SEBO LITERÁRIO

   

Marcos Milhazes***
 

 
 
Poesias
 
Pág. 5 de 13Pág.
 
 

Em Versos

Marcos Milhazes***


Raras libélulas faceiras.
Trejeitos e truques de ocultar-se em casulos
Das suas aladas asas prometidas em fases espargidas.
De secretas cores tingidas.

Tange e pinta aquele véu de seda,
Registrada em certidão de hieróglifos
Renascidas de outra
Como a pérola e a ostra

Da pálida luz prateada
A lua vadia no céu jazia
Oculta atrás das nuvens, deveras só por instantes
Como a estante lotadas de livros, jamais lidos
Como músicas clássicas, quase nunca apreciadas.
Porém todos falam em forma de letras versadas

Saudades reclusas e dons esquecidos
Chamados de versos, estrofes, citação ou poemas
Por Deus, me entendas!

E eu prestes ao vazio da mente
Vou ser jubilado da hierarquia lírica,
Por favor, me lavras.
Antes que me faltem em versos minhas palavras...

Marcos Milhazes***

 

A Noite, Sendo...

Marcos Milhazes***


Sendo a vida que destila nas noites de mim e me embriaga em doses de amor
O amor sendo de mais derrama do cálice o excesso e anestesia meu coração
Sendo o baile perfumado da vida que me faz oferenda do meu lenço à dama
Engraçado, ainda nem sei seu nome
A interrogação, o desafio da esfinge de extirpar segredos daquela noite clara
Sendo o não e não o fim, também escurece os olhos dos isentos que nunca percebem
Assim sendo, minha vida continua célere aos quatro cantos dos ventos
Sendo assim então, nada muda no semeio da muda que germinou do bico de uma cambaxirra
Sendo assim, fez-se a grande sombra da goiabeira cheirosa e acolhe-me em tempos quentes
E quando o branco do dia encarde nas cordilheiras e pousa suave nas árvores
Assim sendo, a brisa mole, fresca e macia me abana com seus galhos
Sendo o aviso a todos, que é hora do descanso do corpo e alma
Sendo assim, hora do cochilo do neném e sua amada mulher
Assim sendo, a vida se confirma através dos tempos, através dos pequenos
E continua, assim sendo:
O dia nasce para a vida
A tarde anuncia a morte do dia
O dia ratifica a vida da noite
E faz-se os segredos dos mortais sempre a meia luz
Onde o escuro disfarça seu rosto, pois o dito da rua diz:
Todos os gatos a noite são pardos
E replico:
Nem todos, pois pessoas cegas enxergam mas no escuro de suas vidas
E os tantos com a visão dos olhos nada conseguem ver, além de seus propósitos
E para toda a magia da existência será mais um dia que se vai
E que mais um dia escurecendo.
Sendo!
Mais um dia anoitecendo!!!
Marcos Milhazes***

 

Esse tal Sentimento

Marcos Milhazes***


O amor tem seu cantinho.
E nunca se transfere mais sempre se insere
Se espreme e equilibra
Nos braços de um violão
Quando canta um coração

Só o tempo lhe concede as prosas
Romântico a toda prova
Só descarta as agruras da desatenção
Sempre imensurável por determinação
Só escolhe e acolhe os seguidores dessa emoção

E se por vezes o amor é ameno
Ame assim mesmo, miúdo ou pequeno
Grande, profano ou imensurável
Amar dessas formas nunca foi pecado

É como o dia que não para de nascer
E como a noite que não para de morrer
Como a tardinha que não para de cair
E desse tal amor que não paramos de sentir

Marcos Milhazes***

 

A Luz

Marcos Milhazes***


Sei que é raro
Mas!!!
Se eu encontrar
uma mulher iluminada
Saberei em seu silêncio
o que ela diz.

Seu sorriso cande ará
meu caminho
E seu gesto do acaso de amor
fácil será compreender.

Dar continuidade
é sabedoria.
Dar manutenção
será concebê-lo.
E que assim seja
Será como o beijo
Um toque terno de carinho
Que dispensa qualquer palavra


Só então poderei
confessar ao mundo.
Que a luz que pretendo
alcançar com ela
Será tão divina e pura
Que somente seu coração
poderá acendê-la.

Iluminando assim
minha vida
Meus erros e valores
Minha existência
e meu espirito
Meu olhar eternamente de você

Tornando-me apenas
uma claridade
Que deveras!
Virá do seu intenso brilho...


Marcos Milhazes***

 

 O Escultor da Vida

Marcos Milhazes***


Hoje um dia qualquer levantei cedo.
Será a mesmíssima rotina de minha vida.
O relógio corre atrás do tempo e eu atrás da vida.
Sempre com o meu relógio sem ponteiros.
Apenas, consciente do dia e da noite.

Vi-me caminhando por ruas estreitas ou largas,
nuas da noção extravasadas e enganadoras.
Existindo à toa e a mercê dos morcegos cegos dos olhos
Tais políticos antigos

Às vezes o vento falava comigo
Pássaros tentavam indicar-me segurança
Minha mão trêmula e dedos inertes,
e meu relógio que não sabe marcar a hora.
O dia se esvai, hora de dormir.
O céu veste seu roupão negro,

Apenas sobrevivi nesse canto da vida,
a sensação ávida de saber-se vivida
E se meu amanhã for hoje?
Aos meus ponteiros cabe-me
fazer uma proposta.

Serei o escultor do meu tempo.
Sim, esculpir com demência minha permanência
Só depende de mim, aplicar com arte
viver, amar, trabalhar.
Sim, a despeito de atos e fatos
Exerço com jeito a mania de insistir

Sim, só depende de mim, existir...

Marcos Milhazes***

 

E a Fonte Secou

Marcos Milhazes***


Tornei-me um incrédulo.
Tornei-me um areal.
Tornei-me um agreste.
Meu gibão de couro, já não tem mais cor.

O ar que me cerca morreu.
A vida aqui se tornou Sol.
Faz-se sal o meu rosto.
Faz-se agonia a minha vida.

Como poder amar minha terra,
se ela não me ama.
De nortista calado, cabra macho falado,
hoje fiquei irado.

Joguei para o alto
todos os meus sentimentos alados.
Quem sabe em minha ira,
iria contrariar quem diria,
a mãe natureza.

Quem sabe que por dureza e safadeza,
fizesse até por raiva de mim,
cair um tiquinho de água,
Lá no meu sertão...

Marcos Milhazes***

 

 

Livro de Visitas

        

Para pág. 6