SEBO LITERÁRIO

 

 

Isabel Cristina Silva Vargas

 

 

 
 
CRÓNICAS
Pág. 2 de 7 Pág.
 

A Força da Imagem
Isabel C. S. Vargas


A televisão exerce influência na vida das pessoas, a ponto de torná-las escravas de horários, de programas, de emissoras, das mensagens diretas ou camufladas (subliminares) emitidas nos comerciais e até mesmo no desenrolar das novelas, de modo que nem percebem que aquilo está sendo absorvido, pela forma sutil (às vezes nem tanto) que são inseridas. Em decorrência deixam de ter maior convivência, mais entrosamento, momentos de diálogo e de interação com os demais membros da família.
Antigamente, toda a família reunia-se na sala para assistir televisão. Hoje, adultos, adolescentes e crianças têm aparelho nos respectivos quartos, o que favorece o distanciamento, cada um assistindo o que lhe interessa, sendo que muitas vezes assistem programas inadequados para a idade, absorvendo conteúdos de programas violentos, impróprios para a idade e consequentemente para seu grau de amadurecimento.
O diálogo torna-se raro, a influência positiva que deveria ser transmitida no convívio familiar torna-se escassa, sendo suprida de forma errônea pelos programas de televisão, no geral sem cunho educativo, formando conceitos distorcidos, transmitindo valores falsos, além de habituar a quem assiste às situações violentas, absurdas (agressão, morte, espancamento, estupro, discriminação, furtos, roubos, seqüestros, extorções, corrupção, estelionato e uma gama enorme de condutas tipificadas no Código Penal) de forma que assim acaba ocorrendo o fenômeno denominado psicoadaptação, no qual o indivíduo já não reage mais frente à ocorrência dos mesmos, porque eles se tornaram habituais, estão inseridos no cotidiano de todos.
A substituição do hábito da leitura - no qual cada um dá asas à fantasia e produz a imagem que lhe parece representar o que está lendo, desenvolvendo desta forma a imaginação - pela imagem pronta recebida através da televisão ou mesmo do computador, empobreceu a fantasia, o sonho a imaginação de cada um, assim como o vocabulário e o diálogo. Muitas vezes ocorre de compararmos a leitura de determinado livro, com o respectivo filme e verificarmos que o livro parece sempre melhor, mais completo que o filme, isto porque a imagem substitui muito do livro além de ser passada da forma que é interpretada, entendida pelo diretor e transmitida pelo ator, não correspondendo ao imaginado no desenrolar da leitura.
Por tudo isto creio que a criança parece crescer rápido demais, perdendo muito cedo o doce sabor da ilusão, da fantasia, da pureza, da ingenuidade, pela forte influência da mídia; o jovem torna-se descrente de certos valores que podem lhe parecer ultrapassados, pelo que está faltando ser passado pela família e frente às “verdades” ou realidade que lhe é transmitida pela televisão, de maneira muito forte; o adulto sente-se frustrado pela impotência de enfrentar um concorrente tão poderoso e que ao invés disto deveria ser um auxiliar na educação dos filhos; o idoso fica totalmente fora deste contexto, tão distanciado de tudo aquilo que vivenciou no passado e que se processa numa velocidade acentuada, num ritmo diferente daquele que a idade lhe permite acompanhar, entender e absorver.
A leitura, a televisão, o computador, a internet, todos os avanços tecnológicos são ótimos, devem ser valorizados, mas não podemos cultuá-los como se fossem mais importantes que os seres humanos e os relacionamentos.
È importante usá-los com discernimento e colocá-los a serviço da evolução do ser humano e de uma convivência melhor e mais fraterna.

 

Envelhecer sem temor
Isabel C. S. Vargas

 


O Brasil em 1970 era um país de jovens. Hoje, com o envelhecimento da população e a limitação do número de filhos, principalmente nas classes média e alta, somos um país com um número grande de idosos. É um contingente que cresce no mundo todo.É um novo filão para ser explorado pela propaganda, marketing, turismo, enfim por vários segmentos da economia.
A expectativa de vida aumentou nas últimas décadas. O avanço da medicina, das pesquisas, da tecnologia contribuiu para isto.
O incremento das atividades de lazer, cultural e esportivo possibilita uma vida mais ativa, mais prazerosa, menos sedentária e isolada para o idoso.
O Estatuto do Idoso, que data de 2003, disciplinou certos direitos que visam maior inserção dos mesmos na sociedade, evitando que permaneçam discriminados, isolados, até por questão cultural do ocidente, por falta de valorização do saber acumulado, da experiência, do exemplo, uma vez que os velhos, idosos ou sexagenários, independe de como denominá-los eram considerados inúteis, posto que não estavam mais inseridos nos meios de produção.
Isto mudou. Muitas famílias hoje são sustentadas pelos rendimentos dos idosos.
Vale ressaltar que o capítulo V, art.20 da Lei 10.741, Estatuto do Idoso, garante aos mesmos o direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
No que se refere à educação esta lhes é garantida com adequação de currículos,metodologia e material didático.
No ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento,ao respeito e à valorização do idoso,como meio de eliminação do preconceito.
Independente do que a lei possa garantir,é fundamental a atitude da própria família para com o idoso,o tratamento e a atenção que lhes dispensam. O cuidado no aspecto afetivo e emocional é importantíssimo.Sentir-se perfeitamente inserido e adaptado no contexto familiar é de suma importância para a manutenção da saúde emocional e física, em decorrência.
O avanço da idade não é sinônimo de inutilidade.Com os cuidados que são possibilitados hoje, com a medicina preventiva, as pessoas chegam às idades mais avançadas com muita vitalidade, em plena forma, praticando atividades físicas, competindo trabalhando estudando empreendendo novas atividades , perfeitamente inseridos no contexto social e comunitário,praticando atividades de voluntariado, auxiliando os menos favorecidos e servindo de exemplo para as gerações mais novas.
Segundo dados da revista já citada acima, o Brasil tem hoje 14,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Daqui a 20 anos será o sexto país com maior número de idosos.Segundo previsões da ONU,daqui a dois anos o mundo terá mais sexagenários que crianças.
Logo, não tem sentido nem é razoável discriminar esta grande parcela da sociedade,vale, isto sim, investir nela, afinal como diz César Souza, autor de sucesso,”Sonhos não envelhecem e sempre é tempo de iniciar um novo script.”

 

Esperança no futuro
Isabel C.S.Vargas


As atribulações do cotidiano atingem as pessoas, desde os mais jovens aos mais maduros.
A competição é uma realidade inegável. Torna-se acirrada desde a escola,aumenta consideravelmente na época do vestibular,consolida-se no meio universitário,atinge o ápice na entrada no mercado de trabalho.
Para buscar um diferencial que enriqueça o currículo, o formando sai da universidade e joga-se de corpo e alma em pós-graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado, buscando cada vez maior qualificação. Vê-se jovens,com menos de 30 anos já com estes títulos .Exigências do mercado.Boa parte deles,só após estas etapas, consegue um trabalho que corresponda à sua qualificação e à sua aspiração.Disputam as vagas, nestes cursos, com pessoas de outras gerações,que só agora estão fazendo tais cursos,porque não tiveram tais exigências ao sair da universidade ou porque não lhes foi possível em função das necessidades a serem atendidas.
É importante que além de toda essa qualificação estejam estes jovens equipados emocionalmente para o trabalho e o pleno exercício da liderança.
Particularmente, acho maravilhoso, quando vejo em determinadas carreiras a grande quantidade de jovens que assumem em função de seu desempenho nos concursos públicos.
Acho extremamente saudável a renovação com mentes abertas, cheias de idéias e ideais, de boas intenções, bons propósitos.
Somado a tudo isso, é importante a consciência de que mais do que nunca, o que a sociedade precisa e espera, além de seus diplomas, é que eles tenham para com o outro e com a própria sociedade o compromisso de serem não só bons profissionais, mas bons seres humanos, que gostem de pessoas, de lidar com elas, que saibam escuta-las (muitas vezes é só isso que precisam) trata-las com carinho e o respeito que todo ser humano busca e merece. Quem ama o que faz presta atenção naquilo que faz.
É importante ser humilde, abnegado no desempenho de suas atividades, para atender às necessidades do outro; ser coerente, no pensamento e ação, comprometido com a sua realização e com a satisfação das necessidades do outro. Sobretudo,é preciso aquilo que mais a sociedade está carente neste momento:honestidade,estar livre de tentações,de enganos,de envolvimentos perniciosos.Aí,sim, poderemos mudar o panorama atual e termos um final diferente daquele que temos visto no nosso cotidiano,com fatos sendo maquiados,distorcidos,disfarçados visando manter no poder figuras que lá estão pelo poder em si, não para servir.
Na verdade, o que precisa a sociedade, é de verdadeiros líderes, bons modelos, comprometidos com a verdade, com a dignidade, o respeito e cujo objetivo seja a ela servir.

 

 
 

Igualdade nas diferenças
Isabel C. S. Vargas


“Homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plenamente suas potencialidades, mas, definitivamente não são idênticos nas capacidades inatas.”
Allan e Barbara Pease


Se analisarmos ao longo da história a situação da mulher e as suas conquistas podemos afirmar sem medo de errar que elas são muito recentes e que falta muito para que em outras culturas elas deixem de sofrer e serem consideradas como objeto, expostas a sacrifícios, mutilações e um sem número de ações cuja violência física, moral e psicológica são tão fortes que por si só já bastariam para aniquilar toda chance de felicidade, realização e prosperidade.
A sucessão de fatos nos mostra que as mulheres batalharam ao longo dos séculos não foi para ter igualdade com os homens, mas sim para terem reconhecimento como ser humano e não serem consideradas objeto, sem vontade própria, para serem reconhecidas e respeitadas em sua dignidade, humanidade, afetividade, capacidade de discernimento, valorização no âmbito familiar, social e reconhecimento profissional.
Começaram indo à escola (que não era coisa para mulheres), ou seja, tendo direito à educação e a informação, passaram a ter acesso ao mercado de trabalho, embora com salários inferiores, direito ao voto, acesso á determinadas profissões culturalmente tidas como essencialmente masculinas, isto sem esquecer que antes passaram a escolher o cônjuge, o que também em outras épocas era decisão paterna.
Foi necessário provar cada competência para ter direito e oportunidade de galgar mais um degrau na ascensão rumo ao reconhecimento como membro importante, atuante, valorizado na sociedade, sem o que não se pode conceber uma sociedade como justa.
Há pouco mais de 30 anos as mulheres que fossem separadas tinham menos chances de ingressar em determinadas carreiras, embora aprovadas nas provas. A reprovação se dava de forma a não poder ser questionada, ou seja, na entrevista, de forma subjetiva.
Ainda hoje são vítimas de discriminação corriqueira, ridícula e absurda (as loiras são burras, mulher dirige mal, mulher se é bonita é burra, lugar de mulher é na cozinha e o que é pior, mulheres sendo preconceituosas dizendo que só confiam nos profissionais masculinos).
No entanto, nunca tivemos tantas mulheres nos mais diversos setores da sociedade, chefes de Estado, ministras, parlamentares, prefeitas, governadoras, executivas, na carreira militar, policial, no judiciário (juizas, desembargadoras, defensoras públicas, promotoras, oficiais de justiça) e um sem número de profissões cujo desempenho é de reconhecida competência, seriedade sem, contudo deixarem de ser mulheres, mães exemplares, filhas devotadas, responsáveis únicas, em muitos casos pelo sustento familiar, desempenhando múltiplos papéis e exercitando plenamente a afetividade, a doçura e a ternura, tornando os ambientes menos frios e mais humanos.
Hoje sabemos que muitos preconceitos são frutos do desconhecimento de que desde a evolução das espécies homens e mulheres são diferentes, possuindo habilidades distintas. Por exemplo, as mulheres possuem habilidades sensoriais mais aguçadas, tem visão periférica mais abrangente em função de possuir dois cromossomos XX; em função das diferenças no cérebro têm mais facilidade na comunicação, tendo uma capacidade de verbalização diária muito maior que a masculina (não é por gostar de fofoca). Os homens tem habilidade espacial maior que a feminina, melhor visão noturna à longa distância. Há uma série de outras capacidades inatas diferentes em função do cérebro, dos hormônios, dos sentidos.
Em função de tudo isto podemos dizer que é importante reconhecer as diferenças sem deixar de reconhecer a igualdade de direitos, que é uma questão moral, política e jurídica.
Mais do que viver brigando, discutindo por opiniões, comportamentos, crenças ou afirmação temos é que procurar viver em harmonia respeitando estas diferenças.

 
 

Livro de Visitas

Para pág. 3