Sebo - Vilma Matos

Odisséia em Ulisséia

Torre de Belém

Fiquei encantada com a beleza e “faceirice” da Torre de Belém. Ela me fez lembrar o porte de uma rainha, toda soberana em seu reino aquático.
Este monumento fica situado ao lado direito do Rio Tejo e se destaca pelo seu tamanho e formosura, transmitindo aos visitantes uma estranha sensação de onipotência. A meu ver, a Torre de Belém é uma obra material digna de está passando para a posteridade, por isso, acredito que foi construído para resistir ao furor dos ventos, das águas e, principalmente o tempo. Na hora em que passei pela Torre, o sol estava baixo e isso fazia com que ela ficasse iluminada, este radioso brilho era causado pelo reflexo do sol, nas águas do Rio Tejo. A Torre de Belém foi um dos monumentos mais belo de vi em Portugal.
Para muitos a Torre de Belém é considerado o mais belo monumento do estilo manuelino. Edificada, de início, dentro de água, foi concebida como uma torre quadrangular, rodeada de um baluarte com uma cortina de muralhas avançando sobre o Rio Tejo, como proa de uma nau. Na fachada virada ao Tejo, a plataforma ameada, as linhas dos modilhões, as varandas bipartidas de mainéis e cobertas de empenas oblíquas, os balcões salientes, as cúpulas de gomos bizantinas, os melões chanfrados, juntamente com a emblemática manuelina, fazem deste monumento um exemplo de rara beleza e equilíbrio. O interior do monumento contrasta com o exterior pela grande austeridade, sendo de salientar a robustez das abóbadas de cruzaria. É um dos ex-libris de Lisboa.

Mosteiro dos Jerônimos

Ao passar pelo mosteiro, desejei retirar o véu daquele templo e desvendar os seus segredos seculares. Passar pelos largos portões, rumo ao interior do mosteiro. Um calafrio percorreu minha espinha dorsal e minhas pernas ficaram pesadas, por sorte, ninguém percebeu toda essa comoção.
Desviei meus pensamentos e retoquei a maquiagem, para disfarçar minha cara de espanto. Reconheço a facilidade que tem o poeta de plasmar imagens, retirando-as do recôndito de sua alma. Na verdade, eu tinha mesmo a certeza que em tempos remotos, esse lugar foi palco de exibições históricas protagonizadas pelos próprios ocupantes do mosteiro. De certa forma, esses pensamentos transcendentais, mexiam com minha curiosidade.
Por vezes, cheguei a indagar aos amigos, quais seriam as sensações se, por acaso, a gente dormisse neste misterioso lugar. A curiosidade pode despertar o espírito investigativo; portanto precisava saber mais sobre aquele mosteiro que me atraia. Regressei ao passado distante. Assisti, em uma manhã ensolarada, ao casamento de dois jovens fidalgos. Eles, embevecidos de amor, deslizavam ao som da marcha nupcial. Para eles era um momento mágico capaz de mudar as estações do ano, passando do verão à primavera do amor. E assim, felizes, todos os dias ouviam os sinos que batiam blim, blim, blim dentro de seus corações apaixonados. Nesse encantamento, prosseguiram desbravando os desertos e transformando-os em jardins floridos.
O Mosteiro dos Jerônimos tem sua frente para o Rio Tejo, de onde se pode ver um mar d'água e ouvir os sussurros do vento. Dá a impressão que estão confidenciando os seus segredos milenares.
Mesmo não tendo adentrado às dependências do Mosteiro, de forma real, foi possível admirar seu enigmático encantamento.

Monumento das Descobertas

Visualizar o monumento é
Quase tocar com minhas mãos,
Na história de um povo.
É sentir o furor das emoções
Que, a cada instante, brotam
Das profundezas de minha alma.
Alma de poeta apaixonada
Por uma história viva,
Não por uma história morta,
Pouco sentida,
Que era, por mim, tão somente
Conhecida,
Através de livros mofados, escondidos
Em prateleiras...
Quero mais é viver e sentir
As sensações psíquicas,
Vivenciar o amor,
Curtir a natureza.
Usufruir desta riqueza inesgotável
Que é a vida!

Paço de Arcos

Olhando para esta arquitetura histórica, ganhei asas imaginárias que me conduziram ao um longínquo tempo, época em que D. Manuel I assistia no conforto de sua espaçosa varanda, as embarcações que lentamente, chegavam ou se afastavam diante de seus olhos.
Enquanto devaneava, por instantes, sentia-me uma verdadeira gigante, já em outros, via-me na condição de um minúsculo inseto. Para mim, tudo ali era dotado de um poder sobrenatural. Temia ser vista pelo pessoal da guarda real, ou pelo próprio D. Manuel I que residia naquele extraordinário palácio. A realeza das imagens mentais me causava uma avalanche de emoções quase que perceptível aos amigos que me acompanhavam na excursão. Tomei maior precaução, para não ser desagradável, a ponto de me desligar por muito tempo, deixando que os amigos falassem ao vento.
Olhar bem de perto o “Paço”, lugar onde muitos fatos sucederam durante a construção da história de um povo que, em meio a grandes e pequenas desventuras, procura, até hoje, manter a sua história viva, valorizando a sua cultura e a tradição milenar de sua gente, é uma viagem no tempo. Aproximar-se do “Paço de Arcos” é viver algo surpreendente. Viva Portugal! Vivam os portugueses!
Paço de Arcos deve o seu topônimo ao palácio dos Condes de Alcáçovas, que é um antigo solar, cuja fundação remonta aos fins do Século XV. Foi reconstruído no Século XVIII, mas os dois torreões, unidos por um corpo central, com varanda assentam em três grandes arcos, evocam o traçado primitivo. Segundo a tradição, D. Manuel I assistia, dessa varanda, à partida das naus para a Índia.

 

Oeiras

O tic-tac do relógio ainda me incomodava, porque eu sabia que logo mais ficaria só. No entanto, não desperdicei oportunidade, estando em companhia dos amigos portugueses, descartei o medo e deixei que a coragem e a ousadia assumissem meu psiquismo. A segurança, na justa medida, pode ser um dos pilares para que uma pessoa obtenha sucesso, naquilo que pretende realizar. Lisboa não era mais um lugar desconhecido para mim, portanto me sentia preparada para encarar as novidades, o que tivesse porvir. Ao fazer tal afirmação, não tinha noção da catástrofe que me aguardava, se o tivesse, por certo, não teria alimentado tanta segurança.
Claro que era preferível continuar na companhia aprazível do Carlos, da Manuela e da Joana e ouvir tudo que eles tinham para dizer. A conversa era bem “temperada” por uma boa dosagem de história e cultura. Quanto mais eles falavam, mais eu sentia fome e sede de conhecimento. Confesso que, se alguém me perguntasse quem mais falou durante o passeio, se foi o Carlos ou a Manuela, não saberia responder ou, talvez respondesse: foi a Joana, afinal, ela tinha que repetir quase tudo que os dois falavam! A verdade é que, eles conhecem muito bem a história do seu país. Falar de Oeiras é falar de agricultura e também da indústria. Este povoado teve grande influência no avanço da economia de Portugal, conforme se lê abaixo:
A povoação é de origem muito antiga e só foi elevada à categoria de Vila em 1759, no dia imediato, ao rei D. José ter concedido a Sebastião José de Carvalho e Melo o título de Conde de Oeiras. O Marquês de Pombal também contribuiu para o desenvolvimento de Oeiras, por ali ter instituído, em 1776, a primeira feira agrícola e industrial da Europa
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No Estoril

Em visita ao Cassino Estoril, que fica situado na Vila Estoril, aproveitei para tirar fotos de um dos cassinos mais famosos de Lisboa. Ele é luxuoso e em suas instalações tem complexos de salas para eventos como; espetáculos musicais, teatrais, dentre outros. Na ocasião, Manuela, Joana e eu fomos falar com um moço que se encontrava junto à porta principal.
Ele, polidamente nos disse que não seria permitida, a entrada de menores nas dependências do cassino. É que a Joana, naquela época tinha apenas 17 anos. Então, preferimos desistir. Enquanto isso, do lado de fora, o Carlos acendia mais um cigarro. Retornamos antes que ele terminasse e, por ser ele um homem de fino trato, fez a gentileza de apagá-lo. Conhecer o cassino, não fazia parte do meu roteiro de visitas, mas o convite da Manuela aguçou a minha curiosidade. Francamente, eu gostaria de ter visto de perto, como se comportam os jogadores e convidados, bem como o funcionamento das mesas de jogos. Ali, muitos famosos e milionários jogam em nome do prazer, da sorte e de enriquecimento fácil. O salão que dava acesso às mesas de jogos era muito espaçoso, cheguei a me sentir fisicamente pequena diante do que meus olhos conseguiam visualizar. Tudo ali era extremamente misterioso e envolvente, onde a riqueza e o luxo poderiam facilmente comandar o desejo de quem quer que, naquele lugar passasse a freqüentar. O que não deixa de ser natural, pois o ser humano tende a apreciar, o luxo, o bonito, o belo... Mas se falando de jogos, não custa nada ficar atento, pois essa brincadeira aparentemente inocente, quando tem por trás interesses financeiros (enriquecimentos) pode levar uma pessoa ao cúmulo da insensatez, ultrapassando as barreiras do lazer, da brincadeira desinteressada.
Em Portugal existem vários cassinos, mas segundo pesquisa através do site http://pt.wikipedia.org/wiki/Casino, (a enciclopédia livre), em Portugal a atividade de jogos apenas está licenciada à Santa Casa de Misericórdia de Lisboa. Sendo que estes cassinos estão localizados nas principais zonas turísticas.

 

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