SEBO LITERÁRIO
Poesias
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Me
tiras
do
sério...
Marcos
Milhazes***
Sinto
sempre
ser
a
tua
verdade
Sinto-te
ter-me
só
por
vaidade
Escasseias
toda
a
minha
vontade
Possui-me
o
tempo
inteiro
Abandona-me
em
total
devaneio
Como
de
hábito,
entras
sem
bater
De
pronto
e ao
menos
sem
perceber
Desanda
meus
sentidos
Leva-me
a um
paraíso
Deixas-me
temperada
em
agonia
Desandas
todas
as
minhas
manias
Afoito,
fala-me
baixinho
aos
meus
ouvidos
Propostas
atrevidas
e
indecorosas
de
amor
Possui-me
como
dantes
Leva-me
ao
céu
como
um
santo
e
por
breves
instantes
Desapareces
de
pronto
e
com
ciência
do
que
fez
Enraivecida,
magoada
sentindo-me
mais
uma
vez
mal
amada
Traída
ou
atraída,
já
nem
sei
mais!
Reclamo,
esbravejo
e
falo
ser
aquela
a
última
vez
Juro
junto
aos
pés
da
cruz
Minha
...eterna
despedida
outra
vez
Mas
como
sempre,
apareces
de
repente
Fazendo-me
esquecer
tudo
novamente
Leva-me
para
aquele
bendito
céu
Envolve-me
mais
uma
vez
em
Lua
de
Mel
Faz-me
até
sonhar
com
aquele
véu
Danças
comigo
um
estranho
tango
de
Gardel
Juras
que
nunca
me
negou
Enfim!
Faz-me
esquecer
até
de
quem
sou...
Marcos
Milhazes*** |
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Abstrato
Marcos
Milhazes***
A
mulher
que
ama
é
tão
complicada
em
síntese,
Confunde-se
com
a
própria
gramática.
Vira
advérbios
sem
modos
Quando
cheia
de
medo,
entusiasmo,
às
vezes
por
falta
de
confiança.
Vira
um
substantivo,
se
tem
serenidade,
se
tem
brilho
próprio,
se é
cúmplice
de
alguém.
Sua
meditação
vai
ao
azul
da
confiança
e
mergulha
no
medo
de
amar.
Solta
palavras
dispersas
para
serem
ouvidas.
Sempre
duvidosa,
procura
quem
sabe.
Fala
de
sua
fantasia
só
para
quem
conhece
sua
realidade.
Só
oferece
seu
verso
para
quem
tem
o
poema.
Enfim...
Demonstra
a
sua
alegria,
para
que
doa
um
sorriso
Um
beija-flor,
para
quem
tem
mel
para
lhe
ofertar.
Resumindo
Transforma-se
sempre
no
que
não
se
pode
pegar...
Marcos
Milhazes***
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Bicho
Solto
Marcos
Milhazes***
Um
coração
fugiu
disfarçado.
Talvez
na
forma
de
um
cão
raivoso.
Quiçá
na
quietude
de
uma
pomba
branca.
Quem
sabe
na
altivez
do
vôo
da
águia.
Na
forma
de
um
camaleão
e
seus
truques
de
cores.
Ou
com
jeito
de
bicho
medonho
Bem!
Esta
por
ai
sob
qualquer
forma.
Solto
a
deriva
e
com
fome
de
vida
Ávido
de
sentimentos
E
sedento
de
paixão.
Pode
até
estar
fugindo.
Ou
procurando
ideais.
Mas
vá
com
cuidado
e
bastante
atenção.
Ele
não
é
vacinado!
Mas
tem
jeito
de
bicho
de
estimação.
Se
fores
uma
boa
caçadora
Um
palpite
com
jeito
de
aviso.
Não
vá
de
improviso
Use
armadilha
sem
subterfúgios
e
suas
experiências
maduras
das
idades
Construa
seus
alicerces
com
base
nas
verdades.
Portanto
coragem
nessa
empreitada.
Tentar
ou
sonhar
não
custa
nada
E
com
toda
certeza
ele
é
arisco
Não
morra
na
praia
como
o
marisco
Ouse
sem
medo
fazer
uma
aliança
Desse
bicho
tente
primeiro
conquistar
a
sua
confiança...
Marcos
Milhazes***
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Pipa
voada
Marcos
Milhazes***
Quando
a
conheci,
tão
linda,
cheia
de
cores,
cheia
de
brilhos,
via-te
como
uma
linda
pandorga
Graciosa,
a
rainha
do
vento
Bailava
nas
nuvens.
Numa
certa
manhã
aquela
pipa
ficou
vaidosa.
Esqueceu-se
de
quem
lhe
deu
a
alegria
de
viver.
Esqueceu-se
que
tudo
depende
da
brisa
da
gratidão
Esqueceu-se
que
sua
vida
depende
do
vento.
E
num
dia
errante
veio
a
ventania.
A
linha
que
servia
de
sustentáculo,
rompeu-se,
estancou.
E a
pipa
como
você
foi
num
vôo
cego
e
sem
destino
certo
e
uma
mão
amiga
para
lhe
dar
segurança.
Pela
lei
das
ruas,
quem
apanhá-la
primeiro
será
o
seu
dono.
Destino
certo
das
pipas
voadas...
Marcos
Milhazes*** |
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Samba
Marcos
Milhazes***
Silêncio
Minha
amada
está
dormindo
Ela
só
acorda
Pelo
acorde
do
meu
violão
Amanhece
em
samba
lento
O
pandeiro
devagarinho
O
surdo,
se
fazendo
de
surdo
O
tamborim
na
batida
da
pirraça
Acho
até
graça,
como
uma
cachaça
Ela
se
levanta
na
preguiça
Me
pega,
me
atiça
E lá
vai
ela
pela
rua
abaixo
Há
vida
lá
em
baixo,
diz
o
baixo
De
olho
naquele
violão
que
anda
e
desanda,
aos
olhos
dos
passantes
Findo
o
dia
da
labuta
aquela
mulher
batuta,
escuta
na
birosca
vesga
do
tempo
aquele
acorde,
que
a
sacode
em
samba
lento,
sempre
atento
para
fazer-lhe
alento,
E na
caída
do
sereno
Toco
um
samba
na
batida
só
para
vê-la
metida,
caída
num
compasso,
Vestido
suado
de
samba
A
transparência
é
apreciada,
que
danada
Não
tem
nada,
mas
branquinha
está
amarrada
E
daqui
a
pouco
será
amada
lá
na
nossa
toca,
casa
de
bamba
E
com
certeza
acabará
em
ritmo
de
samba
De
leve,
é
claro
como
a
cor
dela,
Singela...
Marcos
Milhazes***
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Um
Anjo
Fujão
Marcos
Milhazes***
Hoje
gostaria
de
ser
um
anjo
diferente
Um
tipo
de
anjo
fujão
Tomaria
conta
de
você,
Velaria
o
teu
sono
e
protegeria
a
sua
alma.
Não
queria
ser
um
anjo
sério.
Queria
até
amar
de
verdade.
Toda
a
vez
que
a
saudade
apertar
fugiria
do
céu
para
te
ver
Seria
um
anjo
quase
sério
Faria
de
tudo
para
ficar
pertinho
de
você.
Sonharia
em
ser
um
anjo
ciumento
Talvez
até
um
anjo
aprendiz
na
arte
de
namorar
Juro,
entenderia
tudo
certo
mas
praticaria
tudo
errado
Queria
ser
um
anjo
sentimental
Me
emocionaria
por
você,
choraria
por
você,
Dormiria
com
você
Aquele
anjo
arruaceiro,
que
não
respeitaria
os
limites
do
céu,
mas
sim
seus
princípios.
Ah...
Como
gostaria
de
ser
o
seu
anjo
de
cada
dia
Marcos
Milhazes*** |
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Para
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