ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL -

 

BRASIL

 

Trabalho de Carlos Leite Ribeiro

 

 

Bloco Número 02

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tratado de Tordesilhas 

 

 

 

 

O actual estado do Rio Grande do Sul não devia de fazer parte dos domínios coloniais portugueses, assinalados pelo Tratado de Tordesilhas. Mas, com a importância estratégica da área do rio Prata, o território logo atrai a atenção dos portugueses. Durante o domínio espanhol em Portugal, de 1580 a 1640, a expansão territorial é facilitada, levando os primeiros sertanistas e criadores de gado à região. Eles são seguidos pelos bandeirantes paulistas, interessados no apresamento dos índios guaranis alojados nas missões do Paraná e Paraguai pelos padres jesuítas da Companhia de Jesus. Fugindo dos ataques, os jesuítas deslocam suas aldeias para o sul, espalhando-as ao longo do rio Uruguai. Com dinamismo social e económico, as missões atraem os interesses coloniais.
A Coroa estimula a imigração de famílias açorianas para a recém-criada capitania de São Pedro do Rio Grande. O primeiro povoamento é a base militar criada em 1737 na embocadura da lagoa dos Patos, embrião da cidade portuária de Rio Grande. Dez anos mais tarde é fundada a vila de Porto dos Casais, actual Porto Alegre. Esse desenvolvimento dificulta as negociações entre Portugal e Espanha para a demarcação dos limites na região, após o Tratado de Madrid, de 1750, já que os dois países disputam a posse do território.

 

 

Tratado de Madrid

 

 

 

 

Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madrid que, na prática, “criou” o actual Rio Grande do Sul. Com efeito, antes do Tratado de Madrid, o meridiano de Tordesilhas excluía a região onde é hoje o Estado do Rio Grande do Sul, já que cortava o Brasil entre Belém do Pará e Laguna, no Estado de Santa Catarina. Ou seja, o território gaúcho era posse espanhola.
O Tratado de Madrid revogou Tordesilhas, dando assim à Coroa Portuguesa o direito formal à posse do chão que de fato já fora seu, porque desde 1680, quando foi fundada a Nova Colónia do Santíssimo Sacramento, nas margens do Rio da Prata, pelos portugueses, estavam dentro do território. Tanto é que, em 1737, treze anos antes da assinatura do Tratado, o Brigadeiro José da Silva Pais, ao retornar da Colónia do Sacramento, fundou o presídio Jesus Maria José, segunda povoação portuguesa no Sul, origem da atual cidade do Rio Grande. Na época, a única presença espanhola era a dos jesuítas, que fundaram os Sete Povos das Missões, com os padres Roque Gonzales de Santa Cruz, Afonso Rodrigues e Juan Dei.
Voltando ao Tratado, ele foi assinado para pôr fim às disputas luso-espanholas na América do Sul, promovendo a troca da Colónia do Sacramento pelas Missões. Portugal havia fundado Sacramento, dentro de território espanhol, para obter e manter a livre navegação no Rio da Prata. No planeamento do Tratado, destacou-se a actuação de um brasileiro, paulista de nascimento, o diplomata Alexandre de Gusmão, que era membro do Conselho Ultramarino e Escrivão da Puridade, ou seja, secretário do Rei D. João V.
A importância do Tratado de Madrid para a História do Brasil e do Rio Grande do Sul é muito grande, porque, inclusive antes da assinatura formal, o mesmo, permutou a Colónia do Sacramento pelo território dos Sete Povos das Missões.  
Com a revogação do Tratado de Tordesilhas, anulou o meridiano que dividia o Brasil entre Portugal (Leste) e Espanha (Oeste), adquirindo, o Brasil, a configuração que hoje praticamente tem.
Mas a aplicação das determinações do Tratado de Madrid sofreu muita oposição, principalmente na demarcação das fronteiras e particularmente por parte dos índios guaranis, incitados pelos jesuítas. Antes da sua confirmação, ocorrida em Badajoz em1801, ocorreram Tratados intermediários: Tratado de El Pardo em 1761, suspende o de Madrid, e com isso a demarcação das fronteiras e a Espanha declara guerra à Portugal. O Tratado de Paris em 1763, põe fim a essa guerra. Em 1777, pelo Tratado de Santo Ildefonso, acaba com as lutas no Sul, entre portugueses e espanhóis. A Colónia do Sacramento e as Missões passam para domínio de Espanha e Portugal, fica com a Ilha de Santa Catarina. O território de São Pedro do Rio Grande fica cortado ao meio, no sentido longitudinal, passando o limite nas imediações da Santa Maria actual. 
O Tratado de Badajoz em 1801, põe fim finalmente à nova guerra entre Portugal e Espanha, que ficou conhecida pela Guerra das Laranjas. Confirma, finalmente, o Tratado de Madrid. Antes, os luso-brasileiros-gaúchos haviam invadido os Sete Povos das Missões, expulsando os espanhóis. O que foi conquistado nessa altura ficou brasileiro. As fronteiras da Capitania com as possessões espanholas, a oeste, ficam sendo, praticamente, as de hoje, exceto os actuais limites com o Uruguai, que seria criado posteriormente.
O Tratado de Madrid, de certa forma, provocou mais lutas, ao invés de acabar com elas. A verdade é que os espanhóis nunca concordaram em perder o território da Capitania de São Pedro para Portugal, assim como não aceitaram ceder aos portugueses a Banda Oriental (actual Uruguai).
A situação só ficaria resolvida em 1828, pelo Tratado do Rio de Janeiro, com a criação da República Oriental do Uruguai como estado-tampão, e a consequente delimitação das fronteiras.

 

Com a Independência do Brasil, o Rio Grande do Sul constituiu-se em Província do Império Brasileiro. Teve início então a imigração de colonos alemães, que se dedicaram à agricultura e impulsionaram o povoamento da região. Durante mais de 40 anos a chegada de europeus ao Rio Grande do Sul foi uma constante. Em 19 de Setembro de 1835, irrompeu na província a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, de fundo republicano e federalista. Foi a mais longa das revoluções provinciais, estendendo-se por dez anos. Em 11 de Setembro de 1836, os rebeldes proclamaram a República de Piratini, na cidade de Piratini. Em 9 de Novembro de 1842, Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, foi nomeado por D. Pedro II governador do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, Caxias iniciou a campanha contra os revoltosos, que acabaram derrotados. Em 28 de Janeiro de 1845 foi assinada a paz. Na luta do Brasil contra o argentino Rosas e na Guerra do Paraguai, o Rio Grande do Sul participou com grande número de soldados. Apesar das perdas humanas e das invasões, as guerras trouxeram benefícios para a província, que, abastecendo as tropas desenvolveu a agricultura e a pecuária.

 

 

Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha

 

 

 

 

O particularismo da formação económica e social da província do Rio Grande do Sul constituía um incentivo ao espírito federalista. A rebelião eclodiu em Porto Alegre, liderada pelo deputado provincial e coronel de milícias Bento Gonçalves da Silva. A acção dos Farrapos desenvolveu-se visando o estabelecimento de uma república, confederada a outras que seriam instauradas no Brasil. Mas a perda de Porto Alegre, a 15 de Junho de 1836, compromete o sucesso dos rebeldes, e, o novo presidente da Província consegue que Bento Gonçalves (01) passe provisoriamente para o lado do governo. Além disso, a população do Este, de origem agrária, permanece arredia ao movimento revolucionário, passando a fornecer as bases para a reacção Imperial. Em 6 de Novembro de 1836, foi proclamada a república em Piratini, sendo Bento Gonçalves eleito presidente. A consequência da república seria o separatismo, aceite pelos revolucionários como transitório e inevitável meio para sustentar a causa rebelde. Os farroupilhas conseguem levar a guerra ao planalto catarinense e à Laguna, onde o general David Canabarro, de cuja expedição participou o italiano José Garibaldi, funda a efémera República Juliana, em 1839. Mas a reacção Imperial torna-se mais vigorosa a partir de 1840. Os rebeldes não conseguem conquistar Porto Alegre, cercada por forças de Bento Gonçalves. Sem o controlo da bacia hidrográfica, esgotaram-se as reservas de munições e víveres dos revolucionários, que sofrem sucessivos reveses. A partir de Setembro de 1842, Luís Alves de Lima e Silva, então já Barão de Caxias (02), assume a presidência e o comando das armas da província, desencadeando forte campanha contra os rebeldes e obtendo finalmente a assinatura da paz, a 1º de Março de 1845, quando já D. Pedro II governava o Brasil.

 

(01): Bento Gonçalves da Silva, militar português e chefe da Revolução Farroupilha no Ri Grande do Sul. Nasceu em Triunfo RS em 1788 e morreu em 1847, em Pedras Brancas RS. Participou da campanha de que resultou a anexação da Banda Oriental. Na Guerra de 1825 a 1828, contra as Províncias do Rio da Prata, atingiu o posto de coronel de guerrilhas, tendo combatido na Batalha de Ituzaingó. Em 1835, chefiou a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, apoderando-se de Porto Alegre e da Cidade do Rio Grande. Feiro prisioneiro pelas forças legalistas no combate de Faufa, foi enviado para a Bahia. Em 1837 conseguiu fugir do Forte do Mar, onde se achava preso e reassumiu a direcção da Guerra dos Farrapos. Já então tinha sido proclamada a independência do Rio Grande do Sul e a sua transformação numa república. Bento Gonçalves foi aclamado presidente e nesse posto se manteve até à derrota final dos revoltosos, em 1845.

 

(02): Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, Barão, Marquês e Duque, foi militar e estadista brasileiro, nasceu em Vila do Porto da Estrela RJ em 1803 e morreu em 1880 em Barão de Juparanã RJ. Em 1818 matriculou-se na Academia Real Militar. Aos 25 anos era Major pelos serviços prestados na lutas da Independência da Bhaia, em 1823 e na Cisplatina de 1815 a 1825. Aos 38 anos ascendia ao posto de General e recebia o título de Barão de Caxias, depois de haver sufocado uma rebelião na Província do Maranhão, de 1839 a 1841. Um ano depois alcançava o posto de Marechal-de-campo. Pacificou também a Província do Rio Grande do Sul, em convulsão guerreira desde 1835 pelos farroupilhas. No dia 1 de Março de 1845 era firmada a paz entre os contendores e restabelecida a ordem na província. Comandante-chefe do Exército do Sul, em 1851, dirigiu as campanhas conta Oribe, no Uruguai e Rosas, na Argentina, em 1852, o que lhe valeu a promoção a Tenente-general e o título de Marquês. Exerceu o cargo de Ministro da Guerra, de  1855 a 1857 e de 1861 a 1862, quando alcançou então o último posta da Carreira, o de Marechal do exército. Em fins de de 1866, decidiu o Governo Imperial entregar-lhe o comando geral das forças brasileiras em operações no Paraguai. Passou também, três meses depois, a comandar os exércitos da Tríplice Aliança. Estabelecida a unidade de comando, Luís Alves de Lima e Silva retomou o movimento, em Junho de 1867, imprimindo às operações, já no ano seguinte, o estilo ofensivo que sempre caracterizou suas campanhas. Alcançou sucessivos triunfos  em Itororó e nas Batalhas de Avaí e de Lomas Valentinas. Em Janeiro de 1869 entrou em Assunção, com a guerra praticamente terminada. Em Março, por doença, deixou o comando supremo dos exércitos e recebeu o título de Duque. De 1875 a 1878 retornou pela terceira vez; à pasta de Guerra. Em 1962, o governo federal, pelo decreto nº 51.429, de13 de Março, proclamou-o patrono do exército brasileiro.

Continua no terceiro bloco...

 

 

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