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República Velha...
Brasil de 1930 Revolução Constitucionalista de 1932 Por Augusta
Schimidt
Na década de
20, São Paulo viu e viveu um acelerado processo de industrialização e
enriquecimento devido aos lucros da lavoura de café e das articulações
da política “Café com Leite”, poder entre as elites paulistas e mineiras
devido aos dois principais produtos de cada estado. 1929... Crise...
Depressão Em meio à grave crise econômica devido à Grande Depressão
de 1929, que derrubou os preços do café, veio a Revolução de 1930.
Getúlio Vargas assumiu o poder, colocando fim à supremacia política das
oligarquias paulistas nomeando interventores para o governo dos Estados.
O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo
uniram-se na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo
Provisório" e uma nova Constituição. Os paulistas consideravam que o
seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal como uma terra
conquistada, governada por tenentes de outros estados e sentiam segundo
afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo. O
estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de
São Paulo, assassinados por partidários governistas em 23 de maio de
1932, dando origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como
MMDC, (Miragaia, Martins, Dráuzio e Camargo) Esse fato levou à união
de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de
constitucionalização. Neste movimento, tanto se uniu a oligarquia que
pretendia a volta da supremacia paulista no poder quanto segmentos que
desejavam a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil. Em 9
de julho eclodiu o movimento revolucionário, com os paulistas
acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e do sul de Mato Grosso, para a derrubada de Getúlio
Vargas. No Estado, contou com um grande contingente de voluntários civis
e militares e o apoio de políticos de outros Estados. Em homenagem
aos quatro jovens mortos surgiu o formoso soneto MMDC:
MMDC Vidal Ramos
No peito se
nos sagra o coração Nossos corpos por balas perfurados
Estão caídos neste frio chão E vão ficando cada vez mais
gelados
Perdidos nesta rude cerração Nós nos sentimos tristes e
cansados Corpos inertes, sem respiração, E os olhos para a
luz temos fechados...
Que fizeram de nós, de nossas vidas... Das esperanças
virginais nascidas De ver nosso São Paulo libertado?
Não nos deixem jogados sem guarida Pois se demos à Pátria
a própria vida O nosso ideal queremos respeitado. |
E o Príncipe dos
Poetas brasileiros, Guilherme de Almeida, campineiro de nascença e coração,
deixou versos magníficos sobre a Revolução que hoje repousam no Mausoléu da
Constituição.
Ao Soldado Constitucionalista Guilherme de Almeida
Não é
tumulo, é berço É sementeira de ideal Pista, rastro de
heróis na terra campineira Sobre ele, cor a cor, lista por
lista Eternizou seu vôo esta bandeira Petrificou-se o
pavilhão paulista Bandeirantes por vós nesta jazida Velam
as pedras que esta morte é vida. |
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Amar... Odiar... Julgar... Augusta Schimidt
Eu amo, tu amas, ele ama... Nós odiamos, Eles julgam... Não...
Nós julgamos... Nós odiamos... Nós amamos... Assim é a vida. Conjugamos o verbo amar, odiar, julgar a
todo o momento. Somos juízes de todos, quando na verdade
deveríamos era sermos juízes de nós mesmos. Certa vez, alguém me disse que duas forças nos movem
para que alcancemos nossos objetivos: o amor e o ódio. O ódio gasta a lentidão das horas e sofre por não ser
amor. Ele ri das dores que a vida chora e por isso padece e
exterioriza um amontoado de sentimentos e sensações
confusas e reativas, abrangendo fatos de muitas
ocasiões. Não há relaxamento posterior. O ódio não se esvai com o passar do tempo, apenas se
desloca de um motivo a outro, de uma criatura a outra. Não há riso, há fel. E o fel consome energia, empobrece
as relações. Nos prendemos voluntariamente a nosso
desafeto, perdemos a coerência. Ficamos masoquistas nos
autoflagelando, todos os dias, pela lembrança do
passado. Odiamos, não queremos ver, porém não deixamos
de pensar no outro, carregando-o nos ombros e na idéia.
Atribuímos-lhe força e poderes, pois tudo de ruim que
acontece é por obra e graça desse odioso ódio. Do ódio ao julgamento é um passo... Também já ouvi que a razão pela qual algumas pessoas
acham tão difícil serem felizes é porque estão sempre a
julgar “o passado melhor do que foi, o presente pior do
que é e o futuro melhor do que será”. E o que é pior, julgamos ações pelo prazer ou dor que
nos causam. Penso que enquanto julgamos não nos sobra tempo para
amar...
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Fraternidade... Paz Augusta Schimidt
Fraternidade: “Amor ao próximo... harmonia...
concórdia... unir com amizade estreita.” Natureza... Casa viva que nos hospeda carinhosamente nos
oferecendo graciosamente recursos para que nos
realizemos... O que temos feito por você? Como temos usado o caminho do livre arbítrio que nos foi
dado de presente quando aqui chegamos? É verdade! Desde que o mundo existe, muitos desejam a
paz e a fraternidade, pois a guerra sempre se fez
presente. Guerras bélicas, guerras de poderes, guerras
de egos, guerras de emoções... Comunidades dizimadas por armas de grande poder
destrutivo, famílias esfaceladas entre conflitos, bocas
que armazenam verdadeiras bombas nucleares quando fazem
uso da palavra para detonar com o ardente desejo de paz. Aceito a premissa de que a paz sempre tenha sido desejo
universal, mas há uma indagação que não quer calar
dentro de meu coração... Que fazem os que se julgam
senhores da palavra escrita e falada para que nelas
reine a paz? Que iniciativa podemos creditar aos lideres, aos membros
de uma família, às comunidades virtuais, para que entre
a sociedade haja paz? Nós, você e eu, como procuramos ser promotores da paz
nos ambientes em que vivemos? Como atuamos em cada circunstância da vida, mediante
realizações exitosas ou nem tanto, respondendo aos
naturais apelos a que nos comportemos com ética na
convivência com os mais próximos ou no relacionamento
com semelhantes mais distantes na vida real e na nova
era virtual? Muito antes desta época, onde não havia o virtual e o
real era um caminho tortuoso, exatamente em 1936, em
Veneza, nasceu Cristina Pizan, uma mulher muito a frente
de seu tempo. Com biografia atípica, ganhou notoriedade pela erudição
e por intensa obra escrita. Viveu grande parte de sua
vida na França onde morreu em 1430. Em 1405 publicou o Cidade das Damas, um manifesto em
defesa das mulheres, um verdadeiro tratado sobre
cidadania. Na verdade, a cidade ideal projetada por Cristina é
aquela regida pelas três virtudes: Justiça... Razão... Ética. Um perfeito equilíbrio entre ações justas balizadas pela
inteligência e por postura ética, tudo como deveria ser
a condição humana. Pilares para uma cidade onde a humanidade se faria
presente em todo seu esplendor e beleza. Seria a Cidade das Damas uma utopia?
O sonho da autora: “Construir para a humanidade um refugio de altas
muralhas para proteger a honra, uma forte cidadela que abrigaria os
povos até os fins dos tempos.” (“” tradução livre de trecho do livro
Cidade das Damas)
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Hipocrisia Por Augusta Schimidt
'“Os hipócritas são como as tâmaras: o doce está fora, o
mel nas palavras e o duro lá dentro, na alma.” (Mateo
Alemán)
Hipocrisia, falsa devoção, triste alegria, fingimento de
emoção... E o hipócrita quando bate no peito, diz que
ama, mas devora... Põe açúcar no veneno, tem orgulho e
não se dobra... Mas cobra sem piedade... Hipocrisia, ato de fingir ter crenças, virtudes, idéias
e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. Segundo François duc de La Rochefoucauld "A hipocrisia é
a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge possuir comportamentos
corretos, virtuosos, socialmente aceitos. Infelizmente algumas pessoas não hesitam em prejudicar
os seus semelhantes por meio da mentira, do engano, da
calúnia, contanto que o possam fazer com impunidade. Existem muitos tipos de violência, mas a que mais me
assusta, aterroriza e magoa é a hipocrisia que quando
travestida de violência moral derrama o fel e fere de
morte nossa dignidade. Esta sim causa indignação. É uma
violência silenciosa, que mata lentamente, da forma mais
odiosa e covarde que existe. Rouba-nos sonhos, arrasa nossa dignidade aniquilando
todas as esperanças de um simplesmente querer viver...
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Historia Sem Fim... Augusta Schimidt
Era uma vez uma historia que algum dia começou... Era uma vez um mundo, habitado por gente,animais,
vegetais, astros e planetas e até por anjos que tocam
trombetas. Quando gente nasce, seja menino ou menina, em qualquer
lugar deste mundo, seja lá de que nação for, gente
precisa de amor. Gente precisa do sol, o mesmo que se encanta com as
cores do amanhecer. Precisa dos rios, mesmo que eles estejam sempre correndo
apressados para o encontro com o mar. Gente precisa
sonhar... Até das pedras milenares paradas no mesmo lugar a gente
precisa. Também precisa da lua que abre as cortinas da noite pra
espiar nas janelas das casas. Gente precisa do vento que espalha o pensamento. Precisa
até da escuridão pra poder ficar a sós com seus
momentos... Gente precisa de tudo que neste mundo há... Gente
precisa de história, pra um dia poder contar... Pena é que nem sempre a historia da gente seja escrita
somente de amor, respeito e compreensão. Algumas vezes nosso sol se esconde pra não ver a feiúra
do dia, os rios choram, mudam seu curso, pois perderam a
magia. Quantas noites os casais enamorados se calam, pois a lua
não aparece e os deixa encabulados... Às vezes até o vento sopra forte, levando embora a nossa
sorte! E assim, quando a vida está virada, nem as pedras da
nossa estrada permanecem intactas. Roubam-lhes os
pedaços, tiram-lhe as forças transformando-as em pó. E então aparece o medo, o desconhecido, o degredo.
Formam-se os segredos, a desconfiança... E gente perde a
fé e a esperança. E para que esta historia tenha um final feliz é preciso
que a gente saiba que os anjos tocando trombetas são a
nossa consciência e que dela depende a nossa paz para
uma feliz convivência.
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Momento mágico Augusta Schimidt
É madrugada... A noite é bela, ora ornada com estrelas
espalhadas, ora com pingos de chuva prateada. Na esquina
dos meus sonhos vejo você. Corro então pra dentro de mim, costuro meu desejo com a
linha verde da esperança em vários tons, alinhavo meu
pensamento com a linha do horizonte azul, coloco rosas
amarelas nas janelas do coração. De longe chega o som de um piano indolente executando a
Sinfonia da Cantata de Bach, cenário perfeito para o
encontro de nossas almas. Puro encantamento... Relembro então momentos vividos e penso se haverá futuro
ou se peço ao tempo que pare para que nada nos afaste e
possamos viver a nossa historia. Passa o tempo, horas lentas, a noite parece não querer
ir embora. Absorta em meus pensamentos nem percebo que
os primeiros raios de sol riscam o céu a dar bom dia ao
dia. O piano cede lugar ao canto de um pássaro de
papinho amarelo, olhinhos espertos que vem a minha
janela tentar adivinhar meus pensamentos. Só então me
dou conta de que já é dia. Olho pra esquina da minha rua, nada vejo, mas dentro de
mim dois corações se abraçam por toda a vida... O seu e
o meu...
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Morros cantantes, meninos uivantes Augusta Schimidt
A paisagem é linda. Do caminho posso ver o esplendor do
nascer do sol ou a chuva anunciada que não deixa de ter
a sua beleza. É assim que meu dia começa. Sempre a mesma hora, sempre
o mesmo lugar. Uma reta quebrada por uma curva onde se
misturam a beleza, a pobreza, o encantamento e a
desilusão. Passada a curva, fica para trás a magia e começa a
realidade. Dura, difícil, intransigente. Uma realidade
que não perdoa. Casebres de madeira amontoados, cães magricelos famintos
perdidos no asfalto e uma bucólica choupana azul, meu
ponto de referencia para o caos... Mas o morro canta. Logo cedinho, os casebres se agitam
ao som dos raps e pagodes que se arrastam e se estalam
no ar e se partem dentro das gargantas dos meninos
uivantes. O som que se ouve faz o mundo tremer. Meninos e meninas, vestidos de domingo, se é que é
possível isto, caminham rumo à escola com passos
cadenciados, alguns já fumados, mentindo a si mesmos que
vão aprender. Ali tem de tudo... Um garoto de olhos tristes e marcantes, com nome de
jogador famoso, divide a vida escolar com o submundo. Entre o desejo e o medo, entre surras e juras de morte,
o pobre menino ainda sonha. Às vezes, entra na sala de aula e com ares de quem
perdeu o medo e me diz: “Professora, eu hoje quero
aprender”. E eu, angustiada penso... Meu Deus permita ao
menos que ele consiga viver. O dia vai seguindo como pode e logo uma rebelião
explode. E os meninos uivantes dos morros cantantes, envenenados
pela fome e a miséria se rebelam, se atacam, se
violentam das mais variadas maneiras... Um jeito deles
de pedir socorro. E a minha vontade nesta hora, era de que um grande sol
se abrisse no meio da noite lhes trazendo a luz.
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O longe que existe Augusta Schimidt
Sempre que vejo a chegada ou a partida do dia me
emociono. É um espetáculo ímpar, verdadeiro milagre de
renovação. Mas exatamente a partida de hoje me deixou triste.
Talvez pela saudade que sinto do longe que existe. Tenho aqui por paisagem a mais bela árvore que com seus
encantos me encanta. E eu acabei de ver por entre seus
galhos, o romper da luz da lua que parecia esmolar seu
brilho a me dizer: “Há alguém que divide este segredo
com você”. Doce segredo... Doce encanto... Nesta hora foge-me a poesia, mas vale o momento e às
vezes, até tento buscar no fundo da alma um alento... Um
semelhante, o lindo, a ternura. Confesso que há dentro de mim a esperança de que um dia
o longe se fará perto. E é isto que me dá forças. É esta
esperança que me fez descobrir no rascunho do meu
destino o sonho, o caminho que procuro. É uma doce
procura... Deixem-me continuar...
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