Trabalho e pesquisa de
Carlos Leite Ribeiro
Formatação: Iara Melo
Logo que D. Pedro assumiu o poder, foi sua principal
ideia vingar-se dos assassinos de D. Inês de Castro, Conseguiu só apanhar apenas
dois – pois Diogo Lopes Pacheco pode escapar-se a tempo – mandou-os conduzir a
Santarém, onde em 1358, lhes fez dar morte cruel. Diz o cronista Fernão Peres
que a um foi arrancado o coração pelas costas e a outro pelo peito.
"A vingança foi consumada nos Paços de Santarém. D. Pedro mandou amarrar as
vítimas, cada uma a seu poste de suplício, enquanto os cozinheiros de sua Corte
preparavam um lauto banquete de cerimónia. O rei não poupou requintes de horror
no castigo implacável. Mandou o carrasco tirar a um o coração pelas costas e a
outro o coração pelo peito. Por fim, como sentisse que não bastava a tortura
tremenda, ainda teve coragem para trincar aqueles corações que, para ele, seriam
malditos para sempre".
D. Pedro l resolveu fazer a homenagem merecida a D. Inês, rainha de Portugal.
Ordenou então, a transladação dos restos mortais de Coimbra para o túmulo de
Alcobaça. Foi um cortejo fúnebre de imponência nunca vista; pela estrada fora,
por entre povo do campo que vinha chorar à berma do caminho, seguia a multidão
de gente, com círios acesos, a melhor fidalguia do Reino, senhores e senhoras, a
cavalgar corcéis, a passo solene, membros do clero e burgueses, todos em traje
de pesar doloroso. Ao longo da viagem, a perda da rainha foi pranteada por
grupos de carpideiras que soltavam gritos lancinantes e entoavam melodias
plangentes; viam-se homens com cinza na cabeça, de cabelos rapados e sem barba,
na expressão pública do luto. Escudeiros vestidos de estamenha crua
transportavam a urna com o ataúde de Inês, carregando aos ombros os varais
escuros, precedidos de alferes com pendões abatidos. Na frente do préstimo, um
franciscano segurava uma enorme cruz de pinho. No transepto da igreja de
Alcobaça, D. Pedro disse o último adeus à esposa. Nunca houvera paixão assim!
Até nasceu a lenda de que o rei se desvairou a ponto de fazer coroar Inês,
depois de morta, e obrigar a nobreza a beijar-lhe a mão de rainha.
Nas Cortes de Elvas, em 1361, o rei tomou providências para atender a certas
reclamações populares, também ficou resolvido instituir o Beneplácito régio,
pelo qual, a partir dessa data, nenhuma determinação do Papa poderia ter efeito
legal no Reino sem o visto e sanção do rei.
Em resposta a várias reclamações do povo, o rei prometeu ainda que seriam
respeitadas as regalias dos concelhos, e que os nobres seriam intimados a
obedecer aos funcionários municipais. Regularizou também questões de
administração e de justiça. Nestas Cortes de Elvas, foi tomada pela primeira
vez, a decisão de uniformizar os Pesos e Medidas
O governo de D. Pedro l, foi proveitoso e excelente para a paz e economia da
Nação. O Reino de Portugal continuou a prosperar no seu reinado. Quando o rei
faleceu, deixou os cofres públicos cheios de dinheiro. A justiça que aplicava,
rigorosa e severa, era igual para todos. Por isso mereceu da História o cognome
de Justiceiro. Embora arrebatado de génio, tinha um coração bondoso. O povo
adorava-o.
Os seus restos mortais, assim como os de D. Inês de Castro, encontram-se em dois
riquíssimos túmulos, próximos um do outro, no mosteiro de Alcobaça.
Os Lusíadas - CANTO III
(...)
136 - Vingança de Pedro I
"Não correu muito tempo que a vingança
Não visse Pedro das mortais feridas,
Que, em tomando do Reino a governança,
A tomou dos fugidos homicidas.
Do outro Pedro cruíssimo os alcança,
Que ambos, inimigos das humanas vidas,
O concerto fizeram, duro e injusto,
Que com Lépido e António fez Augusto.
137 - Pedro I, o Cru
"Este, castigador foi rigoroso
De latrocínios, mortes e adultérios:
Fazer nos maus cruezas, fero e iroso,
Eram os seus mais certos refrigérios.
As cidades guardando justiçoso
De todos os soberbos vitupérios,
Mais ladrões castigando à morte deu,
Que o vagabundo Aleides ou Teseu.
Inês de Castro, neste link
http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Ines_de_Castro.html