Revista "Aquilo que a Gente Sente"

Novembro de 2010

Participantes: Membros da Liga dos

 

Amigos do Portal CEN

 

Edição e Arte Final: Iara Melo

 

 



 

 
 
Poema 20 - PASSO A PASSO
 
Célia Lamounier de Araújo - livro 1998

 

Livre de viver
fragmentando-se
na descendência
tendo um pouco de Deus
multiplicado e presente
em todo lugar

eis a mágica
da dispersão
que frutifica
livres os pássaros
verde no chão
tempo no corpo
Deus
Sinfonia do amor.
 

***

 

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
 
Acróstico – Célia Lamounier de Araújo

 

Cada pedra do caminho
Aponta um poema seu
Refazendo com carinho
Leve e solto o pensamento
Onde vida e alegria
Se mesclaram de poesia.
 
Desde jovem, já prudente
Rastreando a educação
Um longo estudo contente
Madurou o fruto bom
Modelou o corpo e alma
Organizando um futuro
Nitente: poesia e prosa
Dourada e esplendorosa.

 

 
 ***

 

TEUS OLHOS

Célia Lamounier de Araújo


Sinto teus olhos a me olhar
Vi que me desejas e vim
Pois sei que esta amizade
Esta fremente ansiedade
De ter-te junto a mim
São o começo maravilhoso
Este começo misterioso
Do amor e do fim
Que há de nos magoar.
Mas, é preciso que saibas:
Para que eu seja feliz
Basta-me saber
Que estás perto de mim.
 
E é apenas isto que espero
Nada te posso oferecer
Nada me peças além dos meus olhos
Quero teus olhos só para ver.
 
Nada me peças...
Deixa o tempo passar
Quero ser muito feliz
Deixa o fim sem fim

E deixa... os teus olhos... só para mim.

 

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Doce Menina

Iara Melo

Como eras linda menina
Como eras pura e singela
Para ti não havia censura
Tão somente vivias
Em harmonia,
Tal qual os pássaros
Tua liberdade era sombria
Todos os olhares voltavam-se
Para ti linda menina
E tu simplesmente sorrias
Não paravas aos olhares
Querias mais era bailar,
Nas asas do som
mergulhar
Ao som da orquestra
todos os ritmos sabias
Teu carnaval era alegria,
Adorável, doce menina.

 

***

 

Ah, Como é Bom Ser NORDESTINA!

* Iara Melo


Nordeste do meu Brasil,
Abençoada sou por ser fruto do teu ventre sagrado,
E se mil vezes voltasse a nascer,
Era em ti que germinaria.
 
Não há lugar,
Nem povo mais puro e belo,
Há sol, há mar, há calor humano.
Há cor morena, negra, branca, mulata,
Somos índios, cafuzos, mestiços.
Há frevo, maracatu, coco, baião, xaxado, forró,
Cirandas em Itamaracá.
Há tambores anunciando a alegria,
Do raiar ao findar do dia,
A felicidade brada macia.
 
Como é bom ser NORDESTINA!
Ver o pôr do sol beirando o Rio Capibaribe,
Comer tapioca nas ladeiras de Olinda,
Canjica, pamonha, pé-de-moleque, milho verde,
Nas festas juninas de Caruaru,
Nossa gigante capital do forró,
Ao som de Luiz Gonzaga, nosso eterno Rei do Baião.

Deixar-se banhar nas madrugadas invernosas dos
Festivais de Inverno de Garanhuns,
Por branda chuva que cai silenciosa,
Umedecendo espíritos de cultura harmoniosa,
Ouvindo Lenine cantar Leão do Norte,
"Eu sou mameluco, sou de Casa Forte,
sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte".

Em pleno sertão pernambucano,
Tomar banho nas esplendorosas cachoeiras
De Triunfo, onde se fabrica a melhor
Rapadura do Brasil e se convive
Com um povo de um carisma inigualável.
Você vai adorar, se lá for um dia!
 
Ah, como é bom ser NORDESTINA!!!
 
É pena que muitos não receberam tal dádiva,
Vivem em gélidos  frios corações "desérticos"
Nunca viram o luar do sertão.
Pensam que nordestino é triste, é infeliz, é só seca.
Que nossa paisagem restringisse a cactos,
Que nosso chão é rachado e seco.
Que nossas casas são de palha, sem cimento.
 
Existem sim, mas nestas há um coração FELIZ,
Sem ódio, sem guerra, sem ranger de dentes.
Há sempre a FÉ de que um dia Deus enviará a chuva,
E aos céus as mãos se erguerão,
Agradecendo humildes, graça divina.
 
Você desconhece a força deste POVO NORDESTINO.

Mas se um dia lá for visitar,
Será recebido de braços abertos,
Sem mágoas, sem rancores da "sorte".
Não zombarão do seu sotaque "esquisito",
Do seu artigo definido utilizado
Antes do nome próprio.
 
Você é que não conhece bem o nordestino.
Ouve jornais, vê miséria e generaliza.
Apiedasse, zomba do nosso povo
Por falar "devagar, arrastado" e dizer "ôxente",
Chama-nos de "paraíbas",
NÃO SABE QUANTO NOS HONRA,
"SERMOS PARAÍBAS!!!".

Pobre de você, quando a cheia chega,
Quando a chuva não vem,
Começa a reclamar e por não ter a nossa garra,
Sofre e chora sem parar,
Maldiz da sorte, do governo, esbraveja,
Esquecendo de que um dia
"Julgou" e maldisse da  "sorte" Nordestina,
Até querendo dele se separar!!!
Porém, o nordestino perdoa e bem recebe, quem
Não teve a honra de ser filho de tão nobre solo.
Não tome o meu desabafo
como brado revoltado,
Só precisava dizer-lhe que nos desconhece,
E o quanto é honroso ser Nordestino.
 
AH, COMO É BOM SER NORDESTINA!
E a esperança não se finda,
de um dia voltar a viver
Em teu chão fazer morada.

Portugal, 08/10/2009
* Iara Melo, nasceu em Garanhuns, Pernambuco,
Nordeste, Brasil.

 

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UMA CENA E MUITAS EMOÇÕES!   


Ilda Maria Costa Brasil
                                       
      
       Numa belíssima tarde do mês de outubro, fiz uma visita a ex-colegas do Julinho que trabalham na Biblioteca e, enquanto conversávamos, ouvi de Carmen Lúcia o relato do que lhe ocorrera, no mês de setembro, em uma tarde fria e chuvosa. Ao descer, calmamente, a avenida João Pessoa e passar embaixo do Viaduto Loureiro da Silva, um fato rouba-lhe os pensamentos e a concentração.
       Uma senhora, vestida humildemente, que não tinha jeito de ser mendiga, observava-a, com certa discrição. Seu olhar, um tanto vago e distante, chamou-lhe atenção. Ao passar por ela, ouviu sussurradamente "Me dá uma moeda!". Ignorou o pedido e continuou caminhando em direção à parada de ônibus; porém, uma sensação de já ter visto algo ou vivenciado uma situação semelhante, fê-la virar-se e olhar para trás. O sorriso e a dança eram um misto de uma doce alegria, associado ao pudor. Não era uma dança frenética, mas passos levemente ondulados; uma criança e mulher que, ao brincar de esconde-esconde, deixa uma brecha na sombra para vermos que ali está.
       De repente, uma parte do filme de sua história familiar foi revivida. Viu, naquela mulher, sua progenitora dançando e nas ruas, catando papéis, catando sonhos, como os sorrisos dos loucos, gestos de loucos, mas com a história mais sofrida que, num flecback, pôde rever. Levada por  fortes emoções,  voltou o corpo, os olhos e o passado... abriu a bolsa, recolheu as moedas que dispunha e  chamou-a, baixinho, mas com receio que não a ouvisse. Deu-lhe, discretamente, as moedas, as quais ela colocou numa bolsinha de crochet, de multicores, onde um cordãozinho simples fazia um arremate no mundo misterioso de sua loucura.  Mais uma vez a olhou, e ela voltou à sua dança. Seus movimentos eram harmônicos e suaves, uma bailaina-menina, num palco, empenhando-se para oferecer à sua platéia um belíssimo espetáculo.
 
 

***


A MORTE

Ilda Maria Costa Brasil

 
Uma voz clama por ajuda, socorro...
Nela há aflição, pânico e medo.
Algumas pessoas correm
em direção aos gritos,
chegam, aproximam-se e trocam  olhares
os quais confirmam nada
mais ser possível fazer.
Lágrimas escorrem no rosto
da infeliz senhora
que há pouco era só felicidade
e, agora,  demonstra fragilidade
e impotência
ao tentar reanimar o seu amado inerte,
caído na laje fria.
O socorro não chega
e um dos presentes tenta reanimá-lo,
massageando seu peito fortemente,
enquanto outros buscam confortar
a jovem mulher
que desesperadamente suplica ao marido
que não a deixe,
só tem um ao outro;
logo, não saberá viver sem ele,
teme em demasia a solidão.
Entre soluços, exclama
que soube o que é ser feliz por quatro anos,
tempo curto demais para dois seres
que se amavam muito.
A morte, cruelmente, não a ouve,
pondo fim à felicidade do casal
que conheceu o amor na fase adulta
e transporta o pobre homem
a sua última morada
numa viagem do litoral à capital paulista.
 
 
 
***
 
 
INFÂNCIA!

Ilda Maria Costa Brasil

 
Toras de eucalipto
transformavam-se
em austeras paredes;
galhos,
em telhados e portas
rústicas.
Crianças brincavam
e sorriam alegres
quando a casa
mantinha-se em pé,
firme e protetora,
mas quando
desmoronava,
as lágrimas
eram verdadeiras,
intensas
e cheias de dores.
Infância, no campo,
tem cheiro de mato
e de capim
tal qual lembranças
de banho de lama
e de açude
têm cheiro de amor.
 
 

 

 

 


 
Para quem guarda o silêncio na alma
 
Lígia Antunes Leivas

 

     Para um poeta de silêncios na alma

     Próximo à grade de proteção da entrada, estavas de costas.
     Te vi primeiro.
     Com a sabedoria que te é própria, reconheces que toda espera é ansiosa... não precisaria te dizer... Mas hoje não estava ansiosa (quase sempre sou assim). Não sei se porque finalmente iriam terminar os 'até breve' de nossos recados, me mantive serena enquanto aguardava que chegasses.
     Foi bonito! ...Muito!
     Gestos de fraternura, humildade, agradecimento. E,  sinceramente, penso que nem cabe a alguém da tua distinção ser tão humilde!!!
     Tuas mãos, no 'obrigado por tudo', me tomaram... tua bondade, neste ato, trouxe à tona o interior de quem é sensível. E o mágico é que aconteceu sem que ninguém planejasse.
     Quase sem querer, fiquei sabendo de tua proficiência,  teu saber cultural, tua dignidade profissional. E esses predicados, em relação também à tua essência como  ser humano, não poderiam ser diferentes... Então, nada me surpreendeu... e sim me emocionou, simples e naturalmente.
     Sabes? Cansei... ou quase, nesta vida, já cansei de tantas decepções. Não sei se saberia desculpar mais alguma, mas sinto que não és, dentre os humanos, dos que são capazes de decepcionar o próximo no que respeite à "consideração".
      Tua simplicidade quase extrema é contagiante... comove, imanta a alma da gente em seus caminhos insondáveis. Aliás, disse um escritor-psiquiatra, que das coisas mais difíceis no ser humano é 'desfazer-se das ilusões'... e com isso concordo sem qualquer retórica. Então, que não sejam ilusões... que se mantenham as impressões de que vale a pena a vida por existirem pessoas como tu.
     Foi muito bom, através de teu riso franco, teu olhar nos olhos, poder ainda perceber novos horizontes, novas expectativas; a idéia, enfim, de que é sempre bom estar vivo!... Essa esperança só poderia brotar, mesmo, em uma alma poética que te permite, inclusive, "expirar" (achaste curiosa essa concepção???...rrrsss...) textos magistrais como os que escreves.
     "Se vi anjos, se toquei anjos, não sei"(F. Pessoa, a quem tanto admiramos!), mas que algum deles esteve muito perto de mim, disso tenho certeza.
     Separação e distância são perigosas sempre, mas elas não nos encontrarão tão cedo... E "Despedida" (poema lindo fizeste com esse tema!), na própria Bíblia  está escrito: é traumática... Saberemos, porém, lidar com a 'respiração' na hora em que necessário for o exercício da despedida.  E isso conheces muito bem, melhor que todos... a despedida mais triste faz parte do dia-a-dia enquanto teu trabalho se desdobra.
     Que a sorte não nos falte!
     Te admiro!
                                 

 
***

Ainda não...
 
Lígia Antunes Leivas

 

     De novo o telefone toca.
    
     (Não é preciso adivinhar mais nada. Tem sido assim desde o dia em que se encontraram por conta da inundação que complicou a vida de todo mundo. Foi bem ali que tudo começou.)
    
     Uma nova desculpa, um novo 'não sei', 'ainda não é o momento', são as respostas repetidamente dadas.
    
     - Claro! Tens razão. Toda razão. Já tinha dito... sou assim. Nem sempre acho tudo bom.  - Sim! Sei! Concordo contigo... a vida passa ligeiro mesmo. Mas e daí? Cada um tem um jeito de viver a vida... nem que seja trabalhando mesmo.  - Me desculpa, tá? Às vezes não sei ser elegante ou boa gente como dizes que sou, sei lá... Agradeço tua gentileza. Não te preocupes comigo. Já me acostumei a ser indecisa; faz parte. Fica bem, certo?
     
     - Hummm... vou voltar a te ligar se não te incomodo, ok? Mesmo que seja pra ouvir a mesma coisa, pra continuares me dando as mesmas respostas. Não me importo com isso. Tchau! E vê se não trabalha demais, tá? Não vais enriquecer trabalhando assim... Ris, não é? Tchau! Vai pensando... ou melhor, nem pensa muito, que fica mais fácil. Te disse que sou paciencioso e não te menti.
    
     Ainda com o telefone na mão, ela repassa a conversa que tiveram... '- Quem sabe não tô jogando fora o que pode ainda ser bom e me trazer alguma felicidade?...'
    
     Põe o aparelho na base.
     Segue o trabalho.

http://www.caestamosnos.org/Liga_Amigos_CEN/Ligia_Leivas

 

 

 

 

 

Luiz Eduardo Caminha
 
Reflexões poéticas ou nada poéticas sobre o Inverno


Inverno 1

Cruel,
Sisudo,
Padrasto.

De mim?

Carrancudo,
Casmurro,
Sofrido.

Teu corpo?

Se amolda,
Me aquece,
Me envolve,
Me cobre.

Só tu,
Mulher,
Podes ser
Meu Sol!

Inverno 2

Frio intenso.

Na estepe
De minha mente
Nada cresce.

Nem mesmo
Um poema -
Que me aquece –
Que me aqueça!!!

Porventura...

Inverno?
Não rima
Com estéril?


Deveria!

É isto
Qu’ele faz:

Até a mente
Tolda,
Congela,
Nada produz!

Mínimo

Tu és,
Mulher,
No
Inverno,
Meu
Sol.
Meu
Verão.

Amenidades

Coisas boas do Inverno:
Uma cama bem quentinha,
Um ar quente no máximo,
Um café de pelar a boca

Só prá continuar
Debaixo dos cobertores.

Nada disto é melhor
Que a areia leito de uma praia,
Um Sol de verão,
Uma água de coco bem gelada,
De doer os dentes.
...

Quem gosta de frio e neve
É pinguim, urso polar e esquimó!

Lua invernal

Até a lua,
Amante dos boêmios,
Companheira dos notívagos,
Se acoberta;
Agasalha-se de nuvens,
Névoa,
Neblina;
Esconde-se
Do frio gelado.
Mas está lá!
Pronta, à espera,
O poeta sabe.

Antípodas

Lareira,
Vinho tinto,
Fondue
...
Pra passar o frio.

De minha parte,
Prefiro:

Sol,
Cerveja gelada
(ou água pura),
E... churrasco.

Mais alegre,
Minha praia.

Luiz Eduardo Caminha,
Distrito (In)dependente de Ratones – Floripa, 18.06.2010

 

 
***

 

Ainda a saudade...
 
Luiz Eduardo Caminha

Orfandade

Eu não imaginava
Ficar órfão tão cedo.
Aliás, eu nunca
Imaginei-me um órfão.

Estou nos cinqüenta e oito,
Quase cinqüenta e nove,
Primeiro meu pai,
Tristeza, melancolia.
Depois um irmão,
Dor, sentimento.
Mas ainda tinha uma mãe.
O fel da dor compensava!

Daí... ela resolveu partir,
Bateu asas
Como um pássaro,
Uma borboleta
Foi ao encontro dos seus,
Do outro lado.

O velho útero,
Sacrário dos filhos,
Já não vivia.
O cordão umbelical
Definitivamente se partira.
Um silêncio ensurdecedor,
Eco de uma ausência.

Foi aí que senti a orfandade.
Ficou fácil entender saudade.
Tão fácil! Tão amarga!
Sem graça, senti-la!


A Hamilton e Edy, meus pais, 1 ano depois que ela partiu para encontra-lo e reverem, juntos, meu irmão!

P.S.: Daí me vi cantarolando aquela musiquinha: Mãezinha do céu / Eu não sei rezar / Eu só sei dizer / Que quero te amar...

 

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Correnteza
 
Luiz Poeta

 

A vida passa por teus olhos como um rio
Em cujas águas mal consegues navegar
A solidão é como a pedra do cais frio
Onde tu paras para rir ou então chorar.
 
A tua vida é como o fogo num pavio
Que o vento forte não consegue apagar
O teu desejo é a correnteza do rio
Levando o sonho que existe em teu olhar.
 
O teu amor às vezes é tão arredio
Que a tua dor nem sempre toma o teu lugar
Ele se esconde no silêncio ou no vazio
Que há no teu jeito de esconder o teu olhar.
 
 
Autoria: Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros
Direitos Reservados
Biblioteca Nacional-RJ 
 

***

O rastro dos teus pés

Luiz Poeta

Quando piso meu caminho,
piso o rastro dos teus pés;
tu vais tão devagarzinho
por caminhos tão cruéis.

Tu caminhas de mansinho,
enquanto eu vou tão veloz,
pois não conheço o ninho
onde mora tua voz.

Quanto mais a gente corre,
mais encurta a nossa vida,
cada gota que escorre
é uma parte da ferida.

Nossa dor é resumida
em gemidos solitários,
quando a paz é dividida
em vários itinerários.

E eu tento buscar o rumo
que a mim tu destinaste,
redefinindo meu prumo,
revendo o que me legaste.

E piso o rastro macio
do pranto que derramaste;
sou barco, tu és o rio,
te sigo... tu me chamaste.


Autoria: Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros
Direitos Reservados
Biblioteca Nacional
RJ
 
 
***
 
 
Tu nunca estás sozinho
Luiz Poeta
 
Tu não sabes teu caminho,
Mas teu pé ainda pisa
Tu nunca estás sozinho,
Teu olhar sempre te avisa.

Se tombas na pedra lisa,
O teu braço te sustenta,
Se a dor é violenta,
Tua fé te tranqüiliza.

Se o medo te aterroriza,
Tua força te resgata
E por mais que alguém te bata,
Teu silêncio te organiza.

E se tua alma desliza
Na solidão repentina,
A lágrima em tua retina
É só um sopro de brisa.

Autoria: Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros
Direitos Reservados
Biblioteca Nacional
RJ
 
 
 

 
 
 
 

 

 
MULHERES
 
Tito Olívio
 
Mulheres que eu amei, aonde estão?
E as que eu só conheci, que é feito delas?
Terão sido felizes as donzelas
Que me quiseram bem, mas foi em vão?
 
Não me quero lembrar das que, então,
Eu tanto fiz sofrer e nem daquelas
Que encheram a minha alma de sequelas,
Pois o tempo as sumiu sem constrição.
 
Mulheres que cruzaram o meu meio
E emprestaram valor ao meu viver,
Queria bem saber como viveram…
 
Porém, não é possível, também creio
Ser bem melhor pra mim desconhecer
O bom ou mau destino que tiveram…

 

***
 
FIOS DA VIDA
 
Tito Olívio
 

Sonhos dourados vamos nós tecendo,
No decorrer da vida triste e dura,
Com fios debruados de doçura,
Que o amor vai fiando e retorcendo;
 
Mas há fios escuros, de amargura,
E os desenhos assim se vão fazendo
Com o claro do amor e o escuro horrendo,
Colocando alternância na urdidura.
 
E há os sonhos vãos, que são buracos,
Também os grandes sonhos, mais os fracos,
E a vida fica toda em rendilhado.
 
A vida é assim, desde a infância,
Feliz ou infeliz porque a alternância
É que dá a noção de cada estado.
 

***

MAR DE ROSAS

 
Tito Olívio
 

Momentos há que a vida nos sorri,
Como se tudo fosse um mar de rosas.
É quando posso estar ao pé de ti
E as horas vão passando vagarosas.
 
Depois, porque partiste ou eu parti,
O vazio das horas dolorosas
Ofusca a f’licidade que senti,
Deixando a vida em trevas tenebrosas.
 
É difícil gerir a solidão,
Quando, à noite, os ruídos só nos dão
As emoções de dor e de tormento.
 
Agarramos, então, sonhos e beijos,
Revemos os carinhos, os desejos
E a ilusão, assim, é alimento.
 
 
 
 

 

 

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Fundo Musical: O Baile da Saudade

Palmeira e Zairo Marinozo

 

 

 

 

 

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