Pág. 07 de 13 pág..
Forças inúteis!
Sem deuses a adorar - forças inúteis!
Diáfano caminhar de hora incerta,
No sul fala o meu céu, a voz aberta
Das noites a esfriar os risos fúteis.
Dispersa, sem o calor da intimidade,
Volto-me a ti, pássaro, que antes
Nos ventos de açoites rastejantes,
Libertaste minha feminilidade.
Se me queres inteira, me destróis.
No leito que agasalha outros sóis,
Ausência desse amor de tez morena.
Inúteis! Troquem os versos que recebo,
Deem-me o original, não o placebo
Que bebo da cura que me condena. Eliane Triska
|
|
|
Hoje
resolvi
Contar
que
Gardel
não
morreu,
que
foi
uma
invenção
do
tango,
para
que
o
bandoneón
silenciasse
e a
pausa
deixasse
os
compassos
homenagearem
a
poesia.
Eliane Triska |
|
|
Inscrito
Assim, quando me vês e me desnudas,
Devasso o teu olhar e, à mercê, fico
Num corpo de febris formas miúdas,
As letras - flor-de-lis, me revisito.
Tu pousas teu desejo, o sonho, enfim,
Na tímida e esquiva eflorescência.
Em coro, nossos corpos dizem: Sim!
E o beijo desfalece a consciência.
Mistérios são pomares cobiçados.
Palácios de um céu marmorizado
Elegem. Oh! Senhor do meu altar!
Meu corpo, terra úmida e profunda,
Irrigas de pecado, e a seiva inunda
Os versos desse amor que vens banhar. Eliane Triska
|
|
|
Luzes
Continhas saltitantes, dançarinas!
Fagulhas pequeninas de explosões
Mergulham num mar de ostras divinas
E espalham-se aos céus como balões.
São lindas e perfeitas, todas elas!
No trono, brilha a aura de Osíris,
Recriam o universo em aquarelas
E pintam os meus dedos de arco-íris.
Em cachos, no universo, como vê-las
se brincam confundidas com estrelas?
Serão frias bonecas desalmadas?
Talvez sejam crianças verdadeiras,
Ou uvas disfarçadas, nas videiras
De versos, a embalarem as madrugadas. Eliane Triska
|
|
|
Madrugada de orações
Madrugadas passageiras, orem
Aos versos torturados e insones!
São órfãos, são viúvos e sem nomes,
Nas mãos poetas que os socorrem.
Eu aceito cuidá-los como meus!
Pássaros sequiosos de alimentos,
Lágrimas de choros sonolentos,
Torres que se erguem para Deus!
Sopro-lhes no ventre e recito
Versos de um universo mais bonito,
Vagidos do berçário das estrelas
Que se doam à luz ainda criança
E morrem no vaso da esperança
De cegos que não podem percebê-las. Eliane Triska
|
|
|
Mãos de paz
Há uma rosa em um jardim-criança,
Ainda botão, nobreza à essência traz.
Luz imortal, face da esperança
De nossas mãos entregues para a paz.
Ó doces mãos, risonhas, sem idade,
A ver o tempo, o espaço e a imensidão,
Consagrais o farol da humanidade
Celebrais, nessa roda, a criação,
E colheis, à vida, o fruto da grandeza
De todo o ser poder, em igual beleza.
Ouvir o som das harpas celestiais
Que vibra, ao infinito, mil hinos,
Fecunda mãos-irmãs, raios divinos,
E escreve em nosso céu: Somos iguais! Eliane Triska
|
|
|
Livro de Visitas
Para
pág. 8 |
|
|