SEBO LITERÁRIO

 

 

Crônicas e Artigos
Profª Augusta Schimidt

PÁGINA 5


Psicologia da Educação
A Psicologia entre os Gregos
Por Profª Augusta Schimidt


A história do pensamento humano tem um momento áureo na Antiguidade, entre os gregos no período de 700a.C até a dominação romana às vésperas da era Cristã.
Os filósofos pré – socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção.
Sócrates: ( 469 - 399aC ) – psicologia ganha consistência. Principal preocupação – limite que separa o homem dos animais. Ao definir razão como “essência humana”, abre caminho para a exploração pela psicologia.
Psyché (alma) – principio ativo da vida.

– A Psicologia no Império romano e Idade Média.
– A Psicologia no Renascentismo
Época de transformações radicais no mundo europeu. Inicia-se um processo de valorização do homem.
1513 – Maquiavel escreve O Príncipe, obra clássica da política.
1610 – Galileu estuda a queda dos corpos.

– A Origem da Psicologia Cientifica

Inicio da era Moderna
No século XIX, o papel da ciência destaca-se e seu avanço torna-se necessário e o capitalismo traz consigo o processo de industrialização para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica.
Thorndike formulou a Lei do Efeito.


Brasil capitalista
Augusta Schimidt


A exploração dos trabalhadores é de maneira geral muito mais intensa nos países subdesenvolvidos onde as condições de vida e trabalho condenam grande parte dos trabalhadores a uma situação de miséria absoluta.
A classe de maior renda, uma minoria, dispõe de maior escolaridade e de maior acesso aos bens culturais, como jornais, revistas, livros, bibliotecas, teatros, cinemas, viagens etc. A classe de menor renda, a maioria com baixa escolaridade dispõe de pouco ou nenhum acesso a tais bens culturais.
Os gastos com educação, saúde, transporte do trabalhador são sempre menores comparativamente do que aqueles destinados à manutenção desse modelo de economia e de sociedade.

Conclusão:
As classes de maior renda no Brasil, aproximam-se dos níveis de consumo e de conforto atingidos pelas classes ricas dos países desenvolvidos.

Inclusão pela cultura: a bandeira dos negros no Século XXI -- 18/04/2005
Por Profª Augusta Schimidt


Negro. Na historiografia brasileira, povo escravizado, explorado, torturado e humilhado. Sem vez, sem voz, sem direitos. Por mais de três séculos, viveu sob o regime de servidão. Era considerado um bem, uma mercadoria. Sofreu todo tipo de rejeição. Cercado de preconceitos, foi colocado à margem da sociedade que ele mesmo ajudou a construir. Com a assinatura da Lei Áurea, em 1888, ganhou a liberdade. Mas não a liberdade do preconceito e da discriminação por parte das instituições e da própria população. Apesar das evidências e das cenas contundentes que vemos todos os dias nas ruas, há quem discorde, afirmando que, no Brasil, o racismo não existe
Questão polêmica. Para o professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Carlos Alberto Hasenbalg, Ph.D em Sociologia pela Universidade da Califórnia e autor do livro Relações Raciais no Brasil Contemporâneo (Rio Fundo Editora), o racismo no país é bastante claro e perceptível, depende apenas do olhar de quem o vê.
Comunicação de massa – “Um indicador importante disso é a comunicação de massa ou a própria TV. Não há negros na publicidade. A verbalização e a manifestação de estereótipos sobre o negro no Brasil seriam totalmente condenadas em outros países. O racismo não é facilmente mensurável, mas há fortes pistas de que existe. Está na família, na escola, no mercado de trabalho, no cotidiano.”, observa Hasenbalg.
Construção – Na realidade, ninguém nasce racista. Trata-se de um sentimento que não é inato ao ser humano. É, sim, uma construção social e cultural que se enraíza desde cedo nas crianças e nos jovens durante o processo de socialização e de constituição de conhecimentos e valores, como observa o sociológo Hasenbalg: “Os próprios pais negros e mestiços têm internalizada uma série de esterótipos negativos a respeito deles mesmos, que são passados para as crianças”.
Supremacia – Estereótipos, muitas vezes, apoiados na própria historiografia, sobretudo européia, que defendeu, por muito tempo, a existência e a supremacia de algumas raças sobre outras. Raça é um termo, aliás, impreciso, associado à divisão da humanidade em diferentes grupos populacionais, de acordo com o critério de descendência biológica comum. Neste contexto, cada raça é identificada segundo um conjunto de características físicas, como a cor da pele ou do cabelo, herdada de um mesmo grupo ancestral.
Hierarquias – A historiadora e escritora Denise Rosalem, professora da Faculdade de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), explica que os defensores deste tipo de classificação queriam estabelecer hierarquias, justificar desigualdades ou ainda impor dominação econômica, social e política. Atualmente, uma visão antiga e amplamente contestada. As pesquisas mais recentes sobre o assunto dão conta de que os seres humanos descendem de um único ancestral, que teve origem na África.
‘Homo sapiens – Estudo publicado pela revista Nature, em dezembro de 2000, afirma que os homos sapiens partiram do continente africano, em algum momento dos últimos 100 mil anos. Dali, seguiram em direção à Europa, ao Oriente Médio e à Ásia e promoveram a expansão para o resto do mundo. Mais recentemente, em julho deste ano, uma missão de paleontólogos no norte do deserto do Chade, na África Central, desenterrou os restos de um hominídeo de 7 milhões de anos, sendo considerado o mais antigo representante da raça humana.
Raças – Portanto, a noção de várias raças humanas é, neste momento, errônea, tanto sob o ponto de vista genético quanto pelos pontos de vista biológico e arqueológico. O que foi ratificado oficialmente, em 1963, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração das Nações Unidas para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. No seu primeiro artigo, o documento destaca que a discriminação entre seres humanos, baseada em raça, cor ou origem étnica é uma ofensa à dignidade humana e deve ser condenada. Três anos depois, a própria ONU elegeu o dia 21 de março como o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.
Crime – Mais recentemente, em agosto de 2001, foi realizada a III Conferência Mundial sobre Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlatas, em Durban, na África do Sul. Representantes de 177 países reconheceram a discriminação racial como crime contra a humanidade e se comprometeram a desenvolver ações concretas para superá-la.
História – A bandeira do encontro é por um mundo que respeite as diferenças. Lá, os participantes concluíram que os povos não têm raça, não têm cor. Têm, sim, história. E é esta história que os afro-brasileiros querem resgatar e valorizar. História, por sinal, riquíssima, cheia de detalhes, miscigenações, influências e confrontos. Afinal, foram os negros, vindos de diversos pontos da África, que, por mais de 300 anos, subsidiaram com seu trabalho escravo a produção da riqueza e da cultura brasileira. Mesmo em um cenário opressor, desigual, recheado de focos de resistência, de lutas armadas e de rebeliões, o negro conseguiu perpetuar a sua cultura. Provas disto estão na cozinha brasileira, no sincretismo, na dança, na música e nos costumes.
Colonizadores – No livro Casa Grande Senzala (Editora Record), o sociólogo Gilberto Freyre, em 1933, chegou a afirmar que os negros foram mais importantes para a colonização do que os próprios colonizadores: “Diz-se que o brasileiro foi colonizado pelo português. Este conceito é convencional. Contra ele tenho sugerido outro. O negro no Brasil não foi colonizado, foi colonizador”, escreve ele.
Cultura – Deixando de lado a ideologia da chamada democracia racial, defendida por Freyre, onde brancos e negros se relacionavam harmoniosamente desde os primórdios da época colonial – pensamento hoje abolido – a historiadora Denise Rosalem concorda com o escritor: “A história conta que os negros sempre foram vencidos. Mas o que os livros não falam é que eles também resistiram muito e acabaram negociando a sua própria cultura. Atualmente, ela está presente em todos os lugares. Não há como negar isto
Resistência – A nova historiografia fala em um escravo mais ativo, apesar do período de escravidão, da mesma forma que a Sociologia recente descobre um negro resistente e lutador, mesmo sob forte opressão a que foi submetido. Exemplos não faltam
O líder Zumbi dos Palmares é um deles. Liberata, a escrava que – como outros tantos – entrou na Justiça contra o senhor, é outro. Reconhecer e valorizar esta riqueza deve ser, portanto, o dever de casa de todos os brasileiros, não de forma folclórica, mas, sim, como parte integrante da história do povo. Como explica a historiadora, é entender a diferença como diferença e somente isto: “É entender que a diferença passa a não ser uma desvantagem nem instrumento de hierarquização”.
Riqueza – O problema é que a Educação brasileira sempre desconheceu, por uma questão de dominação, a riqueza e a importância dos contextos culturais dos afro-brasileiros. É o que afirma, por exemplo, o escritor e também historiador Joel Rufino dos Santos, no artigo Educação e Cultura – Juntas ou Separadas: “Os contextos culturais trazidos da África são o núcleo pesado do processo civilizador brasileiro. Mas a sociedade brasileira não reconhece isso. Supõe-se que quem tem cultura são os descendentes europeus que se instruíram no contexto cultural moderno ocidental cristão. Trata-se de uma relação de poder, de uma forma de dominação”.
Identificação – Por conta disso, Manolo Florentino, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que ninguém em sã consciência se identificará com um povo sofrido, torturado, massacrado e explorado durante séculos: “Você acha que uma criança negra, ao abrir o seu livro de escola e se deparar com a figura de um negro maltratado, explorado e humilhado, irá se reconhecer? Não há como. Ela se identificará com os príncipes e princesas, que eram brancos. É isto o que acontece na prática”.
Manolo defende uma Educação que abra espaço para a cultura afro-brasileira, dando visibilidade aos negros que tiveram importância na historiografia do país: “E é bom lembrar que não foram poucos. Por que os livros em vez de dedicarem páginas e páginas para relatar a escravidão, não falam sobre os poetas negros, como Castro Alves, Lima Barreto e João da Cruz e Souza? Sem falar no Aleijadinho, no Mestre Valentim, em Nilo Peçanha, Machado de Assis e tantos outros. Desta forma, abrir-se-ia a possibilidade de as novas gerações se identificarem com os seus antepassados”.
Pluralidade - As novas Diretrizes Curriculares Nacionais e a Multieducação – Núcleo Curricular da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro – tentam reconstruir esta história. Defendem uma prática educativa que respeite as diferenças e que seja plural. A coordenadora do Projeto de Geografia e História da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Ana Paula Teixeira Soares, alerta, porém, que esta metodologia depende, e muito, da postura do professor: “Antes de mais nada, isto tudo passa pela visão ética do profissional que está na sala de aula. Ser plural, aceitar as diferenças e valorizá-las são atitudes defendidas, mas que devem ser incorporadas pelo educador por uma questão de ética”
Ética – A professora Renata Lima Assis acredita que a partir do momento em que o educador faz com que o aluno elabore um projeto de vida que contemple todos os indivíduos que vivem em sua comunidade, o estudante começa a refletir sobre a importância da ética, da solidariedade, da troca, do respeito e da amizade. Em seu artigo Pensando sobre ética, ela diz: “Esquecemos com freqüência que um projeto de vida implica necessariamente um projeto de vida para todos. Só elaborando um projeto de mundo posso ter um projeto de pessoa. Se alguém não se sente parte do outro, se não sabe que o outro é parte dele, dificilmente será ético. Se o homem não se sente parte da natureza, se não se sente ligado aos outros homens e se desconhece sua dimensão cultural e histórica, é possível que pense: para quê ser ético? Para que respeitar os outros?
Escola – Este é, sem dúvida, um dos papéis da escola do novo século. Respeitar a diferença e valorizar a cultura de várias etnias sem hierarquização fazem parte da agenda. O professor João José Reis, da Universidade Federal da Bahia (UFBa), vai além e afirma que enquanto o negro brasileiro não tiver acesso ao conhecimento da história de si próprio, a escravidão cultural se manterá no país.
Inclusão – Um bom exemplo vem da própria terra natal do professor. Em Salvador, o projeto Irê Ayó chama a atenção por trabalhar exatamente desta forma. Crianças da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos aprendem conteúdos de Matemática e de outras disciplinas a partir de referenciais da cultura afro-brasileira. Lá, os alunos constituem conhecimentos e valores conhecendo os mitos africanos e as histórias dos orixás
Reconstrução – A pesquisadora e professora Vanda Machado, que acompanha de perto a metodologia, diz que a proposta busca reconstruir a imagem do negro, das suas lutas e de sua verdadeira contribuição na formação do povo brasileiro – informações que ainda não constam de muitos livros didáticos existentes: “O Irê Ayó é uma proposta de trabalho que incentiva o surgimento da arte e da alegria de ser, pertencer e participar da comunidade em que vive, valorizando a cultura afro-brasileira, construindo a identidade, cultivando relações solidárias e elevando a auto-estima de um grupo”. O trabalho é reconhecido nacionalmente pelo Ministério da Educação (MEC) como referência de inclusão da cultura afro-brasileira.
os no começo deste Século XXI, na avaliação da historiadora Denise Rosalem. Para ela, os negros hoje não lutam mais pela constituição de partidos políticos nem pelo direito de ir e vir. Em um primeiro momento, logo após a abolição, eles buscaram sua inserção na economia, no mercado de trabalho: “Essa bandeira foi até a ditadura militar, quando o eixo muda de foco. A luta passa a ser travada na esfera política. Assim como as mulheres, os pobres e boa parte da população branca, os negros não tinham direitos. Não era privilégio apenas deles. Juntos, todos lutavam pela democratização e pela cidadania. Hoje, vivemos em uma democracia, pelo menos oficialmente. Os direitos civis estão garantidos na Constituição Federal. Neste novo cenário, surge então o sentimento de identidade. Quem somos nós? O negro, então, luta pela sua inserção no âmbito cultural”.
Movimentos – Não é por acaso que surgem em todo o país movimentos negros e organizações não governamentais que defendem e divulgam a cultura dos afro-descendentes. Ao mesmo tempo, a produção literária e acadêmica cresce. Em março passado, por exemplo, a Universidade Cândido Mendes (UCAM) criou o Centro de Estudos Afro-Brasileiros, um desdobramento de um dos programas do Centro de Estudos Afro-Asiáticos, iniciado em 1973. Em parceria com o Consulado Norte-Americano e com a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) promove, nos dias 25 e 26 deste mês, o seminário Resistência e Inclusão - Encontro sobre Memória e História dos Afro-Brasileiros e Afro-Norte-Americanos.
Contradição – O assunto ganha cada vez mais espaço tanto no meio acadêmico quanto na imprensa. Em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do Censo 2000. O levantamento mostrou que, de 1991 para 2000, o número de pessoas que se auto-declararam negras passou de 5% para 6,2% – chegando à casa dos 10,4 milhões. O que não deixa de ser uma grande contradição. Afinal, depois da Nigéria, o Brasil é o país que concentra a maior população negra do mundo.
Indicador – Mas sob o ponto de vista histórico, trata-se de um dado extremamente interessante, como explica o professor Manolo Florentino: “É um indicador extraordinário. Mostra que o negro está se valorizando. Mais interessante ainda é o novo tipo de casal misto que vem se formando. Antigamente, havia pares de homens brancos com mulheres negras. Hoje, crescem as relações entre homens negros e mulheres brancas. O que acaba promovendo, mesmo que lentamente, mudanças profundas”.
Mães – Mudanças de ordem social e cultural. A mãe, historicamente ligada à educação dos filhos, passa a valorizar também a cultura e a tradição dos negros. O preconceito, se não desaparece, é amenizado. A criança do casal cresce em um ambiente de respeito às diferenças e de valorização da cultura do ser humano, seja ela de que etnia for.

Breve Historia da Literatura negra
Releitura feita por Profª Augusta Schimidt

Publicar ainda é difícil para autores negros brasileiros
Publicado originalmente na revista Problemas Brasileiros Flávio Carrança*


A dificuldade de ingressar no mercado editorial e colocar seus livros à disposição de um grande público talvez seja a principal causa da reduzida visibilidade de escritores afro-descendentes que, em suas obras, retratam a vida e os valores da comunidade negra brasileira. O conceito de literatura negra é polêmico. O professor Domício Proença Filho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), conhecido teórico de literatura e autor de “Dionísio Esfacelado”, considerado um clássico da poesia negra, diz que o uso dessa expressão pode ajudar a manter a discriminação. No âmbito acadêmico, o debate sobre esse tema foi aberto no Brasil por Roger Bastide com a obra “Estudos Afro-Brasileiros”, publicada na década de 1940. Mais tarde, surgiram trabalhos de outros pesquisadores estrangeiros, como Raymond Sayers (“O Negro na Literatura Brasileira”, 1958) e Gregory Rabassa (“O Negro na Ficção Brasileira”, 1965). A partir dos anos 80, essa discussão é reaberta no Brasil com o aparecimento de diversos estudos, com destaque para a obra de Zilá Bernd, doutora pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No livro “Negritude e Literatura na América Latina” (1987), ela critica o estudioso David Brookshaw (“Raça e Cor na Literatura Brasileira”, 1983) por dividir os autores em “brancos” e “negros” que utilizam temática negra. “Tal divisão, meramente epidérmica, não nos parece satisfatória, até mesmo pela dificuldade em saber, num país mestiço como o Brasil, quem é negro e quem não é.”
Embora admitindo que, à primeira vista, a expressão literatura negra possa remeter a um conceito etnocêntrico, uma vez que a sensibilidade artística não constitui fator inerente a uma dada etnia, Zilá Bernd afirma existir uma literatura negra, que se diferencia das obras que apenas tematizam o negro pela apresentação de um “eu enunciador” que se quer negro.
Alguns autores :
Com 67 anos de idade, o paulista Oswaldo de Camargo foi um dos poucos escritores que durante as décadas de 1950 e 60 estabeleceram um elo de ligação entre os autores negros da primeira metade do século passado e uma nova fornada surgida no final dos anos 70. Segundo ele, “essa literatura que o negro produz surge exatamente das experiências particulares dele, mas tem de ser sancionada por um texto literário”. Por isso, a preocupação com a qualidade do texto não é casual. Ela decorre do cuidado em evitar certo paternalismo que levou estudiosos a propor critérios específicos na avaliação dos escritores negros e mestiços, substituindo a apreciação da qualidade literária pela oportunidade histórica, proposta que, na opinião de Domício Proença, pode ajudar a manter a discriminação.
Um dos autores negros mais respeitados da geração surgida no Brasil a partir dos anos 1970 é o poeta Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, um paulista nascido em Ourinhos, em 1951. Ele diz que a caracterização de uma literatura depende muito do ângulo de visão e do interesse do analista e coloca o foco na subjetividade e na ideologia. “Para mim, literatura negra se identifica pela predominância da experiência subjetiva de ser negro transfigurado em texto”, afirma ele.
Mesmo um levantamento superficial mostra na literatura negra brasileira o amplo predomínio da poesia e a quase absoluta ausência de romances. Domício Proença afirma que, por ser uma forma extrema e imediatamente mais mobilizadora da emoção e da reflexão do que a prosa, o poema torna-se o espaço ideal para a concretização de textos centrados basicamente na afirmação da identidade cultural, na preocupação com o direito pleno à cidadania. Já Zilá Bernd afirma que, para a maturação de um romance negro brasileiro, algumas etapas ainda precisam ser vencidas, como o resgate de sua participação na história do Brasil e a definição de sua própria identidade.
Um dos poucos romancistas afro-brasileiros com trânsito pelas grandes editoras é o carioca Joel Rufino dos Santos. Professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele tem dezenas de títulos publicados. Rufino, no entanto, diz que produz uma literatura culta, impregnada de valores ocidentais, tanto na inspiração quanto no estilo e nos temas, e que nesse sentido sua obra não pode ser classificada como literatura negra. Ubaldo, no entanto, diz que isso é possível desde que o critério não seja a cor da pele do escritor, uma vez que se considera "branco brasileiro", talvez numa alusão à intensa mestiçagem existente no país.
Aqui no Brasil, uma saída encontrada por muitos escritores negros para furar o bloqueio a eles imposto no meio editorial e fazer suas obras chegarem ao leitor foi a publicação em regime cooperativo. O grupo assumiu a publicação dos Cadernos, recebeu adesões, mas em seguida sofreu uma ruptura, com a saída de Camargo, Colina e Abelardo, que criticavam principalmente a qualidade do material publicado. Na avaliação de Oswaldo de Camargo, a formação do Quilombhoje, sobretudo depois do surgimento dos Cadernos Negros, foi uma experiência necessária para que se formasse um coletivo que tornou possível reunir - como acontece até hoje - autores de todos os cantos do país, definindo um método de trabalho que deixou mapeada a maneira de escrever do negro, suas temáticas, suas buscas. O convite surgiu depois da repercussão que tiveram no meio acadêmico norte-americano os textos de Miriam, Esmeralda Ribeiro e Conceição Evaristo, incluídos na coletânea Fourteen Female Voices, publicada nos Estados Unidos.
Outra experiência documentada nos Cadernos Negros é o trabalho do gaúcho Oliveira Silveira. Nascido há 61 anos em Rosário do Sul, ele é autor de várias obras, entre as quais a Décima do Negro Peão, em que mostra que o negro foi um dos formadores da tradição gaúcha, trabalhando nas charqueadas desde o século 18, guerreando na Revolução Farroupilha, atuando nas diversas atividades do meio rural daquele estado. Silveira também assina um texto de apresentação do livro de poemas Miragem de Engenho, escrito pelo professor e radialista baiano Jônatas Conceição da Silva, que tem poemas, contos e ensaios publicados tanto nos Cadernos Negros quanto em coletâneas dentro e fora do Brasil.
Sebastião Uchoa Leite, no artigo “Presença Negra na Poesia Brasileira Moderna”, também publicado na “Revista do Patrimônio Histórico” (25), utiliza um critério que situaria a maioria dos poetas editados nos Cadernos Negros em uma vertente caracterizada pela atuação militante. Uchoa destaca ainda um segmento mais recente da poesia negra, formada por autores que se dedicam à recuperação do universo simbólico, ou experiências lingüístico-formais, no qual inclui um veterano dos Cadernos Negros, Arnaldo Xavier, que faz um trabalho iconográfico totalmente diferenciado da maioria dos poetas negros de sua geração. No plano da recuperação da linguagem afro, Uchoa cita o exemplo do baiano Antonio Risério, que transcriou em português o mundo fascinante dos orikis (versos ou poemas destinados a saudar um orixá) da cultura nagô-iorubá. Márcio Barbosa, que atualmente divide com a esposa, Esmeralda Ribeiro, o trabalho de publicar os Cadernos Negros, avalia que, passados 25 anos da criação do Quilombo, hoje há maior interesse acadêmico pela literatura negra, com produção de teses e realização de cursos específicos em algumas universidades, como a Federal de Minas Gerais (UFMG). Apesar disso, os escritores negros ainda trabalham sem recursos, enfrentam dificuldades de mercado e, na maioria das vezes, fazem edições autofinanciadas.
Ele detecta na mídia e nas livrarias um “boicote velado” à produção desses autores. Cuti concorda que essa lei favorecerá a literatura negra e diz que as editoras já começaram a trabalhar para aproveitar a demanda criada pela exigência legal.

Fragmentos de Ensaios
Augusta Schimidt


Na Época das Luzes, no século XVIII, alguém especial se rebelou contra todas as formas de absolutismo.
Lutou pela supremacia da razão humana defendendo a liberdade intelectual e a independência do homem.
Fez discurso sobre a desigualdade entre os homens, defendeu pontos de vista e principalmente, defendeu que a felicidade e o bem-estar são direitos naturais de todas as pessoas e não privilégios de uma classe.
Influenciou o campo educacional através de sua obra e valorizou a natureza da criança e suas inclinações naturais.
Influenciou de forma importante a educação natural, resultante da ação dos instintos e não de imposições externas, defendendo a idéia de que não se deve fazer a criança infeliz hoje em nome de um futuro incerto.
Esse alguém tão especial – Jean Jacques Rousseau.


Papeando com o mestre Haroldo
Por Augusta Schimidt



“Brincar é ser feliz! Aí está a chave que nos desperta para a vida, para o dia-a - dia
com mais prazer e, certamente, com uma generosa dose de poesia e amor no coração.”
Pois é meu amigo Haroldo Barbosa, foi mesmo relendo o seu Brinque e Cresça Feliz, de onde copiei este seu pensamento infinitamente correto, que me deu vontade de falar em alfabetizar.
O seu Tesouro da Vida, desde que descoberto, me faz companhia na trajetória educação e dele jamais abro mão.
O processo de alfabetização não é secundário na atividade educacional. É o momento importante em que ocorre a transformação psicológica/social da criança.
Através deste processo a criança perde a sua condição de ser natural para se tornar ser social e ativo.
Viu então, querido colega, a importância do seu Tesouro da Vida nesta etapa inicial dos nossos pequeninos?
A alfabetização cria situações básicas para que a criança possa aprender e desenvolver habilidades que lhe serão exigidas nas etapas subseqüentes de sua formação. Sem a solução adequada desta questão, as demais atividades educacionais estarão comprometidas.
Por isto caro colega, afirmo que o Brinque e Cresça Feliz é um ato de amor parceiro de o ato alfabetizar que é acender uma luz que jamais será apagada.
É iluminar um futuro próximo e também distante. É deixar uma marca útil que se eternizará.
Alfabetizar é mais uma forma de amar.

A Importância do Brincar
Por Augusta Schimidt


“Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com as crianças." (Monique Deheinzelin).

Brincar é coisa séria e mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança. Brincando a criança se relaciona com o mundo e aprende.
É bom ser criança... Criança tem esperança, tem alegria, ilusão. Criança tem historia, direitos e memória. Criança tem futuro...
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente no seu dia a dia. É brincando que mostra como ela enxerga o mundo. Torna-se ativa, criativa, relaciona-se com outros tornando-se propensa a ser bondosa, amar o próximo e aprender a ser solidária.
Brincar é um direito de toda criança garantido no Principio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança da UNICEF
A criança tem características próprias e para se tornar um adulto, precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Seu primeiro apoio nesse desenvolvimento é a família, posteriormente, esse grupo se amplia com os colegas de brincadeiras e a escola. A participação familiar é um fator bastante importante na formação da personalidade da criança, desenvolvendo sua criatividade, ética e cidadania refletindo diretamente no processo escolar.

 

Personificação
Augusta Schimidt


O país da Gramática está em festa. Todos comemoram a chegada da mais nova Coletânea da Literatura Portuguesa.
O Alfabeto, repleto de Letras Maiúsculas e minúsculas se agita formando Palavras e Frases para receber a Coletânea. Encontros Vocálicos e Consonantais conversam animadamente enquanto se dirigem ao clube Ortografia onde será realizado um grande baile comemorativo.
Dígrafos com seus instrumentos a postos ensaiam uma musica de Átonas e Tônicas, acompanhados pelo coral de Coletivos.
O salão está belíssimo todo alegremente decorado pelos Substantivos Comuns, Artigos e Adjetivos.
Os Numerais marcam as mesas para que os Pronomes Pessoais e Possessivos não fiquem Indefinidos quando os Demonstrativos chegarem.
O Verbo, andando de um lado para outro, pratica todo tipo de ação indicando o Presente, falando no Passado e já prevendo o Futuro.
De repente todos se calam quando as Interjeições suspiram com a entrada do Sujeito e Predicado.
Um Substantivo Próprio, Masculino, de longe observa o movimento quando de repente avista um Substantivo Próprio Feminino que entra no salão acompanhado de Adjetivos e Advérbios.
Num momento Singular de Romantismo e Realismo os dois Substantivos se juntam e entre Palavras Compostas, Primitivas e Derivadas, revelam em Prosa e Verso a Sintaxe Regular de Concordância e iniciam a Análise Sintática do Período.
Logo após, nos Termos Essenciais da Oração, aparece um Sujeito Oculto e classifica a Oração Absoluta exigindo deles a Concordância Verbal.
E entre Vírgulas, Dois Pontos, Ponto e Vírgula, Travessão, o Conteúdo com Inicio, Meio e Fim, conclui a redação colocando o Ponto Final.


 

LIVRO DE VISITAS