Antologia Virtual
“Verso e Prosa - 2”

IX

Junho 2012

ORGANIZADORA:

Isabel Pakes

Pág. 03

 

07 - LEONARDO JOSÉ DE SOUZA

 

Nascido em São Caetano do Sul - SP, em agosto de 1995. Criado lá até 2005 e depois em Cerquilho, onde moro até hoje. Eu sou bailarino, ator e poeta. Minha vida sempre girou em torno da arte, da dança, teatro, pinturas, literatura... E eu sempre amei fazer isso, viver da arte. Participei de vários torneios de poesia, interpretação, Saraus. E minha vida na literatura foi influência do majestoso Chico Buarque. A partir de suas músicas, livros, textos... é de onde eu me inspiro. E não só ele como outros "Grandes". Enfim, é uma paixão para mim a arte de escrever. E amo fazer isso.

 

SABOR: DOR


Do doce do lábio teu,
E do cheiro do teu corpo no meu,
Me faz a dor trajando breu,
E Lembranças do tempo seu,
Em que eu não era eu.

Do sal do teu olhar,
E da ângustia que me fez passar,
Me faz a dor sem respirar,
Que só me fazia acreditar,
Que era eu é que não sabia amar.

Da tua amarga conspiração,
E de tua pequena gratidão,
Me fez a dor de trancar em solidão,
E descobrir que era em você,
Que faltava coração.

Leonardo José de Souza

VIDA APÓS O AMOR


... Olhos entre olhos, cegos.
Intacto, Ileso, Imortal, estava eu olhando o céu branco,
Cheio de quadrados, retângulos, e florescentes,
Cheio de oquidão, textura, e pura amargura.
(Só por você...)
Sentia, como se tivessem me quebrando os ossos,
Da clavícula ao trapézio, em uma dança contemporânea
E eu só...
(Só por você...)
Sem falar, nem respirar, só lembrar.
Lembrar que tive alguém, e que esse alguém talvez verei,
Em um vazio de lenços brancos,
com pianistas, e ametistas,
Você e meus olhos.
Ou talvez não!
Talvez nem te veja!
Talvez fosse eu só,
em lenços vermelhos, com pedras e Caos,
Sem te olhar, sem te reencontrar, ou até te tocar.
Qual seria o preço de eu me arrepender?
O Preço de viver por aquilo que não tenho?
O Preço é morrer?
Morrer um sofrimento pleno,
E sem poder te dizer que o amor tem gosto de veneno.

Leonardo José de Souza

  

 

08 - LIVIA MARIA DARROS MELLA

 

Nascida em 12 de setembro de 1989, formada no ano 2011 no curso de Educação Artística, teve seu primeiro contato com o mundo da poesia aos 10 anos, quando escreveu seu primeiro poema. Desde o ano de 2007, vem participando de festivais de poesia, onde foi diversas vezes premiada. Atualmente, somam-se mais de 150 poemas de sua autoria.

 

ACORDES


Azuis... Acordes...
Acordes azuis...
Como acordar vendo o azul...
Como o azul ao acordar...
Azulados acordes, acordam as flores...
Cordas floridas azulando acordes...
Acordes azuis florindo as cordas...
Flores... Cordas... Azul...
Acordes... Acordes...

Livia Maria Darros Mella

  

 

09 - LUIZ ANTONIO SOUTO

 

Tabelião aposentado há dez anos, natural de Cerquilho - SP, onde resido. Escrevo apenas para preencher o tempo ocioso, sem qualquer pretensão literária e para brincar com os amigos, sem a busca da rigidez das métricas (+ de 200 trabalhos) e, em sua maioria, como sonetos italianos (clássicos). Não tenho nada publicado em livros e todos os meus escritos eu divulgo pela Internet (Facebook) - Luiz Antonio Souto) Em julho de 2011, participei do primeiro Sarau de Artes Literárias, que junto a amiga Isabel Pakes e outros abnegados amigos poetas de nossa cidade, conseguimos realizar com sucesso, ampliado no nosso 2º Sarau, realizado na Sede Social do Lions Clube de Cerquilho , em maio de 2012. Participei também do Sarau realizado na Casa de Cultura "Dª. Narcisa Slettener Pires" em Porto Feliz – S.P, em maio de 2012. E vejo com entusiasmo a presença dos nossos jovens talentos, nesses movimentos culturais literários.

 

SERIA EU SUFICIENTE PARA COMIGO?


Seria eu suficiente para comigo?
Parece fácil, mas não é meu amigo...
Tanta gente por aí se perguntando
Se é legal a vida que estão levando.

Ah! Vida moderna...
Tantas facilidades à disposição.
Porque então,
Tanta incerteza, tanta baderna?

Este é o preço que se paga
Pela falta de um pouco de religião
E aí não saber sequer se situar.

Cada um vive a sua saga
Alegrando ou judiando de seu coração,
Gostando ou então nem tentando se amar.

Luiz Antonio Souto

TUDO ESTÁ MUDADO


Estou arrependido
De para aqui ter voltado.
Aturdido,
Vejo que tudo está mudado.

O que fizeram com aquela imagem,
Que daqui guardava em minha retina?
Mudaram até a paisagem,
Mudou até você, minha menina!

Não existe mais aquela criatura
Que eu tanto admirava
E que eu sempre amei...

Aquele anjo de candura,
Que me atendia quando por aqui passava...
Ou será que fui eu que mudei?

Luiz Antonio Souto

  

 

10 - MARIA IVANETE GRANDO MELARÉ

 

É natural de Cerquilho, SP, Brasil. Ministrou aulas de Língua Portuguesa e Literaturas durante quarenta anos em escolas públicas. Sempre trabalhou muito o desenvolvimento do senso estético em seus alunos, levando-os a produzir textos merecedores de prêmios em concursos literários da região. Criou, na escola em que lecionou, o projeto Poesia e Vida, envolvendo os demais professores, todos os alunos, ex-alunos e comunidade. Criou e coordenou por dez anos o FESTPOPLI - Festival de Poemas da Escola Plínio, em Tietê. Conquistou vários prêmios como compositora e intérprete. Recebeu, em 1997, o título de Cidadã Tieteense e em 2008, o de Professora do Ano do Estado de São Paulo. Participou da II Antologia - Prosa e Verso - no Portal Cen - fevereiro de 2012

 

ONDE ESTÁ A CORAGEM?


Onde está a coragem
de mirar-me no espelho
descobrir cicatrizes
e feridas profundas
que o tempo deixou?

Onde está a coragem
de folhear velhos álbuns
recordar velhos tempos
rever os familiares
que o tempo levou?

Onde está a coragem
de olhar para o outro
encontrar em seus olhos
o amor tão esperado
que o tempo negou?

Onde está a coragem
de olhar para mim mesma
descobrir lá no fundo
os sonhos e os planos
que o tempo apagou?

Maria Ivanete Grando Melaré

INFÂNCIA


Infância, caixinha de músicas
bailarina a rodar, rodar
menina a sonhar, sonhar
futuro de fadas
vestidas de bombons
a valsar, valsar!
Leite fresco na mangueira
tardes entre laranjeiras
correr cantar pular...
O tobogã no morro vermelho
as raladas no joelho
refrescado no ribeirão.
O gado tangido às pressas
depois do jantar as rezas
histórias de bicho papão!
À luz do candeeiro
pega-pega e amarelinha.
Hora de recolher
o medo de aparecer
de pés de cabra a velhinha!
"Bença, mãe! Bença, pai!"
A bailarina vai sonhar
com a fada de bombons
a valsar, valsar...

Alice, com mil perdões:
Era meu o país das maravilhas!

Maria Ivanete Grando Melaré

  

 

11 - NAJLA ALINE TIRABASSI

 

Natural de Cerquilho/SP, 23 anos. Formada em Gestão em Recursos Humanos. Desde sempre, amante dos livros, da escrita e de todo tipo de arte. Acredito que a arte é o principal meio para as pessoas evoluírem. Advinda de inspiração, que nada mais é do que a voz da nossa alma. Participei do Torneio Municipal de Poesias em 2003, da 16° FEPOC - Festival de Poemas de Cerquilho, por incentivo da bibliotecária do colégio onde cursei o Ensino Fundamental, e tive minha poesia “Verso e reverso” publicada no livro do evento. Muito cedo tomei o gosto por ler e escrever, e o resultado não poderia ter sido diferente: tenho colhido muitos aprendizados. Escrevo por necessidade, por amor, para preencher a alma, para me sentir mais leve. Já dizia Paulo Leminski: “Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, e as estrelas lá no céu lembram letras no papel, quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?”. Escrever é como ter asas, e ter autonomia para navegar em seu próprio mundo, e enfrentar o desconhecido com entusiasmo. Tenho comigo a espontaneidade e o partidarismo à liberdade de expressão. Sou ainda aprendiz das minhas próprias histórias, dos meus contos de fadas e dos meus sonhos, e busco alegrar meus dias com palavras e versos. Mas algumas pessoas gostam do que escrevo, e meus professores sempre me disseram que tenho talento para isso. Assim, continuo me reescrevendo entre linhas tortas e tropeços... o alicerce ainda não está pronto. Não tem data definida para terminar. Ainda é frágil, precisa de muita sustentação, ainda teme os ventos da solidão, ainda chora pelas limitações. E sucumbe, e reconstrói... Tantas e tantas vezes... Processo árduo esse de "fazer-se", e intérmino. Muito desajeitada escrevo esta “autobiografia”, na simplicidade e na honra em poder falar um pouco sobre mim no consagrado Portal Cen. Esta é a 2ª Antologia em que participo. Agradeço à querida amiga Isabel Pakes, que tem uma alma maior que ela, que abraça a todos com carinho e leva consigo o verdadeiro símbolo da arte: transmitir alegria a todos os que a circundam.

 

O MEU "EU" E OS OUTROS "EUS"...


Será que ainda existem resquícios de outrora?
O meu “eu” transmutou-se em desconhecido.
Os sentidos às vezes ficam sem sentido.
Para onde devo ir agora?
Quisera eu, não ser tão inconstante,
Quem dera ser sempre a mesma a todo instante.
Eu cresci... desintegrei-me de mim?
Não! Apenas adquiri novos olhos,
Contraí algumas dores,
Dissipei suscetibilidades,
Esquivei-me da superficialidade,
Odiei a banalidade.
Sim, não sou mais a mesma,
Mas ainda sou eu.
Um “eu” mais consciente.
Um “eu” mais crítico.
Às vezes meio inconseqüente.
E o meu partido político não vai além
de meus próprios valores e meus princípios.
Sou adepta a ser eu mesma,
Desconexa, às avessas.
O meu “eu” mudou de nome,
Mudou para a Razão
A razão de não saber quase nada,
De não prever as coisas,
Mas também de não ser tão previsível.
Talvez seja ele meio rude,
Mas não é também um tolo insensível.
O meu eu é um tanto hermético,
Talvez seja até sistemático.
O meu “eu” é caleidoscópio.
E no fim das contas,
Às vezes ainda me procuro,
Esse meu “eu” ainda me é o oculto, meio escuro.
Creio que ele jamais será decodificado,
Vive a transladar.
O meu “eu” é um “Eu alado”.

Najla Aline Tirabassi

O QUE O TEMPO NÃO LEVA...


Eu não sei porque, mas esse mundo está às avessas: o corpo fala mais que um olhar, a aparência fala mais do que a voz.
Ser bonito, ser feio. Estar na moda ou não estar.
Creio que a moda é um artifício somente para o combate dos diferenciais, e uma arma perigosa à quem adere.
Para mim não existe padronização, mas sim "manipulação".
Querem suprimir a liberdade, estancar a moralidade com máscaras e moldes prontos.
O pior de tudo da estereotipação é a cegueira social. A moda deveria incluir, agregar, e não excluir, discriminar.
"triste época onde é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito", já dizia einstein.
Eu não sei até onde vai a inconsequência humana, que se relaciona com corpos, e jogam a mente fora.
Somente o tempo vai fazer com que as mentes sejam valorizadas e que se apareçam os diferenciais.
Essa onda de seguir o que dizem, apenas nos isola de nós mesmos, mascara os nossos sentidos e pensamentos, nos veste exteriormente, e nos cobre por dentro. Mas nenhum sentimento é para tão longo prazo.
Uma hora aprendemos a valorizar o que há dentro, e ver que o externo também passa. O que fica é o que mora conosco, dentro de nós. O que está estampado em nosso coração e não na nossa face.
As rugas e o tempo chegam para todos, mas o valor do espírito regozija-se com a alma e não somente com o corpo.

Najla Aline Tirabassi

 

  

 

12 - NIELSON ALVES

 

Nasci no dia 06 agosto de 1983, em Brasília. Sou influenciado por tudo aquilo que não foi escrito. Minha poesia é feita das coisas que não tem valor, e das incertezas. Sou zelador das coisas inúteis, e tenho pouca inutilidade ainda, mais tenho chance de me despreparar melhor. Entrei na poesia de forma acidental, e fiquei comprometido em ser à-toa. Nunca participei de prêmios literários. É a segunda vez que meus poemas saem de casa sozinhos. A primeira foi na II Antologia - Prosa e Verso – do Portal CEN em fev. 2012.

 

EVOLUÇÃO


Sempre surgirá um tempo novo.Com novidades e contemplações.
Haverá pessoas, máquinas, progresso. Coisas que te farão crer além.
Futuros inacabáveis, grandezas e mais grandezas.

E no entardecer dos dias sem mais demoras, volte para casa
e use os velhos costumes.
Para que o sono venha e descanse de tudo. Em paz.

Nielson Alves

MODO DE PREPARO –POESIA


INGREDIENTES: Farinha de palavras/Pimenta do Reino nenhum,
1copo de vento/1colher (sobremesa) de versos (10g)/Alho/Sal.
Escorra e sirva.
Para ter um melhor sabor, acrescente um pouco de sua vida.

Nielson Alves

  

 

 
Para índice                                         para 4ª pág.