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Psicologia da
Educação
A Psicologia entre
os Gregos
Por Profª Augusta
Schimidt
A história do pensamento humano tem um momento áureo na
Antiguidade, entre os gregos no período de 700a.C até a
dominação romana às vésperas da era Cristã.
Os filósofos pré – socráticos preocupavam-se em definir
a relação do homem com o mundo através da percepção.
Sócrates: ( 469 - 399aC ) – psicologia ganha
consistência. Principal preocupação – limite que separa
o homem dos animais. Ao definir razão como “essência
humana”, abre caminho para a exploração pela psicologia.
Psyché (alma) – principio ativo da vida.
– A Psicologia no Império romano e Idade Média.
– A Psicologia no Renascentismo
Época de transformações radicais no mundo europeu.
Inicia-se um processo de valorização do homem.
1513 – Maquiavel escreve O Príncipe, obra clássica da
política.
1610 – Galileu estuda a queda dos corpos.
– A Origem da Psicologia Cientifica
Inicio da era Moderna
No século XIX, o papel da ciência destaca-se e seu
avanço torna-se necessário e o capitalismo traz consigo
o processo de industrialização para o qual a ciência
deveria dar respostas e soluções práticas no campo da
técnica.
Thorndike formulou a Lei do Efeito.
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Brasil capitalista
Augusta Schimidt
A exploração dos trabalhadores é de maneira geral muito
mais intensa nos países subdesenvolvidos onde as
condições de vida e trabalho condenam grande parte dos
trabalhadores a uma situação de miséria absoluta.
A classe de maior renda, uma minoria, dispõe de maior
escolaridade e de maior acesso aos bens culturais, como
jornais, revistas, livros, bibliotecas, teatros,
cinemas, viagens etc. A classe de menor renda, a maioria
com baixa escolaridade dispõe de pouco ou nenhum acesso
a tais bens culturais.
Os gastos com educação, saúde, transporte do trabalhador
são sempre menores comparativamente do que aqueles
destinados à manutenção desse modelo de economia e de
sociedade.
Conclusão:
As classes de maior renda no Brasil, aproximam-se dos
níveis de consumo e de conforto atingidos pelas classes
ricas dos países desenvolvidos.
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Inclusão pela cultura: a bandeira dos negros no Século
XXI -- 18/04/2005
Por Profª Augusta Schimidt
Negro. Na historiografia brasileira, povo escravizado,
explorado, torturado e humilhado. Sem vez, sem voz, sem
direitos. Por mais de três séculos, viveu sob o regime
de servidão. Era considerado um bem, uma mercadoria.
Sofreu todo tipo de rejeição. Cercado de preconceitos,
foi colocado à margem da sociedade que ele mesmo ajudou
a construir. Com a assinatura da Lei Áurea, em 1888,
ganhou a liberdade. Mas não a liberdade do preconceito e
da discriminação por parte das instituições e da própria
população. Apesar das evidências e das cenas
contundentes que vemos todos os dias nas ruas, há quem
discorde, afirmando que, no Brasil, o racismo não existe
Questão polêmica. Para o professor do Instituto
Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj),
Carlos Alberto Hasenbalg, Ph.D em Sociologia pela
Universidade da Califórnia e autor do livro Relações
Raciais no Brasil Contemporâneo (Rio Fundo Editora), o
racismo no país é bastante claro e perceptível, depende
apenas do olhar de quem o vê.
Comunicação de massa – “Um indicador importante disso é
a comunicação de massa ou a própria TV. Não há negros na
publicidade. A verbalização e a manifestação de
estereótipos sobre o negro no Brasil seriam totalmente
condenadas em outros países. O racismo não é facilmente
mensurável, mas há fortes pistas de que existe. Está na
família, na escola, no mercado de trabalho, no
cotidiano.”, observa Hasenbalg.
Construção – Na realidade, ninguém nasce racista.
Trata-se de um sentimento que não é inato ao ser humano.
É, sim, uma construção social e cultural que se enraíza
desde cedo nas crianças e nos jovens durante o processo
de socialização e de constituição de conhecimentos e
valores, como observa o sociológo Hasenbalg: “Os
próprios pais negros e mestiços têm internalizada uma
série de esterótipos negativos a respeito deles mesmos,
que são passados para as crianças”.
Supremacia – Estereótipos, muitas vezes, apoiados na
própria historiografia, sobretudo européia, que
defendeu, por muito tempo, a existência e a supremacia
de algumas raças sobre outras. Raça é um termo, aliás,
impreciso, associado à divisão da humanidade em
diferentes grupos populacionais, de acordo com o
critério de descendência biológica comum. Neste
contexto, cada raça é identificada segundo um conjunto
de características físicas, como a cor da pele ou do
cabelo, herdada de um mesmo grupo ancestral.
Hierarquias – A historiadora e escritora Denise Rosalem,
professora da Faculdade de Serviço Social da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
explica que os defensores deste tipo de classificação
queriam estabelecer hierarquias, justificar
desigualdades ou ainda impor dominação econômica, social
e política. Atualmente, uma visão antiga e amplamente
contestada. As pesquisas mais recentes sobre o assunto
dão conta de que os seres humanos descendem de um único
ancestral, que teve origem na África.
‘Homo sapiens – Estudo publicado pela revista Nature, em
dezembro de 2000, afirma que os homos sapiens partiram
do continente africano, em algum momento dos últimos 100
mil anos. Dali, seguiram em direção à Europa, ao Oriente
Médio e à Ásia e promoveram a expansão para o resto do
mundo. Mais recentemente, em julho deste ano, uma missão
de paleontólogos no norte do deserto do Chade, na África
Central, desenterrou os restos de um hominídeo de 7
milhões de anos, sendo considerado o mais antigo
representante da raça humana.
Raças – Portanto, a noção de várias raças humanas é,
neste momento, errônea, tanto sob o ponto de vista
genético quanto pelos pontos de vista biológico e
arqueológico. O que foi ratificado oficialmente, em
1963, quando a Organização das Nações Unidas (ONU)
aprovou a Declaração das Nações Unidas para a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial. No seu
primeiro artigo, o documento destaca que a discriminação
entre seres humanos, baseada em raça, cor ou origem
étnica é uma ofensa à dignidade humana e deve ser
condenada. Três anos depois, a própria ONU elegeu o dia
21 de março como o Dia Internacional para a Eliminação
da Discriminação Racial.
Crime – Mais recentemente, em agosto de 2001, foi
realizada a III Conferência Mundial sobre Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância
Correlatas, em Durban, na África do Sul. Representantes
de 177 países reconheceram a discriminação racial como
crime contra a humanidade e se comprometeram a
desenvolver ações concretas para superá-la.
História – A bandeira do encontro é por um mundo que
respeite as diferenças. Lá, os participantes concluíram
que os povos não têm raça, não têm cor. Têm, sim,
história. E é esta história que os afro-brasileiros
querem resgatar e valorizar. História, por sinal,
riquíssima, cheia de detalhes, miscigenações,
influências e confrontos. Afinal, foram os negros,
vindos de diversos pontos da África, que, por mais de
300 anos, subsidiaram com seu trabalho escravo a
produção da riqueza e da cultura brasileira. Mesmo em um
cenário opressor, desigual, recheado de focos de
resistência, de lutas armadas e de rebeliões, o negro
conseguiu perpetuar a sua cultura. Provas disto estão na
cozinha brasileira, no sincretismo, na dança, na música
e nos costumes.
Colonizadores – No livro Casa Grande Senzala (Editora
Record), o sociólogo Gilberto Freyre, em 1933, chegou a
afirmar que os negros foram mais importantes para a
colonização do que os próprios colonizadores: “Diz-se
que o brasileiro foi colonizado pelo português. Este
conceito é convencional. Contra ele tenho sugerido
outro. O negro no Brasil não foi colonizado, foi
colonizador”, escreve ele.
Cultura – Deixando de lado a ideologia da chamada
democracia racial, defendida por Freyre, onde brancos e
negros se relacionavam harmoniosamente desde os
primórdios da época colonial – pensamento hoje abolido –
a historiadora Denise Rosalem concorda com o escritor:
“A história conta que os negros sempre foram vencidos.
Mas o que os livros não falam é que eles também
resistiram muito e acabaram negociando a sua própria
cultura. Atualmente, ela está presente em todos os
lugares. Não há como negar isto
Resistência – A nova historiografia fala em um escravo
mais ativo, apesar do período de escravidão, da mesma
forma que a Sociologia recente descobre um negro
resistente e lutador, mesmo sob forte opressão a que foi
submetido. Exemplos não faltam
O líder Zumbi dos Palmares é um deles. Liberata, a
escrava que – como outros tantos – entrou na Justiça
contra o senhor, é outro. Reconhecer e valorizar esta
riqueza deve ser, portanto, o dever de casa de todos os
brasileiros, não de forma folclórica, mas, sim, como
parte integrante da história do povo. Como explica a
historiadora, é entender a diferença como diferença e
somente isto: “É entender que a diferença passa a não
ser uma desvantagem nem instrumento de hierarquização”.
Riqueza – O problema é que a Educação brasileira sempre
desconheceu, por uma questão de dominação, a riqueza e a
importância dos contextos culturais dos
afro-brasileiros. É o que afirma, por exemplo, o
escritor e também historiador Joel Rufino dos Santos, no
artigo Educação e Cultura – Juntas ou Separadas: “Os
contextos culturais trazidos da África são o núcleo
pesado do processo civilizador brasileiro. Mas a
sociedade brasileira não reconhece isso. Supõe-se que
quem tem cultura são os descendentes europeus que se
instruíram no contexto cultural moderno ocidental
cristão. Trata-se de uma relação de poder, de uma forma
de dominação”.
Identificação – Por conta disso, Manolo Florentino,
professor do Departamento de História da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que ninguém em
sã consciência se identificará com um povo sofrido,
torturado, massacrado e explorado durante séculos: “Você
acha que uma criança negra, ao abrir o seu livro de
escola e se deparar com a figura de um negro maltratado,
explorado e humilhado, irá se reconhecer? Não há como.
Ela se identificará com os príncipes e princesas, que
eram brancos. É isto o que acontece na prática”.
Manolo defende uma Educação que abra espaço para a
cultura afro-brasileira, dando visibilidade aos negros
que tiveram importância na historiografia do país: “E é
bom lembrar que não foram poucos. Por que os livros em
vez de dedicarem páginas e páginas para relatar a
escravidão, não falam sobre os poetas negros, como
Castro Alves, Lima Barreto e João da Cruz e Souza? Sem
falar no Aleijadinho, no Mestre Valentim, em Nilo
Peçanha, Machado de Assis e tantos outros. Desta forma,
abrir-se-ia a possibilidade de as novas gerações se
identificarem com os seus antepassados”.
Pluralidade - As novas Diretrizes Curriculares Nacionais
e a Multieducação – Núcleo Curricular da Rede Municipal
de Ensino do Rio de Janeiro – tentam reconstruir esta
história. Defendem uma prática educativa que respeite as
diferenças e que seja plural. A coordenadora do Projeto
de Geografia e História da Secretaria Municipal de
Educação do Rio de Janeiro, Ana Paula Teixeira Soares,
alerta, porém, que esta metodologia depende, e muito, da
postura do professor: “Antes de mais nada, isto tudo
passa pela visão ética do profissional que está na sala
de aula. Ser plural, aceitar as diferenças e
valorizá-las são atitudes defendidas, mas que devem ser
incorporadas pelo educador por uma questão de ética”
Ética – A professora Renata Lima Assis acredita que a
partir do momento em que o educador faz com que o aluno
elabore um projeto de vida que contemple todos os
indivíduos que vivem em sua comunidade, o estudante
começa a refletir sobre a importância da ética, da
solidariedade, da troca, do respeito e da amizade. Em
seu artigo Pensando sobre ética, ela diz: “Esquecemos
com freqüência que um projeto de vida implica
necessariamente um projeto de vida para todos. Só
elaborando um projeto de mundo posso ter um projeto de
pessoa. Se alguém não se sente parte do outro, se não
sabe que o outro é parte dele, dificilmente será ético.
Se o homem não se sente parte da natureza, se não se
sente ligado aos outros homens e se desconhece sua
dimensão cultural e histórica, é possível que pense:
para quê ser ético? Para que respeitar os outros?
Escola – Este é, sem dúvida, um dos papéis da escola do
novo século. Respeitar a diferença e valorizar a cultura
de várias etnias sem hierarquização fazem parte da
agenda. O professor João José Reis, da Universidade
Federal da Bahia (UFBa), vai além e afirma que enquanto
o negro brasileiro não tiver acesso ao conhecimento da
história de si próprio, a escravidão cultural se manterá
no país.
Inclusão – Um bom exemplo vem da própria terra natal do
professor. Em Salvador, o projeto Irê Ayó chama a
atenção por trabalhar exatamente desta forma. Crianças
da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos aprendem
conteúdos de Matemática e de outras disciplinas a partir
de referenciais da cultura afro-brasileira. Lá, os
alunos constituem conhecimentos e valores conhecendo os
mitos africanos e as histórias dos orixás
Reconstrução – A pesquisadora e professora Vanda
Machado, que acompanha de perto a metodologia, diz que a
proposta busca reconstruir a imagem do negro, das suas
lutas e de sua verdadeira contribuição na formação do
povo brasileiro – informações que ainda não constam de
muitos livros didáticos existentes: “O Irê Ayó é uma
proposta de trabalho que incentiva o surgimento da arte
e da alegria de ser, pertencer e participar da
comunidade em que vive, valorizando a cultura
afro-brasileira, construindo a identidade, cultivando
relações solidárias e elevando a auto-estima de um
grupo”. O trabalho é reconhecido nacionalmente pelo
Ministério da Educação (MEC) como referência de inclusão
da cultura afro-brasileira.
os no começo deste Século XXI, na avaliação da
historiadora Denise Rosalem. Para ela, os negros hoje
não lutam mais pela constituição de partidos políticos
nem pelo direito de ir e vir. Em um primeiro momento,
logo após a abolição, eles buscaram sua inserção na
economia, no mercado de trabalho: “Essa bandeira foi até
a ditadura militar, quando o eixo muda de foco. A luta
passa a ser travada na esfera política. Assim como as
mulheres, os pobres e boa parte da população branca, os
negros não tinham direitos. Não era privilégio apenas
deles. Juntos, todos lutavam pela democratização e pela
cidadania. Hoje, vivemos em uma democracia, pelo menos
oficialmente. Os direitos civis estão garantidos na
Constituição Federal. Neste novo cenário, surge então o
sentimento de identidade. Quem somos nós? O negro,
então, luta pela sua inserção no âmbito cultural”.
Movimentos – Não é por acaso que surgem em todo o país
movimentos negros e organizações não governamentais que
defendem e divulgam a cultura dos afro-descendentes. Ao
mesmo tempo, a produção literária e acadêmica cresce. Em
março passado, por exemplo, a Universidade Cândido
Mendes (UCAM) criou o Centro de Estudos
Afro-Brasileiros, um desdobramento de um dos programas
do Centro de Estudos Afro-Asiáticos, iniciado em 1973.
Em parceria com o Consulado Norte-Americano e com a
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
promove, nos dias 25 e 26 deste mês, o seminário
Resistência e Inclusão - Encontro sobre Memória e
História dos Afro-Brasileiros e Afro-Norte-Americanos.
Contradição – O assunto ganha cada vez mais espaço tanto
no meio acadêmico quanto na imprensa. Em maio deste ano,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou os dados do Censo 2000. O levantamento mostrou
que, de 1991 para 2000, o número de pessoas que se
auto-declararam negras passou de 5% para 6,2% – chegando
à casa dos 10,4 milhões. O que não deixa de ser uma
grande contradição. Afinal, depois da Nigéria, o Brasil
é o país que concentra a maior população negra do mundo.
Indicador – Mas sob o ponto de vista histórico, trata-se
de um dado extremamente interessante, como explica o
professor Manolo Florentino: “É um indicador
extraordinário. Mostra que o negro está se valorizando.
Mais interessante ainda é o novo tipo de casal misto que
vem se formando. Antigamente, havia pares de homens
brancos com mulheres negras. Hoje, crescem as relações
entre homens negros e mulheres brancas. O que acaba
promovendo, mesmo que lentamente, mudanças profundas”.
Mães – Mudanças de ordem social e cultural. A mãe,
historicamente ligada à educação dos filhos, passa a
valorizar também a cultura e a tradição dos negros. O
preconceito, se não desaparece, é amenizado. A criança
do casal cresce em um ambiente de respeito às diferenças
e de valorização da cultura do ser humano, seja ela de
que etnia for.
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Breve Historia da Literatura negra
Releitura feita por Profª Augusta Schimidt
Publicar ainda é difícil para autores negros brasileiros
Publicado originalmente na revista Problemas Brasileiros
Flávio Carrança*
A dificuldade de ingressar no mercado editorial e
colocar seus livros à disposição de um grande público
talvez seja a principal causa da reduzida visibilidade
de escritores afro-descendentes que, em suas obras,
retratam a vida e os valores da comunidade negra
brasileira. O conceito de literatura negra é polêmico. O
professor Domício Proença Filho, da Universidade Federal
Fluminense (UFF), conhecido teórico de literatura e
autor de “Dionísio Esfacelado”, considerado um clássico
da poesia negra, diz que o uso dessa expressão pode
ajudar a manter a discriminação. No âmbito acadêmico, o
debate sobre esse tema foi aberto no Brasil por Roger
Bastide com a obra “Estudos Afro-Brasileiros”, publicada
na década de 1940. Mais tarde, surgiram trabalhos de
outros pesquisadores estrangeiros, como Raymond Sayers
(“O Negro na Literatura Brasileira”, 1958) e Gregory
Rabassa (“O Negro na Ficção Brasileira”, 1965). A partir
dos anos 80, essa discussão é reaberta no Brasil com o
aparecimento de diversos estudos, com destaque para a
obra de Zilá Bernd, doutora pela Universidade de São
Paulo (USP) e professora do Instituto de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No
livro “Negritude e Literatura na América Latina” (1987),
ela critica o estudioso David Brookshaw (“Raça e Cor na
Literatura Brasileira”, 1983) por dividir os autores em
“brancos” e “negros” que utilizam temática negra. “Tal
divisão, meramente epidérmica, não nos parece
satisfatória, até mesmo pela dificuldade em saber, num
país mestiço como o Brasil, quem é negro e quem não é.”
Embora admitindo que, à primeira vista, a expressão
literatura negra possa remeter a um conceito
etnocêntrico, uma vez que a sensibilidade artística não
constitui fator inerente a uma dada etnia, Zilá Bernd
afirma existir uma literatura negra, que se diferencia
das obras que apenas tematizam o negro pela apresentação
de um “eu enunciador” que se quer negro.
Alguns autores :
Com 67 anos de idade, o paulista Oswaldo de Camargo foi
um dos poucos escritores que durante as décadas de 1950
e 60 estabeleceram um elo de ligação entre os autores
negros da primeira metade do século passado e uma nova
fornada surgida no final dos anos 70. Segundo ele, “essa
literatura que o negro produz surge exatamente das
experiências particulares dele, mas tem de ser
sancionada por um texto literário”. Por isso, a
preocupação com a qualidade do texto não é casual. Ela
decorre do cuidado em evitar certo paternalismo que
levou estudiosos a propor critérios específicos na
avaliação dos escritores negros e mestiços, substituindo
a apreciação da qualidade literária pela oportunidade
histórica, proposta que, na opinião de Domício Proença,
pode ajudar a manter a discriminação.
Um dos autores negros mais respeitados da geração
surgida no Brasil a partir dos anos 1970 é o poeta Cuti,
pseudônimo de Luiz Silva, um paulista nascido em
Ourinhos, em 1951. Ele diz que a caracterização de uma
literatura depende muito do ângulo de visão e do
interesse do analista e coloca o foco na subjetividade e
na ideologia. “Para mim, literatura negra se identifica
pela predominância da experiência subjetiva de ser negro
transfigurado em texto”, afirma ele.
Mesmo um levantamento superficial mostra na literatura
negra brasileira o amplo predomínio da poesia e a quase
absoluta ausência de romances. Domício Proença afirma
que, por ser uma forma extrema e imediatamente mais
mobilizadora da emoção e da reflexão do que a prosa, o
poema torna-se o espaço ideal para a concretização de
textos centrados basicamente na afirmação da identidade
cultural, na preocupação com o direito pleno à
cidadania. Já Zilá Bernd afirma que, para a maturação de
um romance negro brasileiro, algumas etapas ainda
precisam ser vencidas, como o resgate de sua
participação na história do Brasil e a definição de sua
própria identidade.
Um dos poucos romancistas afro-brasileiros com trânsito
pelas grandes editoras é o carioca Joel Rufino dos
Santos. Professor na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), ele tem dezenas de títulos publicados.
Rufino, no entanto, diz que produz uma literatura culta,
impregnada de valores ocidentais, tanto na inspiração
quanto no estilo e nos temas, e que nesse sentido sua
obra não pode ser classificada como literatura negra.
Ubaldo, no entanto, diz que isso é possível desde que o
critério não seja a cor da pele do escritor, uma vez que
se considera "branco brasileiro", talvez numa alusão à
intensa mestiçagem existente no país.
Aqui no Brasil, uma saída encontrada por muitos
escritores negros para furar o bloqueio a eles imposto
no meio editorial e fazer suas obras chegarem ao leitor
foi a publicação em regime cooperativo. O grupo assumiu
a publicação dos Cadernos, recebeu adesões, mas em
seguida sofreu uma ruptura, com a saída de Camargo,
Colina e Abelardo, que criticavam principalmente a
qualidade do material publicado. Na avaliação de Oswaldo
de Camargo, a formação do Quilombhoje, sobretudo depois
do surgimento dos Cadernos Negros, foi uma experiência
necessária para que se formasse um coletivo que tornou
possível reunir - como acontece até hoje - autores de
todos os cantos do país, definindo um método de trabalho
que deixou mapeada a maneira de escrever do negro, suas
temáticas, suas buscas. O convite surgiu depois da
repercussão que tiveram no meio acadêmico
norte-americano os textos de Miriam, Esmeralda Ribeiro e
Conceição Evaristo, incluídos na coletânea Fourteen
Female Voices, publicada nos Estados Unidos.
Outra experiência documentada nos Cadernos Negros é o
trabalho do gaúcho Oliveira Silveira. Nascido há 61 anos
em Rosário do Sul, ele é autor de várias obras, entre as
quais a Décima do Negro Peão, em que mostra que o negro
foi um dos formadores da tradição gaúcha, trabalhando
nas charqueadas desde o século 18, guerreando na
Revolução Farroupilha, atuando nas diversas atividades
do meio rural daquele estado. Silveira também assina um
texto de apresentação do livro de poemas Miragem de
Engenho, escrito pelo professor e radialista baiano
Jônatas Conceição da Silva, que tem poemas, contos e
ensaios publicados tanto nos Cadernos Negros quanto em
coletâneas dentro e fora do Brasil.
Sebastião Uchoa Leite, no artigo “Presença Negra na
Poesia Brasileira Moderna”, também publicado na “Revista
do Patrimônio Histórico” (25), utiliza um critério que
situaria a maioria dos poetas editados nos Cadernos
Negros em uma vertente caracterizada pela atuação
militante. Uchoa destaca ainda um segmento mais recente
da poesia negra, formada por autores que se dedicam à
recuperação do universo simbólico, ou experiências
lingüístico-formais, no qual inclui um veterano dos
Cadernos Negros, Arnaldo Xavier, que faz um trabalho
iconográfico totalmente diferenciado da maioria dos
poetas negros de sua geração. No plano da recuperação da
linguagem afro, Uchoa cita o exemplo do baiano Antonio
Risério, que transcriou em português o mundo fascinante
dos orikis (versos ou poemas destinados a saudar um
orixá) da cultura nagô-iorubá. Márcio Barbosa, que
atualmente divide com a esposa, Esmeralda Ribeiro, o
trabalho de publicar os Cadernos Negros, avalia que,
passados 25 anos da criação do Quilombo, hoje há maior
interesse acadêmico pela literatura negra, com produção
de teses e realização de cursos específicos em algumas
universidades, como a Federal de Minas Gerais (UFMG).
Apesar disso, os escritores negros ainda trabalham sem
recursos, enfrentam dificuldades de mercado e, na
maioria das vezes, fazem edições autofinanciadas.
Ele detecta na mídia e nas livrarias um “boicote velado”
à produção desses autores. Cuti concorda que essa lei
favorecerá a literatura negra e diz que as editoras já
começaram a trabalhar para aproveitar a demanda criada
pela exigência legal.
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Fragmentos de Ensaios
Augusta Schimidt
Na Época das Luzes, no século XVIII, alguém especial se
rebelou contra todas as formas de absolutismo.
Lutou pela supremacia da razão humana defendendo a
liberdade intelectual e a independência do homem.
Fez discurso sobre a desigualdade entre os homens,
defendeu pontos de vista e principalmente, defendeu que
a felicidade e o bem-estar são direitos naturais de
todas as pessoas e não privilégios de uma classe.
Influenciou o campo educacional através de sua obra e
valorizou a natureza da criança e suas inclinações
naturais.
Influenciou de forma importante a educação natural,
resultante da ação dos instintos e não de imposições
externas, defendendo a idéia de que não se deve fazer a
criança infeliz hoje em nome de um futuro incerto.
Esse alguém tão especial – Jean Jacques Rousseau.
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Papeando com o
mestre Haroldo
Por Augusta Schimidt
“Brincar é ser feliz! Aí está a chave que nos desperta
para a vida, para o dia-a - dia
com mais prazer e, certamente, com uma generosa dose de
poesia e amor no coração.”
Pois é meu amigo Haroldo Barbosa, foi mesmo relendo o
seu Brinque e Cresça Feliz, de onde copiei este seu
pensamento infinitamente correto, que me deu vontade de
falar em alfabetizar.
O seu Tesouro da Vida, desde que descoberto, me faz
companhia na trajetória educação e dele jamais abro mão.
O processo de alfabetização não é secundário na
atividade educacional. É o momento importante em que
ocorre a transformação psicológica/social da criança.
Através deste processo a criança perde a sua condição de
ser natural para se tornar ser social e ativo.
Viu então, querido colega, a importância do seu Tesouro
da Vida nesta etapa inicial dos nossos pequeninos?
A alfabetização cria situações básicas para que a
criança possa aprender e desenvolver habilidades que lhe
serão exigidas nas etapas subseqüentes de sua formação.
Sem a solução adequada desta questão, as demais
atividades educacionais estarão comprometidas.
Por isto caro colega, afirmo que o Brinque e Cresça
Feliz é um ato de amor parceiro de o ato alfabetizar que
é acender uma luz que jamais será apagada.
É iluminar um futuro próximo e também distante. É deixar
uma marca útil que se eternizará.
Alfabetizar é mais uma forma de amar.
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A Importância do Brincar
Por Augusta Schimidt
“Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor
da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena
de amor e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com
as crianças." (Monique Deheinzelin).
Brincar é coisa séria e mais do que uma atividade sem
conseqüência para a criança. Brincando a criança se
relaciona com o mundo e aprende.
É bom ser criança... Criança tem esperança, tem alegria,
ilusão. Criança tem historia, direitos e memória.
Criança tem futuro...
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é
importante que esteja presente no seu dia a dia. É
brincando que mostra como ela enxerga o mundo. Torna-se
ativa, criativa, relaciona-se com outros tornando-se
propensa a ser bondosa, amar o próximo e aprender a ser
solidária.
Brincar é um direito de toda criança garantido no
Principio VII da Declaração Universal dos Direitos da
Criança da UNICEF
A criança tem características próprias e para se tornar
um adulto, precisa percorrer todas as etapas de seu
desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional.
Seu primeiro apoio nesse desenvolvimento é a família,
posteriormente, esse grupo se amplia com os colegas de
brincadeiras e a escola. A participação familiar é um
fator bastante importante na formação da personalidade
da criança, desenvolvendo sua criatividade, ética e
cidadania refletindo diretamente no processo escolar.
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Personificação
Augusta Schimidt
O país da Gramática está em festa. Todos comemoram a
chegada da mais nova Coletânea da Literatura Portuguesa.
O Alfabeto, repleto de Letras Maiúsculas e minúsculas se
agita formando Palavras e Frases para receber a
Coletânea. Encontros Vocálicos e Consonantais conversam
animadamente enquanto se dirigem ao clube Ortografia
onde será realizado um grande baile comemorativo.
Dígrafos com seus instrumentos a postos ensaiam uma
musica de Átonas e Tônicas, acompanhados pelo coral de
Coletivos.
O salão está belíssimo todo alegremente decorado pelos
Substantivos Comuns, Artigos e Adjetivos.
Os Numerais marcam as mesas para que os Pronomes
Pessoais e Possessivos não fiquem Indefinidos quando os
Demonstrativos chegarem.
O Verbo, andando de um lado para outro, pratica todo
tipo de ação indicando o Presente, falando no Passado e
já prevendo o Futuro.
De repente todos se calam quando as Interjeições
suspiram com a entrada do Sujeito e Predicado.
Um Substantivo Próprio, Masculino, de longe observa o
movimento quando de repente avista um Substantivo
Próprio Feminino que entra no salão acompanhado de
Adjetivos e Advérbios.
Num momento Singular de Romantismo e Realismo os dois
Substantivos se juntam e entre Palavras Compostas,
Primitivas e Derivadas, revelam em Prosa e Verso a
Sintaxe Regular de Concordância e iniciam a Análise
Sintática do Período.
Logo após, nos Termos Essenciais da Oração, aparece um
Sujeito Oculto e classifica a Oração Absoluta exigindo
deles a Concordância Verbal.
E entre Vírgulas, Dois Pontos, Ponto e Vírgula,
Travessão, o Conteúdo com Inicio, Meio e Fim, conclui a
redação colocando o Ponto Final.
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