SEBO LITERÁRIO

   

Marcos Milhazes***
 

 
 
Poesias
 
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Uma Dedicatória

Marcos Milhazes***


Depois de um dia de encanto
Me aconcheguei em meu canto
Trabalho, gotas de suor e lágrimas
que oscilavam e despencavam no ar.
Daí comecei a versar

De pronto ao pranto,
Deus meu, como pensava nela!
Mas que vontade de vê-la
Entendi naquele instante que não podia
Instalou-se em mim uma estranha miopia
Não a de ver, mas a de não poder.

Voltava às linhas mágicas do escrito,
senti-me triste e perdido.
Lembranças de um amor escondido lá atrás.
Quanta falta que ela me faz!
Que posso eu fazer agora?
Dizer que a amo e pronto!
É assim, só falar?
E como fica o meu bem estar?

Da semente plantada e colhida na ocasião certa.
Da saudade floresceu a flor mais bela
No canteiro do meu coração,
cultivado com amor e emoção e regado de doação.

Queria tanto nessa hora,
apenas fazer um carinho para ela...
Então, fui bem embaixo do sereno
Coloquei meu papel junto ao vento
Escrevi com as gotas do orvalho,

Lembrando-me de um certo passado.
Transformei-me tal um imenso Carvalho
Para somente escrever em proporção

E mostrar que o meu amor por ela já virou interjeição...

Marcos Milhazes***

 

Jogos da Vida

Marcos Milhazes***


De fato!
Sempre seremos repetitivos como dantes
Quando falamos de amor, alegria ou dor.
Aplicamos tão somente a arte do escrevedor

Buscamos nos minerais sermos brilhantes
Quando falamos da vida real, seremos mutantes
E da bebida?
Somos tal a parte boa da água ou a ardida

Dos astros,
ousamos riscar o céu em nossa ânsia demente.
Seremos então uma mágica estrela cadente
Da seca que no nordeste mata ou adia
Seremos a esperança sagrada de um dia
de chuvas e trovoadas
Para conforto dos humildes pobres
das bacias vazias.

Dos tempos fortes, temporal e vendaval
Seremos a calmaria
Dos nossos manifestos de revolta
pela desigualdade
Clamaremos nessa guerra
por igualdade
Armados apenas de mãos, tinta, papel e verdade

Se de tudo nada conseguirmos,
teremos apenas uma certeza.
Nossos versos jamais serão esquecidos
Sejam de poesia, amizade, amor ou revolta.
Coisas de poder de governos
ou de corações partidos.
Falando para amigos ou até os inimigos.
De nossas mágicas mãos
tudo acaba em escritos

Nada nos importa e nos priva de escrever qualquer tema
Carregados de tamanha energia
Sempre seremos os dois lados da moeda da vida
Quando girada,
tanto faz o resultado dessa emoção.

Viciada,
sempre dará do poeta a esfinge do seu coração...

Marcos Milhazes***

 

Em Três x Quatro

Marcos Milhazes***


Lembre-se querida?
Daqueles tempos de alegria.
Em que se namorava, noivava e casava!
Uma época majestosa
A vida era tão generosa

Deus meu, que falta outrora me faz.
De um tempo que não volta mais
Mas, e agora como se namora?
Eu já nem sei mais!

Hoje é tudo diferente
Gestos estranhos e intermitentes
Nem entendo essa coisa de vamos ficar na boa
E o pior, nem é ele que fala.
Queria até acreditar de uma forma singela
Mas quem conspirou foi ela

Daquele tempo acostumado
Ah sim, daquele ano ensolarado.
Aquele que se oferecia aro dourado
Deveras, existia namoro e namorado.

Sim, foi assim a nossa história.
Que ainda hoje guardo em minha carteira
e na memória
Recebi sua foto com dedicatória,
que ainda dizia em tom sonhador.

Para o meu noivo com todo amor...

Marcos Milhazes***

 

Cadê???

Marcos Milhazes***


Onde estará o meu amor?
Será que ele se perdeu
Ou será que foi eu que o perdi?

Nossa adolescência
São coisas fortes de nossa vida
Ainda nem tinha atingido
o topo de meu vigor físico.
Já começava a aparecer às espinhas em meu rosto.

Foi quando sofri
o meu primeiro brilho de olhos femininos.
Fiz-me homem da noite para o dia.
Vesti meu terno cinza de risco de giz.
Sofri meu primeiro beijo na boca.

Acalentei-me em minha primeira cama de amor.
Hoje já homem feito
depois de tantos caminhos certos ou errantes,
olho para traz e não mais vejo aquela magia
elegante e charmosa que me carregava.

Nem uso mais o lenço perfumado na noitada!
Aquele que sempre se solicitava
Em fim de noite, vem aquele açoite
Nem mais aquele perfume feminino em minhas roupas.
Acho que até os aromas foram extintos.

Às vezes tento viver o meu antigo
no meu presente.
Ser o que fui antes no meu agora.
Queria tanto ter o meu passado de adolescente
que o tempo levou
de volta.

Num corpo juvenil do homem de hoje...

Marcos Milhazes***

 

Enigma

Marcos Milhazes***


Das sombras da saudade que deitou sobre
um triste passado de ilusão
que sempre vadio e em breve tempo,
um dia pereceu

Recordar é preciso, em precisa hora...

Lembra-se daquele dia querida?
Chovia tanto!
Um terno encharcado, um vestido molhado
Olhos engotados
e brilhosos e cheios de vida
numa pista de dança.
Sem imaginarmos
que num futuro apenas seria vazio

Jazia ali o início da tal felicidade...

Discreta e sem saber ao menos meu nome,
aceitaste-me tão somente naquele instante.
Onde foi parar a semente da euforia e esperança,
que após a dança
deixamos o tempo do baile levar!

Posto tal
Nós como uma nau singrando mar em revolto
desatentos aos rochedos
e sem notarmos,
navegávamos nas rota do medo
e sem percebemos,
naufragamos como brinquedo

Enterrando assim
nas profundezas do mar da vida,
nossos nomes
e também agora
o que será nossos eternos segredos.....

Marcos Milhazes***

 

Vem de Lá

Marcos Milhazes***


Vindo lá do agreste,
caindo no coração da Bahia
Sou metido a cabra macho da peste
De um pedaço chamado Cachoeira

Que sem eira e nem beira
Se tu titubear,
como carcará te roubo um beijinho
Como aquele dado pelo anjinho
Descendente de nordestino,
nunca atino

Apenas tiro fino de um dedim de prosa
Para deixar você duvidosa
Se realmente és gostosa ou jeitosa
Oh, cabrita cheirosa!

Te ponho uma veste
de asa branca na pressa
Te levo para uma casa
Com jeito de igreja,
ora veja
Só para casar comigo,
isso eu consigo...

Para os passantes , digo e repito
Posto a minha fala dita
Estou te querendo flor bendita
Oh Padim, como é difícil mulher bonita!

Te digo, cabocla da peste.
Não sou sulista, artista nem ativista
Nem mesmo um falso manobrista
Muito menos um anarquista
Nem um doutor alquimista,
etaaaa!
Sou somente um aprendiz de repentista.

Vigiiiii...

Marcos Milhazes***

 

 

Livro de Visitas

        

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