Pedacinhos de mim - Augusta Schimidt
No meu baú morada
Aquele onde guardo historias costuradas
Encontrei algumas prendas
Que vou gostar de lhe dar
São pequenos mimos
Que já não posso mais guardar
Preciso distribuí-los
A você que sabe amar
São sonhos, alegrias
Alguns laços de amizade
Braços de abraços
Ilusão, compreensão
Tenho também sorrisos
Com as cores do arco-íris
Cores que pintam o escuro
E colorem o muro do coração
Ah! Não posso me esquecer
Tenho antídoto contra a maldade
Pó de amor que cura a saudade
E muitos raios de luar
Pra quem quer se enamorar
Pronto!
Juntei tudo que eu tinha na sacola de nuvens
Agora fecho os olhos
Chamo meu carinho por você
Que voando na alma do passarinho cantor
Lhe faz a entrega dos meus bordados de esperança |

O Escravo
Em algum lugar do mundo
Onde meus sonhos teimam acordar
Há ainda um escravo que sofre
O desespero da injustiça...
Cercado por paredes de pedra,
Chora por dentro...
Cortinas de água santa
Que amenizam sua mágoa tanta...
Paciente o escravo espera,
Transforma seu olhar torturado em ternura
Pedindo justiça
Para que se faça a verdade
Vem do céu a sua crença
Com amor a Deus se entrega
Faz da vida a sua lida
Faz poesia...
Augusta Schimidt
Campinas/SP
Fev./2012 |

Como a poesia nasce
Quando as
palavras se beijam,
Braços se abraçam,
Quando os sonhos se revelam,
A poesia nasce...
E então o poeta desenha formas,
Movimentos e sentimentos,
Palavra por palavra
Vai bordando encantamentos.
Como um mágico transforma tudo
Versos e rimas em doce momento
Dizem até que o poeta finge
Mas o que o poeta sente,
Não pode ser fingimento...
O poeta sente a vida,
Sente as cores, as dores...
Sente a alma perdida
A procura de amores
E a alma do verdadeiro poeta
Cuja realidade por vezes é bem outra
Ultrapassa os anseios da inspiração
E vive com a sua criação
A verdadeira felicidade.
Augusta Schimidt
Campinas/SP
11/11/11 |

A lição do barco a vela
Todos os dias o barquinho a vela ficava ancorado no cais a espera de
alguém que lhe ligasse o motor. Sim, barco a vela também tem
motor...
É que ele tinha muito medo de sair a navegar quando havia vento.
Dizia ele: “O vento varre tudo, varre as folhas, os frutos, as
flores, varre a musica, os odores, varre os sorrisos e os amores.”
E muito triste o barquinho, enquanto via outros barcos a navegar,
ficava ali solitário em um canto a se lamentar. Tinha medo de tudo,
não acreditava na sua força e nem na sabedoria da natureza.
O tempo ia passando e certa noite, depois de violento temporal uma
forte rajada de vento, fez cair do firmamento uma estrela. Ela veio
com tanta velocidade que ia se afundar nas águas do mar se o
barquinho não estivesse ali parado, pois foi a sua vela que lhe
serviu de socorro.
O barquinho muito assustado e surpreso por ver que nem uma ponta
faltava à estrela lhe perguntou: “ Como é que você conserva o brilho
depois de um susto desses? Não vê que o vento lhe varreu do
firmamento como faz a todas as coisas que há nesta vida? O vento
varre tudo... E é por isso que não saio daqui. Vivo amarrado com
medo de perder meu rumo.”
E a estrela brilhante lhe respondeu:
“Ah, barquinho, então você não sabe que quanto mais o vento varre as
folhas mais serenamente elas absorvem da natureza a aparência e como
pedaços coloridos de esperança deitam na relva tranqüila e como
despedida deixam a certeza da renovação da vida?
E quando o vento varre a musica leva a canção ao longe, enternecendo
os corações mais solitários, trazendo sorrisos, acalentando sonhos,
provocando amores?
O que você precisa entender barquinho, é que sem vento você com sua
vela não vão a lugar nenhum...
O barquinho entendeu o que a estrela lhe disse e dali em diante,
passou a navegar no mar da vida deixando uma mensagem a todos que
tem medo de viver...
“Nós precisamos do sopro de Deus na vela do barco das nossas vidas,
para que possamos seguir adiante e ter uma vida abençoada e feliz.”
Augusta Schimidt