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SEBO LITERÁRIO
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Isabel Cristina Silva Vargas |
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CRÓNICAS
Pág. 6 de 7
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|
Sobre
a
mulher
Isabel
C.S.Vargas
A
cada
ano,
em
datas
especiais
parece
que
obrigatoriamente
temos
que
falar
algo,
nos
manifestarmos,
exaltando
conquistas
ou
enfatizando
carências.
Não
é
impositivo
que
assim
seja.
Ao
ensejo
do
dia
08
de
março,
não
vou
escrever
sobre
a
história,
sobre
atos
heróicos,
ou
exaltação
das
qualidades
femininas.
Já
fiz
isto
em
outras
ocasiões.
Desejo
ressaltar
é
aquilo
que
o
médico
psiquiatra
e
pesquisador
Dr.
Augusto
Cury
denunciou
em
sua
obra
sobre
a
ditadura
cruelmente
imposta
às
mulheres-
a
ditadura
da
beleza-
impondo
um
padrão
de
beleza
universal
que
hoje
não
atinge
só
as
mulheres
ocidentais,
mas
também
os
orientais,
desconsiderando
biótipo,
cultura,
saúde
física
ou
mental.
A
mídia
–impressa,
ou
televisiva-
só
valoriza
a
mulher
que
corresponde
ao
que
é
exigido
pelos
anunciantes,
pelos
patrocinadores,
estilistas
ignorando
a
mulher
comum,
normal.
A
propaganda
carregada
de
mensagens
(explícita
e
subliminar)
atinge
um
imenso
contingente
feminino,
de
qualquer
idade,
posição
social
ou
cultura
levando-as,
a
despeito
da
inteligência
de
que
são
dotadas,
a
sentirem-se
desvalorizadas,
inferiores,
se
não
se
enquadram
nos
padrões
veiculados.
O
mercado
da
publicidade,
da
moda
e da
beleza
está
atingindo
crianças,
adolescentes,
mulheres
maduras
causando
danos
psicológicos,
emocionais,
físicos,
enfermidades
sérias
como
a
bulimia,
anorexia
e
não
raro
causando
até
o
suicídio.
O
autor
fala
em
síndrome
do
Padrão
Inaceitável
de
Beleza
que
é
construído
em
cima
de
um
padrão
doentio,
que
exige
acima
dos
parâmetros
normais
de
saúde,
induzindo
à
baixa
auto-estima,
distorção
da
auto-imagem,
ansiedade,
depressão,
sensação
de
fracasso,
inadequação,
desvalorização
do
aspecto
físico,
por
não
se
assemelhar
ao
que
é
imposto.
É
algo
maquiavélico.
Quando
as
mulheres
olham
um
simples
comercial
de
bolsa,
sapato,
roupas,
sabonete,
xampu,
desodorante,
roupa
íntima,
maquiagem,
perfume,
esmalte,
cerveja
e
produtos
masculinos
elas
não
registram
em
seu
inconsciente
só
os
produtos,
suas
especificações
e
vantagens,
mas
as
modelos,
as
mulheres
que
os
apresentam
também.
Isto
reforça
esta
imagem.
Só
tem
sucesso,
só
tem
valor
o
padrão
de
beleza
apresentado.
Por
não
se
enquadrar
na
exigência,
as
mulheres
desenvolvem
ansiedade,
o
que
as
induz
ao
consumo.
É o
velho
e
conhecido
capitalismo
imperando
e
destruindo
a
auto-estima
de
milhões
de
mulheres.
Todas
passam
a
consumir
mais
para
tapar
o
buraco
emocional
causado
pela
imposição
de
um
padrão
inatingível,
que
ignora
herança
genética,
cultural
ou
os
danos
emocionais
que
possam
causar.
O
autor
fala
em
ditadura
interior,
que
distorce
a
crítica
e a
realidade
e
cujo
objetivo
é
promover
a
insatisfação.
Quem
está
satisfeito,
está
tranqüilo,
não
cai
nas
chamadas
ardilosas,
não
precisa
consumir
em
excesso
para
ser
feliz.
O
mais
grave
é
que
estas
sequelas
causadas
pela
imposição
midiática
não
se
esgotam
no
presente
necessitando
de
décadas
para
serem
superadas.
As
mulheres
esquecem
que
o
padrão
de
beleza
exigido
ou
retratado
no
decorrer
da
história
não
era
rígido
estando
ligado
aos
aspectos
culturais
e de
saúde
ditados
pela
sociedade
da
época.
Hoje
eles
são
ditados
pelo
consumo.
A
lei
é
ter
mais
e
não
ser
mais.
Creio
que
na
data
de
hoje,
além
de
prestar
um
tributo
de
respeito
às
precursoras
das
lutas
pela
igualdade
e
valorização
da
mulher,
cada
uma
deveria
ter
um
olhar
mais
lúcido
e
crítico
sobre
tudo
aquilo
que
aparece
diante
dos
olhos
procurando
vender
juventude
eterna
e
felicidade
associada
ao
aspecto
físico.
Que
não
se
acredite
em
todas
as
fantasias
vendidas
nas
revistas
femininas,
nas
quais
as
relações
de
consumo
aparecem
mascaradas
e
todo
anunciante
aparece
como
um
grande
benfeitor
capaz
de
acabar
com
as
mazelas
de
cada
um.
Que
o
Dia
Internacional
da
Mulher
seja
um
dia
de
valorização
interior,
de
elevação
de
auto-estima,
de
cultivo
de
bom-humor,
alegria,
de
respeito
a si
mesmo
e as
limitações
de
cada
um
sejam
aceitas
como
princípio
fundamental
e
que
ninguém
em
função
delas
se
ache
indigno
de
ter
sonhos,
de
lutar
por
objetivos,
de
ser
feliz
e
realizado. |
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|
Teias
Isabel C. S.
Vargas
O ser humano não
foi feito para
viver só e sim
para conviver,
partilhar
experiências. É
importante
estabelecer
relacionamento,
formar teias que
o mantenha
ligado,
entrelaçado com
outros de
maneira que ele
possa circular
entre estes
ligamentos e
deles extrair
segurança e se
fortalecer. Não
para se sentir
prisioneiro, mas
para que possa
se sentir firme
e ser
impulsionado
para realizações
proveitosas.
São teias
formadas pela
família, pelos
parentes, pelo
vizinho,
companheiros de
grupo, pelo
colega de
trabalho,
primordialmente
por aqueles com
quem é possível
fazer trocas
sinceras, que
produzam
sentimentos
bons, que façam
o indivíduo se
sentir e ser
melhor,
abandonando
pessimismo,
egoísmo,
orgulho, e
qualquer outro
sentimento que
produza efeitos
negativos como
mágoa, raiva,
ódio, vaidade
ficando mais
leve para alçar
vôos que
permitam ter o
espírito livre
para conquistar
a paz e alegria
de viver.
É mais fácil
quando o
indivíduo está
comprometido em
viver e
transmitir
otimismo, amor
em cada dia de
sua existência.
Não é fácil, mas
para que isto
ocorra é
necessário estar
bem consigo
mesmo,
satisfeito com o
eu interior, com
as próprias
realizações,
consciente de
como deseja
viver, das metas
que quer
atingir.
Só se abre para
uma vivência
compartilhada e
que valorize o
outro aquele que
tem auto-estima
satisfatória,
que se sabe
importante,
único e
reconhece a
importância do
outro.Este tipo
de pessoa vive
com
generosidade,
sem preocupação
de estar sempre
certo, de
ganhar, pois o
que deseja é ser
justo, construir
bases sólidas
que tanto serve
para aparar
àquele que cai
como para
impulsionar quem
deseja ir em
frente com a
segurança que
tem conexões
fortes para
nelas se
reabastecer,
quando for
necessário.
Para a
existência desta
teia é
fundamental
existir
confiança, pois
só mantemos
laços com quem é
possível
confiar. Para
confiar é
necessário
identidade,
identificação,
afinidade e,
mais uma vez,
auto-estima,
pois só quem se
crê confiável é
capaz de confiar
nos outros.
A teia é
resultado de
encontros, de
amarras que dão
sustentabilidade.
É como uma rede
em que todos os
nós ou ligações
são importantes
e vão sendo
feitos
gradativamente,
com paciência,
com clareza,com
desapego, com
solidariedade e
objetivo comum.
É resultado de
como cada um
quer viver: só,
voltado para si
mesmo, seus
interesses
particulares ou
de forma
compartilhada,
reconhecendo que
ninguém é
perfeito, mas é
único, digno de
respeito e
valorização.
Esta opção de
vida vale para a
vida familiar,
como para os
relacionamentos
sociais e
profissionais,
não fosse assim
não veríamos
proliferar as
redes de
cooperação, as
teias de
solidariedade e
tantas outras
organizações
sociais que se
estruturam
buscando uma
melhor vivência
em sociedade,
mais solidária,
mais humana. |
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|

|
De
tudo
ficam
três
coisas:
A
certeza
de
estarmos
sempre
começando
A
certeza
de
que
é
preciso
continuar
E a
certeza
de
que
podemos
ser
Interrompidos
antes
de
terminarmos.
Fernando
Sabino
Tempo
exato
para
falar
Isabel
C.S.Vargas
Há
assuntos
que
não
gostamos
de
pensar
nem
de
falar,
pois
se
referem
à
coisa
ou
situações
que
são
temidas.
Uma
delas
é a
morte.
Chegou-me
via
internet
um
texto
sobre
isto,
escrito
por
Pedro
Bial.
Gosto
de
sua
maneira
de
escrever,
de
seu
senso
de
humor.
É
inteligente,sensível,bem
situado
no
cotidiano,
entremeando
o
aspecto
subjetivo,com
situações
práticas.Fala
dos
apegos,das
manias
que
cultivamos
ao
longo
da
vida,algumas
vezes
até
de
um
modo
meio
obsessivo,centralizador.Com
isto
deixamos
de
aproveitar
outras
coisas
mais
prazerosas,mais
gratificantes
e
que
nos
deixarão
mais
felizes.
Um
outro
aspecto
chamou-me
a
atenção,
porque
atingiu
um
ponto
que
venho
adiando
propositalmente,
É
quando
ele
fala
que
“alguém
vai
ter
que
arrumar
as
tralhas,
mexer
nas
gavetas,
apagar
as
pistas
que
você
deixou
a
vida
inteira.”
Esta
é
uma
tarefa
muito
difícil.
Já
me
furtei
de
fazê-la
uma
vez,
porém
agora
tenho
que
executá-la
e
estou
sem
coragem,
porque,
realmente,
as
pessoas
deixam
pistas
de
como
são
em
cada
cômodo
de
uma
casa,
em
cada
tipo
de
adorno
que
colocam,
em
como
se
organizam.
Passa-se
a
vida
querendo
que
tudo
seja
feito
de
uma
determinada
maneira,
pensando
que
ninguém
pode
mexer,
vasculhar,
desarrumar
nossas
coisas
e no
entanto,
tudo
fica,
algumas
coisas
até
inacabadas,
mostrando
que
somos
pegos
de
surpresa
no
meio
do
caminho,
ao
invés
de
vivermos
até
a”
rapa”.(
sua
colocação
é
perfeita,
porque
dá a
idéia
exata
de
aproveitar
tudo
que
é
possível,
até
a
última
possibilidade).Entretanto,parece-me
que
somos
sempre
pegos
de
surpresa,
senão
os
que
partem,
pelo
menos
os
que
ficam,
por
isto
é
importante
não
adiarmos
decisões,
esperar
para
fazer
algo
que
queremos
só
na
próxima
estação,ou
ficarmos
indefinidamente
esperando
que
algo
aconteça.
Nós
é
que
temos
de
fazê-las
acontecerem,
ou,
então,
mudar
o
foco
de
nossa
vida.
Podemos
nos
aborrecer,
sofrer
quando
as
coisas
não
são
da
maneira
que
sonhamos,
mas
os
sonhos
só
se
concretizam
através
de
ações
concretas,
direcionadas,
estruturadas
e
sistematizadas
pacientemente.
Muitas
vezes
temos
que
rever
métodos,ou
alterar
objetivos,isto
é,
mudar
planos.Isto
envolve
flexibilidade,
capacidade
de
sublimação,
de
transcendência. |
|
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|
Tempo
presente
Isabel
C.
S.
Vargas
O
sábio
deseja
apenas
saber
como
ser
feliz
hoje
para
continuar
a
ser
feliz
amanhã.
(Sabedoria
Reiki)
Adoro
relógios
de
pulso,
por
isto
os
tenho
de
vários
modelos,
especialmente
com
a
finalidade
de
acessório
ou
enfeite.
Entretanto,
não
gosto
dos
relógios
que
utilizamos
nos
cômodos
das
casas
e
que
são
barulhentos.
Acho
enervante
não
só o
barulho
da
máquina,
como
o
sinal
dado
de
hora
em
hora
naqueles
relógios
antigos.
Parece-me
que
estão
sempre
a
alertar
sobre
a
passagem
rápida
do
tempo,
de
modo
a
não
ficarmos
despreocupados,
descansados,
somente
desfrutando
do
momento
presente.
Por
isto
passamos
a
não
ter
relógios,
a
não
ser
os
pessoais.
Passados
muitos
anos,
ganhamos
um
de
cobre,
com
desenhos
típicos
do
Chile,
quando
meu
marido
lá
esteve.
Só
passamos
a
usá-lo
por
ser
muito
bonito
e,
sobretudo
muito
silencioso.
Há
pouco
tempo
atrás
recebi
uma
mensagem
que
achei
muito
interessante,
pois
explicava
porque
o
tempo
parece
voar
tal
a
rapidez
com
que
transcorre.
Dizia
que
por
fazermos
as
coisas
de
modo
rotineiro,
o
fazemos
mecanicamente,
sem
pensar
no
que
estamos
executando
e
sem
sentir
ou
vivenciar
cada
instante
porque
o
fazemos
quase
sem
perceber.
As
tarefas
são
desenvolvidas
de
forma
repetitiva,
enquanto
nossa
alma,
nosso
pensamento
sabe-se
lá
por
onde
anda,
de
modo
que
não
estamos
nos
entregando
à
tarefa
do
momento,
o
que
significa
que
não
estamos
vivendo
o
presente
de
maneira
consciente.
O
que
fazemos,
então,
se o
que
temos
de
palpável,
de
real
é o
presente,
que
é
dádiva,
posto
que
nele
estão
ofertadas
todas
as
possibilidades:
a de
escolha,
de
vivência
e de
renovação?
Assim,
temos
que
inovar
sempre,
pois
só
prestamos
atenção,
nos
dedicamos
e
nos
empenhamos
nas
vivências
novas,
para
conhecê-las,
desvenda-las,
desempenha-las
com
correção,
pois
tudo
que
merece
ser
feito,
merece
ser
bem
feito.
Ao
fazermos
um
mesmo
trajeto
sempre,
sequer
o
observamos
por
já
ser
nosso
conhecido,
entretanto,
se
mudamos
o
rumo,
observamos
cada
pequeno
detalhe,
parecendo
que
nos
entregamos
inteiramente
àquilo
que
estamos
fazendo
e
assim
não
sentimos
se o
percurso
é
longo
ou
cansativo
porque
estamos
absorvidos
na
tarefa
que
nos
gratifica,
nos
proporciona
acréscimo
de
experiências.
Quando
o
tempo
é
aproveitado,
vivido
com
entrega,
prazer,
dedicação
e
até
paixão
ele
nos
dá
uma
sensação
positiva
e
nos
proporcionará
lições
a
serem
aproveitadas
posteriormente.
O
passado
serve
para
que
dele
tiremos
lições
que
nos
permitam
viver
melhor,
o
futuro
será
resultado
de
como
vivemos
o
presente,
será
resultante
de
nossas
escolhas
atuais.
Ora,
o
futuro
está
em
nossas
mãos,
é o
presente
divino,
maravilhoso,
cheio
de
escolhas,
possibilidades,
pois
como
alguém
já
disse
sabiamente,
nada
existe
de
permanente,
exceto
a
mutação.
icsvargas@gmail.com
www.isabelcsvargas.blogspot.com
Como
nunca
sabemos
quando
podemos
ser
interrompidos,
há
duas
coisas
muito
importantes
que
não
podem
ser
deixadas
para
depois.
Uma
é
dizer
para
as
pessoas
o
quanto
as
amamos
, a
outra
é
pedir(ou
conceder)
perdão. |
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Livro de Visitas

Para
pág. 7 |
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