós"?
Descobri-o só agora, depois do seu contacto. Ainda não
houve tempo para grandes pesquisas, mas pareceu-me ser
bastante rico em conteúdos.
- Que conselho daria a uma pessoa que começasse agora a
escrever (ou inicie a sua arte)?
Se a pessoa escreve, ou é uma criadora noutras áreas,
verdadeiramente por paixão, então siga o seu sonho. Se o
que a motiva é a ambição de se tornar famosa e poder
ganhar muito dinheiro, então comece por se tornar
conhecida através da televisão e dos jornais, arranje
amigos influentes e depois escreva o que se vende. Terá
êxito assegurado.
2012
As obras
expostas foram autorizadas e são
de inteira responsabilidade do/a
autor/a