Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Formatação de Iara Melo
D. Afonso VI, 0 22º rei de Portugal, nasceu
em Lisboa e morreu no Paço Real de Sintra,
em 1683. Filho de D. João IV e de D. Luísa
de Gusmão, casou-se em 1666, com D. Maria
Francisca Isabel de Sabóia, matrimónio que
viria a ser dissolvido em 1668, por,
alegadamente não ter sido consumado, segundo
a própria rainha. Hemiplégico e
intelectualmente limitado, ficou herdeiro do
trono aos 10 anos de idade, devido à morte
prematura de seu irmão Teodósio, e rei aos
13 anos. No seu reinado, as forças
portuguesas consolidaram a independência,
ameaçada pela Espanha, com vitórias de
Ameixial, Castelo Rodrigo e Montes Claros,
respectivamente em 1663, 1664 e 1665. A paz
foi definitivamente assinada em 13 de
Fevereiro de 1668. Durante o seu reinado, o
controlo do poder executivo coube a D. Luís
de Vasconcelos e Sousa, 3º Conde de Castelo
Melhor, que ocupou o cargo de escrivão da
puridade. Com os anos, aumentou a
incapacidade do monarca, sendo por isso
coagido, depois de complicadas manobras
diplomáticas a entregar o governo, em 1668,
a seu irmão D. Pedro. Preso de início no
Paço Real em Lisboa, para evitar
perturbações políticas, foi levado para a
fortaleza de São João Baptista na Ilha
Terceira (Açores). A conspirarão de 1673
aconselhou a sua transferência para o
continente, ficando a residir desde então no
Palácio de Sintra ( a 30 Km de Lisboa).
Afonso VI de Portugal
Rei de Portugal nascido a 21 de Agosto de em
Lisboa, cujo nome é lembrado apenas por uma
série de vitórias militares contra a
Espanha, como Ameixial (1663), Castelo
Rodrigo (1664) e Montes Claros (1665), pois
internamente seu reinado foi marcado por
disputas internas, entre parentes, pelo
trono. Filho de D. João IV e de D. Filipa de
Gusmão subiu ao trono após a morte do pai
(1656), sob a regência de sua mãe
(1656-1662).
Tido como perturbado mentalmente, assumiu de
fato o trono, no bojo de uma manobra
liderada por Luís de Vasconcelos e Sousa,
terceiro conde de Castelo Melhor, que se
tornou sua eminência parda. Em seu governo
Portugal reorganizou as finanças e
praticamente completou a obra da
restauração, vencendo os espanhóis em
Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e
Montes Claros (1665). Embora em seu governo
tenha internamente reorganizado as finanças
do país e apesar das vitórias militares, seu
reinado foi marcado por disputas entre seus
partidários e os de Pedro, seu irmão.
Nesse longo processo, o rei perdeu
sucessivamente seu casamento, seu reinado e
finalmente a liberdade. O infante D. Pedro,
futuro Pedro II, apoiado no fato de que o
rei não teria condições de governar,
aliou-se com a mulher de D. Afonso, D. Maria
Francisca Isabel de Savóia, e com o apoio de
grande parte da aristocracia e de
manifestações de descontentamento popular,
ambos levaram o rei a assinar uma declaração
de renúncia ao governo (1668) e as cortes
nomearam D. Pedro príncipe regente. Sob
alegação de incapacidade seu casamento foi
anulado e D. Francisca casou-se com D.
Pedro. Deposto (1668), terminou seus dias
como prisioneiro no arquipélago dos Açores e
morreu em Sintra.
Afonso VI.
Nasceu em Lisboa, a 21 de Agosto de 1643;
era filho 2.° de D. João IV e de D. Luísa de
Gusmão, filha do duque de Medina Sidónia.
Tendo falecido seu irmão mais velho, o
príncipe D. Teodósio, foi jurado herdeiro em
1653, e aclamado em 15 de Novembro de 1656,
governando na sua menoridade a rainha sua
mãe. Aos três anos assaltou-o uma paralisia,
de que ficou sempre sofrendo mais ou menos,
e com o espírito fraco. Devido talvez à má
educação que recebera dos seus preceptores,
D. Afonso folgava em tratar com pessoas de
baixa condição, e em se entregar a
divertimentos indignos da sua hierarquia; ia
para as janelas do paço, que deitavam para o
pátio da capela, ver os rapazes que se
juntavam ali, jogando à pedrada. Este pátio
era cercado de arcadas, onde estavam
estabelecidos mercadores com as suas tendas.
Um destes, o genovês António Conti,
astucioso como um verdadeira italiano, soube
insinuar-se nas boas graças de el-rei,
aplaudindo os rapazes que D. Afonso protegia
nas contendas que se travavam. D. Afonso
descia ao pátio para conversar com o
genovês, que procurava tornar-se agradável,
oferecendo-lhe bugigangas do seu comércio,
que tentavam o gosto pouco apurado do jovem
monarca. António Conti foi-se insinuando no
ânimo de D. Afonso, que este chegou a
introduzi-lo no palácio. Os preceptores
quiseram acabar com aquele escândalo, mas o
rei insistiu, e procurou meios de se
comunicar secretamente com o italiano. Os
preceptores, vendo que nada conseguiam,
desistiram. D. Afonso VI, convencendo-se do
seu poder, prosseguiu nos desregramentos,
introduzindo na sua intimidade o irmão de
António Conti, negros, mouros e lacaios de
ínfima espécie. Divertiam-se todos em
combates de lebreus, primeiro no paço,
depois no próprio terreiro, em público.
Aquele bando ignóbil não abandonava nunca o
rei; percorriam todos a cidade, de noite,
apedrejando janelas, arremetendo contra os
transeuntes. A incapacidade física de D.
Afonso tornava ainda estes espectáculos mais
repugnantes. Atirando-se por bazófia a
empresas atrevidas, sempre se saia mal,
obrigando-se a fazer-se reconhecer, para não
ser maltratado pelas pessoas que provocava.
Por vezes enchia o paço de mulheres
perdidas, também por bazófia, porque não era
menos incapaz para as lutas amorosas que
para as lutas guerreiras. A rainha regente
não sabia como impedir semelhante viver, e
quis abandonar a regência, quando D. Afonso
completou 18 anos; o conselho de estado
porém, pediu-lhe que tal não fizesse, pelo
menos enquanto não tirasse António Conti da
intimidade do rei. A rainha então antes de
largar a regência, resolveu desterrar
António Conti para o Brasil; D. Afonso,
sempre volúvel depois de se mostrar furioso,
sossegou, e talvez até não pensasse mais nos
seus validos, se um homem, muito
inteligente, mas ambicioso, não tomasse o
partido deles, e não excitasse os
sentimentos de el-rei.
Era o conde de Castelo Melhor, que,
auxiliado por mais alguns fidalgos,
conseguiu que o monarca saísse para
Alcântara, e daí fizesse saber a sua mãe que
resolvera assumir o poder. A rainha tentou
resistir por boas razões e conselhos, porém
nada conseguiu, porque o conde de Castelo
Melhor, estando disposto a subir ao poder,
não desistia por caso algum dessa empresa. A
29 de Junho de 1662, el-rei assumiu
definitivamente o governo do reino, ou
antes, em seu nome o conde de Castelo
Melhor, que se fez nomear escrivão da
puridade. 0 conde empregou toda a sua
astúcia em afastar de junto do rei todas as
pessoas que podiam ofuscar-lhe o seu
valimento; até conseguiu que a própria
rainha se afastasse, acolhendo-se ao
convento do Grilo. É certo porém, que se o
conde se serviu de meios nem sempre dignos
para subir ao poder, mostrou-se digníssimo
em exercê-lo. 0 reinado de D. Afonso VI
deveu-lhe a glória que o iluminou, e o
inepto soberano pôde alcançar na história o
epíteto de o vitorioso. Já no tempo da
regência da rainha D. Luísa, Portugal tinha
resistido aos combates contínuos que se
seguiram à aclamação de D. João IV e às
dissidências que se armaram entre os
portugueses. Ganharam forças os dois
partidos, do conde de Odemira, D. Francisco
de Faro, e do conde de Cantanhede, D.
António Luís de Meneses; ambos estes
partidos contavam grandes influências no seu
grémio. A rainha teve de lutar com as
dificuldades que lhe criavam; um terceiro
partido, o do clero, também se organizou a
favor da rainha, tendo à sua frente o
irlandês Frei Domingos do Rosário. D. Luísa
uma perfeita diplomata, organizara um
governo composto de todas as facções. A
Espanha, sempre em guerra, começou a célebre
campanha em 1657, e tomou as praças de
Olivença e Mourão. Portugal conseguiu
recuperar a praça de Mourão. Em 1658, deu-se
o desastre de Badajoz, pela malograda
tentativa de Joanes Mendes de Vasconcelos,
desastre que causou muitas vítimas e muitas
perdas; nesse mesmo ano, porém, a brilhante
batalha do forte de S. Miguel foi uma
gloriosa compensação. 0 cerco de Elvas,
praça tão heroicamente defendida por D.
Sancho Manuel, e em 14 de Janeiro de 1659 a
célebre batalha das linhas de Elvas foram
dois grandiosos feitos de armas. Nesta
batalha distinguiu-se o conde de Cantanhede,
que recebeu, entre outras mercês, o título
de 1.º marquês de Marialva, por carta de lei
de 11 de Junho de 1661. 0 tratado de paz
entre Franca a Espanha, em 1660, prejudicou
muito a política portuguesa, colocando em
grave risco a nossa independência. Depois de
Afonso VI tomar posse da governação de
Estado, D. João de Áustria, filho bastardo
do rei de Castela, invadiu o Alentejo, tomou
Évora, e chegou quase às portas de Lisboa. 0
conde de Castelo Melhor tratou de organizar
importantes forças para repelirem esta
invasão, colocando à frente dessas forças D.
Sancho Manuel, conde de Vila Flor, e o conde
de Schomberg. Seguiu-se uma série de
combates a de vitórias; a reconquista de
Évora, a tomada de Assumar, Ouguela, Veiros,
Monforte, Crato e Borba; Figueira de Castelo
Rodrigo, Ameixial, batalha que se deu em
1663, em que muito se distinguiram os
generais marquês de Marialva, e conde de
Schomberg. A decadência de Portugal era
inevitável, com um rei tão fraco que tudo
sacrificava à quietação do espírito e às
suas comodidades. Nas colónias ainda essa
decadência mais se pronunciava. As
complicações da Índia, a aliança da
Inglaterra, com o casamento da infanta D.
Catarina, filha de D. João VI, com o rei de
Inglaterra, Carlos II que levou em dote duas
praças, Bombaim e Tânger, a tomada, pelos
holandeses, de Ceilão, Cranganor, Negapatam,
Cochim, Coulam, e Cananor, as negociações a
que foi indispensável entrar com eles e a
traição do duque de Aveiro e de D. Fernando
Teles de Faro. A campanha contra os
espanhóis, terminou por assim dizer, com a
batalha de Montes Claros, ganha pelo marquês
de Marialva e o conde de Schomberg. Depois
desta batalha, só houve escaramuças a
guerras de fronteira. Os espanhóis, já
cansados de tanto lutar, começaram a tratar
da paz, que o conde de Castelo Melhor só
queria aceitar com as condições a que nos
dava direito a nossa constante supremacia
militar. Assim o conde exigia que a Espanha
nos cedesse uma porção do seu próprio
território, queria a Galiza, e com certeza o
conseguiria, se as intrigas da corte o não
houvessem precipitado do poder.
0 casamento de D. Afonso VI com a filha do
duque de Nemours, D. Maria Francisca d'Aumale
a Sabóia, interessou a França nos nossos
destinos, que nos deu a sua aliança.
Enquanto Portugal se engrandecia no campo da
batalha, consolidando a nossa independência,
no paço, em Lisboa, triunfavam as intrigas
palacianas. A rainha D. Maria Francisca de
Sabóia, estranhava bastante o marido que lhe
tinham dado, um homem de instintos viciosos,
destituído de educação; incapaz de amar e de
se fazer amar. Sendo ambiciosa, e estando
habituada ao respeito e obediência de Luís
XIV, este mesmo de longe queria sujeitar
completamente a politica portuguesa à
influência do governo de Versalhes. 0 conde
de Castelo Melhor não era homem que se
curasse facilmente, e como a rainha soubera
adquirir, apenas chegara, uma grande
influência no ânimo fraco de seu marido,
tratou de impedir que ele entrasse
demasiadamente na política e nos negócios do
Estado. Daqui resultou a hostilidade, ao
princípio dissimulada, mas depois, sem
reserves. 0 conde, verdadeiro diplomata, não
deu nunca ensejo à rainha para que pudesse
queixar-se dele, outro tanto não aconteceu
com o secretário de estado, António de Sousa
de Macedo, poeta e escritor notável. Uma
insignificante questão, relativa a um criado
da rainha, obrigou a orgulhosa soberana a
censurar Sousa de Macedo, e este respondeu
com mais vivacidade. A rainha fez grande
escândalo, dizendo que lhe tinham faltado ao
respeito, queixou-se a el-rei, exigindo a
sue demissão. El-rei, apesar da sua curta
inteligência, entendia que os tiros
dirigidos contra homens que o rodeavam, e
que formavam um governo muito considerado no
estrangeiro, era a ele que o feriam, não
quis aceder ao pedido da rainha, e mesmo
porque da resposta do secretário de estado
nada havia de menos respeitoso. A rainha
ainda insistiu, mas o rei instigado pelo
conde de Castelo Melhor, firmou-se no seu
propósito, e Sousa de Macedo não foi
demitido. O infante D. Pedro, que já andava
em dissidências com seu irmão, ajudando os
projectos da rainha, de quem se tornara
muito íntimo, mostrou-se indignadíssimo. D.
Pedro fazia oposição ao 1.° ministro,
porque, quando a impopularidade de D. Afonso
VI mais se pronunciou, nutria a esperança de
conquistar o poder, e o conde elevava-se
entre ele e o rei, e o seu vulto enérgico
era pare fazer recuar os ambiciosos. A
rainha, que também detestava o ministro,
ligou-se ao cunhado, para conspirarem contra
o seu poder, procurando inutilizá-lo. Estas
ligações tornaram-se depressa escandalosas.
D. Maria Francisca de Sabóia, na força da
vida, via-se casada com um homem quase
decrépito, e incapaz de inspirar amor pelos
defeitos físicos e intelectuais, enquanto
que D. Pedro era um rapaz simpático e dizia
amá-la. Diz-se que foi no bosque de
Salvaterra, onde el-rei gostava muito de ir
à caça, que esses amores mais se acentuaram.
0 conde de Castelo Melhor, com a sua
perspicácia, não tardou a descobrir aqueles
amores adulterinos, e o infante percebendo
que o conde estava senhor do segredo, ainda
mais aumentou o seu ódio.
0 infante começava a exigir a demissão do
conde, tomando como agravo pessoal as
medidas que o ministro tomava em sua defesa;
vendo que nada conseguia acusou-o de o ter
querido envenenar em Queluz, declarando que
tinha testemunhas, que só se apresentariam
quando o conde fosse demitido, porque até
então receavam arriscar-se. 0 rei convocou o
conselho de Estado, o qual declarou não
haver motivo para a demissão, antes do crime
ter sido provado com os depoimentos das
testemunhas. Afinal, apesar das testemunhas
nunca aparecerem, D. Pedro conseguiu que o
conde fosse demitido, e como era esse o fim
desejado nunca mais se falou em semelhante
crime: a demissão foi dada pelo próprio
conde, que conhecia bem que a primitiva
resolução do rei ia enfraquecendo, e então
preferiu ausentar-se. D. Afonso ficou
completamente sem defesa.
Depois de muitas intrigas, o rei quis que
António de Sousa de Macedo, que sempre saíra
do reino, voltasse para o seu lado, mas a
rainha opôs-se energicamente o conselho de
estado decidiu-se a favor de Macedo, o qual
voltou a ocupar o seu lugar de secretário.
D. Pedro, então, à testa da nobreza, e
apoiado por uma manifestação tumultuosa do
povo de Lisboa, invadiu o Paço, em 5 de
Outubro de 1667, e exigiu a demissão do
secretário. 0 pobre soberano, vendo aquela
atitude bélica, cedeu, ficando completamente
abandonado no meio das intrigas a do
despotismo de seu irmão, que empregava os
meios mais vis para lhe roubar o trono e a
esposa. Seguiu-se o divórcio da rainha, que
foi um processo escandaloso e revoltante, e
em que apareceram depoimentos vergonhosos de
muitas testemunhas. D. Afonso, guardado à
vista pelo infante, viu-se obrigado a anuir
a tudo quanto dele exigiam, declarou que
desistia do governo do reino, a até
abdicaria em seu irmão contanto que o
deixassem viver sossegado. Convocaram se
cortes em 1 de Janeiro de 1668, e nelas se
decidiu a deposição do rei, confiando-se a
regência a seu irmão. 0 casamento foi
anulado; de Roma veio dispensa para que
pudessem casar os dois cunhados, casamento
que se realizou no mesmo ano de 1668. D.
Pedro via satisfeitos todos os seus desejos
e ambições. Receoso, porém, que o rei,
estando no continente, servisse de pretexto
para algumas conspirações, conseguiu
desterrá-lo para a ilha Terceira, onde o
infeliz soberano foi encarcerado no castelo
de S. João Baptista de Angra. D. Afonso ali
esteve 4 anos; descobrindo-se uma
conspiração, em 1673, protegida pelo
embaixador espanhol, conde de Humanes, em
que se pretendia soltar o rei e
restituir-lhe o trono, foi o pobre rei
transferido para o palácio de Sintra, sendo
mortos alguns dos conspiradores. Em 12 de
Setembro de 1683, faleceu naquele palácio,
quase repentinamente, dum ataque
apopléctico, estando a ouvir missa.
D. Afonso era de agradável presença, tinha
olhos azuis a cabelo louro e comprido. Está
sepultado em S. Vicente de Fora. No seu
tempo floresceram os escritores: Jacinto
Freire de Andrade, António Barbosa Bacelar,
João Soares de Brito, Francisco de Sá
Meneses, Manuel de Galegos, D. Francisco
Manuel de Melo, o conde da Ericeira, Duarte
Ribeiro de Macedo, António de Sousa de
Macedo e Frei António das Chagas.
(Portugal - Dicionário Histórico,
Corográfico, Heráldico, Biográfico,
Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume I, págs. 67-69).
Maria Francisca Isabel de Sabóia, Maria
Francisca Luísa Isabel d´Aumale e Sabóia, ou
de Sabóia-Nemours, nascida em Paris, 21 de
Junho de 1646 que morreria aos 38 anos na
Palhavã, em Lisboa, a 27 de Dezembro de
1683.
http://pt.wikipedia.org/wiki
0 casamento de D. Afonso VI com a filha do
duque de Nemours interessou a França em
nossos destinos, nos deu sua aliança.
Enquanto Portugal se engrandecia no campo da
batalha, consolidando a independência, no
paço, em Lisboa, triunfavam as intrigas
palacianas. A rainha estranhava bastante o
marido, homem de instintos viciosos,
destituído de educação, incapaz de amar e de
se fazer amar. Sendo ambiciosa, estava
habituada ao respeito e obediência da corte
de Luís XIV, que de longe queria sujeitar a
politica portuguesa à influência do governo
de Versalhes. Castelo Melhor não era homem
que se curasse facilmente, e como a rainha
soubera adquirir grande influência no ânimo
fraco do marido, tratou de impedir que
entrasse demasiadamente na política e nos
negócios do Estado. Daqui resultou a
hostilidade, dissimulada e depois sem
reserves. 0 conde, verdadeiro diplomata, não
deu nunca ensejo à rainha para que pudesse
queixar-se dele, outro tanto não aconteceu
com o secretário de estado, António de Sousa
de Macedo, poeta e escritor. Uma
insignificante questão, relativa a um criado
da rainha, obrigou a orgulhosa soberana a
censurar Sousa de Macedo, e este respondeu
com mais vivacidade. A rainha fez grande
escândalo, dizendo que lhe tinham faltado ao
respeito, queixou-se a el-rei, exigindo a
sue demissão. El-rei, apesar da sua curta
inteligência, entendia que os tiros
dirigidos contra homens que o rodeavam, e
que formavam um governo muito considerado no
estrangeiro, era a ele que o feriam, não
quis aceder ao pedido da rainha, e mesmo
porque da resposta do secretário de estado
nada havia de menos respeitoso. A rainha
ainda insistiu, mas o rei instigado pelo
conde de Castelo Melhor, firmou-se no seu
propósito, e Sousa de Macedo não foi
demitido. O infante D. Pedro, já em
dissidências com seu irmão, ajudando os
projectos da rainha, de quem se tornara
íntimo, mostrou-se indignadíssimo. D. Pedro
fazia oposição ao 1.° ministro, porque,
quando a impopularidade de D. Afonso VI mais
se pronunciou, nutria a esperança de
conquistar o poder, e o conde elevava-se
entre ele e o rei, e o seu vulto enérgico
era pare fazer recuar os ambiciosos. A
rainha, que também detestava o ministro,
ligou-se ao cunhado, para conspirarem contra
o seu poder, procurando inutilizá-lo. Estas
ligações tornaram-se depressa escandalosas.
D. Maria Francisca de Sabóia, na força da
vida, via-se casada com um homem quase
decrépito, e incapaz de inspirar amor pelos
defeitos físicos e intelectuais, enquanto
que D. Pedro era um rapaz simpático e dizia
amá-la. Diz-se que foi no bosque de
Salvaterra, onde el-rei gostava muito de ir
à caça, que esses amores mais se acentuaram.
0 conde de Castelo Melhor, com a sua
perspicácia, não tardou a descobrir aqueles
amores, e o infante, percebendo que o conde
estava senhor do segredo, mais aumentou seu
ódio. »
Segundo casamento:
Casou-se com o cunhado (depois de Bula papal
que os autorizava), em 2 de Abril de 1668.
Teve uma filha, apenas, a Infanta Isabel
Luísa Josefa de Bragança. De 1668 a 1683,
quando casada com o Regente D. Pedro, usou o
Título de Princesa, mas era conhecida como
Rainha-princesa. Voltou a ser Rainha de
facto após a morte de Afonso VI em 12 de
Setembro de 1683. Morreu três meses e meio
depois, em 27 de Dezembro de 1683.
O casamento não foi feliz. Sua filha morreu
aos 21 anos, depois de ter varias vezes
ajustado o seu casamento com diversos
príncipes). A Rainha fundou em 1667 o
convento do Santo Crucifixo ou das
Francesinhas, e enriqueceu muitas igrejas.
Em 1683 adoeceu gravemente com hidropisia,
indo para o palácio do conde de Sarzedas, em
Palhavã, para mudança de ares; melhorou e
logo piorou, morrendo três meses depois do
primeiro marido, D. Afonso VI. Foi sepultada
no Convento das Francesinhas, que fundara,
tendo em 1912 seus restos mortais sido
trasladados para o Panteão dos Braganças, no
Mosteiro de São Vicente de Fora (Lisboa).